Brasil • Expedição 2020: Belas Rotas • São Paulo
De Moto pela Estrada Parque Serra da Macaca e Serra da Cabeça da Anta em São Paulo
27 de Novembro, 2020Explore a Serra Negra, percorra a Serra da Cabeça da Anta e suba a cênica Estrada Parque Serra da Macaca em pleno Parque Estadual Carlos Botelho, São Paulo.
O trigésimo dia da Moto Expedição 2020: Belas Rotas foi cheio de emoções e aventuras. Iniciamos nosso trajeto explorando a famosa Serra Negra, enfrentamos um quase imprevisto de pane seca nos arredores de Americana – SP, e descemos pela desafiadora Serra da Cabeça da Anta. Finalizamos o dia com chave de ouro, subindo pela cênica Estrada Parque Serra da Macaca, que atravessa o deslumbrante Parque Estadual Carlos Botelho, situado na exuberante Mata Atlântica.
A chuva se estendeu até tarde da noite em Itatiba, São Paulo, mas hoje o sol já brilhava intensamente desde as primeiras horas da manhã.
Empolgados com o céu azul, tomamos o café da manhã, carregamos a Formosa e partimos da cidade que é tida como “A Princesa da Colina” rumo a um dia repleto de belas paisagens pelas estradas!
Como o objetivo da moto expedição deste ano é explorar as rotas mais deslumbrantes do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro, não poderíamos deixar de percorrer a icônica rodovia SP-360.
A rodovia estadual SP-360 conecta Jundiaí a Águas de Lindóia, com aproximadamente 110 km de extensão.
No entanto, o trecho mais famoso, especialmente entre os motociclistas, está localizado entre Morungaba e Serra Negra.
Este curto percurso de 40 km destaca-se pelo asfalto bem conservado, atravessando uma região montanhosa com uma sequência impressionante de curvas, ideal para os amantes de aventuras sobre duas rodas.
É o destino perfeito para um passeio de moto, com paisagens deslumbrantes da Serra da Mantiqueira ao longo da rodovia e várias oportunidades para raspar as pedaleiras nas curvas.
Com o tráfego leve, seguimos rapidamente pela Rodovia Engenheiro Geraldo Mantovani, a SP-360, aproveitando ao máximo a tranquilidade da estrada.
Pouco tempo depois, chegamos ao município paulista de Serra Negra.
Serra Negra, localizada a 927 metros de altitude, é famosa em todo o Brasil por suas diversas fontes de água mineral.
Assim que chegamos ao centro de Serra Negra – SP, percorremos algumas ruas principais e fizemos o retorno pelo mesmo trajeto.
Com o fim das férias se aproximando, decidimos deixar a exploração completa da cidade para uma próxima oportunidade.
Ao chegarmos em Amparo, deixamos a SP-360 e iniciamos o percurso pela SP-095.
Pela SP-095, cruzamos os centros de Arcadas, Pedreira e Jaguariúna.
Em Jaguariúna, passamos em frente à histórica Estação Jaguariúna, inaugurada em 1945.
Em seguida, pegamos outra rodovia paulista, a SP-340, que é duplicada.
Rodamos alguns quilômetros pela movimentada SP-340 em direção ao sul, até nos depararmos com um grande congestionamento à nossa frente.
E lá fomos nós, praticando a arte de transitar pelos corredores…
Desviando de um retrovisor aqui, xingando um motorista ali, chutando um retrovisor acolá, esquentando as partes baixas com o calor do motor da Formosa ao rodar em baixa velocidade, seguimos em frente.
Além do estresse gerado pela atenção constante ao transitar pelos corredores durante vários quilômetros, olhei para o painel da Formosa e vi que restava combustível suficiente apenas para mais 1 quilômetro!
Nesse momento, lembrei da regra de ouro do motociclismo: ao chegar em uma cidade para pernoitar, abasteça o tanque da motocicleta para começar o dia seguinte com o tanque cheio.
Claro que descumpri a regra essencial e agora me via em um dilema: enfrentar a vergonha de admitir a situação para todos os membros da expedição (FredLee e Sayo) — afinal, uma coisa é ficar sem combustível na Patagônia Argentina, onde as distâncias entre postos são imensas, e outra é estar na região metropolitana de Campinas — ou arriscar rodar até a Formosa parar de vez.
Durante alguns minutos de tensão e indecisão, constatei duas coisas: o contorno de Americana praticamente não tem postos de combustível e, para minha surpresa, a Formosa me pregou uma baita peça — rodamos muito mais do que um mísero quilômetro, o que foi mais sorte do que juízo.
Pilotando a uma velocidade muito abaixo do normal, finalmente avistei um posto de combustível com letras garrafais em azul sobre um fundo amarelo. A princípio, pensei que era uma miragem, mas, para a alegria de todos, era real.
De volta ao jogo, mantendo a calma e a elegância, estacionei a Formosa ao lado da bomba de combustível e observei atentamente o frentista adicionar 18 litros ao tanque. Ah, e ainda restavam 900 mililitros!
Com a moto devidamente abastecida e eu finalmente respirando normalmente, seguimos pela SP-079.
Logo chegamos em Piedade e, sob um calor escaldante, continuamos pela rodovia estadual.
Até encontrarmos uma barraquinha vendendo queijos, rapadura, doces, melado e… coco!
Como já fazia dois dias desde que não nos deliciávamos com água de coco, paramos para nos refrescar e hidratar.
Após a breve pausa, retomamos o trajeto pela SP-079 e logo passamos por Tapiraí.
Na sequência, iniciamos a descida de outra lendária serra, famosa no mundo das duas rodas: a Serra da Cabeça da Anta.
A Serra da Cabeça da Anta está situada na rodovia SP-079, entre as cidades paulistas de Tapiraí e Juquiá.
A serra tem um percurso de aproximadamente 60 km e um desnível de mais de 900 metros, atravessando a exuberante Mata Atlântica.
É uma rodovia de pista simples, estreita, sem acostamento e repleta de curvas fechadas.
Não é um verdadeiro paraíso devido ao precário estado de conservação do asfalto, que apresenta inúmeros buracos, irregularidades e ondulações.
No meio da Serra da Cabeça da Anta, há um amplo estabelecimento que oferece lanchonete, restaurante, café, banheiros e uma variedade de artigos à venda.
O local está localizado exatamente em frente a uma pequena cachoeira e a uma bica de água, onde a torneira representa a cabeça da anta que dá nome à serra.
No passado, tropeiros usavam esta via, que na época era uma trilha de chão batido, e paravam para beber a água cristalina que descia pela montanha.
Em uma ocasião, encontraram uma anta morta no local, e, a partir disso, passaram a chamar o lugar de Bica da Anta.
Em 1936, a estrada foi oficialmente inaugurada, e o Departamento de Estradas e Rodagens instalou a bica com a cabeça da anta para preservar a história do local.
Após várias fotos com a cabeça da anta, retomamos o percurso pela sinuosa SP-079.
Poucas curvas adiante, encontramos um bloqueio na pista e fomos informados de que o temporal da noite anterior havia derrubado várias árvores e causado deslizamentos em alguns pontos nos quilômetros seguintes.
Aproveitamos o momento de pausa para conversar com o funcionário do DER, que comentou sobre a deplorável condição da rodovia, que persiste há vários anos.
Embora o recurso financeiro para recuperar o trecho já tenha sido liberado pelos órgãos competentes, ainda há uma questão burocrática devido à rodovia atravessar uma área de preservação ambiental.
Burocracia à parte, aguardamos cerca de 30 minutos até a liberação da via e, então, retomamos a nossa jornada.
Gradualmente, as curvas da Serra da Cabeça da Anta foram se tornando mais abertas e o declive menos acentuado.
Logo, nos vimos cercados por extensas plantações de banana e percebemos que estávamos em território do município de Juquiá, conhecido como a “Capital da Banana”.
Ali paramos às margens da rodovia para roubar banana regar as plantinhas.
Mais aliviados, seguimos adiante, cruzamos o centro da pequena cidade e acessamos a SP-165.
Rodamos poucos quilômetros pela SP-165 até chegar ao entroncamento com a Rodovia Nequinho Fogaça, a SP-139.
Na SP-139, uma estrada de pista simples, estreita e sem acostamento, seguimos em direção ao norte, quando o azul do céu foi rapidamente substituído por nuvens cinzentas.
Bastaram alguns minutos para que uma leve chuva começasse, mas como a viagem estava agradável e o tempo abafado, decidimos continuar sem as capas de chuva.
Aos poucos, a paisagem ao redor da rodovia foi sendo dominada pela densa e fechada floresta da Mata Atlântica.
O piso da estrada deixou de ser o tradicional asfalto e passou a ser revestido por blocos de cimento intertravados.
Em meio a este cenário, chegamos à portaria do Parque Estadual Carlos Botelho (PECB).
A rodovia estadual SP-139 atravessa a unidade de conservação Parque Estadual Carlos Botelho em uma extensão de 35 km pela Serra de Paranapiacaba, também conhecida como Serra da Macaca.
O Parque Estadual Carlos Botelho, criado em 1982, desempenha um papel crucial na proteção de duas importantes bacias hidrográficas: a do Alto Paranapanema e a do Vale do Ribeira.
