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Irani – SC e General Carneiro – PR
17 de Março, 2019Partimos de Erechim na manhã de sábado com sol entre nuvens e após rodar cerca de 150km pela rodovia BR-153 sentido norte paramos para visitar o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, já no município de Irani – SC.
Santuário de Nossa Senhora Aparecida
Local: Rodovia BR-153 | Irani – SC
Telefone: (49) 3432-0133
E-mail: pmirani@irani.brte.com.br
Funcionamento: Todos os dias das 00h00 às 24h00
Ingresso: Gratuito
Tempo médio de visitação: 30 minutos
O santuário, que fica às margens da Rodovia Transbrasiliana, é local de peregrinação e devoção à Nossa Senhora Aparecida.
Além da imagem da santa abrigada em um monumento específico, o local conta com uma igreja e banheiros públicos.
O nicho que abriga Nossa Senhora Aparecida está em um local bem alto, o qual proporciona uma linda vista de toda a região.
Após a breve pausa voltamos a percorrer a rodovia federal.
E logo chegamos no centro de Irani.
Irani começou a ser desbravada e colonizada no fim do século XIX por caboclos e descendentes de italianos e alemães, atraídos principalmente pela exploração da erva-mate.
Atualmente a cidade conta com aproximadamente 10.000 habitantes e tem sua economia baseada na agropecuária.
Uma vez no centro da cidade passamos em frente à prefeitura municipal e à igreja matriz.
A Igreja São João Batista possui uma arquitetura diferenciada, com destaque para o campanário.
Como as portas da igreja estavam fechadas, seguimos até o belo lago municipal, mais conhecido como Prainha do Irani.
A área publica de lazer fica bem próxima do centro da cidade e possui banheiros, área de camping e trilhas.
Dali rodamos até o monumento em homenagem ao Monge José Maria.
Na escultura o monge é retratado segurando uma cuia de chimarrão em uma mão e a bandeira do Contestado em outra.
O monumento fica em frente à Casa do Agricultor e do Artesanato de Irani.
No local também tem a réplica de uma metralhadora Maxim Nordenfelt, de fabricação inglesa, com refrigeração a água e capacidade de disparar 450 tiros por minuto.
Mas o que a estátua de um monge e a réplica de uma metralhadora fazem expostas lado a lado?
Pois bem, na época da chegada dos primeiros colonizadores as terras locais pertenciam à Palmas – PR e eram disputadas pelos estados do Paraná e Santa Catarina, além dos hermanos argentinos.
A disputa não era a toa, uma vez que a região era rica em madeira. Não bastasse a disputa, após a conclusão das obras do trecho catarinense da Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande, a Brazil Railway Company recebeu do governo nacional 15km de cada lado da ferrovia (o que explica a quantidade de curvas no trajeto), sendo que essas terras já eram ocupadas por caboclos.
Em consequência desta desapropriação e da disputa territorial, no dia 22 de outubro de 1912 ocorreu a primeira batalha da Guerra do Contestado nos campos de Irani, a qual ceifou a vida de muitos sertanejos, caboclos e militares, espalhando pânico em grande parte da região, fazendo com que Irani ficasse conhecida como Berço do Contestado.
A Guerra do Contestado perdurou até agosto de 1916 e foi um dos conflitos mais sangrentos da história do Brasil.
Ao lado da BR-153, bem próximo do trevo de acesso ao centro da cidade, fica o Monumento ao Contestado e o Cemitério do Contestado, o qual é repleto de cruzes de madeira, a maioria sem identificação, indicando sepulturas de algumas das vítimas da guerra.
Ao lado do cemitério tem uma casa construída no formato das existentes na época da Guerra do Contestado, a qual abriga o Museu do Contestado, que infelizmente estava fechado.
O nome da cidade originou-se do rio que banha o município, Irani, que tem origem tupi-guarani e significa Mel Envelhecido, sendo Ira (mel) e Nhi (envelhecido).
Do Cemitério do Contestado nos despedimos de Irani e seguimos pela rodovia BR-153 sentido norte.
Este trecho da rodovia federal é rodeado por uma paisagem maravilhosa, composta por extensos campos, pequenos rios, alguns lagos e diversos rebanhos bovinos.
Pena que o estado de conservação da rodovia não seja digno de elogios, e após vencer várias ondulações, buracos e remendos, chegamos ao grande Trevo do Horizonte, entroncamento da BR-153 com a BR-280.
Ali paramos para abastecer a Formosa e comer algo, na saída nos deparamos com o ônibus do grupo tradicionalista gaúcho João Luiz Corrêa e Grupo Campeirismo.
Após a foto do FredLee ao lado do ônibus seguimos viagem pela BR-153 e a próxima parada foi em frente à Igreja Ucraniana São Miguel Arcanjo, no município de General Carneiro – PR.
A linda igreja tem capacidade para acomodar cerca de 200 pessoas e possui estilo oriental, do rito ucraniano.
General Carneiro conta com aproximadamente 15.000 habitantes, está localizada no extremo sul paranaense, a uma altitude de 983 metros acima do nível do mar e sua fundação ocorreu no ano de 1962.
Da igreja ucraniana acessamos o centro da cidade, parando para uma foto em frente ao paço municipal.
E depois em frente à igreja matriz.
Ao lado da Paróquia Nossa Senhora das Graças e São José fica a imagem de Nossa Senhora Aparecida esculpida em um grande tronco de madeira.
General Carneiro surgiu por ser um local de pousada que ficava no caminho dos tropeiros.
Sua ocupação inicial ocorreu em 1839 devido a abundância de madeira, principalmente araucária.
Seu nome é uma homenagem ao general do Cerco de Lapa, Antônio Ernesto Gomes Carneiro.
Do centro da cidade seguimos em direção a União da Vitória e por fim paramos na localidade Marco Cinco (5km do centro de General Carneiro), às margens da rodovia BR-153.
Ali fica a Igreja do Divino Espírito Santo, a primeira igreja do rito ucraniano da região, construída em 1903.
As madeiras da igreja foram serradas manualmente e o templo conserva suas características originais até os dias atuais.
Nos arredores da igreja com estilo oriental ocorreu o primeiro acidente aéreo em missão militar na América, resultando na morte do piloto Ricardo João Kirk, no dia primeiro de março de 1915, durante a Guerra do Contestado.
Uma réplica do avião está exposta em frente ao 5.º Batalhão do Exército de Combate Blindado (5.º BE Cmb Bld) de Porto União – SC, a qual fotografamos durante a Expedição 2016: Missões – Cataratas.
Da igreja foram poucos quilômetros até União da Vitória, onde nos encontramos com alguns familiares.
No domingo retornamos à Erechim pelo mesmo trajeto da ida, desta vez acompanhados pela chuva.
Oba! Já são 2 comentários nesta postagem!
Por acaso, por estar ajudando meu piá a fazer um trabalho sobre araucária, descobri sua página, mostrando duas cidades que eu conheço – Irani e General Carneiro. General é de imensa importância para minha vida, lá chegaram da Ucrânia meus bisavós, a igreja do Marco Cinco foi construída com mão de obra dos meus dois bisavôs, que traziam toras de madeira (araucária e imbua) e das minhas bisavós, que ajudavam em outras atividades. Nesta igreja casaram meus avós – João Pachechenik e Alexandra Honesko, também ali meu pai, o mais novo dos 3 filhos, foi batizado. Meus bisavós: Niketa e Oxana Pachechenik e Constante e Rosária Honesko, estão sepultados no cemitério que fica na nos fundos da igreja, na encosta do morro. Sou grato por haver pessoas como vocês, que tratam de forma séria e interessante os locais por onde passam. Fraterno abraço
Paulo E. Pachechenik
Olá Paulo!
Ficamos muito felizes ao ler seu relato, quantas lembranças maravilhosas, carregadas por uma rica e bela história.
Imaginamos a época da chegada de seus bisavós, as dificuldades, as adaptações e superações.
Ótimo o fato da igreja centenária, que é uma verdadeira obra de arte, ainda estar em pé e manter viva toda esta cultura.
Obrigado por agregar com seu comentário.
Abraços.
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