Dia 08: San Cosme y Damián e Encarnación – Itapúa – Paraguai
O oitavo dia da Expedição 2016: Missões – Cataratas amanheceu com céu azul e temperatura elevada.
Após o café da manhã subimos na Formosa e fomos rodar pela área central de Posadas.
Posadas é a capital da província de Misiones, abriga cerca de 360.000 habitantes e está a pouco mais de 1.300km de Buenos Aires.
O centro da cidade é bem movimentado, porém, existem diversas placas indicando os principais atrativos e vários semáforos, tornando o deslocamento fácil e tranquilo.
A área central de Posadas conta com locais próprios para estacionar motos, mas isso não significa que é fácil encontrar uma vaga, pois a quantidade de motos na cidade é bastante elevada.
Demos algumas voltas pelos quarteirões até encontrar uma vaga ao lado de uma clássica Royal Enfield.
Com a Formosa devidamente estacionada partimos para uma caminhada.
Ruas e calçadas limpas, muitos policiais e algumas pessoas circulando pelas calçadas.
Assim que avistamos uma casa de câmbio entramos para trocar os dólares por pesos argentinos e guaranis paraguaios, mas no local haviam apenas pesos argentinos.
Com os bolsos cheios de pesos argentinos caminhamos até a Plaza 9 de Julio.
A principal praça da cidade é bem arborizada e agradável.
Monumento em homenagem ao centenário da Revolución de Mayo:
De frente para a praça fica a Catedral San José.
A atual igreja matriz de Posadas foi construída no ano de 1937.
Estátuas dos padres jesuítas Afonso Rodriguez, Roque Gonzalez e Juan del Castillo:
Outras construções importantes ficam ao redor da Praça 9 de Julho, como a Societa Italiana M.S. em uma edificação de 1927:
O Banco de la Nación Argentina:
E a Casa de Gobierno, em uma construção de 1883:
Após a caminhada voltamos a rodar com a Formosa.
Sociedad Española S.M.:
Monumento na avenida Roque Sáenz Peña:
Paróquia Sagrada Família:
Após conhecer o centro de Posadas acessamos a Costanera e seguimos sentido sul, até acessar a Colectora Acceso Sur, para cruzar a fronteira com o Paraguai.
Ao se aproximar da aduana argentina percebemos uma imensa fila de veículos.
Alguns minutos aguardando e um policial nos indicou para seguir até o box 8, o qual tinha uma fila menor.
Esperamos aproximadamente 30 minutos até chegar nossa vez de entregar os documentos e fazer os trâmites de saída da Argentina.
Vencida a etapa de documentação um guarda nos parou para realizar a revista. O policial perguntou para onde estávamos indo, informamos que iríamos visitar a redução jesuítica de San Cosme y Damián e retornaríamos no mesmo dia.
Assim como na aduana de Puerto Iguazú – Misiones o atendimento por parte dos funcionários e da polícia argentina foi muito cordial e tranquilo. Conversamos com o policial sobre a Formosa (que sempre desperta a curiosidade nas pessoas), Florianópolis, demais cidades do litoral catarinense (região que ele conhece bem) e na sequência fomos liberados para seguir viagem, agora por terras paraguaias.
Cruzamos então a Puente Internacional San Roque González de la Santa Cruz sobre as águas do majestoso Rio Paraná.
A ponte rodoviária e ferroviária foi inaugurada no dia 2 de abril de 1990 e possui 2.550 metros de extensão.
República del Paraguay, mais um país para a conta da Formosa!
Fomos recebidos em Encarnación – Itapúa – Paraguai com uma placa de boas vindas.
Passamos pela aduana paraguaia, a qual, diferente da aduana argentina, deixa os veículos passarem livremente.
Estacionamos então a moto em um local permitido e seguimos entregar os documentos (cédula de identidade ou passaporte, documento da moto no nome do condutor, carteira de motorista e carta verde).
Informamos nosso destino e em menos de 10 minutos demos entrada oficial no país.
Ao lado da aduana paraguaia diversos cambistas circulam pela rua e fazem a troca de dinheiro. Aproveitamos para trocar alguns pesos argentinos por guaranis paraguaios, ficamos milionários!
Encarnación conta com aproximadamente 120.000 habitantes e é um importante polo comercial e industrial do Paraguai.
Atravessamos o centro da cidade e seguimos pela Ruta Nacional 1.
A Ruta 1 é uma importante rodovia paraguaia e liga Encarnación até Assunção, em um percurso de aproximadamente 370km.
Poucos quilômetros após a cidade de Encarnación passamos por um pedágio.
E assim como em alguns locais da Argentina, motos não pagam pedágio neste trecho.
Asfalto bom, pouco movimento e belas paisagens ao redor da Ruta 1.
Logo avistamos uma placa indicando o acesso à cidade de San Cosme y Damián, nosso destino do dia.
Deixamos a rodovia nacional e acessamos uma estrada que leva até a cidade.
Após rodar aproximadamente 90 quilômetros desde nossa partida em Posadas, chegamos em San Cosme y Damián.
