Brasil • Expedição 2020: Belas Rotas • Nova Friburgo • Rio de Janeiro • Teresópolis
Dia 25: Cachoeiras de Macacu – RJ a Teresópolis – RJ
22 de Novembro, 2020Nos despedimos de Cachoeiras de Macacu – RJ nas primeiras horas deste domingo.
Embora o município abrigue diversos atrativos naturais, como cachoeiras e poços, além do Parque Estadual dos Três Picos, optamos por desbravar a região em uma próxima oportunidade, devido às fortes chuvas que atingiram a localidade nos últimos dias.
Seguimos pela rodovia RJ-116, a qual cruza o centro da cidade, sentido norte.
Logo passamos pelo acesso ao Parque Estadual dos Três Picos.
E na sequência iniciamos a subida da Serra da Boa Vista.
A rodovia pedagiada segue serpenteando entre a densa floresta formada pela Mata Atlântica.
Em meio a um cenário encantador paramos no Mirante de Macacu para apreciar tamanha beleza natural.
Poucos quilômetros depois chegamos ao alto da serra, subindo mais de 1000 metros em menos de 25km percorridos.
Ali cruzamos a divisa entre Cachoeiras de Macacu e Nova Friburgo.
Nova Friburgo conta atualmente com cerca de 190.000 habitantes, está localizada exatamente no ponto central do Rio de Janeiro e é conhecida como a Capital Nacional da Moda Íntima.
Inclusive ao entrar no município passamos ao lado do maior sutiã do Brasil, com 16 metros de comprimento e 5,8 de altura.
Até meados do século XVIII a região que atualmente pertence a Nova Friburgo era habitada por índios goiatacazes e puris.
No ano de 1818 o rei Dom João VI, sentindo a necessidade de estreitar os laços de amizades com os povos germânicos a fim de obter apoio contra o Império Francês, propôs uma colonização planejada.
Baixou então um decreto que autorizou o agente do Cantão de Friburgo, na Suíça, Sebastião Nicolau Gachet, a estabelecer uma colônia de cem famílias suíças na Fazenda do Morro Queimado, no distrito de Cantagalo, localidade de clima e características naturais semelhantes às de seu país de origem.
Assim nasceu Nova Friburgo, a única cidade brasileira criada por um Decreto Real, que foi batizada em homenagem à cidade de onde partiu a maioria das famílias, Fribourg.
Nova Friburgo foi também o primeiro município brasileiro colonizado por alemães, tendo estes imigrantes, ao todo 456, chegado na cidade em 3 de maio de 1824, três meses antes que imigrantes alemães chegassem em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.
Uma vez no centro de Friburgo, como é carinhosamente chamada a cidade, fomos explorar a Praça do Suspiro.
A bela praça abriga diversos monumentos, feirinha regional e a estação do teleférico, o qual segue até o alto do Morro da Cruz.
Em suas proximidades fica uma base militar, o Tiro de Guerra 01-010.
E a Capela de Santo Antônio.
Considerada um dos cartões postais da cidade, a pequena igreja foi construída em 1884 por um português como forma de agradecimento.
Reza a lenda que a embarcação onde o português estava teria sofrido um naufrágio e ele prometeu levantar um templo em devoção a Santo Antônio se fosse salvo.
A capela conta com estilo neoclássico e teve sua torre erguida apenas no ano de 1948.
Nas proximidades da igreja fica uma pequena grutinha com a imagem de uma santa.
E também a Praça das Colônias e o Teatro Municipal.
Da praça iniciamos uma caminhada pela área central da cidade.
E logo chegamos no Colégio Anchieta.
Colégio Anchieta
Local: Rua General Osório, 181 | Centro | Nova Friburgo – RJ
Telefone: (22) 2525-4400
E-mail: comunicacao@colegioanchieta.org.br
Site: http://colegioanchieta.org.br/
Funcionamento: Todos os dias das 7h00 às 19h00 | Visitas guiadas: sábado e domingo às 9h00 e 11h30
Ingresso: R$ 10,00
Tempo médio de visitação: 2 horas
Fundado por padres e irmãos jesuítas italianos, o Colégio Anchieta começou a funcionar em 1886 na casa-grande da antiga fazenda e sesmaria do Morro Queimado, conhecido pelos colonos suíços com o nome de “Chateau”, servindo de internato para alunos de todo o país.
Com o crescente número de alunos, iniciou-se a construção do grande e majestoso edifício atual no dia 1º de janeiro de 1901.
Sua construção, em estilo neoclássico, durou oito anos.
Logo o Anchieta tornou-se famoso e conhecido em todo Brasil pela excelente educação que dava aos seus alunos.
Os professores eram todos padres jesuítas, mas, em 1922, com a diminuição dos padres vindos da Itália, foi preciso acabar com o internato e transformar o Anchieta em seminário, para a formação de jesuítas brasileiros.
Em pouco tempo o colégio encheu-se de seminaristas que iam desde o seminário menor, chamado Escola Apostólica, até a Faculdade de Filosofia.
Em 1966, quando diversas classes seminarísticas se transferiram para outras cidades, o Anchieta se transformou em externato, recebendo alunos não só de Friburgo, mas também das cidades vizinhas.
Em 1969 passou a receber alunas e atualmente conta com cerca de 900 estudantes.
Passaram pelo Colégio Anchieta alguns alunos bastante conhecidos, como o poeta Carlos Drummond de Andrade, o jurista Sobral Pinto e, mais recentemente o musico Egberto Gismonti, o cientista social Jairo Nicolau, o ator Jayme Periard e a artista plástica Denise Berbert.
Como chegamos no local pouco antes das 11h00 caminhamos pela área externa até as 11h30, quando a visita guiada pelo interior do tradicional colégio teve início.
Simpáticos guias nos recepcionaram e logo começaram a narrar a história do Anchieta.
Inicialmente visitamos uma sala onde estão expostas algumas peças dos primórdios do colégio.
Depois subimos ao segundo pavimento através de uma imponente escadaria de madeira feita com uma técnica que não utilizou um prego sequer.
Ali visitamos outra sala com importantes peças históricas.
Conferimos uma exposição de elementos utilizados na construção da edificação.
E na sequência adentramos na impressionante Biblioteca Padre Manoel da Nóbrega, a Biblioteca da Filosofia.
O espaço que pertenceu à Faculdade de Filosofia do Colégio Anchieta possui grande acervo de livros de teologia, filosofia, religiões, história, história da igreja e hagiografia (uma espécie de biografia dos santos).
Ali também estão expostos documentos raros da história do colégio, como o registro das notas de Carlos Drummond de Andrade e um texto dele na “Aurora Colegial”, a primeira revista colegial do Brasil.
Aliás, no caderno de registro de notas consta a nota 4 de Drummond em português o.O mais tarde o aluno 74, apelidado de “o anarquista”, foi expulso do colégio por indisciplina mental.
Enfim, depois visitamos o quarto do padre Luiz Yabar, que por várias vezes foi reitor do Colégio Anchieta, o primeiro no atual prédio.
Em seguida fomos até a sala da Arte Sacra, espaço que conta com objetos religiosos e históricos, como dezenas de itens que pertenceram a diversos santos, além de cálices, taças e outros objetos litúrgicos da Igreja Católica.
Um dos itens mais interessantes é uma roupa original usada pelo Papa Pio X.
Passamos por um quarto onde estão expostas peças relacionadas aos ofícios dos irmãos jesuítas.
Adentramos em uma capela.
Conhecemos a Sala de Música, onde foi colocado um grande acervo de discos e vinis encontrados no porão do Colégio Anchieta, além de diversos instrumentos musicais.
Visitamos uma sala de aula retrô que apresenta carteiras antigas, quadro negro de giz, camisas comemorativas e flâmulas antigas encontradas em diversos cômodos do Colégio Anchieta, além de itens como retroprojetores, mimeógrafos e outros objetos que já foram muito utilizados e hoje servem apenas como peças de museu (com exceção das flâmulas, os demais itens fizeram parte de minha infância/adolescência, estou virando um clássico).
Por fim acessamos o pátio interno do Colégio Anchieta.
Onde a visita guiada chega ao fim.
Com os ponteiros do relógio indicando 13h00 e o Sol aparecendo timidamente entre as nuvens nos despedimos do Colégio Anchieta e fomos almoçar.
Devidamente alimentados partimos do centro de Nova Friburgo pela RJ-116 e poucos quilômetros adiante avistamos uma praça de pedágio.
A qual fica ao lado da entrada do Parque Ecológico Cão Sentado.
Parque Ecológico Cão Sentado
Local: Rodovia RJ-116, Km 91,2 | Furnas | Nova Friburgo – RJ
Telefone: (22) 99765-3876
E-mail: ronaldodeamorim@yahoo.com.br
Funcionamento: Sexta a domingo das 9h00 às 15h00
Ingresso: R$ 15,00
Tempo médio de visitação: 2 horas
O Parque Ecológico Cão Sentado abrange uma extensa área verde com diversas atividades, como escaladas esportivas, arvorismo, tirolesa, trilhas e passagens por grutas, além de um lago, lanchonete e banheiros.
Com os ingressos do parque em mãos carregamos nosso kit sobrevivência em trilhas (composto por alguns litros de água mineral, banana e gostosuras feitas com a saborosa fruta, muito comum nesta região) e partimos para a caminhada.
A trilha, bem demarcada, tem início em uma íngreme subida.
Vencida a primeira etapa chegamos em uma bifurcação, na qual uma placa indica um desvio para conhecer a Toca da Onça, uma pequena gruta.
Na sequência retornamos ao percurso principal e avançamos pela floresta, cruzando algumas pontes de madeira e desviando de grandes pedras.
Durante a caminhada passamos por vários paredões rochosos e diversas grutas.
Como todo o trajeto se dá em meio à mata, protegida do sol, o passeio é bastante agradável.
Logo chegamos em uma grande caverna denominada Catedral, localizada a 645 metros acima do nível do mar.
Passamos por dentro da enorme caverna e 45 minutos após ter iniciado a trilha atingimos a altitude de 1.111 metros em relação ao mar.
Do alto do morro avistamos parte da rodovia RJ-116 e apreciamos a Lua, que nos vigiava com todo o seu esplendor.
Ali também ficamos cara a cara com um dos ícones de Nova Friburgo, o famoso Cão Sentado.
A curiosa formação natural tem 111 metros de altura e sua forma assemelha-se a um cão de guarda sentado.
Declarado Monumento Natural Municipal em 2020, o Cão Sentado é um dos atrativos mais visitados da cidade fluminense.
Como carregadas nuvens se aproximavam de onde estávamos tratamos de fazer algumas fotos do símbolo de Nova Friburgo, nos alimentar, e então retornar pela trilha de aproximadamente 1km de extensão.
De volta à RJ-116 rodamos sentido Nova Friburgo.
Nas proximidades do entroncamento com a RJ-130 a chuva nos alcançou.
E com ela seguimos vários quilômetros pela estrada estadual, que está em mau estado de conservação e apresentava alto fluxo de veículos.
Passamos pela Casa Suíça, uma fábrica de queijos e chocolates que abriga também o Memorial da Colonização Suíça, a qual estava repleta de turistas.
E na sequência, em meio a uma infinidade de lombadas (a grande maioria sem placas indicativas), demos o maior salto a distância a partir de uma lombada com uma Harley-Davidson.
O extraordinário salto, que deixaria Evel Knievel orgulhoso, foi realizado com perfeição pela Formosa, que passou alguns segundos suspensa no ar.
Nossas colunas, no entanto, não ficaram tão contentes com o feito, dito isto, reduzimos ainda mais a velocidade e seguimos pela magnífica Estrada Friburgo-Teresópolis, popular Têre-Fri.
Magnífica por seu sinuoso traçado e pelo visual ao seu redor, pois o precário asfalto predomina ao longo dos 68km que separam as duas cidades serranas.
Já em território teresopolitano a chuva voltou a dar o ar da graça.
Logo deixamos a rodovia RJ-116, com direito a gritos de alegria, e acessamos a BR-116.
Com o fim do dia se aproximando e a chuva caindo, decidimos adentrar em Teresópolis em busca de um hotel, mas não antes de dar uma passadinha no Mirante do Soberbo, afinal de contas a esperança é a última que morre, vai que hoje conseguiríamos apreciar com perfeição a Serra dos Órgãos.
Quanta inocência… percorremos poucos quilômetros pela rodovia federal e logo nos vimos envoltos por uma densa neblina. Com a forte névoa seguimos direto ao centro de Teresópolis, onde localizamos um hotel e cá estamos, observando a chuva cair e pensando no que faremos amanhã.
Trajeto percorrido no dia:
Oba! Já são 2 comentários nesta postagem!
Maravilha, que bacana…..uma bela rota para somar o quê há em cada km/destino/parada.
Grande abraço pra vocês !
Sem dúvidas Fernando, uma pena o deplorável estado de conservação da RJ-130, mas o cenário ao seu redor faz o esforço de percorrê-la ser recompensado.
Abraços…
Estamos ansiosos para ler tudo aquilo que tu tem para dizer! É chegado o momento de abrir este coração e compartilhar tua opinião, crítica (exceto algo desfavorável à imagem da Formosa), elogio, filosofar a respeito da vida ou apenas sinalizar que chegou até aqui ;)
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