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Estrada das Hortênsias, Serra das Araras e a Histórica Fazenda Loanda em Bananal, SP
24 de Novembro, 2020Viaje pela sinuosa Estrada das Hortênsias, pela desafiadora Serra de Miguel Pereira e pela impressionante Serra das Araras. Explore a Rodovia dos Tropeiros e visite a histórica Fazenda Loanda em Bananal - SP.
Hoje, partimos da encantadora cidade de Teresópolis – RJ e admiramos o icônico pico do Dedo de Deus, situado na majestosa Serra dos Órgãos. Em seguida, exploramos as sinuosas estradas fluminenses, incluindo a famosa Estrada das Hortênsias, a desafiadora Serra de Miguel Pereira e a impressionante Serra das Araras. Entramos no estado de São Paulo pela Rodovia dos Tropeiros e concluímos o dia com uma visita à histórica Fazenda Loanda, localizada em Bananal.
Bom dia, Teresópolis – RJ! Enquanto tomávamos o café da manhã, pudemos contemplar o céu nublado da charmosa cidade serrana, onde o azul do céu tentava se destacar entre as inúmeras nuvens.
Na esperança de finalmente avistar a deslumbrante Serra dos Órgãos durante a Expedição 2020: Belas Rotas, tomamos um café rápido, vestimos nossas roupas de viagem, carregamos as bagagens na Formosa e seguimos em direção ao Mirante do Soberbo.
Saímos rapidamente do centro de Teresópolis e logo alcançamos o belvedere, localizado às margens da rodovia BR-116.
No entanto, a névoa foi mais rápida, e ao chegarmos ao local, a cadeia montanhosa da Serra dos Órgãos já estava completamente encoberta pela densa neblina.
Não foi dessa vez. Fizemos algumas fotos no local e, em seguida, seguimos pela rodovia federal rumo ao norte.
Alguns quilômetros à frente, ao olhar pelo retrovisor da Formosa, quase sem acreditar, consegui avistar parte da Serra dos Órgãos surgindo majestosa em meio à imensidão de nuvens.
A paisagem era tão impressionante que fiz questão de parar a moto no acostamento da rodovia imediatamente. Finalmente, pudemos contemplar, ainda que parcialmente, a fabulosa Serra dos Órgãos.
Os picos do Dedo de Deus (1.692m), Cabeça de Peixe (1.680m), Santo Antônio (1.990m), São João (2.100m) e Nariz do Frade (1.920m) destacavam-se imponentes entre as inúmeras nuvens.
Conseguimos registrar o tão esperado momento e contemplar a grandiosidade dessa maravilha natural por alguns instantes, até que a densa neblina começou a envolver novamente os imponentes picos da incrível Serra dos Órgãos.
Ganhamos o dia e, finalmente, pudemos nos despedir dignamente de Teresópolis, cidade tida como “A Capital Nacional do Montanhismo”.
Retomamos a viagem pela BR-116 e, alguns metros adiante, paramos em um ponto de pare-e-siga.
Ali, aguardamos alguns minutos antes de prosseguir com a viagem.
Ainda impressionados e eufóricos por termos avistado a Serra dos Órgãos, acabamos passando direto no trevo que nos levaria à BR-495. Só percebemos o erro muitos quilômetros depois, quando as placas na rodovia começaram a indicar a distância até Salvador.
Seria ótimo voltar a visitar a capital baiana, mas, com a data de retorno já definida, decidimos fazer o retorno e seguir o caminho correto.
Pelo menos o desvio nos presenteou com a vista de uma bela cachoeira às margens da BR-116.
A BR-495, conhecida popularmente como Estrada Itaipava – Teresópolis, conecta os municípios de Teresópolis e Petrópolis por um percurso de aproximadamente 35 quilômetros.
A rodovia federal é de pista simples, não possui acostamento, é bastante sinuosa e atravessa uma região serrana, tornando-se um verdadeiro paraíso para os amantes das duas rodas.
