Argentina • Expedição 2016: Missões - Cataratas • Jesús de Tavarangué • Misiones • Paraguai • Posadas • Trinidad
Dia 09: Trinidad e Jesús de Tavarangüe – Itapúa – Paraguai
29 de Setembro, 2016Bom dia Posadas – Misiones – Argentina!
Após apreciar o Sol nascer refletindo seu brilho sobre as águas do majestoso Rio Paraná tomamos o café da manhã e seguimos em direção ao Paraguai.
Hoje a fila na aduana argentina para os trâmites de saída do país estava menor e em aproximadamente 20 minutos estávamos liberados.
Passamos pela Ponte Internacional San Roque González de Santa Cruz, rapidamente demos entrada na aduana paraguaia e cruzamos o centro de Encarnación – Itapúa.
Acessamos a Ruta 6 e logo chegamos em uma praça de pedágio, onde motos são isentas de tarifa.
Sem gastar nenhum guarani no peaje seguimos sentido norte.
E após rodar cerca de 35km desde Posadas chegamos em Trinidad.
Como não vimos placas indicando a localização da redução jesuítica decidimos rodar pelas ruas principais da pequena cidade.
Logo avistamos os fundos da missão, seguimos em direção a ela por uma rua de terra, mas a rua era sem saída, ao menos pudemos conhecer uma pequena igreja e diversas pedras esculpidas com temas religiosos.
Tudo isso sob o olhar atento de pequenos bezerros que descansavam na grama.
Regressamos ao centro da cidade, rumamos outra direção e pelas ruas asfaltadas finalmente chegamos na Reducción Jesuítica Santísima Trinidad del Paraná.
O local conta com amplo estacionamento, restaurantes e hotéis ao redor e, assim como nas demais reduções visitadas, um museu com acervo de materiais encontrados no lugar, bem como uma maquete da missão.
Misión Jesuítica Guaraní de la Santísima Trinidad del Paraná
Local: Ruta 6 – Km 31 | Trinidad – Itapúa – Paraguai
Telefone: +59 5985 772-803
E-mail: trinidad@senatur.gov.py
Site: http://rutajesuitica.com.py/
Funcionamento: Todos os dias das 7h00 às 19h00
Ingresso: ₲ 25.000
*Ingresso válido para visitar as 3 reduções (Santíssima Trinidad del Paraná, San Cosme y Damián e Jesús de Tavarangüe) dentro de 3 dias
Tempo médio de visitação: 3 horas
Após visitar o museu e assistir o vídeo de aproximadamente 10 minutos sobre a história da redução jesuíta partimos para a visita ao local.
Assim que entregamos os ingressos e acessamos o sítio arqueológico a guia Cecília nos acompanhou e nos deu uma verdadeira aula sobre o local durante o passeio.
Fundada em 1706 por padres e índios oriundos da redução de San Carlos, na província do Tape, atual Rio Grande do Sul – Brasil, Santísima Trinidad del Paraná foi uma das últimas reduções a ser construída.
Trindad é considerada a missão jesuítica em melhor estado de conservação e impressiona por manter vestígios bem visíveis e inteligíveis.
As ruínas jesuítas de Santísima Trinidad del Paraná foram declaradas Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1993.
Dos dois lados da grande praça localizada em frente à igreja ficam as casas dos índios, sendo que cada casa tem aproximadamente 20 metros quadrados.
De frente para a praça figura a imponente igreja, também chamada de templo maior.
Vale destacar que o local conta com acessibilidade, possuindo estruturas preparadas para receber cadeirantes, com passarelas que circundam toda a igreja.
A igreja de Trinidad foi uma das maiores de todas as reduções, seguindo rigorosamente as diretrizes e morfologia da arquitetura barroca europeia.
Ela foi projetada em 1745 pelo arquiteto italiano Juan Bautista Prímoli, o mesmo que projetou a igreja da redução de São Miguel das Missões – RS – Brasil.
A igreja tem aproximadamente 87 metros de comprimento, 45 de largura e estrutura dividida em três naves.
No lado direito da entrada da igreja existe uma torre, na qual ficava a cadeia.
A cadeia contava com uma janela em formato de meio círculo voltada para o interior da igreja, com o objetivo de fazer com que o prisioneiro pudesse fosse obrigado a ouvir e acompanhar todas as missas, para se redimir de seus pecados e erros cometidos.
O púlpito é todo ornamentado, repleto de símbolos.
Nele estão talhados os evangelhos do novo testamento: leão (São Marcos), touro (São Lucas), anjo (São Mateus) e águia (São João).
A igreja é cheia de decorações, com imagens de anjos, animais e elementos da fauna e flora regional.
As abóbadas que cobriam as naves e a cúpula da igreja eram de pedras decoradas com frisos e ornamentos, porém, antes da expulsão dos jesuítas a estrutura da igreja começou a apresentar problemas e durante uma noite veio a ruir.
A cúpula foi então reconstruída com pedra e cimento.
Nas paredes os detalhes arquitetônicos e as esculturas chamam a atenção.
No centro da igreja, em frente ao altar, encontra-se uma cripta de pedra.
Ali eram deixados os corpos embalsamados dos padres jesuítas mais representativos, para depois serem transportados até a Europa.
Por ser um local úmido e gelado, os corpos permaneciam por mais tempo conservados.
Na parte central do piso da igreja estão algumas tumbas com os restos mortais dos caciques e padres da época.
A maioria das estátuas pertencentes à igreja tiveram suas cabeças retiradas por conta de uma crença de que havia ouro escondido dentro delas.
A antiga sacristia abriga atualmente um museu lítico.
Não apenas os delicados detalhes nas paredes e pilares chamam a atenção, como também a largura das paredes externas do templo religioso.
No museu lítico várias peças estão expostas, com destaque para um pilar de arenito com tampo de pedras tingidas e vitrificadas.
Peças esculpidas em arenito, partes de anjos e santos, peças de frisos com formato de flores e frutos da vegetação regional e uma maquete da redução completam o acervo local.
Além de uma ossada de um possível índio guarani, ou padre jesuíta.
As esculturas possuem um estilo único, denominado barroco guarani.
As peças esculpidas pelos índios tinham traços indígenas, pois os padres jesuítas pregavam que o homem era feito à imagem e semelhança de Deus.
No lado direito do templo maior ficava o colégio e a residência dos padres, que rodeavam um amplo pátio revestido por piso e com diversas canaletas que conduziam a água da chuva.
As canaletas levavam a água até a primeira casa ao lado da igreja, a qual servia para acumular e aquecer a água, funcionando como sistema de calefação para as casas ao lado, todas construídas com basalto, uma pedra mais resistente que o arenito.
A casa também era utilizada como sauna e banheira (em períodos mais quentes) pelos padres.
Aos fundos destas casas ficava a horta dos padres.
A quantidade de materiais encontrados durante as escavações feitas no local é tão grande que o antigo colégio também passou a abrigar um museu lítico.
Na sequência existe mais uma infinidade de casas de índios.
E a uma certa distância do templo maior, do lado direito da praça, figura uma torre solitária.
A placa indica o local como um campanário, porém, existe uma teoria de que a construção tenha sido utilizada como torre de vigia temporária.
Ao lado da torre estão as ruínas da antiga igreja, a qual foi utilizada durante a construção do templo maior, e posteriormente passou a ser utilizada como capela.
A canaleta no interior da igreja foi feita na época das escavações, para evitar que a água da chuva acumulasse e danificasse o piso original.
Ao lado da igreja menor estão algumas colunas que se destacam pela arte dos desenhos estilo roseta que diferem umas das outras.
Ainda na fachada do templo maior estão esculpidas duas grandes figuras representando São Pedro e São Paulo.
Assim como nas demais reduções jesuíticas que visitamos, a energia presente no local é bastante perceptível e transmite muita paz e tranquilidade.
Após a bela caminhada pela redução jesuítica Santísima Trinidad del Paraná nos despedimos deste fabuloso lugar.
E ao sair do sítio arqueológico demos de cara com o mesmo caminhão que encontramos ontem em San Cosme y Damián, do casal alemão que está dando a volta ao mundo.
Após a foto ao lado do caminhão fomos lanchar no restaurante Rincón Guaraní, que fica em frente ao sítio arqueológico.
Ali nos saboreamos com uma hamburguesa en milanesa, lanche tradicional no Paraguai, Argentina e Uruguai.
Com o estômago forrado partimos para Jesús.
O trevo de acesso a Jesús de Tavarangué fica na Ruta 6, bem próximo ao acesso principal de Trinidad.
Menos de 10 quilômetros separam as duas cidades.
Uma vez em Jesús passamos em frente à praça principal, sua igreja matriz e pelo palacete municipal.
Até estacionar a Formosa em frente ao centro de visitantes da redução jesuítica Jesús de Tavarangué.
Misión Jesuítica Guaraní Jesús de Tavarangué
Local: Doctor Luis Terwindt | Jesús de Tavarangué – Itapúa – Paraguai
Telefone: +59 5985 732-956
E-mail: trinidad@senatur.gov.py
Site: http://rutajesuitica.com.py/
Funcionamento: Todos os dias das 7h00 às 19h00
Ingresso: ₲ 25.000
*Ingresso válido para visitar as 3 reduções (Santíssima Trinidad del Paraná, San Cosme y Damián e Jesús de Tavarangüe) dentro de 3 dias
Tempo médio de visitação: 2 horas
Assim como nas demais reduções, iniciamos nossa visita pelo museu, onde nos maravilhamos com um belíssimo jarro de madeira com detalhes da cultura missioneira.
E conferimos as duas maquetes da redução, uma com iluminação.
No museu um guia nos relatou o breve histórico da redução e nos indicou o caminho a seguir, para uma visita auto guiada.
A redução de Jesús, como era chamada inicialmente, foi fundada em 1685 às margens do Rio Monday e transferida várias vezes antes de chegar em seu local atual em 1760.
Como a expulsão dos jesuítas do Paraguai ocorreu em 1767, a construção da igreja desta missão não chegou a ser concluída.
Igreja que foi projetada pelos padres Joseph Grimau e Hermano Antonio Forcada.
Uma peculiaridade da igreja de Jesús é sua arquitetura, em estilo mourisco, se diferenciando completamente das demais.
As características da cultura muçulmana, que na época prevalecia na Espanha, podem ser vistas nas portas de entrada com seus arcos trilobados.
Aliás, a ideia era fazer do templo uma réplica da Igreja de Santo Inácio de Loyola, localizada na Itália.
A igreja de Tavarengué possui uma estrutura central de 70 metros de comprimento e 24 de largura.
A construção foi uma das poucas da época que utilizou cal, o que ajudou em sua conservação.
O interior, rico em detalhes, era composto por 12 pilares, 6 de cada lado.
Como a igreja não foi concluída, não chegou a ter piso nem cobertura.
Caminhar pelo local nos faz voltar no tempo das missões jesuítas.
E imaginar como era a rotina daquelas pessoas na época de seu apogeu.
Ao lado da igreja ficava o colégio e o coty guazú, onde residiam órfãos e viúvas.
Sem dúvidas um local fantástico, convidativo a sentar no gramado, apreciar a arquitetura e refletir sobre seus antigos moradores.
Da escadaria que leva ao topo do campanário de 12 metros de altura é possível ter uma vista de outro ângulo do lugar e se certificar de sua imensidão.
As ruínas jesuítas de Jesús de Tavarangüe foram declaradas Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1993.
Ao redor da praça principal estão os resquícios do colégio, das oficinas e das inúmeras casas dos índios.
Ao lado das ruínas das casas dos índios encontramos pés carregados de ameixas.
Sayo não perdeu tempo e logo catou umas ameixas paraguaias que saboreamos ali mesmo.
Após passar um bom tempo curtindo o local chegou o momento de nos despedir da redução de Jesús de Tavarangüe.
A bordo da Formosa rodamos até a Parroquia Niño Jesús.
Que fica de frente para a Plaza Central de Jesús de Tavarangué – Itapúa.
Deixamos a cidade de Jesús e rodamos em direção a Encarnación, mas antes passamos por Capitán Miranda, cidade que sediará a 13.ª Fiesta Nacional de la Kolomeika no dia 15 de outubro de 2016.
Em minutos chegamos na grande cidade de Encarnación, onde seguimos direto até a ponte internacional.
Rapidamente fizemos os trâmites de saída do Paraguai, enfrentamos uma fila de aproximadamente 1 hora e por fim demos entrada na Argentina.
Já em solo argentino estacionamos a Formosa na costanera.
A Costanera de Posadas, assim como a de Encarnación, é muito agradável.
Caminhamos pelo trapiche sobre as águas do Rio Paraná.
E apreciamos a vista por outro ângulo da Ponte Internacional San Roque González de la Santa Cruz, que liga Posadas – Misiones – Argentina a Encarnación – Itapúa – Paraguai.
Vimos também o trem que faz a ligação entre os dois países cruzar a ponte várias vezes.
Atravessamos então a avenida e fomos até a antiga estação ferroviária de Posadas, que atualmente abriga um colégio.
Ali também fica a Vílla Cultural La Estación en Posadas e o centro de informações turísticas.
No Edificio de la Costa são vendidas peças do artesanato local e também estão expostas obras de arte de artistas regionais.
Após a caminhada subimos na Formosa e continuamos rodando pela Costanera de Posadas, pela qual passamos em frente à Capilla Stella Maris.
E também pelas Esculturas de la Costanera e pelo Monumento ao Papa João Paulo II.
Paramos para uma rápida foto da Formosa em frente ao monumento em homenagem a Andrés Guazurarí.
E com o Sol se pondo demos uma última passada pela costanera, onde um grande número de pessoas se reunia para treinar batidas para o carnaval.
Isso mesmo, carnaval, aliás, nos chamou a atenção o quanto os paraguaios e argentinos são apaixonados pela festa popular.
Pois bem, de volta ao hotel nos deliciamos com queijos, presuntos, copa, empanadas e salgados argentinos, além de um saboroso vinho e alfajores para a sobremesa.
Trajeto percorrido no dia:
Oba! Já são 4 comentários nesta postagem!
Gostaria de saber quanto tempo e kms de viagem de carro de Foz do Iguaçu para as missões Jésus, Trinidad (no Paragui) e de lá para San Inacio (na Argentina)?
Olá Paulo!
Seguem as distâncias e estimativas de tempo seguindo a ordem de cidades que tu citou:
Foz do Iguaçu – PR – Brasil a Jesús de Tavarangüe – Itapúa – Paraguai
Distância: 260km
Tempo aproximado de viagem: 4 horas
Mapa do Google: http://tiny.cc/68nyiz
Jesús de Tavarangüe – Itapúa – Paraguai a Trinidad – Itapúa – Paraguai
Distância: 12km
Tempo aproximado de viagem: 15 minutos
Mapa do Google: http://tiny.cc/raoyiz
Trinidad – Itapúa – Paraguai a San Ignacio – Misiones – Argentina
Distância: 100km
Tempo aproximado de viagem: 2 horas
Mapa do Google: http://tiny.cc/zboyiz
*Neste trecho tu irá cruzar a fronteira entre o Paraguai (Encarnación) e a Argentina (Posadas), a qual costuma apresentar filas para o processo de aduana, então vale reservar um tempo maior para este trajeto, pois o tempo de espera na fila é algo que não pode ser previsto com precisão.
Bom passeio. Abraços…
Uma viagem maravilhosa, valeu novamente pelas explicações…
Valeu, obrigado por viajar conosco :)
Estamos ansiosos para ler tudo aquilo que tu tem para dizer! É chegado o momento de abrir este coração e compartilhar tua opinião, crítica (exceto algo desfavorável à imagem da Formosa), elogio, filosofar a respeito da vida ou apenas sinalizar que chegou até aqui ;)
Mas atenção, os campos marcados com * são de preenchimento obrigatório, pois assim mantemos (ou tentamos manter) o blog bonitinho, livre de robôs indevidos.
Ah, relaxe, seu endereço de e-mail será mantido sob sigilo total (sabemos guardar segredos, palavra de escoteiro) e não será publicado.