O domingo amanheceu lindamente em Arvorezinha – RS.
Com o camping do Parque das Araucárias todo para nós (éramos os únicos a acampar no local durante o fim de semana) preparamos um café da manhã no capricho.
Tranquilamente fizemos nosso desjejum.
Curtimos mais alguns instantes no arborizado parque.
E então desfizemos o acampamento carregando novamente as tralhas nos alforges da Formosa.
Ao se despedir do Parque das Araucárias o Sol resolveu dar o ar da graça, abrilhantando ainda mais a natureza ao nosso redor.
Acessamos a rodovia RS-332 e seguimos sentido sul.
Fizemos uma breve pausa para a foto oficial da Formosa ao lado do pórtico de Arvorezinha.
E após rodar exatos 11 quilômetros chegamos ao principal trevo de acesso a Ilópolis.
Ilópolis foi colonizada por imigrantes italianos no início do século XX, sua emancipação ocorreu em 1963 e atualmente abriga cerca de 4.000 habitantes.
O município está localizado na encosta superior nordeste do planalto meridional, nas bordaduras da Serra Geral, região alta do Vale do Taquari.
Com altitude variando entre 600 e 800 metros acima do nível do mar, sua topografia é colinosa e formada predominantemente por rochas basálticas.
Curiosamente a área pertencente ao município não conta com nenhum rio, apenas três arroios.
Mesmo assim na década de 1940 surgiu a ideia de construir uma usina hidrelétrica na região, e para isso foi necessário a criação de uma barragem artificial para armazenamento e fornecimento de água.
A usina operou até 1981, quando foi desativada, e o grande lago com aproximadamente 1.780m² passou a servir como área de lazer, denominada Lago Verde.
Lago Verde que foi o primeiro atrativo que paramos para conhecer e fotografar na cidade, o qual nos encantou com tamanha beleza e limpeza.
Limpeza, aliás, tratada de uma forma muito clara e objetiva através da mensagem gravada em uma placa informativa localizada na beira do lago: “Vai jogar fora? Onde é fora? Não existe fora. O lixo que você joga no chão não fala, mas ele diz muito sobre você”.
É realmente inacreditável imaginar que alguém possa ter tamanha ignorância a fim de jogar lixo em um local inadequado, ainda mais em meio à natureza.
Pois bem, após contemplar a formosura cênica do Lago Verde voltamos a rodar pela estrada de terra que o contorna.
Cercados por inúmeros pinheiros, eucaliptos, araucárias e árvores de erva-mate avançamos em direção ao interior de Ilópolis.
Erva-mate que é a responsável pelo nome do município, uma vez que Ilópolis significa “Cidade da Erva-Mate”, etimologicamente originada do latim e do grego com a junção das palavras “Ilo” (do latim significa erva-mate) e “Pólis” (do grego significa cidade).
Pouco mais de 1 quilômetro separa o Lago Verde do início da trilha que segue em meio à mata até outro incrível atrativo de Ilópolis, a Cascata da Baleia.
Trilha da Cascata da Baleia
Local: Ilópolis – RS
Ingresso: Gratuito
Extensão: 217 metros
Tempo médio do percurso: 15 minutos
Aqui cabe uma observação e um muito obrigado para a quantidade de placas indicativas para todos os atrativos municipais de Ilópolis, as quais facilitam a localização e locomoção dos visitantes.
Com a Formosa devidamente estacionada em uma sombra ao lado do início da Trilha da Cascata da Baleia nos deparamos com uma placa indicando a extensão da trilha, um total de 217 metros, e a sinalização da existência de 225 degraus até a base da cascata.
Retiramos os capacetes, jaquetas, luvas e colocamos as mochilas nas costas iniciando a caminhada pelo íngreme percurso que corta a fabulosa Mata Atlântica.
Cerca de 15 minutos depois ficamos cara a cara com um cenário encantador, que parecia ter saído de um conto de fadas.
Duas linhas paralelas de água escorriam suavemente pelo escuro paredão rochoso contrastando com uma infinidade de tonalidades de verde que cobrem todo o vale ao seu redor.
Pássaros, borboletas, xaxins, bromélias, samambaias e uma ampla quantidade de espécies exóticas da fauna e da flora compõem a paisagem do local que emerge paz e apaixona por sua lindeza.
Nos acomodamos em duas grandes pedras de frente para a bela queda d’água, preparamos um refrescante tereré e saboreamos algumas frutas embalados pelo som das águas indo de encontro ao pequeno poço existente na base da cachoeira.
A Cascata da Baleia é formada por três quedas d’água consecutivas que ao todo somam mais de 50 metros de pura beleza.
O nome da cascata advém de uma formação nas pedras por onde escorrem as águas que remete a imagem de uma baleia.
Energizados agradecemos à Pachamama e iniciamos nossa caminhada de volta ao topo da montanha, onde a Formosa nos aguardava.
Nos últimos metros da trilha percebi uma movimentação em meio à mata. Parei e fiquei observando atentamente, procurando o causador do movimento, imaginando ser um cachorro.
Eis que para minha surpresa a movimentação ocorre novamente em meio ao chão e repentinamente vejo um vulto subir o tronco de uma árvore e pular de um galho para outro de forma ágil e certeira.
Um serelepe macaco-prego-preto, também conhecido como mico preto, estava nos acompanhando a distância e toda vez que notava ter sido visto tratava de pular para outra árvore e nos observar escondido.
Pronto, ganhamos o dia! Não bastasse toda a maravilha da Cascata da Baleia ainda fomos presenteados com a presença de um macaco-prego livre, leve e solto.
Da mesma forma como amamos estar em contato com a natureza, nos sentimos gratos ao ver animais vivendo livremente em seu habitat natural.