Também conhecida como Estrada das Hortênsias, ou Estrada das Hortências, a BR-495 é famosa pelo grande número de flores dessa espécie que embelezam e colorem ainda mais o trajeto.
A cereja do bolo é o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, que complementa de forma deslumbrante o cenário em que a estrada está inserida.
A estrada, com suas curvas fechadas e percurso íngreme, atinge uma altitude de até 1.500 metros acima do nível do mar.
Em um ponto da rodovia federal, há uma área de parada onde são vendidos cocos verdes (uma delícia) e é possível desfrutar de uma vista incrível do vale.
Ali, nos hidratamos e passamos alguns minutos admirando a paisagem ao redor.
Em seguida, retomamos a viagem pela rodovia BR-495, que estava em bom estado de conservação e apresentava baixo fluxo de veículos no momento.
Sem dúvidas, a Estrada das Hortênsias é uma das mais charmosas e belas do nosso querido país.
Logo chegamos a Itaipava, um distrito de Petrópolis – RJ.
Ali, nos despedimos da encantadora BR-495 e começamos a percorrer a movimentada BR-040.
Na qual conseguimos nos perder pela segunda vez no dia (parabéns ao piloto!).
Como acreditamos que nada acontece por acaso e que tudo ocorre para nosso próprio bem, seguimos adiante, e quando nos demos conta já estávamos descendo a impressionante Serra do Mar, entre Petrópolis e a capital fluminense, a qual percorremos na última quarta-feira, acompanhados por uma forte chuva.
Aproveitamos a falha de navegação do distraído piloto que vos escreve para descer toda a serra e, em seguida, subir novamente.
Quem viaja de moto sabe o prazer que uma sinuosa serra em meio a uma densa floresta pode proporcionar, sem mencionar as deliciosas, e às vezes assustadoras, raspadas das pedaleiras, que espalham faíscas para todos os lados.
Como o tempo estava colaborando desta vez, fizemos uma breve pausa no Mirante do Cristo, situado no meio da Serra do Mar.
O local, que oferece uma linda vista da Baía da Guanabara, abriga um monumento de Cristo Crucificado, inaugurado em 1941.
Após a breve parada, com o GPS devidamente ativado, retomamos a viagem pela rodovia BR-040.
Desta vez, com a ajuda do Google Maps, encontramos o acesso à rodovia RJ-117, que havíamos passado despercebidos mais cedo.
A estrada estadual conecta Petrópolis a Paty do Alferes em um percurso de aproximadamente 45 quilômetros.
A rodovia, chamada Estrada Bernardo Coutinho, atravessa parte da Reserva Biológica Estadual de Araras, que cobre cerca de 3.862,33 hectares e foi criada em 1977.
Rodamos alguns quilômetros pela sinuosa rodovia até perceber a presença de nuvens negras nas proximidades. Sabiamente, paramos e colocamos as capas de chuva, que se mostraram extremamente úteis minutos depois, quando fomos atingidos por um verdadeiro temporal.
A forte pancada de chuva durou cerca de 30 minutos, e então o tempo começou a melhorar.
O calor intenso voltou a se fazer presente, especialmente para quem estava usando capas de chuva.
Nas proximidades de Paty do Alferes, enfrentamos uma sequência impressionante de curvas fechadas.
Logo chegamos à pacata cidade, onde estacionamos a Formosa para retirar as capas de chuva e procurar um lugar para almoçar.
Devidamente alimentados e mais confortáveis após retirar as capas de chuva, retomamos a viagem pelas estradas fluminenses, desta vez pela RJ-125.
Logo nos despedimos de Paty do Alferes e chegamos ao centro de Miguel Pereira, RJ.
Cidade que cruzamos rapidamente para, em seguida, iniciar a descida da famosa Serra de Miguel Pereira.
Hoje não foi apenas um dia de se perder, mas também de percorrer estradas bonitas, fazendo jus ao nome da moto expedição deste ano.
O trecho de aproximadamente 15 quilômetros da rodovia RJ-125, que atravessa a serra coberta pela exuberante Mata Atlântica, é impressionante.
Asfalto em bom estado de conservação, ausência de acostamento e curvas perfeitas para bailar com a Formosa.
Embalados pelo agradável e potente ronco do motor Twin Cam e cercados por uma linda paisagem, logo chegamos ao nível do mar.
Onde passamos pela cidade de Japeri e cruzamos a ponte sobre o Rio Guandu.
Na sequência, avistamos um quiosque vendendo água de coco e não pensamos duas vezes: paramos às margens da rodovia, protegidos pela sombra das árvores, para nos hidratar.
Revigorados pela refrescante e saborosa água de coco, seguimos adiante e logo chegamos ao entroncamento com a BR-116.
A qual acessamos rapidamente e, logo após pagar uma tarifa de pedágio, iniciamos a subida da conhecida Serra das Araras.
Acompanhados por diversas carretas, que dominavam as duas faixas de rolamento da rodovia BR-116, neste trecho conhecido como Via Dutra, seguimos até Piraí, onde passamos a percorrer a RJ-145.
Seguimos pela estrada estadual que margeia o Rio Piraí até chegarmos ao entroncamento com a RJ-139, por onde cruzamos novamente a divisa entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo.
Já em solo paulista, a estrada, com melhor estado de conservação, passa a ser conhecida como SP-068, ou Rodovia dos Tropeiros.
Avançamos rapidamente pela estrada até avistarmos uma placa indicando a possibilidade de visitar a histórica Fazenda Loanda de Bananal, SP.
Fizemos o u-turn (estou ficando bom nisso… em fazer retornos, não no inglês) e adentramos na estradinha de chão batido, percorrendo menos de um quilômetro até avistarmos a imponente sede da fazenda.
Fazenda Loanda
A Fazenda Loanda atingiu seu apogeu no século XIX, graças à grande riqueza gerada pelo café, chegando a contar com mais de 300 escravos. Por volta de 1850, a propriedade passou por uma grande reforma, incorporando elementos da arquitetura neoclássica, que estava em voga na Europa na época.
Como chegar
Mapa e roteiro de como chegar na Fazenda Loanda partindo do centro de São Paulo – São Paulo – Brasil:
Contatos da Fazenda Loanda
- Endereço: Rodovia SP-068, Km 328 – Rancho Grande | Bananal – São Paulo – Brasil
- Telefones: (12) 3116-3274 | (24) 98816-9916
- E-mail: fazenda.loanda@hotmail.com
Para obter informações mais detalhadas, visite o site oficial da Fazenda Loanda.
Horários de Funcionamento
- Segunda a sexta: 9h00 às 15h30 (mediante agendamento)
- Sábado a domingo: 9h00 às 15h30
Valores de Ingresso
- Público em geral: R$ 15,00
Recomendamos verificar as tarifas antes da sua viagem, pois os valores podem ser alterados a qualquer momento.
Tempo Médio de Visitação
- 3 horas
Estacionamos a Formosa à sombra e caminhamos ao redor do imponente casarão, sede da histórica Fazenda Loanda.
A Fazenda Loanda de Bananal surgiu do desmembramento da sesmaria de número 5, pertencente a Manoel Antônio de Sá Carvalho, após o casamento de uma de suas filhas com Luiz José de Almeida, em 1791.
Naquela época, a propriedade produzia cana-de-açúcar, anis, milho e outras culturas de subsistência.
Dessa união, ao longo de várias gerações, a propriedade chegou a Pedro Ramos Nogueira, que se casou com sua prima Placidia Maria de Almeida, em 1844.
Foi nesse período que a fazenda alcançou seu apogeu, impulsionada pelo ciclo do café.
Isso motivou uma grande reforma no casarão em 1850, quando elementos da arquitetura neoclássica, que estava em voga na Europa, foram incorporados à construção.
Na fachada, destacam-se as numerosas janelas e a ostentação dos tradicionais abacaxis, símbolos de nobreza e riqueza.
Em 1877, Pedro Ramos Nogueira recebeu das mãos de Dom Pedro II o título de “Barão da Joatinga”.
Após admirar o exterior do suntuoso casarão e tirar algumas fotos, fomos recebidos pelo simpático Pedro Teixeira, que gentilmente abriu as portas da histórica edificação, sua atual residência, e nos convidou a entrar.
Ali, participamos de uma visita guiada repleta de detalhes e curiosidades, uma verdadeira aula de história que abordou não apenas a fazenda, mas também a região e o contexto nacional durante o auge da propriedade.
Tivemos a oportunidade de explorar cada cômodo da vasta casa, que é finamente decorada com belíssimos móveis, em sua maioria oriundos da França, além de quadros, cristais, porcelanas e outros objetos bem conservados.
Ao longo do século XIX e início do século XX, o café foi a principal atividade econômica do Brasil, com o Vale do Paraíba destacando-se como uma das regiões mais influentes no cultivo.
Isso explica a presença de muitas grandiosas e históricas fazendas cafeeiras na região.
Em 1854, o município paulista de Bananal se destacou como o maior produtor brasileiro do valioso grão, resultando em cerca de 500 mil arrobas do produto, o equivalente a mais de 7 mil toneladas!
Comercializando café para a Europa e os Estados Unidos, o município rapidamente se tornou um dos mais importantes e prósperos do Brasil.
Chegou a cunhar sua própria moeda e, sob a influência dos barões do café, garantiu até mesmo um empréstimo ao governo imperial.
Isso explica a magnitude das construções e a opulência dos móveis.
O nome da Fazenda Loanda é uma referência à cidade de Luanda, capital de Angola, país de origem da maioria dos escravos que chegaram à propriedade.
Após visitar o pavimento principal do antigo casarão, exploramos alguns dos seis porões.
Onde estão armazenadas peças de época, algumas aguardando restauração e outras já revitalizadas.
Um dos porões abriga a antiga capela da fazenda, que foi cuidadosamente restaurada.
Suas paredes e teto estão decorados com cenas religiosas, nas quais foram pintados os rostos dos operários que participaram da recuperação do imóvel.
A noite já se aproximava quando nos despedimos de nosso guia e deixamos a Fazenda Loanda.
Seguimos pela escuridão da noite por aproximadamente 15 quilômetros pela Estrada dos Tropeiros até chegarmos ao centro de Bananal, SP.
Lá, enfrentamos dificuldades para encontrar um hotel, pois muitos estavam fechados devido à pandemia, mas, no final, conseguimos uma acomodação.
Acima o mapa com o trajeto percorrido no dia entre Teresópolis – RJ e Bananal – SP.
Oba! Já são 2 comentários nesta postagem!
Bela rodovia, naturalmente belas imagens. Jóia !
Pela minha ignorância, achava que a cidade do leste paulista tinha esse nome devido à fruta – banana=Bananal. hehehe…..até então nunca havia imaginado que era o café que gerou a opulência, que aliás, encerrando o ciclo do café veio a pecuária leiteira, ou seja, nada de bananas.
Grande abraço!
Pois é Fernando, nós também imaginávamos que o nome do município tivesse alguma relação com a fruta, aliás, é bem provável que a maioria das pessoas pensem desta forma.
Não entramos no assunto nesta postagem, mas o faremos na próxima, durante a exploração do centro histórico de Bananal – SP.
De qualquer forma, adianto que o nome surgiu em razão do rio que corta a localidade, chamado pelos índios puris (que habitavam a região) de Banani, que significa “rio sinuoso”.
Valeu, abraços!
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