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Dia 06: Foz do Iguaçu – PR a San Ignacio – Misiones – Argentina
26 de Setembro, 2016Após passar três noites em Foz do Iguaçu – Paraná chegou o momento de nos despedir desta agradável cidade.
Saboreamos calmamente o café da manhã, carregamos os alforges da Formosa, vestimos as roupas de viagem e partimos rumo à Argentina.
Cruzamos a movimentada área central de Foz e logo chegamos na Ponte Tancredo Neves, mais conhecida como Ponte Internacional da Fraternidade.
A ponte sobre as águas do Rio Iguaçu faz a ligação entre Foz do Iguaçu e Puerto Iguazú.
Já em solo argentino a primeira parada foi na aduana, onde uma pequena fila se formava.
Aguardamos cerca de 30 minutos até chegar a nossa vez. Entregamos o documento da moto no nome do condutor, carta verde e cédulas de identidade, passamos por uma revista nas bagagens e na sequência fomos liberados para rodar pelas rutas hermanas.
Assim que adentramos na Argentina nos espantamos com o tamanho da fila de carros no sentido contrário, dos argentinos aguardando para fazer a passagem pela aduana e sair do país.
Contornamos a cidade de Puerto Iguazú e seguimos pela Ruta 12.
Poucos quilômetros após a fronteira passamos por um posto da policía caminera.
Não fomos parados pelos policiais e seguimos adiante.
Ao longo da rodovia vimos diversas barraquinhas com índios vendendo orquídeas e bromélias.
Passamos por cima de uma barragem.
E avançamos desfrutando cada quilômetro percorrido em um dia de céu azul e temperatura amena, perfeito para rodar de moto.
A Ruta Nacional 12, ou RN 12, possui 1.580km de extensão e une as províncias de Misiones, Corrientes e Entre Ríos a Buenos Aires.
Neste trajeto da rodovia nacional o pavimento é de pista simples, está em bom estado de conservação e na ocasião apresentava baixo fluxo de veículos.
Passamos pela Colonia Delicia e depois pela Colonia Victoria.
Até chegar em Eldorado, onde paramos em um posto YPF para esticar as pernas e nos hidratar.
Após a breve pausa demos sequência na viagem e logo passamos por Montecarlo, cidade que será sede da Copa do Mundo de Futsal 2019.
Ao longo da rodovia passamos por alguns pequenos trechos em obras, nos quais haviam desvios feitos por estradas de terra.
Nestes momentos ficava claro o motivo de Misiones ser conhecida como “La Tierra Colorada”, afinal de contas a terra nesta região é de uma tonalidade incrivelmente vermelha.
Nas proximidades do Arroyo Parana-í Guazú placas alertavam para uma obra na pequena ponte.
Com apenas uma via da pista liberada sobre a ponte aguardamos alguns instantes no pare e siga e por fim atravessamos a ligação.
Assim que passamos o trevo de acesso a El Alcazar vimos diversas tendas espalhadas às margens da rodovia, nas quais eram vendidas frutas, doces, flores e outros itens.
Em Garuhapé paramos no posto YPF, desta vez para abastecer a Formosa, que pela primeira fez foi abastecida fora do Brasil.
O valor do litro da gasolina super estava $ 19,78, algo em torno de R$ 4,35. Lembrando que a gasolina super (a gasolina comum na Argentina) contém 95 octanos, superando até mesmo a gasolina podium da Petrobras vendida no Brasil, que possui 91 octanos.
Enfim, Formosa com tanque cheio seguimos adelante e passamos por diversas placas de tercera trocha, como são chamadas as terceiras faixas na Argentina.
Na sequência passamos por Capioví e nos deparamos com vários carros, digamos, pitorescos.
Ao longo da rodovia vimos vários altares decorados com elementos vermelhos, repletos de oferendas e bandeiras, no início não entendemos direito sobre o que se tratava, mas depois nos explicaram que são locais dedicados ao Gauchito Gil, um lendário personagem da cultura popular argentina, o qual é considerado o mais importante santo gaúcho, não reconhecido pela igreja católica, no país vizinho.
A poucos quilômetros de nosso destino do dia, San Ignacio, a Formosa começou a balançar, rebolando muito mais que o normal.
Imediatamente paramos no acostamento para conferir se estava tudo certo com a moto.
Após inspecionar detalhadamente a Formosa constatamos que não havia nada de errado com ela e que a instabilidade na pilotagem era causada pelo asfalto, que nos últimos quilômetros estava repleto de profundas ranhuras.
Mais tranquilos e com a velocidade reduzida seguimos viagem e logo chegamos no trevo de acesso a San Ignacio.
Uma vez em San Ignacio fomos direto ao hotel para descarregar as bagagens e trocar de roupa.
Com uma roupa mais confortável, afinal de contas o calor estava pegando com vontade, rodamos até o principal atrativo da cidade, a Redução Jesuítica San Ignacio Miní.
Misión Jesuítica Guaraní San Ignacio Miní
Local: Alberdi, 457 | San Ignacio – Misiones – Argentina
Telefone: +54 9376 447-539
E-mail: promocionymarketing@misiones.tur.ar
Site: https://reducciones.misiones.tur.ar/san-ignacio-mini/
Funcionamento: Todos os dias das 7h30 às 17h30
Ingresso: $ 650
*Ingresso válido para visitar as 4 reduções (San Ignacio Miní, Nuestra Señora de Loreto, Santa Ana e Santa María la Mayor) dentro de 30 dias
Tempo médio de visitação: 4 horas
A visita ao sítio arqueológico tem início pelo museu jesuítico, onde estão expostas peças dos tempos dos jesuítas, uma maquete da redução e placas que apresentam alguns costumes e tradições da época.
Conhecido o museu avançamos para o portão de acesso da antiga cidade jesuíta e ali tivemos uma noção real da imensidão do local.
A Redução Jesuíta de San Ignacio Miní era uma das 30 reduções jesuíticas guaranis que formavam a Província Jesuítica de Misiones.
Em 1984 ela foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.
Algo que nos chamou a atenção é que nesta redução existem diversos totens espalhados ao longo do sítio arqueológico com ilustrações, textos indicativos e 5 botões, cada um em um idioma (espanhol, português, inglês, alemão e francês), os quais ao serem pressionados rodam um áudio que narra o que era aquele local específico e conta suas características, tornando o passeio interativo e auto guiado.
Um fato curioso sobre a Redução de San Ignacio Miní é que ela foi fundada em 1610 pelos jesuítas José Cataldino e Simón Masceta onde atualmente está a cidade de Santo Inácio, no noroeste do atual estado do Paraná – Brasil.
Devido aos constantes ataques dos bandeirantes paulistas, que capturavam os indígenas para vendê-los como escravos, os jesuítas se viram obrigados a transferir a redução de lugar no ano de 1631 e se restabeleceram às margens do Arroio Yabebirí, na atual província argentina de Misiones.
Mesmo com o deslocamento a redução continuou sendo alvo dos ataques, o que fez com que os jesuítas realizassem uma nova transferência, desta vez no ano de 1696 para o atual local onde encontram-se as ruínas.
Com a expulsão dos jesuítas pela coroa espanhola a Missão Jesuítica Guarani de San Ignacio Miní ficou abandonada e foi totalmente destruída até meados de 1817, quando acabou sendo esquecida.
Apenas em 1897 o local foi redescoberto e na década de 1940 foi totalmente restaurado sob o comando do arquiteto Carlos Luis Onetto.
O nome da redução é uma homenagem a Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, e carrega a palavra miní (menor) para diferenciá-la da Redução San Ignacio Guazú (grande).
A redução jesuíta era planejada e tinha em seu centro uma grande praça principal, a qual ficava de frente para o templo maior e era rodeada por construções menores, que serviam de casas para os padres e índios, colégios, oficinas, hortas, prisão e cemitério.
Em seu auge San Ignácio chegou a abrigar cerca de 5.000 indígenas em uma área aproximada de 18 hectares.
A magnífica igreja possui 74 metros de comprimento, 24 de largura e seu projeto é de autoria do arquiteto italiano Juan B. Brasanelli.
Construída com pedras de arenito e basalto a imponente e bela igreja se destaca por sua arquitetura e representações no próprio estilo barroco-guarani.
Suas paredes possuem aproximadamente 2 metros de largura, seu interior preserva o piso original e parte do altar.
Ao lado da igreja, também chamada como templo maior, ficava o pátio do colégio e as residências dos padres.
Cada grupo familiar cultivava uma parcela de terra particular, denominada Abambaé (coisas do homem), e outra comunitária, chamada de Tupambaé (coisas de Deus).
