Complexo Cascata do Porongo: Um Refúgio Natural em Vila Maria – RS

Iniciamos nossa jornada no primeiro sábado de abril, despertando cedo para testemunhar o espetáculo do crepúsculo antes do amanhecer na encantadora cidade conhecida como a “Capital da Amizade”, Erechim, no Rio Grande do Sul. Em meio a esse cenário pitoresco, desfrutamos de um delicioso café da manhã que nos proporcionou a energia necessária para explorar um dos tesouros naturais mais deslumbrantes do norte gaúcho: a Cascata do Porongo, localizada no município de Vila Maria.

Entre cliques e cores, as primeiras luzes do amanhecer em Erechim pintavam o céu, transformando cada momento em uma tela de beleza única. Até mesmo os aviões que cruzavam o espaço aéreo do norte gaúcho eram envolvidos por essa luminosidade encantadora, criando um espetáculo celestial.

Renovados após apreciar o espetáculo do nascer do sol, dedicamo-nos a retirar a capa da Formosa (sim, durante os períodos de folga, ela é cuidadosamente protegida do frio, especialmente diante das repentinas variações climáticas no outono sulista).

Ligamos seu motor, vestimos os trajes de viagem de moto e finalmente iniciamos uma jornada que, literalmente, levantaria poeira, nos guiando por paisagens até então inexploradas.

Partimos da “Capital da Amizade”, Erechim – RS, nas primeiras horas da manhã de sábado, sob o sol radiante e o frio característico, seguindo pela rodovia RS-135 em direção ao norte.

Desfrutando de um trânsito com baixo fluxo de veículos, rapidamente alcançamos Passo Fundo – RS. Contornamos essa cidade imponente e nos dirigimos para a RS-324, adentrando uma nova fase da nossa viagem.

Imersos em uma paisagem deslumbrante, avançamos pela sinuosa estrada estadual até alcançarmos o principal trevo de acesso a Marau, RS.

Após percorrer alguns poucos quilômetros, chegamos ao município de Vila Maria – RS, a escolha perfeita para nosso passeio do dia.

Vila Maria, situada a aproximadamente 260 quilômetros da capital gaúcha, Porto Alegre, abriga uma população de cerca de 4.300 habitantes e conquistou sua emancipação em 1988.

A denominação do município teve origem por volta de 1917, quando Maria Busato, viúva e mãe de vários filhos, deixou a cidade de Casca – RS para estabelecer-se na região. Lá, adquiriu terras, inaugurou um comércio e estabeleceu uma pousada, contribuindo significativamente para o desenvolvimento local.

O nome Vila Maria rapidamente se popularizou entre os viajantes devido à proprietária dos estabelecimentos, Maria, que gerenciava com maestria seus empreendimentos. Esse carinhoso apelido dado pelos visitantes acabou por se tornar a identidade da localidade.

Situada a uma altitude média de 455 metros acima do nível do mar, a serena cidade é cercada por encantadores atrativos naturais, incluindo a Cascata do Maringá, a Cascata do Porongo, a Cascata das Bruxas e o Monte di Vedana.

Esses pontos turísticos naturais não são apenas admiráveis de maneira convencional, mas também oferecem experiências mais radicais, como rapel, escalada, tirolesa, canionismo e voo livre para aqueles que buscam aventuras emocionantes.

Não é surpreendente que o município tenha conquistado o título de “Capital Regional do Ecoturismo”, dada a sua abundância de atrativos naturais e a variedade de experiências emocionantes que oferece aos visitantes.

Pois bem, uma vez em Vila Maria – RS, nos aventuramos pelo interior do município, explorando suas encantadoras estradas de terra.

Nosso destino inicial era a Cascata do Maringá, a mais alta de Vila Maria, com incríveis 54 metros de altura. Contudo, após percorrer 5.500 metros pela estrada de terra, alcançamos um entroncamento onde a passagem de veículos estava bloqueada por cones, exatamente na direção da cascata.

Diante de um espaço considerável entre um cone e outro, optamos por avançar com cautela, desviando de vários galhos de árvores que se estendiam pela via. No entanto, nos deparamos com uma barreira de terra que bloqueava totalmente o caminho.

Diante da resistência da Formosa em prosseguir, analisamos a situação. Faltando apenas 2.500 metros para alcançar a cachoeira, cogitamos a possibilidade de continuar o trajeto a pé. No entanto, ao final, decidimos adiar nossa visita à Cascata do Maringá para uma próxima oportunidade. Retornamos, então, na direção de Vila Maria.

A menos de um quilômetro do centro da cidade, alcançamos um entroncamento onde uma placa apontava para a direção oposta ao centrinho, indicando o caminho para a Cascata do Porongo. Sem hesitar, seguimos naquela direção.