O parque abrange uma área de 38.705 hectares de florestas ombrófilas densas e protege 56 espécies de peixes, 70 de anfíbios, 31 de répteis, 342 espécies de aves, 25 espécies de pequenos mamíferos e 35 espécies de médios e grandes mamíferos, incluindo o muriqui-do-sul ou mono-carvoeiro, o maior primata das Américas.
Em 1999, a unidade de conservação foi reconhecida como “Sítio do Patrimônio Mundial Natural” pela UNESCO.
Devido à sua localização em um importante refúgio de vida selvagem, a Serra da Macaca possui horário restrito para a circulação de veículos, sendo permitido o trânsito todos os dias das 6h às 20h.
Ao longo do percurso da Estrada Parque Serra da Macaca, há várias áreas de estacionamento, quiosques para piquenique, mirantes e uma extensa rede de trilhas que atravessam a mata e passam por bicas, rios e cachoeiras.
Devido à pandemia, a circulação pela Estrada Parque Carlos Botelho estava permitida, mas com a condição de passar diretamente por todos os locais de parada, sendo proibido estacionar ou parar rapidamente o veículo em qualquer ponto da estrada.
A Estrada Parque Carlos Botelho é a primeira estrada parque paulista, projetada para causar o menor impacto ambiental possível.
Entre suas características, destaca-se o pavimento ecológico, que permite maior escoamento de água, não retém calor e produz um ruído gerado pelo atrito entre os pneus e os bloquetes (10 milhões ao todo), ajudando a afugentar os animais das proximidades da via.
A Estrada Parque Carlos Botelho – Serra da Macaca é, sem dúvida, uma das mais lindas do país. Rodar em meio à Mata Atlântica por uma via estreita e sinuosa que corta uma unidade de conservação e ganha altitude rapidamente é uma experiência sensacional.
Certamente voltaremos a este local assim que possível, não apenas para percorrer a Serra da Macaca em um dia ensolarado, mas também para explorar com atenção e calma todas as maravilhas que o Parque Estadual Carlos Botelho tem a oferecer.
Vale destacar que o Parque Estadual Carlos Botelho é um dos mais importantes refúgios de vida selvagem da região sudeste do estado de São Paulo, representando um dos principais corredores ecológicos que conecta os mais significativos remanescentes da Mata Atlântica no Brasil.
Seguimos pelo percurso da Estrada Parque Serra da Macaca tranquilamente, dentro da velocidade estipulada (entre 20 km/h e 40 km/h), apreciando o fabuloso cenário ao nosso redor.
Quando nos demos conta, já estávamos cruzando a portaria que marca o fim da Estrada Parque SP-139, deixando a chuva para trás.
Ali, a rodovia SP-139 volta a ser asfaltada e segue com asfalto até São Miguel Arcanjo, SP.
O fim do dia já se aproximava quando chegamos ao trevo de acesso à cidade.
Analisamos nossa disposição e decidimos rodar mais alguns quilômetros.
Avançamos pela SP-250, que estava em péssimas condições, perfeita para prejudicar a coluna dos motociclistas e causar danos às suspensões, rodas e pneus.
Pelo menos foram apenas 15 km pela via até acessarmos a SP-373, que é duplicada e possui um asfalto liso.
A SP-373 nos conduziu até Capão Bonito, onde chegamos no início da noite e fomos direto a um hotel para descansar.
Amanhã, vamos serpentear!
Acima o mapa com o trajeto percorrido no dia entre Itatiba – SP e Capão Bonito – SP.
Oba! Já são 4 comentários nesta postagem!
A serra da macaca até poucos anos atrás era de chão de terra. Esta obra com os bloquetes ficou muito bom. Quando voltarem a São Miguel Arcanjo experimentem o bolinho de frango, tomem um vinho colonial e apreciem as uvas de mesa que são plantadas na região.
Ficamos imaginando o quão tenso devia ser subir ou descer a serra em períodos chuvosos quando a estrada era de terra o.O
Obrigado pelas dicas, já anotamos! Pretendemos voltar a percorrer a sinuosa Serra da Macaca assim que surgir uma nova oportunidade e poder apreciar a vista de cada um dos locais de parada, além de caminhar pelas trilhas dentro do parque.
Valeu. Abraços…
Adoro o texto leve com pitadas de ironia 😜. Só imagens lindas ❤️.
Valeu! A ideia é transmitir as informações de uma forma descontraída ;)
Estamos ansiosos para ler tudo aquilo que tu tem para dizer! É chegado o momento de abrir este coração e compartilhar tua opinião, crítica (exceto algo desfavorável à imagem da Formosa), elogio, filosofar a respeito da vida ou apenas sinalizar que chegou até aqui ;)
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