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Dia 10: Posadas – Misiones – Argentina a São Miguel das Missões – RS
30 de Setembro, 2016A sexta-feira amanheceu nublada e com temperatura agradável em Posadas, capital da província de Misiones.
Após o café da manhã carregamos a Formosa e nos preparamos para se despedir desta bela cidade onde fomos muito bem acolhidos nas últimas três noites.
Logo partimos do centro da grande cidade visando deixar também a Argentina no mesmo dia, tendo como destino São Miguel das Missões, já em solo brasileiro.
Traçamos a rota de retorno ao Brasil e vimos que o trajeto mais curto seria pela Ruta 105 e na sequência acessar a Ruta 14, mas como já conhecemos grande parte deste caminho, optamos por rodar pela Ruta 12, sentido Corrientes.
Poucos quilômetros após deixar Posadas cruzamos a divisa entre as províncias de Misiones, “La Tierra Colorada”, e Corrientes, “La Tierra del Taragüi”.
Como é de costume na Argentina, na divisa provincial havia um posto policial com alguns policiais na pista, mas não fomos parados em nenhum momento.
A viagem seguia tranquila pelas imensas retas de Corrientes até a chuva chegar acompanhada pelo frio.
Foi a primeira chuva que enfrentamos durante a Expedição 2016: Missões – Cataratas, em alguns momentos chegou a cair pedras de gelo… uma chuva gostosa, a Argentina chorava em nossa despedida, por isso sequer paramos para colocar as capas de chuva, seguimos rodando, curtindo os gelados pingos de água lavar nossas almas, cantando “Don’t cry for me Argentina”.
Em Puerto Valle deixamos a Ruta 12 e passamos a rodar pela Ruta 120, que nos levou ao encontro com a Ruta 14.
Chegamos em Gobernador Ingeniero Valentin Virasoro sem chuva, apenas com a pista molhada e vento gelado. Paramos em diversos sinais vermelhos em plena rodovia nacional e em determinados momentos, enquanto rodávamos, começamos a ouvir um barulho, a princípio vindo de uma carreta que estava em nossa frente.
Deixamos a carreta se distanciar e notamos que o barulho vinha mesmo da Formosa, aparentemente da parte dianteira. Estacionamos no acostamento para verificar o que estava acontecendo.
Como a estrada estava com bastante sujeira, provavelmente alguma pedrinha entrou e ficou entre o disco de freio e as pastilhas, ocasionando o barulho. Andamos com cautela alguns metros, acelerando e acionando o freio dianteiro, até que o barulho sumiu por completo.
Tudo certo com a Formosa, demos sequência com a viagem e em minutos chegamos em Santo Tomé – Corrientes – Argentina.
Acessamos o centro da cidade para gastar os últimos pesos argentinos que estavam nos bolsos.
No centro da cidade fizemos uma pausa no posto YPF para se aquecer com um saboroso café.
Ao deixar o posto e seguir pelo centro da cidade tivemos que desviar a Avenida San Martín, a qual acabara de ser bloqueada por um policial para a saída dos alunos da Escuela Normal Superior Profesor Victor Mercante com seus trajes inconfundíveis.
Antes de partir de Santo Tomé contamos os últimos pesos argentinos que carregávamos e, como já eram aproximadamente 11h30, gastamos tudo em alfajores para um último lanchinho em território hermano.
Após o doce lanche seguimos em direção à Ruta 14, parando para uma foto em frente ao pórtico da cidade.
Pórtico que possui as formas de uma torre de igreja jesuíta e vários símbolos que remetem ao período, haja visto que Santo Tomé também abrigou uma redução jesuítica, a qual foi fundada inicialmente do outro lado do Rio Uruguai, atual território brasileiro, mas em 1638 foi transferida devido aos constantes ataques dos bandeirantes paulistas.
Infelizmente nos dias atuais já não existem mais vestígios da antiga redução.
Por fim avançamos poucos metros pela Ruta 14 e acessamos a Ruta 121, que segue até a Puente Internacional de la Integración.
Durante o trajeto passamos por um monumento em homenagem ao general Andrés Guacurarí Artigas.