Do entroncamento até a entrada da propriedade onde se encontra a Cascata do Porongo, percorremos menos de 3 quilômetros, desfrutando de um cenário bucólico e da poeira gerada pelo ônibus que seguia à nossa frente.

Chegamos empoeirados e sedentos à propriedade, onde fomos calorosamente recebidos pelo simpático proprietário.

As instalações da vasta e meticulosamente mantida propriedade do Complexo Cascata do Porongo incluem uma área de camping com pontos de luz, banheiros equipados com chuveiros elétricos, uma cozinha compartilhada, um animado bar, uma lanchonete, um campo de futebol e diversas churrasqueiras, mesas e bancos espalhados harmoniosamente em meio à exuberante mata.

Com a moto devidamente estacionada em uma área sombreada, começamos nossa caminhada pela curta trilha de 150 metros. A trilha segue ao longo de um riacho pedregoso e passa em frente à Gruta de Nossa Senhora de Lourdes.

Desde a pequena gruta, já podíamos contemplar a principal atração local, a imponente Cascata do Porongo.

Com 31 metros de pura beleza, as águas fluem rapidamente pelo paredão rochoso, criando aos pés da cachoeira um poço com impressionantes 5 metros de profundidade.

Saltando entre as pedras, atravessamos o riacho, encontrando um local perfeito para nos assentar e preparar aquele chimarrão especial de primeira.

À medida que o meio-dia se aproximava, forramos nossos estômagos com saborosos pãezinhos de queijo feitos com batata doce, habilmente preparados pela Sayo no dia anterior.

Em seguida, deliciamo-nos com a sobremesa: suculentas laranjas.

Satisfeitos, retornamos para o lado oposto do rio e passamos várias horas admirando a beleza do local, aproveitando ao máximo a sua energia revitalizante.

O som da queda d’água, em harmonia com a brisa balançando os galhos das árvores e o melódico canto dos pássaros, criava a trilha sonora perfeita para a ocasião.

Claro que não poderíamos deixar de fazer várias poses para registrar aquele momento de paz.

Observando atentamente a natureza ao nosso redor, pudemos avistar uma variedade de pássaros, insetos e até mesmo um solitário urubu que caminhava tranquilamente na borda da parte superior da cascata.

E, claro, estando no Rio Grande do Sul, em pleno outono, não poderiam faltar as bergamotas, também conhecidas como mexericas, mimosas, e tantos outros nomes.

Mate amargo e bergamota cítrica, uma combinação perfeita em meio a um cenário fabuloso.

Antes de nos despedirmos, tivemos a oportunidade de fotografar um colorido surucuá-variado e um elegante pica-pau.

Revigorados, no meio da tarde, despedimo-nos do Camping Cascata do Porongo.

Retornando ao centro de Vila Maria – RS, fizemos uma parada em frente à bela Igreja Nossa Senhora da Saúde.

Inaugurada em 1954, a atual igreja matriz, infelizmente fechada no momento, exibe um estilo românico, destacando-se ao lado por uma torre majestosa com 30 metros de altura.

Como é de se esperar, em frente à igreja encontra-se a praça principal da cidade, no caso, a Praça Emancipação. Esta área é abundantemente arborizada, repleta de bancos, flores e conta com um amplo parque infantil.

No local, constatamos que, em vez de remover a poeira da Formosa, o passeio de hoje contribuiu para que ela retornasse para casa ainda mais empoeirada do que antes.

Partindo da Praça Emancipação, deixamos o centro de Vila Maria e seguimos em direção a outro ponto turístico local, o Santuário Nossa Senhora da Salete.

Situado no topo de um morro, a 200 metros da rodovia RS-324, o Santuário Nossa Senhora da Salete exibe uma das maiores imagens de Nossa Senhora da Salete do mundo, com impressionantes 7 metros de altura.

Enquanto nos preparávamos para deixar o local, que atrai diversas romarias e peregrinações, oferecendo uma excelente estrutura com ampla área sombreada, lanchonete, quiosque e banheiros, notamos alguns vultos passando atrás da lanchonete.

Ao nos aproximarmos, percebemos que os vultos eram ágeis quatis, prontos para desfrutar de sua refeição.

Por fim, embarcamos na Formosa e pegamos a estrada de volta a Erechim – RS, fazendo uma breve parada em Passo Fundo para um lanche.

Com o fim do dia se aproximando, acessamos a RS-135 e continuamos nossa jornada em direção ao norte.

Acompanhando mais um pôr do sol pela estrada, chegamos a Erechim no início da noite.

Abaixo o mapa com o trajeto percorrido no dia entre Erechim – RS e Vila Maria – RS: