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Descobrindo Porto Alegre – RS: O Inesquecível Pôr do Sol no Guaíba
13 de Fevereiro, 2021
Explore a capital gaúcha e encante-se com suas riquezas culturais e históricas, desde o monumento O Laçador, passando pelo Mercado Público de Porto Alegre, até um espetacular pôr do sol no Guaíba.
Decidimos aproveitar o feriado prolongado de Carnaval para rodar com a Formosa pelas estradas gaúchas, tendo como destino a vibrante Porto Alegre. No roteiro pela capital gaúcha constava apreciar o emblemático monumento O Laçador, desbravar o tradicional Mercado Público de Porto Alegre, caminhar pela histórica Praça da Alfândega, explorar as charmosas ruas do centro histórico e finalizar o dia com um espetacular pôr do sol no Centro Cultural Usina do Gasômetro, à beira do Lago Guaíba.

Iniciamos nossa jornada de Erechim – RS logo nas primeiras horas do sábado, envolvidos por uma densa neblina que adicionava um toque místico à partida.


Adentrando a rodovia RS-135, prosseguimos rumo ao sul, beneficiados por uma temperatura amena e pelo tranquilo fluxo de veículos, o que tornou o início da viagem ainda mais agradável.


Gradualmente, a neblina começou a se dissipar, desvendando o azul vibrante do céu que se entrelaçava com a beleza natural ao redor da estrada estadual, enriquecendo a nossa viagem com cores vivas e vistas deslumbrantes.


Em pouco tempo, alcançamos o principal trevo de acesso a Passo Fundo, RS.


Tomando à esquerda nesse ponto crucial, percorremos apenas alguns quilômetros pela BR-285 antes de acessar o contorno leste de Passo Fundo, seguindo fluidamente em nossa jornada pelo coração gaúcho.



Após cerca de 6 km, encontramos a entrada para a rodovia RS-324.


O trecho que conecta Passo Fundo a Marau, aproximadamente 25 quilômetros, é um convite à contemplação, cercado por belas fazendas e pontuado por inúmeras curvas. Esse caminho oferece uma experiência única de viagem, onde a natureza exibe toda a sua exuberância.


Recebidos por um cenário deslumbrante, tivemos as boas-vindas da Serra Gaúcha.


Atravessando Marau, Vila Maria, Casca, Paraí, Nova Araçá, Nova Bassano e, por fim, Nova Prata, onde a estrada estadual encontra a rodovia BR-470, continuamos nossa jornada. A cada localidade, um novo pedaço da identidade gaúcha se revelava.


Seguindo pela rodovia federal, passamos por Vila Flores e, quase sem perceber, já estávamos contornando Veranópolis, conhecida carinhosamente como a “Terra da Longevidade”. Este trecho da viagem nos ofereceu vislumbres da vida tranquila e próspera que marca esta região especial do Rio Grande do Sul.



Poucos quilômetros à frente, fizemos uma pausa no Belvedere do Espigão, localizado às margens da rodovia, justo no início da descida da serra que serpenteia pelo Vale do Rio das Antas. Este ponto de parada oferece uma vista espetacular, permitindo-nos absorver a magnitude da paisagem natural que nos cercava, um momento de contemplação e apreciação verdadeiramente memorável.



Neste ponto, aproveitamos para fazer um lanche e nos hidratar, enquanto nos deleitávamos com o esplêndido panorama oferecido pelo Belvedere do Espigão. Do alto do mirante, tivemos a oportunidade de admirar a vastidão do Vale do Rio das Antas, a engenharia impressionante da Ponte da Estrada de Ferro, a Casa de Máquinas da Usina Hidrelétrica Monte Claro, e, claro, a fascinante curva em forma de ferradura desenhada pelo Rio das Antas, um marco da bacia hidrográfica do Rio Uruguai.


Embora já tenhamos visitado o Mirante do Espigão diversas vezes, nunca perdemos a oportunidade de fazer uma pausa em nossa viagem sempre que passamos pela região, para nos maravilharmos novamente com o visual deslumbrante do local.


Minutos após nos deleitarmos com a beleza do Belvedere do Espigão, nos despedimos desse espetacular mirante e retomamos nossa viagem, levando conosco as imagens memoráveis e a serenidade proporcionada por essa breve, mas significativa, pausa.



Continuamos por uma rodovia sinuosa de pista simples, sem acostamento, mas cercada por uma exuberante vegetação, uma verdadeira delícia para quem aprecia viagens de moto! Esse trecho da rodovia BR-470, com suas curvas acentuadas e paisagens naturais deslumbrantes, oferece uma experiência de pilotagem única, intensificando a sensação de liberdade e conexão com a natureza.




Após percorrer aproximadamente 7 km desde o Belvedere do Espigão e descer cerca de 400 metros de altitude, chegamos à impressionante ponte em forma de arco que se estende sobre as águas do Rio das Antas, marcando a divisa natural entre Veranópolis e Bento Gonçalves.



Ao adentrarmos as terras da “Capital Brasileira do Vinho”, Bento Gonçalves, iniciamos a subida do vale e, de maneira surpreendentemente rápida, ganhamos 500 metros de altitude.



No alto, fomos envolvidos por um agradável aroma de uva, a fruta que domina as terras locais e tem sua colheita concentrada nos três primeiros meses de cada ano. Este perfume suave, que permeia o ar, serve como um convite sensorial à exploração mais profunda da região, anunciando a riqueza agrícola e a tradição vinícola que Bento Gonçalves orgulhosamente ostenta.




À medida que os ponteiros do relógio se aproximavam do meio-dia, decidimos não adentrar o centro de Bento Gonçalves, optando, ao invés disso, por continuar nossa viagem ao sul pela rodovia federal.



Após percorrer apenas algumas curvas, chegamos à cidade vizinha, Garibaldi, conhecida como o “Berço da Vitivinicultura Brasileira”. Movidos pela fome, adentramos a cidade em busca de um local para almoçar.


Logo na entrada de Garibaldi, nossos olhos foram atraídos por um mercado aberto, cheio de vida e cores. Sem hesitar, aproveitamos essa oportunidade para adquirir nossos alimentos.

Encontramos uma sombra acolhedora para estacionar a Formosa e ali nos preparamos para desfrutar de uma experiência culinária memorável: um típico churrasco gaúcho de fogo de chão, regado a cerveja artesanal. Brincadeira, nos contentamos em saborear bananas maduras e iogurte natural.


Após uma refeição satisfatória, retomamos nossa viagem, contornando Carlos Barbosa e despedindo-nos da BR-470 para então seguirmos pela RS-446. Esta estrada nos conduziu serenamente até São Vendelino, onde acessamos a duplicada RS-122.

Seguindo pela rodovia duplicada, nosso caminho nos levou por Bom Princípio e São Sebastião do Caí, até chegarmos a Portão. Neste ponto, a estrada sofre uma transição de identidade, deixando de ser a RS-122 para se tornar a RS-240. Nesta nova etapa da viagem, nos deparamos com uma praça de pedágio, um detalhe interessante para quem viaja de moto, como nós, é que motocicletas são isentas da tarifa.


Do pedágio, foi um trajeto rápido até São Leopoldo, onde adentramos na rodovia BR-116, conhecida por conectar diversas partes do Brasil.


Cruzando Esteio e Canoas, nosso percurso pela BR-116 continuou sem interrupções, e, no início da tarde, finalmente chegamos à capital de todos os gaúchos, Porto Alegre – RS.

Antes da chegada dos europeus, a região que hoje é conhecida como Porto Alegre, a capital gaúcha, era habitada por povos indígenas, entre eles os minuanos e, mais notavelmente, os charruas. Esses grupos se distribuíam não só pelo vasto pampa gaúcho mas também por áreas do Uruguai e parte da Argentina, marcando profundamente a história e a cultura do sul do continente. Essa rica herança cultural indígena é um dos muitos aspectos fascinantes de Porto Alegre, uma cidade que acolhe em seu cerne a diversidade e a história.

Os charruas, que habitavam a região antes da fundação de Porto Alegre, eram reconhecidos pela sua indomável irredutibilidade, mantendo-se resistentes à conquista por qualquer força externa, incluindo os jesuítas. Estes últimos estabeleceram as reduções jesuíticas, uma espécie de comunidades fechadas, destinadas a agrupar povos indígenas que antes viviam de forma livre e nômade, buscando integrá-los a um novo modo de vida. No entanto, os charruas se destacaram por sua firme resistência a tais tentativas de assimilação, evidenciando sua forte independência e determinação em preservar seu modo de vida tradicional.

A presença e as ações dos charruas na região, especialmente no que hoje é conhecido como território do Uruguai, causavam grande preocupação tanto para os jesuítas quanto para os proprietários das vastas estâncias que começavam a se estabelecer. Essa inquietação decorria, em parte, dos saques realizados pelos charruas, que incluíam a erva-mate e o gado confinado nas propriedades. Sendo um povo nômade, coletor e caçador, os charruas buscavam nos saques uma forma de subsistência e resistência, desafiando os esforços de sedentarização e controle impostos pelos europeus e refletindo a complexa dinâmica de confronto e resistência que caracterizou a colonização da região.

Esta situação desagradável para os europeus levou à tomada de medidas extremas, como a oferta de altas recompensas por cada charrua morto. Em uma tentativa de solucionar o conflito, os colonizadores chegaram a armar indígenas guaranis, incentivando-os a executar essa tarefa. Essa estratégia não apenas evidencia a tensão e o confronto entre os charruas e os europeus, mas também revela uma complexa rede de alianças e antagonismos na região. A instrumentalização de um grupo indígena contra outro é um triste reflexo das divisões e do impacto da colonização europeia nas dinâmicas sociais e culturais pré-existentes no território que hoje conhecemos como parte da América do Sul.

A trágica eficácia dessa iniciativa resultou na dizimação dos charruas, culminando num dos episódios mais sombrios da história regional. Os últimos sobreviventes deste povo foram capturados e levados a Paris, onde foram submetidos à humilhação de serem expostos em um zoológico humano, permanecendo ali até o fim de suas vidas.

Finalmente, ao chegarmos em Porto Alegre, carinhosamente apelidada de Poa, encontramos um local para estacionar a moto bem em frente a um dos símbolos mais emblemáticos do Rio Grande do Sul: O Laçador.


O icônico monumento do Laçador foi inaugurado em 20 de setembro de 1958, uma data emblemática que celebra a Revolução Farroupilha, tornando-se um marco histórico e cultural de Porto Alegre, RS. Ele é reconhecido e protegido como patrimônio histórico municipal, garantindo sua preservação como símbolo da herança cultural e da identidade do Rio Grande do Sul.

A magnífica obra do Laçador, localizada no Sítio O Laçador, é fruto do talento do artista Antônio Caringi, que teve como modelo para sua criação o renomado folclorista Paixão Côrtes. Esta escultura impressionante, com seus 4,45 metros de altura e pesando 3,8 toneladas, expressa, através da postura e do olhar do Laçador, a essência do espírito gaúcho – sua resiliência, orgulho e profundo vínculo com as tradições.

A escultura do Laçador, com sua imponente pilcha gaúcha, não é apenas uma representação artística, é um retrato fiel das tradições e da cultura rio-grandense, que curiosamente herdou muito dos valentes charruas. Este traje típico, caracterizado por elementos como botas, bombachas e lenço no pescoço, não só remete ao vestuário tradicional do gaúcho mas também é um símbolo da identidade cultural do Rio Grande do Sul.

A pilcha encapsula a essência do povo gaúcho – um povo que, assim como os charruas, é conhecido por sua bravura, resiliência e profundo senso de comunidade. Através desta homenagem escultural, percebe-se a influência indelével que os charruas deixaram no patrimônio cultural gaúcho, evidenciando uma fusão singular de histórias e tradições que definem a identidade deste povo.

Em 1732, a região que hoje conhecemos como Porto Alegre foi palco de um evento marcante na sua história: o estancieiro Jerônimo de Ornelas Menezes e Vasconcelos decidiu se estabelecer no Morro Santana. Esta decisão foi um passo inicial importante para o desenvolvimento do que viria a ser a capital do Rio Grande do Sul. Recebendo oficialmente a posse da sesmaria em 1744, Jerônimo de Ornelas não apenas iniciou sua própria saga, mas também pavimentou o caminho para o surgimento de uma das mais importantes cidades brasileiras.

Jerônimo de Ornelas vivia uma vida tranquila, dedicando-se à criação de seu rebanho no Morro Santana, até um evento significativo mudar a paisagem social e econômica da região: a chegada de 60 casais portugueses açorianos. Em 1752, atraídos pelo Tratado de Madri, esses imigrantes desembarcaram no Porto do Dorneles, um ponto que viria a se tornar crucial para o desenvolvimento da região.

O Tratado de Madri, firmado entre os governos português e espanhol, tinha como um de seus objetivos o povoamento de áreas de interesse estratégico, incluindo a região das Missões no noroeste do estado gaúcho. Essa área estava sendo transferida para o domínio português em troca da Colônia do Sacramento, atual Uruguai.