San Cosme y Damián possui aproximadamente 8.000 habitantes.
Homenagem ao padre Buenaventura Suárez, astrônomo jesuíta:
Ao lado da praça central fica o Centro de Interpretação Astronômica Buenaventura Suárez, local que abriga um observatório astronômico e onde são vendidos os ingressos para visitar as ruínas jesuíticas locais.
Compramos os ingressos para visitar a redução jesuítica de San Cosme y Damián e seguimos acompanhados por um guia para explorar o local.
Misión Jesuítica Guaraní de San Cosme y Damián
Local: Alberdi | San Cosme y San Damián – Itapúa – Paraguay
Telefone: +59 573 275-315
Site: http://rutajesuitica.com.py/
Funcionamento: Todos os dias das 7h00 às 21h00
Ingresso: G 25.000,00
*Ingresso válido para visitar as 3 reduções (Santíssima Trinidad del Paraná, San Cosme y Damián e Jesús de Tavarangüe) dentro de 3 dias
Tempo médio de visitação: 2 horas
A redução de San Cosme y Damián foi fundada em 1632 na Serra do Tapé, hoje território brasileiro.
Assim como ocorria com as demais reduções, o local sofria constantes ataques dos bandeirantes paulistas, por este motivo, seis anos mais tarde deslocou-se para o sul e passou a depender da redução de Candelária, hoje na Argentina.
O padre Buenaventura Suárez organizou um novo deslocamento em 1740 e a redução migrou para perto de Encarnación – Paraguai. Finalmente, em 1760, a redução de San Cosme y Damián se estabeleceu definitivamente no local atual de suas ruínas e destacou-se pelos estudos e experimentos no campo da astronomia.
A visita guiada inicia pela antiga capela, que atualmente abriga uma igreja.
A igreja é usada hoje pela comunidade e nos faz ter a sensação de voltar no tempo e reviver os séculos passados.
As 22 imagens que decoram a igreja são do período jesuítico.
Um fato curioso a respeito das esculturas é que elas são ocas, não apenas para torná-las mais leve, mas também porque para os índios guaranis e padres jesuítas, o espírito do santo ocupava o corpo de madeira e dava “vida” à imagem.
As esculturas são uma expressão única e original da arte barroco guarani.
As esculturas que estão com vestimentas possuem apenas as partes visíveis esculpidas, sendo o “corpo” do santo apenas uma estrutura de sustentação.
Fundos do altar da igreja:
A redução foi reconstruída, por este motivo não é reconhecida como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.
Neste ambiente, a sala de refeições, havia uma adega, também utilizada como geladeira.
Elementos originais da redução de San Cosme y Damián:
Uma das edificações conta com dois pisos, subimos no segundo andar e a segurança e firmeza do piso surpreendem.
Detalhe para as pinturas no teto do colégio, utilizado atualmente como sala de catequese:
San Cosme y San Damián ainda conserva o relógio solar em pedra.
E ele funciona perfeitamente.
Pátio do colégio:
Cada uma das reduções que visitamos até então possui suas peculiaridades, suas histórias e uma incrível energia que paira no ar e que nos emociona a cada passo que damos, imaginando como era a vida daquelas pessoas durante o auge de cada local.
Voltamos a caminhar pela praça central da redução, que hoje é a principal praça da cidade.
E fomos conhecer o Planetario Buenaventura Suárez.
Centro de Interpretación Astronómica Buenaventura Suárez
Local: Alberdi | San Cosme y San Damian – Itapúa – Paraguay
Telefone: +59 573 275-315
Site: http://rutajesuitica.com.py/
Funcionamento: Todos os dias das 7h00 às 21h00
Fomos convidados a assistir um vídeo de 10 minutos que conta a história da redução de San Cosme y Damián e do primeiro astrônomo do Paraguai, o padre jesuíta Buenaventura Suárez.
Após o vídeo pudemos pegar um meteorito e observar o sol através de um telescópio.
Buenaventura Suárez construiu o Observatório San Cosme y Damián no século XVIII. Ele criava os instrumentos com a ajuda dos índios guaranis, utilizando cana, madeira e metais.
Confeccionou o primeiro telescópio, que ficava no campanário da igreja, com lentes de cristais de quartzo retirados do Rio Paraná.
O equipamento da imagem abaixo é único no mundo. Ele possibilita diversos movimentos, fazendo com que possamos visualizar as principais constelações em cada parte do planeta em determinadas épocas do ano:
No gramado do Centro de Interpretación Astronómica Buenaventura Suárez estava estacionado um caminhão com placas da Alemanha, de um casal que está dando a volta ao mundo.
Observatório astronômico com cobertura móvel e equipamento de alta tecnologia:
Dentro da construção amarela com teto circular vermelho pudemos acompanhar a projeção das estrelas, onde recebemos explicações astronômicas.
Após a visita subimos na Formosa e nos despedimos de San Cosme y Damián.
Retornamos pelo mesmo caminho e paramos para fazer um lanche no Comedor Chipa Tía, em Coronel Bogado, a Capital de la Chipa.