Aos se aproximar da aduana avistamos um peaje, isso mesmo, um pedágio, que diferente dos demais pedágios que passamos pela Argentina, cobra de motos e nós ficamos com um friozinho na barriga, pois torramos os últimos pesos em alfajores.
Por sorte eles aceitam real, então pagamos os salgados R$ 10,50 e seguimos para a aduana.
Pela primeira vez passamos por uma aduana argentina sem filas. Rapidamente entregamos os documentos e fizemos nossa saída do país que tão bem nos recebeu durante toda a semana.
Os últimos quilômetros rodados em solo argentino nos fizeram sentir uma mescla de sensações, desde saudades, lembranças das maravilhas conhecidas, das comidas saboreadas e das amizades cultivadas com um atravessado portunhol. Hasta pronto Argentina!
Na sequência cruzamos a Ponte Internacional da Integração, sobre as águas do majestoso Rio Uruguai.
A ponte que liga Santo Tomé – Corrientes – Argentina a São Borja – Rio Grande do Sul – Brasil possui 1.400 metros de extensão.
Vencida a ponte demos de cara com a placa de boas vindas ao Brasil!
E acessamos São Borja para conhecer um pouquinho desta famosa cidade gaúcha.
São Borja conta atualmente com aproximadamente 60.000 habitantes, foi fundada em 1682 pelo padre Francisco Garcia (sim, São Borja também se originou de uma missão jesuítica, a redução de São Francisco de Borja, sendo a primeira cidade dos Sete Povos das Missões) e é considerada a “Terra dos Presidentes”, por ser cidade natal de dois ex-presidentes do Brasil: Getúlio Vargas e João Goulart.
A primeira parada em São Borja foi em frente à Praça XV de Novembro.
E, claro, de frente para a praça principal da cidade fica a igreja matriz.
A pequena, mas charmosa Paróquia São Francisco de Borja, se destaca por suas formas arredondadas.
Já no centro da praça, que fica no coração da cidade, está o Mausoléu Getúlio Vargas, onde estão enterrados seus restos mortais.
O mausoléu, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, foi inaugurado em 2004 na passagem dos 50 anos de falecimento do ex-presidente do Brasil.
No mausoléu figura uma cópia da carta escrita por Getúlio Vargas horas antes de sua morte.
Ainda nos arredores da praça fica o Palácio Presidente João Goulart, atual sede da prefeitura municipal.
Conhecida a praça subimos na Formosa e rodamos pelas ruas centrais da cidade, passando por várias construções de época.
E paramos então em frente ao Museu Getúlio Vargas.
Museu Getúlio Vargas
Local: Avenida Presidente Vargas, 1772 | Centro | São Borja – RS
Telefone: (55) 3431- 1844
E-mail: cultura@saoborja.rs.gov.br
Funcionamento: Terça a sábado das 8h00 às 12h00 e das 14h00 às 17h00
Ingresso: Gratuito
Tempo médio de visitação: 45 minutos
O museu fica na casa construída em 1910 e que, em 1911, tornou-se a residência de Getúlio Dornelles Vargas, governante do país de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954.
A visita é gratuita, auto guiada e o local apresenta um belo acervo do ex-presidente da república.
Dentre os itens expostos destacam-se a escrivaninha e cadeira giratória que faziam parte dos móveis do escritório de advocacia de Getúlio Vargas, bem como uma urna em prata feita especialmente para a cerimônia organizada pelo D.I.P. no Palácio Tiradentes, Rio de Janeiro, onde um representante de cada estado brasileiro depositou terra em seu interior, simbolizando a Unidade Nacional, em 1940.
Após a visita, aproximadamente 14h45, deixamos o museu e nos deparamos com o Sol, timidamente dando o ar da graça, acompanhado pelo calor.
E como é de se imaginar, por ser uma cidade histórica, São Borja conta com vários museus, mal deixamos o Museu Getúlio Vargas já avançamos para outro, desta vez o museu municipal.
Museu Apparício Silva Rillo
Local: Travessa Albino Pfeiffer, 84 | Centro | São Borja – RS
Telefone: (55) 3431-3839
E-mail: museuappariciosilvarillo@hotmail.com
Funcionamento: Terça a sábado das 9h00 às 12h00 e das 14h00 às 17h00 | Domingo das 9h00 às 12h00
Ingresso: Gratuito
Tempo médio de visitação: 30 minutos
O museu municipal conta com uma valiosa coleção de estátuas missioneiras, raras peças de escultura em madeira da época das missões jesuítas e motivos religiosos em arte barroca.
O acesso ao local é gratuito e a visita é auto guiada.
Ali nos chamou a atenção uma pedra tumular, um quadrante solar, uma pintura sobre madeira representando Nossa Senhora do Socorro e um curioso ventilador movido a corda, com duração aproximada de uma hora e meia.
Após visitar o museu municipal foi a vez de conhecer a casa de João Goulart.
Casa Memorial João Goulart
Local: Avenida Presidente Vargas, 2033 | Centro | São Borja – RS
Telefone: (55) 3431-5730
Funcionamento: Segunda a sábado das 8h30 às 17h00
Ingresso: Gratuito
Tempo médio de visitação: 45 minutos
A casa que pertenceu à família de João Goulart foi restaurada em 2009 e conta com um amplo acervo sobre o ex-presidente brasileiro.
Ali se destaca o gabinete do coronel Vicente Rodrigues Goulart, pai de João Belchior Marques Goulart, e o quarto das irmãs solteiras de Jango, que atualmente relembra a morte do ex-presidente.
Após a visita ao museu nos hidratamos e subimos novamente na Formosa, agora para rodar até São Miguel das Missões.
Antes, claro, paramos para uma foto em frente ao pórtico de São Borja, e no trevo principal de acesso à cidade avistamos três cruzes de Lorena, cada uma representando um século de história.
Partimos de São Borja pela rodovia BR-285 sentido leste, estrada de pista simples, que não tem pedágio e está em estado regular de conservação, com alguns buracos, muitos remendos e diversas ondulações, mas é cercada por belas paisagens.
Em São Luiz Gonzaga paramos em um posto às margens da rodovia para esticar as pernas e ir ao banheiro, quando nos preparávamos para partir vimos que o restaurante ao lado do posto se chamava Nico.
Com este nome, só pode servir comida boa, fomos lá lanchar.
De barriga cheia voltamos a rodar pela “Rota das Missões”.
Já passavam das 18h00 quando cruzamos o pórtico de acesso a São Miguel das Missões.
E da estrada pudemos apreciar o belo pôr do Sol desta sexta-feira.
Seguimos direto até o hotel, onde rapidamente descarregamos a moto, tomamos um banho e fomos ao Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo para assistir o reformulado espetáculo Som e Luz.
Espetáculo Som e Luz | Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo
Local: Rua São Nicolau | Centro | São Miguel das Missões – RS
Telefone: (55) 3381-1294
Site: https://www.saomiguel.rs.gov.br/site/conteudos/2065-espetaculo-som-e-luz
Funcionamento: Todos os dias de março a outubro às 20h00 | Todos os dias de novembro a fevereiro às 20h30
Ingresso: R$ 25,00
Tempo médio de visitação: 1 hora
No ano passado, durante a Expedição 2015: Missões – Yucumã, visitamos a Redução Jesuítica de São Miguel Arcanjo (clique aqui para ler o relato), e acompanhamos o espetáculo Som e Luz, porém, o show (que já era fantástico) passou por melhorias e agora é apresentado com mais efeitos luminosos e sonoros.
O espetáculo narra a história da missão jesuíta desde seu princípio até seus trágicos dias finais.
Após assistir o fantástico espetáculo, em uma noite com vento gelado, retornamos ao hotel e fomos descansar, pois amanhã devemos rodar até União da Vitória – PR.
Trajeto percorrido no dia:
Oba! Já são 2 comentários nesta postagem!
Beleza, volta ao Brasil bom demais, e valeu a visita em São Borja…
Sim :) gostamos de conhecer São Borja e seus museus.
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