A demora na demarcação das terras, uma situação que curiosamente encontra paralelos nos dias atuais, acabou determinando o destino dos açorianos que se fixaram na região. Inicialmente, esses imigrantes tinham outros planos, mas a morosidade burocrática os levou a estabelecer raízes onde desembarcaram. Essa permanência involuntária teve como resultado a criação da Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais em 1772, que em um ano foi renomeada para Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre. A simplificação do nome para Porto Alegre somente aconteceu em 1810, marcando oficialmente a identidade da cidade.

Em 1773, a evolução de Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre alcançou um marco significativo ao se tornar a capital da capitania. Este avanço se deu com a instalação oficial do governo sob José Marcelino de Figueiredo, que curiosamente escondia um passado enigmático sob esse nome. Na verdade, ele era Manuel Jorge Gomes de Sepúlveda, um fugitivo da justiça europeia que havia sido condenado à morte. De alguma maneira, conseguiu refugiar-se no Novo Mundo, assumindo uma nova identidade.

Uma onda de imigração que começou em 1824 transformou profundamente Porto Alegre, tanto demográfica quanto culturalmente. A chegada de alemães, italianos, espanhóis, africanos, poloneses, judeus e libaneses, entre outros, enriqueceu o mosaico cultural da cidade, contribuindo com suas tradições, línguas, religiões e culinárias. Esses grupos imigrantes desempenharam um papel fundamental no desenvolvimento econômico e na construção da identidade cultural da capital gaúcha.

Chegamos ao centro histórico da capital com os termômetros marcando uma impressionante temperatura de 34 ºC.

Neste instante, questionei se Fernanda Abreu, em sua canção “Rio 40 Graus”, estaria se referindo ao Rio de Janeiro ou se, na verdade, o “Rio” em questão seria o Rio Grande do Sul, considerando o calor surpreendente que enfrentávamos.


Logo após, recordei que, na mesma canção, a menção “sou carioca” esclarece que a referência é, de fato, à Cidade Maravilhosa, dissipando qualquer dúvida sobre a localização mencionada na música.


Enfrentando um calor intenso, digno de desafiar a resistência de qualquer viajante, nós, um casal de meros mortais vestido com equipamentos de proteção completa para motociclistas — incluindo capacetes, jaquetas de couro, calças de cordura e botas impermeáveis — após cobrir aproximadamente 370 quilômetros, iniciamos nossa busca por um hotel.




Com o hotel finalmente encontrado, estacionamos a Formosa na sombra acolhedora da garagem. Trocamos para roupas mais leves e, já devidamente adaptados ao clima, iniciamos uma caminhada pelas vibrantes ruas centrais de Porto Alegre, prontos para explorar seus encantos.


Nossa exploração começou pelo histórico Paço Municipal, uma imponente construção erguida entre 1898 e 1901, originalmente destinada a ser a sede da Intendência de Porto Alegre, marcando um importante capítulo na história da cidade.


A grandiosa estrutura, apelidada de Paço dos Açorianos, destaca-se pelo seu estilo eclético, inspirado em padrões neoclássicos e moldado por diretrizes positivistas.


Diante do histórico Paço Municipal, encontra-se o marco zero de Porto Alegre, marcado pela Fonte Talavera de La Reina. Este emblemático presente da colônia espanhola, doado em 1935, celebra o centenário da Revolução Farroupilha, tecendo um elo histórico e cultural inestimável com o passado da cidade.




Adjacentemente, o Mercado Público Central se apresenta, um ícone que está ao lado da antiga sede da prefeitura.

Mercado Público de Porto Alegre
O Mercado Público de Porto Alegre, um marco de tradição e cultura gaúcha, se ergue como um vibrante centro de abastecimento na alma da capital. Sua inauguração, datada de 3 de outubro de 1869, lhe confere o título de mercado público mais antigo em atividade no Brasil.
Como chegar
Mapa e roteiro de como chegar no Mercado Público de Porto Alegre partindo do centro de Canoas – Rio Grande do Sul – Brasil:
Contatos do Mercado Público de Porto Alegre
- Endereço: Avenida Borges de Medeiros, 61 – Centro | Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil
- Telefone: (51) 3286-1811
- E-mail: associacao@mercadopublico.com.br
Para obter informações mais detalhadas, visite o site oficial do Mercado Público de Porto Alegre.
Horários de Funcionamento
- Segunda a sexta: 7h30 às 19h00
- Sábado: 7h30 às 18h00
- Domingo: 9h00 às 13h00
Valores de Ingresso
- Público em geral: Gratuito
Recomendamos verificar as tarifas antes da sua viagem, pois os valores podem ser alterados a qualquer momento.
Tempo Médio de Visitação
- 1 hora

