Uma Jornada Perfumada pelo Mágico O Lavandário de Cunha – SP

Não poderíamos nos despedir da “Capital da Fé”, Aparecida – SP, sem explorar a Cidade do Romeiro, um complexo turístico próximo ao Santuário Nacional de Nossa Senhora de Aparecida, e conhecer o Porto Itaguaçu, local histórico onde a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi encontrada nas águas do Rio Paraíba do Sul. Na sequência, planejamos retornar a Paraty – RJ, aproveitando a oportunidade para conhecer o deslumbrante O Lavandário, em Cunha – SP.

Nas primeiras horas da cinzenta manhã de sábado, partimos do hotel no coração de Aparecida – SP e iniciamos nossa caminhada rumo à Cidade do Romeiro.

Idealizada para receber religiosos e peregrinos, a Cidade do Romeiro de Aparecida – SP oferece amplo estacionamento, capela, hotel, centro de reuniões, centro comercial, restaurantes, áreas de convívio e uma vasta área verde com lagos e parques, distribuídos em 116 mil m².

Logo na entrada da Cidade do Romeiro, que tem acesso gratuito, há um grande lago onde se encontra o Pedalinho Devotos Mirins. O local dispõe de 12 pedalinhos, divididos em 6 caravelas e 6 cisnes.

A Cidade do Romeiro abriga também o Trem do Devoto, que parte da Estação Cidade e segue até a Estação Porto, situada no Porto Itaguaçu.

Claro que, para embarcar no Trem do Devoto, é cobrada uma tarifa. No entanto, é possível chegar ao local onde a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi encontrada pelos pescadores em 1717, no Porto Itaguaçu, de forma gratuita, por meio de uma agradável caminhada pelo Caminho do Rosário.

Optamos por caminhar pelo Caminho do Rosário e, logo no início do percurso, fomos recebidos por uma imagem de Nossa Senhora Aparecida cercada por várias rosas brancas, simbolizando paz, serenidade e conforto.

O trajeto entre a Cidade do Romeiro e o Porto Itaguaçu pelo Caminho do Rosário abrange aproximadamente 1.300 metros.

O Caminho do Rosário é composto por 20 cenários, contendo um total de 128 esculturas criadas pelos artistas paraguaios Blas e Angela Servín.

Os cenários apresentam os quatro Mistérios do Rosário, proporcionando aos visitantes uma experiência de museu a céu aberto.

O primeiro cenário do Caminho do Rosário, conhecido como Mistérios Gozosos, inclui a Anunciação de Maria, a Visitação de Nossa Senhora à sua prima Isabel, o Nascimento de Jesus, a Apresentação de Jesus no templo e o Encontro de Jesus no templo.

O segundo cenário do Caminho do Rosário, os Mistérios Dolorosos, é representado pela Agonia de Jesus, o Flagelo de Jesus atado na coluna, a Coroação de espinhos de Jesus, Jesus carregando a cruz e a Crucificação de Jesus.

Mistérios Gloriosos, o terceiro cenário do Caminho do Rosário, retrata a Ressurreição de Jesus, a Ascensão de Jesus, a Descida do Espírito Santo, a Assunção da Virgem Maria e a Coroação de Nossa Senhora.

Por fim, os Mistérios Luminosos, quarto cenário do Caminho do Rosário, incluem o Batismo de Jesus, as Bodas de Caná, o Anúncio do Reino de Deus e o Convite de Jesus à Conversão, a Transfiguração de Jesus e a Eucaristia.

Além das obras de arte, o Caminho do Rosário oferece diversos bancos para descanso, sanitários e um quiosque com água para os visitantes.

Em questão de minutos, chegamos ao Porto Itaguaçu.

Itaguaçu tem origem tupi-guarani e significa “Pedra Grande”.

Foi precisamente na curva do Rio Paraíba do Sul, de frente para o Porto Itaguaçu, que a imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi encontrada pelos três pescadores no início do século XVIII.

No local, encontra-se o monumento conhecido como “Os Três Pescadores”, uma obra do artista Chico Santeiro.

Bem na margem do Rio Paraíba do Sul, há uma grande cruz prateada que marca o ponto exato onde a imagem foi encontrada.

O Porto de Itaguaçu também conta com uma capela, e ali são oferecidos passeios de balsa pelas águas do Rio Paraíba do Sul, que nasce na Serra da Bocaina e percorre mais de 1.100 metros até encontrar as águas do Oceano Atlântico, no norte fluminense.

Após conhecer o local onde a imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi encontrada, retornamos pelo mesmo caminho.

De volta ao hotel, o tempo que levamos para trocar de roupas e carregar as bagagens na Formosa foi o suficiente para as carregadas nuvens começarem a se dissipar.

E sob o céu azul nos despedimos de Aparecida – SP.

Seguimos pela BR-116, neste trecho conhecida como Rodovia Presidente Dutra, até a vizinha Guaratinguetá – SP.

Onde acessamos a rodovia SP-171 sentido leste.

Rodamos poucos quilômetros pela sinuosa rodovia estadual até chegarmos ao Santuário Santo Expedito, que fica às margens da via.

O Santuário Santo Expedito, ainda em território do município paulista de Guaratinguetá, abriga uma capela em homenagem ao santo.

Após conhecer e fotografar a singela capela, voltamos à estrada.

Passamos pelo trevo de acesso à cidade de Cunha – SP.

E paramos para conhecer outro atrativo turístico local, desta vez, O Lavandário.

Em um terreno localizado a 1.200 metros de altitude acima do nível do mar, O Lavandário de Cunha – SP abriga uma fabulosa plantação orgânica de Lavandula Dentata (lavanda francesa), além de canteiros com outras espécies de lavanda e ervas aromáticas.

A escolha pelas montanhas no interior do município de Cunha para a implantação do empreendimento não foi por acaso. A região possui solo alcalino e bem drenado, que, em conjunto com as temperaturas amenas, é ideal para o cultivo da lavanda durante todo o ano.

O Lavandário não apenas cultiva as lavandas, mas também extrai seu óleo através do tradicional método de destilação por arraste a vapor, garantindo o mais puro óleo essencial utilizado em aplicações terapêuticas e cosméticas.

O óleo essencial da lavanda (do latim “lavare”, que significa lavar) já era utilizado pelos romanos para tomar banho, lavar roupas, aromatizar ambientes e indicado como calmante, relaxante e para alívio de dores.

Como as lavandas são cultivadas em podas rotativas, enquanto algumas estão floridas, outras acabaram de ser plantadas, garantindo assim um ciclo contínuo de floração e colheita ao longo do ano.

Desta forma, encontramos lavandas em todos os estágios no Lavandário, oferecendo uma experiência completa e diversificada aos visitantes.

Semanalmente, são plantados 300 pés de lavandas no local, os quais levam de 3 a 4 meses para florescer, garantindo um fluxo constante de floração ao longo do ano.

Caminhar pelo florido percurso, respirar o ar puro das montanhas e sentir o agradável aroma das lavandas por todos os cantos torna a visita ao Lavandário uma experiência única e revitalizante para os sentidos.

Isso tudo acompanhado pelo sublime visual das montanhas do Vale do Paraíba, proporcionando um cenário de beleza natural incomparável.

O Lavandário conta ainda com o Espaço Bem Estar, onde são realizadas sessões de massagem e relaxamento corporal, complementando a experiência sensorial e proporcionando momentos de tranquilidade e rejuvenescimento.

Abriga uma lojinha que comercializa diversos itens, desde cosméticos e perfumaria até produtos culinários e artigos para casa, todos desenvolvidos com os óleos essenciais extraídos das lavandas e outras ervas cultivadas no Lavandário.

E também um café, onde são servidos alguns produtos feitos com ervas aromáticas cultivadas no local, garantindo uma experiência gastronômica única e saborosa.

Ali nos deliciamos com um refrescante chá feito com lavandas e outras especiarias, cupcake de mel com lavanda, bolinho de chocolate com lavanda e um incrível sorvete artesanal de chocolate belga com lavanda.

Após nos maravilharmos e nos deliciarmos no Lavandário, voltamos a percorrer a rodovia SP-171 sentido Paraty, RJ.

A estrada estadual de pista simples, sem acostamento e repleta de curvas, é um verdadeiro deleite para os motociclistas, que podem desfrutar da beleza natural da região enquanto exploram as curvas sinuosas da estrada.

Passamos pela Cachoeira do Mato Limpo, a qual visitamos na quinta-feira (relembre aqui).

E assim que chegamos no alto da Serra do Mar, fomos envoltos por uma densa neblina, que acrescentou um toque místico à nossa jornada.

Desta forma, cruzamos a divisa entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

E iniciamos a descida pela cênica Estrada Parque Paraty-Cunha, uma rota que oferece vistas deslumbrantes da Mata Atlântica e da costa litorânea, proporcionando uma experiência memorável!

A incrível estrada revestida por paralelepípedos, na qual é proibido o trânsito de caminhões e ônibus, conta com vários mirantes dos quais é possível apreciar as belezas da Mata Atlântica e do litoral fluminense.

Com o tempo encoberto e cercados pela neblina, conseguimos curtir o visual de apenas um destes pontos de parada da emblemática Estrada Parque Paraty-Cunha, o que nos deixou ansiosos para retornar e explorar mais essa bela rota em condições climáticas melhores.

E rapidamente chegamos ao fim da Estrada Parque Paraty-Cunha, onde a rodovia RJ-165 passa a ser asfaltada.

Por ser sábado, o estacionamento que dá acesso à Cachoeira do Tobogã e ao Poço do Tarzan no município de Paraty – RJ estava repleto de carros e jeeps de turismo, indicando que o local era bastante frequentado pelos visitantes.

Dali bastaram alguns quilômetros pelo trecho da rodovia RJ-165, que faz parte da antiga Estrada Real, e logo chegamos no centro de Paraty – RJ.

Uma vez no centro de Paraty, localizamos um hotel onde estacionamos a Formosa e voltamos a caminhar pelo calçamento pé-de-moleque das encantadoras ruas históricas da cidade colonial fluminense, absorvendo a atmosfera única e o charme desse destino histórico.

Dentre os diversos barcos atracados nas proximidades do centro histórico, um se destacava pelo nome: Nícolas.

Conversamos com o proprietário da embarcação, o simpático Ubiraci, que nos permitiu conhecer e fotografar o interior do barco, que, com um nome como Nícolas, é claro que é maravilhoso!

Fotos feitas, voltamos a caminhar pelas estreitas ruas do centro histórico até passarmos ao lado do Sobrado dos Abacaxis, uma das belas construções históricas que adornam as ruas de Paraty.

O icônico antigo casarão, rico em detalhes arquitetônicos, é assim denominado provavelmente por ostentar o maior número de abacaxis em sua fachada, adicionando um toque peculiar à paisagem urbana de Paraty, RJ.

Como comentamos em nossa passagem pelo centro histórico de Cunha (ao passarmos em frente ao Casarão Osmar Felipe), os abacaxis eram símbolo de riqueza e prosperidade, indicando que naquela casa morava alguém da nobreza, pois a fruta é amarela como o ouro e tem uma coroa como um rei.

Do Sobrado dos Abacaxis, seguimos até o Teatro Espaço, o principal responsável por nosso retorno a Paraty – RJ.

Visitamos o versátil Teatro Espaço na última terça-feira (leia o relato aqui), e como o tradicional espetáculo de bonecos do Grupo Contadores de Estórias está sendo apresentado apenas aos sábados, não poderíamos deixar passar esta oportunidade de ver ao vivo o show que já nos emocionava através da tela do computador.

Com os ingressos previamente reservados via telefone (é importante agendar, pois o local costuma lotar), durante a noite pudemos assistir ao espetáculo “Em Concerto”, que, não por acaso, é reconhecido internacionalmente, sendo considerado um dos 10 melhores teatros de bonecos do mundo.

Desta forma, maravilhados com o emocionante espetáculo no Teatro Espaço de Paraty, encerramos o dia com chave de ouro, levando conosco memórias inesquecíveis dessa experiência cultural única.

Acima o mapa com o trajeto percorrido no dia entre Aparecida – SP e Paraty – RJ.