Com o resultado da produção realizada no Tupambaé a comunidade sustentava as mulheres solteiras e viúvas, os órfãos e cobria os gastos de manutenção da igreja, da educação e demais expressões culturais.
Os homens faziam os trabalhos rurais, de carpintaria, ferraria, arte e artesanato, além de darem aulas aos jovens e crianças.
Enquanto as mulheres cuidavam das crianças, cozinhavam, teciam e tinham em seu cargo as tarefas domésticas.
Todos participavam dos trabalhos artísticos e religiosos.
A cidade de San Ignacio, que se originou da redução, tem aproximadamente 6.000 habitantes atualmente.
Após passar horas visitando, apreciando e refletindo sobre este local carregado de uma energia incrível que paira pelo ar caminhamos pelas casas dos índios até a saída da redução. Retornamos ao hotel onde nos preparamos para, mais tarde, assistir ao espetáculo de som e luzes.
No horário indicado estávamos de volta à redução, compramos um novo ingresso (este válido apenas para a apresentação do espetáculo noturno) e aguardamos a abertura dos portões.
Espectáculo de Imagen y Sonido – Conjunto Jesuítico San Ignacio Miní
Local: Alberdi, 457 | San Ignacio – Misiones – Argentina
Telefone: +54 9376 447-539
E-mail: promocionymarketing@misiones.tur.ar
Site: https://reducciones.misiones.tur.ar/espectaculo-de-imagen-luz-y-sonido/
Funcionamento: Todos os dias às 20h00 durante a primavera e verão | Todos os dias às 19h00 durante o outono e inverno
Ingresso: $ 650
*Ingresso válido para visitar as 4 reduções (San Ignacio Miní, Nuestra Señora de Loreto, Santa Ana e Santa María la Mayor) dentro de 30 dias
Tempo médio de visitação: 1 hora
O Espectáculo de Imagen y Sonido da redução de San Ignacio é algo muito interessante e único, nele um guia conduz o grupo de visitantes pelos caminhos escuros em meio às ruínas até determinados pontos, onde o grupo para e hologramas 3D são projetados nas paredes das ruínas e nas árvores ao redor, com imagens mostrando e um áudio narrando como era a vida ali no século XVIII.
No fim do passeio somos conduzidos até a frente do templo maior, onde o espetáculo finda de forma muito emocionante.
Após o lindo espetáculo jantamos em um restaurante em frente à redução e retornamos ao hotel caminhando pelas pacatas ruas de San Ignacio. No meio do caminho nos deparamos com várias pessoas se divertindo ao som de batidas de tambores ao ritmo carnavalesco, achamos curioso.
Trajeto percorrido no dia:
Oba! Já são 6 comentários nesta postagem!
Que legal! Estou gostando de acompanhar a sua nova aventura. Tenho uma Heritage também e estou me preparando para um viagem no final de ano. Fui pesquisar algumas coisas sobre a moto e encontrei o blog de vocês. Se puder compartilhar algumas dicas sobre a bagagem (o que levar), como acomodar, o que usar, calçados e como lidam com uma possível chuva ajudaria muito. E obrigado por terem esse blog com todas informações e fotos bonitas! Parabéns!
Valeu Edgar. Assim que finalizarmos a Expedição farei uma postagem informando o total de quilômetros rodados, consumo e compartilharei o checklist dos itens que levamos na bagagem, além do roteiro total.
Com relação à chuva, nossas botas são impermeáveis e sempre carregamos capas de chuva no alforge, é um item essencial. Nas viagens calçamos botas, mas levamos calçados confortáveis (tênis) para os passeios, além da tradicional havaiana para caminhar pelo hotel.
Espero ter ajudado e qualquer dúvida, entre em contato pelo blog, ou facebook: https://www.facebook.com/FredLeeNaEstrada/
Valeu, boas estradas.
Que belas fotografias, podemos ter uma idéia de quão lindo é este lugar!!!
Obrigado Vera :) As reduções jesuíticas são realmente lindas, cada uma com sua característica. Todas carregadas de história e uma energia ímpar, apenas estando no local para sentir.
Legal, boas fotos Parabéns….
Valeu, obrigado.
Estamos ansiosos para ler tudo aquilo que tu tem para dizer! É chegado o momento de abrir este coração e compartilhar tua opinião, crítica (exceto algo desfavorável à imagem da Formosa), elogio, filosofar a respeito da vida ou apenas sinalizar que chegou até aqui ;)
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