Localizado no coração de Porto Alegre – RS, o atual edifício do Mercado Público foi concebido pelo renomado arquiteto alemão Friedrich Heydtmann em 1861, culminando em sua conclusão no ano de 1869. Esta construção histórica, erguida sobre o primeiro aterro da cidade, representa um marco arquitetônico e cultural, permanecendo como um testemunho vivo da evolução urbana da capital gaúcha.


O Mercado Público, um verdadeiro símbolo da cidade de Porto Alegre, ostenta um elegante estilo neoclássico e abriga mais de 100 lojas. Nestes estabelecimentos, visitantes podem encontrar uma vasta seleção de produtos que vão desde especiarias nacionais e importadas, itens regionais, até artigos religiosos e artesanatos variados. Além disso, o espaço oferece uma rica diversidade gastronômica, com restaurantes, cafés e lanchonetes que proporcionam uma experiência culinária única, refletindo a rica cultura do Rio Grande do Sul.


Uma particularidade fascinante do Mercado Público de Porto Alegre é a presença do Orixá Bará Agelu Olodiá, cujo assentamento foi realizado no centro da edificação durante a construção.


No panteão africano, o Orixá Bará desempenha um papel crucial como entidade responsável por abrir os bons caminhos, além de ser o guardião das residências e da cidade. Ele simboliza o trabalho e a abundância, o que faz com que a passagem ritual pelo Mercado Público de Porto Alegre tenha um significado profundo: é uma maneira de receber o Axé, ou energia positiva, do Bará, fortalecendo a conexão entre o espaço e sua comunidade. Esta tradição enraíza ainda mais o mercado como um local de encontro cultural e espiritual, reafirmando seu papel central na vida da cidade.

Situada em frente ao Mercado Público Central, a Praça XV de Novembro é um emblemático espaço urbano de Porto Alegre – RS, cercado por construções históricas.



No coração da Praça XV de Novembro, o charmoso Chalé da Praça XV se ergue como um ícone, cativando a todos com sua elegância atemporal.


Originalmente em 1885, um quiosque dedicado à venda de sorvetes e bebidas foi instalado na praça, dando lugar, em 1911, ao atual Chalé da Praça XV. Este notável edifício, com sua estrutura desmontável de aço e vidro, foi trazido da Feira Internacional de Buenos Aires, apresentando um design inglês distintivo.


Prosseguimos nossa jornada a partir da Praça XV de Novembro, adentrando a Rua Sete de Setembro.


Logo nossos passos nos levaram até o imponente Farol Santander.

O Farol Santander, um vibrante centro de cultura, lazer e empreendedorismo, ocupa o edifício histórico construído nos anos 30 para ser a sede do Banco Nacional do Comércio.



Este marco eclético com inspiração neoclássica foi concebido pelo talentoso arquiteto Stephan Sobczak e pelo renomado escultor Fernando Corona, combinando perfeitamente a arquitetura com a arte.

Diante do Farol Santander, destaca-se o monumento dedicado ao célebre general uruguaio José Artigas, uma homenagem inaugurada em 1987, enaltecendo as figuras históricas sul-americanas.

A partir desse ponto, desdobramos nossa aventura pela extensa e verdejante Praça da Alfândega, um espaço público repleto de árvores e história.

Neste cenário, a praça abriga uma série de outros monumentos importantes, sendo o Monumento ao Barão do Rio Branco um dos mais destacados, homenageando essa figura histórica brasileira.


Este monumento está estrategicamente localizado em frente ao Memorial do Rio Grande do Sul, um espaço dedicado à preservação e à exibição da rica história e cultura gaúcha.



O prédio que originalmente serviu como sede dos Correios e Telégrafos teve sua construção iniciada em 1910, sendo concluída em 1913. Este edifício histórico agora abriga o Memorial do Rio Grande do Sul, mantendo viva a memória do estado.




A construção se destaca por sua riqueza em detalhes, qualidade das esculturas e a beleza arquitetônica, constituindo uma verdadeira obra de arte no coração de Porto Alegre, RS.


A quadra posterior ao Memorial do Rio Grande do Sul abriga a Secretaria da Fazenda, acomodada em um edifício cuja construção foi iniciada em 1920, marcando outro ponto de interesse histórico e arquitetônico na região.


Adjacente a ela encontra-se a antiga Alfândega de Porto Alegre, um marco histórico que se destaca na paisagem urbana.



E, não muito distante, ergue-se o Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli (MARGS), um ícone cultural significativo na região.


Situado no prédio que originalmente serviu como Delegacia Fiscal da Fazenda Nacional, o MARGS, fundado em 1954, se destaca como uma instituição cultural de referência no estado. Atualmente, o museu encontra-se em processo de reforma, visando aprimorar ainda mais sua estrutura e oferta cultural.



Porto Alegre se posiciona entre as dez cidades mais arborizadas do Brasil, abrigando impressionantes 681 praças e nove parques urbanos, refletindo o compromisso da cidade com a qualidade de vida e a sustentabilidade ambiental.

A Praça da Alfândega também é lar do imponente Monumento ao General Osório, uma homenagem à esta figura histórica.


Dentro deste contexto histórico e cultural, destaca-se a Pegada Africana, um dos pontos de interesse do Museu de Percurso do Negro, enriquecendo ainda mais o patrimônio cultural da cidade.

Além disso, a praça abriga um busto de Caldas Júnior, homenageando o renomado jornalista e fundador do jornal Correio do Povo, marcando a contribuição da imprensa no desenvolvimento cultural e social de Porto Alegre – RS.

Na mesma praça, figuram as esculturas de Carlos Drummond de Andrade e do poeta Mário Quintana, colocadas lado a lado, celebrando a imortalidade e a influência desses dois gigantes da literatura brasileira.

Diante da praça, ergue-se o Clube do Comércio, uma instituição inaugurada em 1896, que se destaca como um dos clubes mais emblemáticos da capital gaúcha, notável por abrigar a primeira boate do Brasil equipada com luzes coloridas, marcando um pioneirismo cultural na vida noturna da cidade.



Adjacentemente, situa-se o prédio ricamente ornamentado da antiga Previdência do Sul, uma construção que chama atenção por sua arquitetura requintada, refletindo a importância histórica e cultural do edifício para a região.



Inaugurado em 1913, o imponente edifício foi fruto do talento do arquiteto Theodor Wiederspahn, cujo trabalho se destaca no cenário arquitetônico da cidade, marcando Porto Alegre com uma peça de refinamento e beleza estética indiscutíveis.


Logo adiante, nossa caminhada nos levou até o Edifício Hudson, que abriga a sede do Correio do Povo, um dos jornais mais tradicionais e de grande circulação na região.

Localizado em frente ao Edifício Hudson, o Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa, que homenageia Hipólito José da Costa, considerado o patrono da imprensa brasileira, e oferece um rico acervo que documenta a evolução dos meios de comunicação no país.

Prosseguindo nosso passeio, chegamos à Catedral da Santíssima Trindade da Igreja Episcopal do Brasil, um marco histórico inaugurado em 1903.

Continuamos a caminhada pela icônica Rua dos Andradas.

Logo adiante, alcançamos o emblemático Hotel Majestic, que hoje abriga a Casa de Cultura Mario Quintana. Esta transformação simboliza a rica trajetória cultural de Porto Alegre, onde a arquitetura antiga encontra um novo propósito ao celebrar a arte e a literatura.


O Majestic, primeiro grande edifício de Porto Alegre a utilizar concreto armado, foi construído entre 1916 e 1933. Em seus anos dourados, nas décadas de 1930 e 1940, o hotel foi palco de encontros de figuras ilustres, incluindo políticos de destaque como Getúlio Vargas e artistas renomados como Virgínia Lane e Francisco Alves.

Nas décadas seguintes, o Majestic enfrentou desafios, competindo com novos hotéis que ofereciam instalações mais espaçosas e modernas.

Gradualmente, os ilustres hóspedes do passado deram lugar a um público diverso, incluindo lutadores de luta livre, solteiros, viúvos, boêmios, e poetas solitários, como Mario Quintana. Nascido em Alegrete, Quintana escolheu Porto Alegre como lar, um reflexo de sua conexão com a vibrante vida cultural da cidade.

Mario Quintana residiu no apartamento 217 do hotel de 1968 a 1982, período durante o qual suas obras e sua presença enriqueceram ainda mais o cenário cultural de Porto Alegre, RS.

Inaugurada em 1990, a Casa de Cultura Mario Quintana transformou-se em uma vibrante instituição multicultural, oferecendo um vasto leque de atividades culturais e artísticas que a consolidam como um dos principais pontos de interesse cultural da capital de todos os gaúchos.

Logo adiante, demos poucos passos antes de nos depararmos com um autêntico reduto militar, uma testemunha viva da rica história bélica e patriótica da região.


Esse reduto é formado pelo Museu Militar do Comando Militar do Sul, que abriga um acervo impressionante que narra a história militar da região.



Pela 8ª Circunscrição de Serviço Militar, que desempenha um papel crucial na administração militar local.


Pelo Quartel General Auxiliar do Comando Militar do Sul, uma estrutura imponente que complementa o conjunto de edifícios militares na região.


E pelo Quartel do Comando Geral da Brigada Militar.

Entre as imponentes estruturas militares, surge como um marco de fé e história, a Igreja Nossa Senhora das Dores, a mais antiga igreja da capital gaúcha, destacando-se por sua arquitetura e seu valor histórico para a cidade.



A Igreja Nossa Senhora das Dores tem suas raízes na história profunda de Porto Alegre, com a pedra fundamental lançada em 1807. A Capela-Mor foi inaugurada em 1813, marcando o início de sua construção significativa na comunidade.




Em reconhecimento ao seu valor histórico e arquitetônico, a Igreja Nossa Senhora das Dores foi tombada e declarada patrimônio histórico e artístico nacional em 1938, um marco que preserva sua importância para as gerações futuras.


O interior da Igreja Nossa Senhora das Dores conserva grande parte de suas características coloniais originais, com uma nave única acompanhada de vários altares lateralmente dispostos, os quais são ricamente adornados com entalhes e acabamentos dourados, refletindo a riqueza artística da época.


Após a visita ao templo religioso, retomamos nosso passeio, explorando mais da rica tapeçaria cultural e histórica que a cidade tem a oferecer.


Continuamos nosso trajeto, passando pelo Santuário São Rafael e o Memorial Bárbara Maix.


À medida que o dia se aproximava do fim, nosso passeio nos levou à Praça Brigadeiro Sampaio.


Durante o início da colonização, a área que hoje conhecemos como Praça Brigadeiro Sampaio tinha um passado sombrio, sendo originalmente conhecida como Largo da Forca. Era neste local que se realizavam as execuções dos condenados à morte, um lembrete marcante da justiça da época na vila.

No centro da praça, ergue-se imponente um monumento em homenagem ao patrono da infantaria brasileira, Brigadeiro Sampaio, uma figura de destaque na história militar do país e uma presença marcante na paisagem urbana de Porto Alegre, RS.

Prosseguindo em nossa jornada, passamos diante do emblemático Teatro do Museu e do Museu do Trabalho.


À medida que o sol começava a se despedir no horizonte, chegamos ao Centro Cultural Usina do Gasômetro.


Inaugurada em 1928 na região conhecida como Praia do Arsenal, a Usina Termelétrica do Gasômetro marcou uma era ao produzir energia a partir do carvão vegetal.


A denominação do complexo arquitetônico como Usina do Gasômetro está ligada à sua localização próxima à antiga Usina de Gás de Hidrogênio Carbonado. Esta usina, erguida em 1874, era responsável por fornecer gás para a iluminação pública e para os fogões da cidade, desempenhando um papel crucial na infraestrutura urbana de Porto Alegre – RS.



Desde 1991, a transformação da Usina do Gasômetro em um vibrante centro cultural marcou um novo capítulo na história de Porto Alegre. Abrangendo uma área de 18 mil metros quadrados, o complexo se tornou um epicentro de atividades culturais e artísticas, oferecendo uma infraestrutura diversificada que inclui auditórios, salas multiuso, anfiteatros, um laboratório fotográfico, estúdio de gravação, videoteca e espaços dedicados a exposições. Além disso, conta com um centro de documentação equipado com biblioteca, cinema, teatro e uma praça de variedades que hospeda um restaurante e bares, enriquecendo a cena cultural da cidade e proporcionando um espaço de lazer e aprendizado para a comunidade local e visitantes.


O entorno da Usina do Gasômetro também presta uma bela homenagem a uma das mais célebres vozes da música brasileira, com uma estátua dedicada à cantora porto-alegrense Elis Regina Carvalho Costa.


O Centro Cultural Usina do Gasômetro destaca-se entre as atrações da revitalizada Orla do Guaíba, transformada em um vibrante espaço de lazer e convivência para os moradores e visitantes de Porto Alegre. Esta extensa área à beira do lago é dotada de uma infraestrutura completa para o entretenimento e o esporte, incluindo ciclovias, quadras esportivas, amplas áreas verdes, instalações sanitárias públicas e um atracadouro, de onde zarpam embarcações turísticas para encantadores passeios pelo Guaíba. Além disso, a orla conta com clubes náuticos e uma arquibancada, criando um ambiente perfeito para quem busca lazer ao ar livre ou deseja apreciar a beleza natural da região. A Orla do Guaíba é, sem dúvida, um local privilegiado para a prática de atividades ao ar livre, oferecendo à comunidade e aos turistas um espaço único de integração com a natureza e com a cultura local.


A Orla de Porto Alegre se estabelece como um dos cenários mais privilegiados para contemplar o espetáculo diário do pôr do sol. Conforme imortalizado na música “Anoiteceu em Porto Alegre”, de Humberto Gessinger, o entardecer nesta parte da cidade adquire uma dimensão poética, onde o sol se despede majestosamente na margem oposta do rio, que na verdade, nunca existiu.


Nunca existiu pois o Guaíba não é um rio, e sim um lago, formado pela junção das águas do Rio Jacuí, Rio Caí, Rio dos Sinos e Rio Gravataí, que desembocam no Delta do Jacuí, formando assim o Lago Guaíba.



A palavra “Guaíba”, cuja grafia antiga era “Guahyba”, carrega consigo uma rica herança tupi. Este termo é traduzido como “baía de todas as águas” ou “encontro das águas”, uma denominação que evoca a confluência de diversos cursos d’água que formam esse importante corpo hídrico.


As águas do Lago Guaíba seguem seu curso até a Lagoa dos Patos, que, também nunca existiu, pois ela não é propriamente uma lagoa, mas sim uma laguna. Esse detalhe geográfico ressalta a complexidade e a riqueza dos ecossistemas aquáticos da região, onde nomenclaturas populares convivem com características geográficas específicas.


Curiosamente, na cartografia antiga, datando dos séculos XVII, XVIII e início do XIX, a Laguna dos Patos e o Lago Guaíba eram coletivamente referidos como Rio Grande. Este termo histórico não apenas descrevia as extensas massas de água da região, mas também deu origem ao nome do estado do Rio Grande do Sul, evidenciando a importância destes corpos hídricos não só para a geografia, mas também para a identidade cultural e histórica do estado.


Independentemente das discussões sobre sua nomenclatura, a experiência de assistir ao pôr do sol refletindo-se nas águas do Guaíba transcende a descrição. É um espetáculo surreal, que captura a beleza natural de forma única, oferecendo um momento de paz e admiração que fica gravado na memória de quem tem a oportunidade de vivenciá-lo.


Como se o espetáculo do pôr do sol não fosse suficiente, a nossa caminhada noturna de volta ao hotel foi agraciada pela presença da magnífica Lua. A sua luz serena guiou nossos passos, adicionando um toque de magia e serenidade à nossa jornada, transformando o caminho de volta numa experiência ainda mais memorável.

Abaixo o mapa com o trajeto entre Erechim – RS e Porto Alegre – RS percorrido no dia:



Oba! Já são 4 comentários nesta postagem!
Valeu, tinha visto as fotos do segundo dia,.. os prédios históricos com as belas fotos ficaram muito boas…PARABÉNS
Buenas! O centro histórico de Porto Alegre foi uma grata surpresa, muito bonito e bem preservado. Abraços…
Que belo roteiro, as fotos retrataram muito bem história do RS, através do caminho percorrido, bem como da nossa capital Porto Alegre. Parabéns e sucesso! Queremos mais!
Valeu Léia! O trajeto entre Erechim e Porto Alegre via Serra Gaúcha é realmente lindo, sem contar nas maravilhas da capital, desde seu preservado centro histórico até o belíssimo pôr do Sol às margens do Guaíba. Abraços…
Estamos ansiosos para ler tudo aquilo que tu tem para dizer! É chegado o momento de abrir este coração e compartilhar tua opinião, crítica (exceto algo desfavorável à imagem da Formosa), elogio, filosofar a respeito da vida ou apenas sinalizar que chegou até aqui ;)
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