Entrada no Uruguai de Moto: Documentos e Requisitos na Fronteira e Aduana

Hoje promete ser um dia verdadeiramente especial, marcando nossa despedida do Brasil e a entrada no Uruguai pela fronteira e aduana de Río Branco. Por isso, iniciamos a manhã bem cedo, preparando e saboreando um aconchegante café com cardamomo, uma deliciosa fusão entre o café de estilo cambona e o café turco.

Para acompanhar desfrutamos dos irresistíveis cookies integrais de banana, aveia, nozes pecan e cacau, minuciosamente preparados pela Sayo.

Em nosso café da manhã não faltaram o iogurte natural, bananas frescas, mel, própolis verde e os renomados doces tradicionais de Pelotas, RS. Uma verdadeira fartura, proporcionando uma incrível maneira de começar o dia!

Como era de se imaginar, ontem não resistimos à tentação e aproveitamos a oportunidade para adquirir alguns dos inúmeros doces de Pelotas assim que chegamos na cidade.

Em 2017 tivemos a experiência única de visitar pela primeira vez a cidade conhecida por ser a “Capital Nacional do Doce” e tida como a “Princesa do Sul”.

Na ocasião exploramos o centro histórico de Pelotas, conhecemos algumas charqueadas, degustamos os renomados doces finos e compreendemos a significativa influência deles na rica cultura local.

Todas essas experiências estão documentadas aqui no blog, mais especificamente nesta postagem.

Sem mais delongas, saboreamos o café da manhã e, em meio a uma densa neblina acompanhada por um forte e gelado vento, nos despedimos de Pelotas pela rodovia nacional BR-116.

Ao avançarmos rumo ao sul pela estrada pedagiada, em excelente estado de conservação, onde motos são isentas de tarifa, o azul do céu começou a se destacar.

E rapidamente o calor passou a dominar.

Entre as longas e intermináveis retas, cercadas por abundante vegetação que contrasta com o azul do céu, lagos e arroios, demoramos um pouco para encontrar uma sombra acolhedora, onde fizemos uma breve pausa.

Sombra localizada, aproveitamos para fazer uma pausa para o almoço, desfrutando de algumas bananas e cookies, acompanhados por um chá quentinho.

Alimentados, retomamos a jornada pela estrada que, em certo momento, se torna monótona, não apenas pela ausência de curvas, mas também pelo baixo fluxo de veículos.

Ao cruzar o Arroio Bretanha chegamos a Jaguarão, o último município brasileiro que vamos percorrer antes de entrar no Uruguai.

Jaguarão, com uma população atual de aproximadamente 25.000 habitantes, está localizado no extremo sul do Brasil e uma curiosidade é o fato do município ter atingido uma das maiores temperaturas já registradas no Rio Grande do Sul, impressionantes 42,6 °C, no dia 1° de janeiro de 1943, conforme dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).

Lembrando que durante o inverno, não são raros os dias em que a temperatura fica negativa na região de Jaguarão.

Chegamos exatamente às 13h30 no centro da cidade. Antes de qualquer coisa, paramos para abastecer a Formosa, que já estava com a luz da reserva acesa há alguns quilômetros.

O posto escolhido para abastecer a moto está localizado exatamente no início da significativa rodovia BR-116, que atravessa território brasileiro de sul a norte, e a menos de 300 metros da Ponte Internacional Barão de Mauá, que estabelece a ligação entre o Brasil e o Uruguai.

A Ponte Internacional Barão de Mauá foi construída entre os anos de 1927 e 1930, após a assinatura de um tratado em 1918 entre os dois países. Com 2.113 metros de comprimento, a ponte está situada sobre o Rio Jaguarão, conectando o Brasil e o Uruguai.

Na parte central da ponte destaca-se uma via férrea com duas bitolas, ladeada por duas faixas para veículos e uma calçada para pedestres.

Esta ponte é o primeiro bem binacional tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), sendo reconhecida como o primeiro patrimônio cultural do Mercosul.

Com a Formosa abastecida demos algumas voltas pelo centro de Jaguarão em busca da Polícia Federal.

Ao chegar à Polícia Federal, localizada praticamente na entrada da cidade, fomos verificar sobre a necessidade de informar nossa saída de terras tupiniquins na aduana brasileira.