Ficamos uns bons minutos apreciando os movimentos do esbelto mamífero e então voltamos a rodar com a Formosa, contornando todo o Lago Verde.
Não foi difícil encontrar um bom local para estacionar a Formosa às margens do lago, onde devoramos nosso almoço em homenagem ao amigo recém conhecido: um xis-mico.
Calma, calma… xis-mico nada mais é do que um pão recheado com bananas, o macaco-prego segue curtindo sua vida.
Alimentados retornamos ao centro da pequena Ilópolis passando em frente a diversas antigas casas típicas de madeira.
Algumas pareciam ser casas de boneca, tamanha quantidade de detalhes e adornos.
A próxima parada foi na Praça Itália, localizada no coração da cidade.
Além dos banheiros públicos, quiosque de informações turísticas e comercialização de artesanato, diversos bancos espalhados ao longo do espaço arborizado e um ornamentado chafariz, outro equipamento nos chamou bastante a atenção.
Trata-se de um aparelho desenvolvido pela startup gaúcha Icehot que disponibiliza de forma gratuita água filtrada gelada ou quente (para o chimarrão) à população, além de água para os animais de estimação através de um bebedouro exclusivo para eles no nível do chão.
Como é de se imaginar, de frente para a praça principal de Ilópolis fica a igreja matriz.
A charmosa Igreja São Paulo Apóstolo é também um santuário, o primeiro do mundo dedicado a este santo.
Na frente do templo religioso estão dispostas esculturas em concreto que representam os doze apóstolos de Cristo.
Em seu interior o santuário abriga uma capela dedicada a São João Paulo II, uma escultura do santo com uma estola e uma casula doadas pelo mesmo papa ainda em vida.
Também integra o acervo do santuário uma gota de sangue resultante do atentado sofrido por João Paulo II na década de 1980. Infelizmente a igreja estava fechada e não pudemos conhecer seu interior.
Da paróquia caminhamos poucos metros até chegar no Complexo Arquitetônico Museu do Pão.
Complexo Arquitetônico Museu do Pão
Local: Rua Sete de Abril | Centro | Ilópolis – RS
Telefone: (51) 99679-9084
E-mail: faleconosco@caminhodosmoinhos.com.br
Site: https://caminhodosmoinhos.com/
Funcionamento: Terça a sexta das 8h00 às 11h30 e das 13h30 às 17h30 | Sábado e domingo das 13h30 às 17h30
Ingresso: R$ 5,00
Tempo médio de visitação: 1 hora
O Complexo Arquitetônico Museu do Pão é formado pelo Museu do Pão, pela Escola de Panificação e pelo Moinho Colognese.
A visita ao local é guiada e tem início pelo Museu do Pão, o primeiro espaço criado na América Latina que resgata e preserva a história do pão como símbolo universal da humanidade, destacando-se pelo arrojado projeto arquitetônico que unifica a tradição e o novo.
O local expõe uma pequena coleção de objetos utilizados pelos imigrantes italianos do Vale do Taquari e refaz a trajetória da produção do alimento que dá nome ao museu através da exposição “Do grão ao prato”.
O complexo conta também com um pequeno auditório onde são apresentados documentários, filmes e palestras ligados ao pão, à imigração italiana, entre outros.
Ainda no Museu do Pão estão dispostas as maquetes de seis moinhos históricos existentes na região (Ilópolis, Arvorezinha, Anta Gorda e Putinga), os quais compõem o roteiro turístico Caminho dos Moinhos.
Na sequência passamos ao lado da Oficina de Panificação, onde são ministrados diversos tipos de cursos de panificação e confeitaria para crianças, jovens, universitários, turistas e moradores locais.
Por fim chegamos ao Moinho Colognese, patrimônio que alavancou a construção do complexo e instigou a criação do Caminho dos Moinhos.
Construído em 1917, o Moinho Colognese foi completamente restaurado entre os anos de 2005 e 2007 e atualmente está apto para produzir novamente.
Os moinhos são de suma importância no contexto da imigração italiana no Brasil, em especial no Rio Grande do Sul, uma vez que eles simbolizam e preservam o desejo do imigrante em permanecer definitivamente em terras tupiniquins, produzindo aqui sua alimentação.
Os outros moinhos que formam o Caminho dos Moinhos são: Moinho Dallé (1919), Moinho Vicenzi (1930), Moinho Castaman (1947), Moinho Fachinetto (1947) e Moinho Marca (1950).
Caminhando pelo interior do Moinho Colognese pudemos entender melhor o processo de fabricação da farinha e observar detalhadamente cada instrumento utilizado na época de seu auge.
O antigo depósito de grãos do moinho foi transformado numa acolhedora bodega, que oferece produtos da oficina de panificação e de toda a região.
Com os ponteiros do relógio se aproximando das 15h00 decidimos nos despedir do Museu do Pão, vestir as roupas de viagem e pegar estrada, agora em direção norte.
O retorno foi bastante agradável, principalmente pelo clima ameno e céu azul, e a ausência de fotos se dá pelo fato de retornarmos pelo mesmo trajeto de ida (Ilópolis – Arvorezinha – Soledade – Tio Hugo – Passo Fundo – Getúlio Vargas – Erechim).
Com o Sol se pondo no horizonte chegamos em Erechim no fim do domingo e encerramos assim mais um passeio a bordo da Formosa.
Trajeto percorrido no dia:
Oba! Já são 2 comentários nesta postagem!
Lindo demais esses passeios. Natureza exuberante. Uma viagem no tempo na Praça Itália: fogão à lenha e um bebedouro made in startup. hehehe…..belo contraste.
Grande abraço pra vocês!
Valeu Fernando. Excelente observação a respeito do contraste na praça central de Ilópolis, não havia reparado.
Abraços…
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