A chipa é uma invenção das missões jesuítas, juntando tradições indígenas a europeias.
A iguaria é uma comida típica paraguaia que pode ser recheada com diversos sabores, muito semelhante ao nosso pão de queijo.
Aliás, é muito provável que o pão de queijo tenha surgido através da chipa, quando paraguaios fugindo da guerra, em meados de 1860, entraram no Brasil, principalmente pelo Mato Grosso do Sul.
Nos deliciamos com chipas quentinhas de carne e de queijo.
Após forrar o estômago regressamos à estrada em direção a Encarnación, sob céu azul e um forte calor, com os termômetros marcando 36°.
No meio do trajeto decidimos acessar a cidade de Carmen del Paraná, para conhecer o Museo Histórico Ferroviario.
Por sorte encontramos uma sombra ao lado do museu, onde estacionamos a Formosa.
Museo Histórico Ferroviario
Local: Avenida Costanera | Carmen del Paraná – Itapúa – Paraguai
Telefone: +59 5762 260-415
Ingresso: Gratuito
Tempo médio de visitação: 45 minutos
O museu conta com um rico acervo que retrata a história do local, a chegada dos primeiros imigrantes e a construção da estrada férrea que cruzava a cidade.
Os imigrantes chegaram na região na primeira metade do século XX, eram tchecos, eslovacos, russos e, para nossa surpresa, ucranianos e polacos.
Como descendentes de poloneses e ucranianos ficamos muito felizes com a história ali preservada e com as tradições retratadas.
Os imigrantes introduziram o cultivo do trigo em Itapúa e também foram os principais responsáveis por grandes melhorias tecnológicas na agricultura, pecuária, indústria e transporte da região.
Foram eles que traçaram o perfil urbano, social, cultural e religioso de Carmen del Paraná.
Instrumentos de cozinha e os quatro pratos típicos da região: Holupchi, Varenyky, Knedliky e Borsch.
A visita é guiada e vale a pena para quem estiver de passagem pela região.
Após visitar o museu fomos conduzidos a um vagão de trem que, antigamente, transportava carga, e hoje funciona como loja de artesanato e souvenirs.
Como o calor dentro do vagão estava insuportável, logo saímos e fizemos uma última foto em frente ao museu, antes de voltar a rodar.
Retornamos à Ruta 1 e seguimos em direção a Encarnación.
No Paraguai é comum ver pessoas pilotando moto sem capacete, transportando 3, 4, e até 5 passageiros, em sua maioria crianças (inclusive o piloto).
Chegando em Encarnación:
Uma vez na capital do departamento de Itapúa, passeamos por sua agradável Costanera.
Paramos para fotografar o sambódromo da cidade.
No local, que tem capacidade para 12.000 pessoas, acontece o Carnaval Encarnaceno, a maior festa da cidade e um dos maiores carnavais do Paraguai.
La Chimenea de Encarnación, a maior planta industrial que Itapúa teve, a qual foi construída em uma área de mais de 5 hectares pelo italiano Don Fortunato Tone:
A Costanera de Encarnación margeia o Rio Paraná, possui 27km de extensão e oferece boa estrutura para praticar caminhadas, esportes e andar de bicicleta.
Estação ferroviária:
E, claro, não poderia faltar uma foto com a Ponte Internacional San Roque González de Santa Cruz como plano de fundo.
Após o passeio pela Costanera, regressamos ao centro de Encarnación e seguimos em direção à ponte internacional. Monumento a San Roque González de Santa Cruz, fundador da cidade:
Rapidamente fizemos os trâmites de saída do Paraguai e acessamos a ponte, quando o fim do dia se aproximava.
E na metade da ponte nos deparamos com uma enorme fila para fazer os trâmites de entrada na Argentina.
Após aproximadamente 1 hora (isso mesmo, uma hora) de espera na fila, nos aproximamos da aduana.
Las Malvinas son argentinas!
Finalmente chegou nossa vez, entregamos os documentos, fizemos nossa entrada em território argentino, passamos por uma revista rápida (os alforges estavam praticamente vazios) e seguimos até o hotel, onde jantamos queijos, presunto, copa, alfajores, vinho, e algumas chipas paraguaias. Depois fomos descansar, pois amanhã devemos enfrentar novas filas na ponte internacional.
Trajeto percorrido no dia, aproximadamente 220km:
Boa tarde,
gostaria de saber se o trecho de encarnacion-py até chegar a san cosme e damian é total asfalto ou tem estrada de chão?
fico no aguardo.
att.
junior
Olá Junior!
Todo o trajeto (cerca de 80km) é asfaltado, e a estrada está em ótimo estado de conservação (passamos novamente pela ruta 1 em dezembro de 2018, durante a Expedição 2018: Paraguay).
Não deixe de parar em Coronel Bogado (Capital de la Chipa) para se deliciar com as saborosas chipas do Comedor Chipa Tía.
Bom passeio. Abraços…
Valeu… como sempre belas fotos e um belo passeio…
Valeu, obrigado :)