Recebemos a informação de que essa necessidade não existe, então, seguimos para cruzar a fronteira!

Logo após atravessarmos a Puente Internacional Barón de Mauá, que conecta Jaguarão – Rio Grande do Sul – Brasil a Río Branco – Cerro Largo – Uruguai, fizemos uma parada para trocar reais por pesos uruguaios em uma casa de câmbio ao longo da movimentada Ruta 26, repleta de free shops.

Com os bolsos cheios de pesos uruguaios, seguimos diretamente ao cassino à aduana para iniciar o processo de ingresso legal na aduana do Uruguai.

A aduana de Río Branco, Uruguai, está localizada nos fundos do Río Branco Shopping, onde se encontra o renomado Panda Free Shop.

Na noite anterior, consultamos o site do governo uruguaio e obtivemos todas as informações necessárias para ingressar no país. Isso incluiu o preenchimento de uma declaração juramentada, na qual informamos a cidade pela qual acessaríamos o Uruguai, a data de entrada e demais dados pessoais.

Além disso, é requisitado o passaporte (ou cédula de identidade), o documento do veículo no nome do condutor (caso esteja registrado em nome de outra pessoa ou financeira, é necessário uma procuração ou autorização), a carta verde e o seguro de saúde internacional (seguro viagem).

No entanto, na aduana solicitaram apenas a apresentação da declaração juramentada, passaporte e o documento da moto.

O procedimento na aduana do Uruguai foi bastante ágil: primeiro carimbo no passaporte e agora temos 90 dias para aproveitar este país maravilhoso. Arriba Uruguay!

Nas proximidades do Río Branco Shopping, consultamos várias pessoas em busca de informações sobre algum camping para iniciar nossa viagem pelo Uruguai acampando.

Fomos indicados ao camping municipal de Lago Merín, um distrito de Río Branco, localizado a cerca de 20 quilômetros do centro da cidade.

Com o dia chegando ao fim, partimos em direção a Lago Merín.

No meio do percurso fomos presenteados com um pôr do sol sensacional, digno de uma pausa para apreciar e fotografar tamanha beleza natural.

Ficamos alguns minutos parados na beira da estrada, observando e apreciando a despedida do Astro Rei, que coloria o céu de forma espetacular.

Com a noite se aproximando, chegamos em Lago Merín, onde percorremos a estrada até o final, que termina precisamente na orla do lago que dá nome ao local.

Ali, avistamos um casal caminhando, Alvaro e Mery. Perguntamos a eles sobre a localização do camping municipal e, imediatamente, ligaram para o camping, constatando que o mesmo estava fechado devido ao inverno, período de baixa temporada.

Com a noite caindo e o frio aumentando, sem a opção de acampar no camping municipal, Alvaro e Mery não nos deixaram na mão.

Alvaro e Mery tentaram contato com diversas pessoas até falarem com Gissel, uma motociclista local que possui casas para locar em Lago Merín durante a alta temporada.

Prontamente, Gissel disponibilizou uma de suas casas de forma gratuita para que pudéssemos nos abrigar, passar a noite e aproveitar Lago Merín e suas redondezas pelo tempo que fosse necessário.

A propósito, Lago Merín é um balneário muito badalado no verão. Para se ter uma ideia, o distrito possui aproximadamente 2.000 habitantes e chega a receber até 10.000 visitantes durante a alta temporada.

Pois bem, uma vez instalados na casa de Gissel e seu companheiro Javier, tratamos de tomar um banho quente. Afinal, o frio resolveu chegar com força, acompanhado por uma densa neblina.

Na sequência a Sayo preparou a janta (omelete com atum, tomate e ervas) e nos aquecemos com um chá de camomila antes de ir para o ‘berço’, no caso, colchões infláveis, nos entocando dentro dos sacos de dormir.

Amanhã pretendemos explorar um pouco mais deste lugar que promete ser muito bonito.

Antes de nos despedir desta terça-feira, gostaríamos de expressar nosso agradecimento aos novos amigos uruguaios Alvaro, Mery, Gissel e Javier. Muchas gracias, amigos ;)

Acima a imagem do mapa com o trajeto percorrido no dia entre Pelotas – RS – Brasil e Lago Merín – Cerro Largo – Uruguai.