Morro da Igreja e Pedra Furada | Urubici – SC

O sábado amanheceu chuvoso na capital catarinense, mas isso não nos desmotivou.

Carregamos as tralhas na Formosa e partimos pela rodovia BR-101 sentido sul, tendo como destino do dia a cidade de Urubici – Santa Catarina.

Em Palhoça passamos a rodar pela BR-282 e seguimos por ela até Bom Retiro, onde acessamos a sinuosa SC-110 e a chuva, finalmente, resolveu dar uma trégua nos permitindo começar a seção de fotografias.

Conforme nos aproximávamos de Urubici o vento e o frio aumentavam.

Não por acaso, afinal Urubici está localizada a 915 metros acima do nível do mar, em plena Serra Catarinense.

Fundada em 1956, Urubici fica a 172km de Florianópolis, seu nome significa “pássaro brilhante” no idioma xokleng (nativos que habitavam a região) e atualmente abriga cerca de 11.000 habitantes.

Com frio e um pouco molhados chegamos no pórtico da cidade que é tida como a “terra das hortaliças”.

Nas proximidades do pórtico de Urubici fica o Parque de Exposições Manoel Prá, rodeado por belas araucárias, que tornam o cenário ainda mais bonito nesta região.

A pequena cidade conta com apenas um semáforo e como era de se esperar chegamos no exato momento em que o sinal mudava para o vermelho.

Ao menos a breve pausa serviu para aquecer as pernas com o calor vindo do motor da Formosa.

Uma vez no centro de Urubici passamos pela Capela Santa Catarina e paramos em um restaurante para almoçar.

Na sequência fizemos uma foto em frente à Igreja Batista e rodamos até o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio para pegar as devidas autorizações de visitação ao Morro da Igreja, que fica dentro do Parque Nacional de São Joaquim.

Devidamente autorizados deixamos o centro de Urubici pela asfaltada SC-370.

Durante o percurso demos uma paradinha rápida para conhecer a bela Igreja Nossa Senhora de Lourdes, na comunidade de Santa Tereza.

A imagem da santa no alto da igreja nos lembrou das peças da época das missões jesuítas, as quais conhecemos durante a Expedição 2016: Missões – Cataratas.

Fotos feitas voltamos a percorrer a rodovia em direção ao Morro da Igreja.

Passamos diversas plantações de maçãs, aliás, Urubici destaca-se pelo cultivo da fruta, em especial da variedade gala, considerada a melhor de toda a região serrana.

Após rodar cerca de 30km desde o Instituto Chico Mendes deixamos a estrada estadual e acessamos uma estreita via, pela qual chegamos na portaria do Parque Nacional de São Joaquim.

Ali entregamos nossos ingressos e iniciamos a subida da íngreme e sinuosa estrada asfaltada.

Acompanhados por um forte vento gelado víamos a paisagem ao redor da estrada mudar gradualmente, com as araucárias dando lugar a uma extensa vegetação rasteira.

Ao chegar no portão de acesso da área militar paramos em uma ampla área de estacionamento e nos encantamos com o visual incrível daquele ponto.

Dali conseguimos avistar com clareza a estação meteorológica e a base aeronáutica que controla o espaço aéreo de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

Além dos enormes paredões que se estendiam pelo horizonte parecendo tocar as nuvens.

Minutos depois subimos na Formosa e seguimos pelo último quilômetro até o final da estrada.

Eis que chegamos no topo do Morro da Igreja \o/

Morro da Igreja – Pedra Furada

Local: Parque Nacional de São Joaquim | Urubici – SC
Telefone: (49) 3278-4994
E-mail: parna.saojoaquim@icmbio.gov.br
Site: https://www.icmbio.gov.br/parnasaojoaquim/
Funcionamento: Todos os dias das 8h00 às 17h00
Ingresso: Gratuito.
*Obs.: para realizar a visita ao Morro da Igreja é necessário o agendamento e solicitação de autorização no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio na Avenida Pedro Bernardo Warmling, 1542, Urubici – SC.
Tempo médio de visitação: 1 hora

Localizado a 1.822 metros acima do nível do mar, o Morro da Igreja é o ponto habitado mais alto do sul do Brasil.

Dali é possível avistar a famosa Pedra Furada, curiosa escultura natural em forma de janela, com aproximadamente 30 metros de circunferência, 10 metros de diâmetro e buraco com 5 metros de altura.

A Pedra Furada é o ponto de referência da divisa entre três municípios catarinenses: Urubici, Bom Jardim da Serra e Orleans.

O som do vento, as aves colorindo o céu, a paisagem, o cheiro da natureza, enfim… a sensação de estar ali, sentar e apreciar tamanha beleza natural é indescritível.

No Morro da Igreja foi registrada a temperatura oficial mais fria do país: 17,8 graus negativos em 1996.

Inclusive, em todos os invernos o local registra ocorrência de neve.

O nome do morro deriva do formato de uma igreja jesuíta missioneira, que somente pode ser observada dos campos de altitude em sua frente, no lado esquerdo das nascentes do Rio Pelotas.

O Parque Nacional de São Joaquim – PARNA/SJ é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral criada em 6 de julho de 1961 e abrange parte dos municípios de Urubici, Bom Jardim da Serra, Orleans e Grão Pará, possuindo uma área aproximada de 49.300 hectares.

A Serra Geral, na qual está inserido o Morro da Igreja, se formou pelo soerguimento do basalto durante o afastamento dos continentes americano e africano e a formação do Oceano Atlântico há 160 milhões de anos.

Os paredões de basalto que podemos avistar do local são o resultado do resfriamento das sucessivas camadas (mais de vinte) de lavas que cobriram o deserto que existia no local.

Com as energias renovadas nos despedimos da Pedra Furada e partimos do alto do Morro da Igreja.

Acompanhados por alguns pingos de chuva regressamos ao centro de Urubici, onde fomos no mercado comprar os ingredientes para preparar o jantar.

Eis que ao sair do mercado e subir na Formosa ela começou a gritar (o alarme disparou) chamando a atenção de todos ao redor.

Procurei pela chave e notei que ela estava no bolso, como de costume, mas desta vez nem mostrando o controle para a Formosa ela deixou de fazer o escândalo.

Após o fiasco desmontar o controle, recolocar a pilha e uma breve conversa, a Formosa se acalmou e decidiu nos levar até a Hospedagem e Camping Nossa Senhora das Graças, onde vamos acampar.

Mais tarde descobri que o frio acelera o descarregamento de baterias, o que provavelmente fez com que a bateria do controle de aproximação da Formosa, que seguia com a bateria original, ficasse com a sua carga comprometida.

Pois bem, uma vez na área de camping optamos por montar a barraca na grama, em um local aberto, deixando de lado uma área coberta com piso de terra batida destinada às barracas.

Com a barraca armada fomos saborear um mate e curtir o fim de tarde.

Até que a chuva resolveu aparecer… no início de mansinho, mas aos poucos foi engrossando até se tornar um verdadeiro temporal, que durou aproximadamente 1 hora, tempo suficiente para nos fazer mudar de ideia, levantar (literalmente) acampamento e transportar a barraca (que já estava cheia de água tanto na parte externa quanto interna) para a área protegida pela cobertura.

Sábia decisão, pois durante a noite e madrugada novas pancadas de chuva acompanhada por fortes ventos atingiram a região.

Após uma tranquila, e seca, noite de sono despertamos logo cedo no domingo, que amanheceu nublado.

Após desmontar o acampamento carregamos a Formosa e fomos conhecer a Igreja Matriz de Urubici, chegando no exato momento do início da missa, o que nos impediu de fotografar seu interior.

A próxima parada foi no conhecido Posto Serra Azul, o qual é inspirado nos icônicos postos e lanchonetes americanos dos anos 1950, com uma temática de carros e motos antigos embalados pelo som do bom e velho Rock´N´Roll.

Além do posto o local conta com hotel, bar, lanchonete e cafeteria, onde nos aquecemos com um saboroso café da manhã antes de regressar à Ilha da Magia pelo mesmo trajeto da ida.

Trajeto percorrido no fim de semana: