Argentina • Expedição 2019: Salta – Jujuy – Tucumán
Dia 03: Presidencia Roque Sáenz Peña – Chaco – Argentina a Salta – Salta – Argentina
15 de Setembro, 2019Despertamos logo cedo no terceiro dia da Expedição 2019: Salta – Jujuy – Tucumán, tomamos o café da manhã, colocamos as bagagens na Formosa e nos despedimos de Presidencia Roque Sáenz Peña.
Formosa, aliás, que passou a noite embalada pela cúmbia, já que a garagem do hotel ficava nos fundos de uma boate, a qual ainda tocava o animado ritmo argentino e fazia tremer as paredes da garagem enquanto ajeitávamos as malas na moto.
Com a Formosa de ressaca partimos rumo oeste pela Ruta Nacional 16.
Sempre que viajamos em direção oeste procuramos sair o quanto antes, uma vez que do meio da tarde em diante o Sol passa a ficar exatamente no mesmo sentido para onde estamos indo, prejudicando a visibilidade e tornando a viajem mais cansativa.
Rodamos cerca de 80km desde nossa partida até que chegamos em Pampa del Infierno.
Confesso que rodamos praticamente toda essa distância procurando a famosa placa com o nome do local, onde a maioria dos viajantes faz foto, mas não encontramos… ao menos conseguimos encontrar algo mais precioso por estas bandas: um posto de combustível.
O primeiro abastecimento da Formosa no dia foi justamente na cidade de Pampa del Infierno, que leva o nome devido à denominação que a região recebeu em 1887, quando tropas do governo argentino passaram a colonizar esta zona do Chaco.
Ao se depararem com uma enorme área de pampa, muito seca e com temperatura beirando os 50 °C, os militares apelidaram o local de Pampa del Infierno.
Pois bem, com o tanque cheio de nafta seguimos rodagem pelas intermináveis retas do norte argentino.
Quem já passou por esta região sabe o quão entediante é o trecho de aproximadamente 500km que liga Resistência a El Quebrachal, uma vez que todo este percurso é feito através de uma única reta.
Essas retas que ultrapassam centenas de quilômetros de extensão nos fizeram recordar, guardadas as devidas proporções, das retas que enfrentamos no norte do Brasil ano passado, durante a Expedição 2018: Tapajós – Amazonas.
E em meio a esta reta hermana existem algumas linhas divisórias imaginárias, criadas pelo homem, das quais uma demarca a divisa entre as províncias do Chaco e Santiago del Estero.
Mais uma província argentina na conta da Formosa!
Hasta pronto, Chaco!
Cerca de 170 quilômetros da Ruta Nacional 16 cortam as terras da província de Santiago del Estero.
E através deles passamos por Pampa de los Guanacos e depois Los Pirpintos.
De Los Pirpintos em diante começaram a surgir alguns buracos na, até então, ótima Ruta Nacional 16. Após desviar alguns deles resolvemos parar em uma sombra para nos refrescar.
Tão logo paramos a Formosa surgiu ao nosso lado uma pequena cachorrinha. Por sorte tínhamos um pouco de biscoito nos alforjes, os quais ela devorou rapidamente, demonstrando estar com muita fome.
A vontade era de levar a bucica junto, mas como não tinha condições, demos um pouco de água para ela e seguimos viagem.
Depois foi a vez de avistar alguns porcos nas margens da rodovia, até que chegamos em Monte Quemado, onde aproveitamos para abastecer a moto e nos hidratar.
Que decisão acertada! Depois desta cidade enfrentamos cerca de 40km de rodovia em péssimo estado de conservação.
Com a temperatura na casa dos 40 °C e um asfalto, ou o que sobrou dele, nos obrigando a rodar em velocidades inferiores a 40km/h, muitas vezes pelo acostamento, concordamos que seria mais apropriado este trecho ser batizado de Pampa del Infierno.
Até hoje percorremos mais de 74.000km com a Formosa, passando por estradas do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Provavelmente este trecho de aproximadamente 40 quilômetros foi o pior, ou um dos piores, pelo qual já rodamos.
Vencemos o trajeto ruim e voltamos a percorrer a província de Chaco, parando na cidade de Taco Pozo para nos alimentar, hidratar e descansar alguns minutos.
No posto onde paramos haviam vários brasileiros e suas motos big trail.
Este percurso é muito tradicional entre os motociclistas, que o percorrem para chegar até o norte da Argentina, deserto do Atacama, ou mesmo seguir para a Bolívia, Peru, Equador e demais países das Américas.
Alguns quilômetros após Taco Pozo cruzamos outra linha imaginária, a qual nos fez acessar a província argentina de Salta!
Sob um forte calor aproveitamos a sombra de uma árvore às margens da rodovia para uma breve pausa para hidratação.
Ao lado da árvore existia uma capelinha em homenagem ao Gauchito Gil, algo muito comum nos arredores das rodovias argentinas.
Devidamente hidratados, seguimos adelante.
Até que, finalmente, avistamos e adentramos em uma tímida curva.
Que saudades estávamos de fazer curvas!
Aos poucos elas voltam a compor o cenário e seguem pelos últimos quilômetros da Ruta Nacional 16, que antecedem o entroncamento com a Ruta Nacional 9.
Além das curvas, enormes montanhas surgem no horizonte. De início temos a sensação de ser nuvens, mas aos poucos a nitidez vai sendo apliada e a bela cordilheira mostra sua cara, mudando a paisagem que até então era composta por uma enorme planície.
Em meio a este cenário nos despedimos da RN 16 e passamos a rodar pela Ruta Nacional 9, que segue duplicada do entroncamento com a Ruta 16 até a capital Salta.
Passamos ao lado do local onde nasceu a bandeira argentina em 1813.
E aos poucos nos aproximamos do destino do dia, Salta.
No fim do dia chegamos na capital de todos os salteños.
Seguindo a orientação das placas acessamos a capital provincial.
E em meio a um trânsito bastante tranquilo, provavelmente por ser domingo, acessamos sua área central.
Curiosamente hoje, dia 15 de setembro, Salta celebra a Fiesta del Señor y la Virgen del Milagro, uma das mais importantes (se não for a mais importante) festa religiosa do país vizinho.
Isso explica o fato de várias ruas centrais da cidade estarem com o trânsito de veículos bloqueado.
Fiéis vindos de todas as partes da Argentina e até de outros países tomam o centro da cidade durante os dias do evento religioso.
Por sorte havíamos reservado o local para pernoitar com antecedência.
Com a Formosa devidamente estacionada, aproveitamos para ver pela primeira vez o Sol se esconder atrás da Cordilheira dos Andes.
Após o espetáculo da natureza, brindamos o dia degustando uma geladíssima cerveja Salta Rubia.
Trajeto percorrido no dia:
Oba! Já são 6 comentários nesta postagem!
Não conhecia essa cerveja, deve ser uma delícia… e os vinhos deles são realmente bons… aproveitem….
A cerveja Salta é muito boa mesmo, feita aqui na cidade. Experimentamos a Rubia, mas ainda precisamos provar a Negra, que segundo nos falaram combina perfeitamente com empanadas. Sobre os vinhos, degustamos dois Malbec de Cafayate, o Torrontés está na lista. Abraços.
Aventureiro casal, não deixem de degustar um refrescante vinho branco da região de Salta (uva Torrontés). Bom proveito e uma excelente viagem/expedição. Grande abraço !!!
Valeu pela dica Fernando!
Hoje em Salta (dia 04) degustamos um Malbec de Cafayate, estava delicioso!
Abraços.
Olá motociclistas do meu coração… hoje o dia foi bastante cansativo pelo relato mas com certeza valeu a pena. Sigam adiante para logo se deparar com maravilhas naturais que compensarão seus esforços. 😘😘😘
Olá! O dia foi cansativo mesmo, mas muito proveitoso, valeu cada instante.
As situações extremas que vivenciamos durante as viagens ficam marcadas para sempre ;)
Bjs.
Estamos ansiosos para ler tudo aquilo que tu tem para dizer! É chegado o momento de abrir este coração e compartilhar tua opinião, crítica (exceto algo desfavorável à imagem da Formosa), elogio, filosofar a respeito da vida ou apenas sinalizar que chegou até aqui ;)
Mas atenção, os campos marcados com * são de preenchimento obrigatório, pois assim mantemos (ou tentamos manter) o blog bonitinho, livre de robôs indevidos.
Ah, relaxe, seu endereço de e-mail será mantido sob sigilo total (sabemos guardar segredos, palavra de escoteiro) e não será publicado.