Brasil • Expedição 2020: Belas Rotas • Paraty • Rio de Janeiro
O que Fazer em Paraty, RJ: Roteiro pelo Centro Histórico, Praias, Forte Defensor Perpétuo e Sabores Caiçaras
11 de Novembro, 2020
Explore Paraty - RJ em um roteiro completo: caminhe pelo centro histórico tombado pela UNESCO, conheça o Forte Defensor Perpétuo, as praias do Pontal e do Jabaquara, e encante-se com os sabores caiçaras, como o camarão casadinho e o drink Jorge Amado.
Aproveitamos a quarta-feira para explorar a charmosa Paraty (RJ), um dos destinos históricos mais fascinantes do litoral sul fluminense. Caminhamos por seu centro histórico tombado pela UNESCO, com suas ruas de pedra e casarões coloniais preservados, visitamos a Praia do Pontal e a Praia do Jabaquara, e conhecemos o Forte Defensor Perpétuo e a Casa da Cultura de Paraty, importantes marcos da história local. Também acompanhamos o talentoso artesão Dalcir Ramiro em plena criação e encerramos o dia saboreando o tradicional camarão casadinho e o refrescante drink Jorge Amado, uma combinação perfeita de cultura, história e gastronomia caiçara que traduz a essência vibrante dessa cidade inesquecível.

Bom dia, Paraty – RJ! Após um café da manhã revigorante, iniciamos nosso passeio pela área central da cidade, partindo da charmosa Praça Presidente Pedreira. Localizada na transição entre o centro histórico, a leste, e a parte mais moderna, a oeste, a praça é embelezada por um chafariz histórico datado de 1851, uma verdadeira joia do período imperial e símbolo do cuidado de Paraty com a preservação de seu passado colonial.

De lá, seguimos em direção à Capela de Santa Cruz de Gragoatá, uma construção simples, porém repleta de significado histórico e cultural para os moradores e visitantes da cidade.

Situada às margens do Rio Perequê-Açu, a pequena capela, também conhecida como Capela da Generosa, foi erguida em 1901 por Dona Maria Generosa, uma devota que marcou a religiosidade popular de Paraty, no Rio de Janeiro.

O templo foi construído em homenagem a Theodoro, um ex-escravizado liberto que se afogou no rio durante uma Sexta-Feira Santa. Desde então, a Capela de Santa Cruz de Gragoatá tornou-se um espaço de devoção, memória e respeito, refletindo a fé e a história do povo paratiense, marcada por tradições afro-brasileiras e pela cultura caiçara.


Na sequência, atravessamos a Ponte do Pontal, que se estende sobre o Rio Perequê-Açu, conectando a região central ao bairro do Pontal. O trajeto proporciona uma vista encantadora do rio, especialmente quando as embarcações coloridas dos pescadores contrastam com o verde da mata e o casario colonial ao fundo, uma das paisagens mais fotogênicas de Paraty.

Seguimos o percurso passando em frente à Prefeitura Municipal de Paraty, um dos edifícios que integram a área administrativa da cidade e que simboliza a harmonia entre o cotidiano moderno e o patrimônio histórico, característica marcante desse destino que é Patrimônio Mundial pela UNESCO desde 2019.



Poucos minutos depois, chegamos à Praia do Pontal, uma das mais próximas e acessíveis a partir do centro histórico de Paraty, RJ. Com águas calmas e ambiente acolhedor, é o local ideal para uma pausa à beira-mar ou para admirar a paisagem da baía, onde o encontro entre mar e montanha cria um cenário de rara beleza.


A Praia do Pontal, com suas areias claras e textura suave, é emoldurada por grandes amendoeiras e coqueiros que oferecem sombra natural e contribuem para o clima tranquilo e convidativo da orla. É também um ponto de encontro entre moradores e viajantes, especialmente ao entardecer, quando o pôr do sol reflete nas águas da baía.


Ao longo da praia, há diversos quiosques e restaurantes que servem desde petiscos típicos caiçaras, como peixe frito e pastéis de camarão, até refeições completas à base de frutos do mar. É o lugar perfeito para uma pausa gastronômica com vista para o mar, saboreando a culinária local que combina tradições indígenas, portuguesas e africanas.


Depois de percorrer toda a extensão da praia, subimos até o topo do Morro da Vila Velha, que serve de divisória natural entre as praias do Pontal e do Jabaquara. No alto, encontramos o histórico Forte Defensor Perpétuo, um dos principais marcos da defesa colonial da região e um ponto de observação privilegiado da Baía de Paraty.

Fomos recebidos por um simpático “guia” de quatro patas, um cachorro caramelo que nos esperava próximo ao portão de entrada, tornando o início da visita ainda mais acolhedor.



Seguindo nosso fiel companheiro, percorremos uma curta trilha sombreada pela mata atlântica, de onde, em alguns trechos, era possível avistar vistas panorâmicas deslumbrantes da cidade e do mar.


Em poucos minutos, alcançamos o portão principal do Forte Defensor Perpétuo, originalmente construído no século XVIII e reformado em 1822, durante o período de independência do Brasil.

Museu Forte Defensor Perpétuo
O Museu Forte Defensor Perpétuo, erguido em 1793, é o único forte ainda em pé na cidade fluminense de Paraty. Hoje, abriga uma instituição museológica dedicada à difusão, pesquisa e diálogo sobre a história e memória do município.
Como chegar
Mapa e roteiro de como chegar no Museu Forte Defensor Perpétuo partindo do centro do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro – Brasil:
Contatos do Museu Forte Defensor Perpétuo
- Endereço: Avenida Orlando Carpinelli, 440 – Pontal | Paraty – Rio de Janeiro – Brasil
- Telefone: (24) 98142-0081
- E-mail: equipe.forte@museus.gov.br
Para obter informações mais detalhadas, visite o site oficial do Museu Forte Defensor Perpétuo.
Horários de Funcionamento
- Quarta a sexta: das 10h às 17h
- Sábado e domingo: das 10h às 14h
Valores de Ingresso
- Público em geral: Gratuito
Recomendamos verificar as tarifas antes da sua viagem, pois os valores podem ser alterados a qualquer momento.
Tempo Médio de Visitação
- 1 hora

O forte teve papel estratégico na proteção da costa, sendo guarnecido por soldados e equipado com canhões durante conflitos como a guerra contra a Província Unida do Rio da Prata (atual Argentina) e em momentos de tensão diplomática, como a crise com a Inglaterra em 1850. No entanto, foi desativado pelo Ministério da Guerra em 1856.


Com o declínio econômico de Paraty no final do século XIX, o Forte Defensor Perpétuo teve usos variados: serviu como moradia, cadeia improvisada e, mais tarde, cenário do filme Azyllo Muito Louco (1968), dirigido por Nelson Pereira dos Santos, um clássico do cinema novo brasileiro.

Em 1957, o Forte Defensor Perpétuo foi tombado pelo IPHAN e restaurado, passando a abrigar um museu dedicado à memória, história e cultura paratiense.



Durante nossa visita, o forte ainda estava fechado para visitação interna devido às restrições da pandemia, mas foi possível acessar seu pátio externo, onde estão expostos antigos canhões de ferro fundido.


Esses modelos, conhecidos como “12 tiros”, lançavam balas de aproximadamente 6 kg a distâncias de até 2.000 metros, utilizando cerca de 2 kg de pólvora por disparo, um impressionante feito da engenharia bélica do século XVIII.


Esses canhões foram amplamente utilizados em operações navais e combates terrestres entre 1730 e 1860, reforçando a importância estratégica do litoral paratiense.


A poucos passos da praça de armas, onde estão as peças de artilharia, um grande rochedo se projeta em direção ao mar, oferecendo uma vista privilegiada da orla e do horizonte de Paraty, um cenário que resume perfeitamente a harmonia entre natureza e história que define esta cidade singular.


Aproveitamos a vista por alguns instantes e, sob o calor intenso, nos despedimos do Museu Forte Defensor Perpétuo para seguir rumo à Praia do Jabaquara. O caminho é agradável e cercado por vegetação nativa, revelando aos poucos o azul tranquilo da enseada, um convite irresistível para um merecido descanso após o passeio histórico.



Assim como na Praia do Pontal, a Praia do Jabaquara é repleta de quiosques que oferecem cadeiras, bancos e espreguiçadeiras sob a sombra das árvores, garantindo conforto e uma vista privilegiada do mar. Essa é a maior praia da região central de Paraty e uma das preferidas tanto por moradores quanto por visitantes que buscam um ambiente descontraído e de fácil acesso.


Nos acomodamos em um dos bancos disponíveis, pedimos um suco natural bem gelado e, na companhia do nosso fiel amigo, o simpático cão-guia do Forte Defensor Perpétuo, desfrutamos alguns minutos de pura tranquilidade, contemplando a beleza serena da praia. O som suave das ondas, as embarcações ancoradas ao longe e a brisa leve tornaram o momento ainda mais especial.


Em seguida, caminhamos ao longo de toda a orla da Praia do Jabaquara, famosa por suas lamas medicinais, encontradas em trechos da faixa costeira. Ricas em minerais, essas lamas são tradicionalmente utilizadas para fins terapêuticos e estéticos, atraindo visitantes que buscam relaxamento e bem-estar natural. Além disso, a praia é margeada por pousadas e restaurantes charmosos, muitos deles com vista direta para o mar.


Ao fim da caminhada, retornamos às margens do Rio Perequê-Açú, onde nos despedimos do nosso fiel companheiro de trilha, que nos acompanhou até a ponte, como se fizesse parte oficial do passeio.



Entre as embarcações, destacava-se o Senna, o único cujo valor do passeio estava dentro do nosso orçamento. No entanto, ao nos aproximarmos, percebemos que o barco estava praticamente submerso, uma cena curiosa e até cômica, que nos fez adiar a tão esperada experiência de barco pela Baía de Paraty para uma próxima visita, de preferência a bordo de uma embarcação em melhores condições.



Cruzamos novamente a Ponte do Pontal e seguimos em direção à Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, um dos principais cartões-postais de Paraty e ponto de referência no centro histórico. Construída em 1873 sobre o local onde existia uma capela mais antiga, a igreja é dedicada à padroeira da cidade e tem papel central nas celebrações religiosas locais, especialmente durante a tradicional Festa de Nossa Senhora dos Remédios.

Igreja de Nossa Senhora dos Remédios | Igreja Matriz de Paraty
Inaugurada em 1873, a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios destaca-se com seu estilo neoclássico e as torres inacabadas.
Como chegar
Mapa e roteiro de como chegar na Igreja de Nossa Senhora dos Remédios | Igreja Matriz de Paraty partindo do centro de Florianópolis – Santa Catarina – Brasil:
Contatos da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios | Igreja Matriz de Paraty
- Endereço: Rua da Matriz – Centro Histórico | Paraty – Rio de Janeiro – Brasil
- Telefones: (24) 3371-1467 | (24) 99949-4989
Para obter informações mais detalhadas, visite a página oficial da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios | Igreja Matriz de Paraty no Instagram.
Horários de Funcionamento
- Quarta a domingo: das 9h às 11h e das 13h30 às 16h
Valores de Ingresso
- Público em geral: Gratuito
Recomendamos verificar as tarifas antes da sua viagem, pois os valores podem ser alterados a qualquer momento.
Tempo Médio de Visitação
- 30 minutos

Diferente do dia anterior, encontramos o templo com as portas abertas, acolhendo tanto os fiéis quanto os visitantes interessados em conhecer seu interior e sua importância para a história e a fé paratiense.


Tivemos, então, a oportunidade de explorar o interior da imponente Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, a Igreja Matriz de Paraty, cuja arquitetura neoclássica chama atenção pela elegância e pela simplicidade das linhas.


O destaque do interior é o arco cruzeiro em cantaria, que domina o espaço central e conduz o olhar aos sete altares laterais, adornados com imagens sacras e elementos típicos da arte colonial brasileira. O altar principal, ricamente decorado com detalhes em ouro, é o único com essa característica em toda a cidade de Paraty, o que reforça sua relevância artística e o cuidado da comunidade em preservar sua beleza original.

A Igreja de Nossa Senhora dos Remédios está situada em frente à Praça Monsenhor Hélio Pires, mais conhecida como Praça da Matriz, o coração histórico de Paraty, RJ. Foi ali que a cidade começou a se formar no século XVII, quando o pequeno núcleo de colonos portugueses se estabeleceu entre o mar e a serra. Até hoje, o local mantém seu charme original, com bancos sombreados, calçamento em pedras e uma atmosfera de tranquilidade típica das cidades coloniais brasileiras.



Deixando a arborizada e agradável Praça da Matriz, seguimos em direção à Rua Fresca, uma das mais conhecidas do centro histórico. Apesar do nome curioso, a rua está localizada bem próxima ao mar, e acredita-se que tenha recebido essa denominação por causa da brisa constante que sopra da baía.

Na Rua Fresca encontra-se o sobrado onde viveu o Príncipe Dom João de Orleans e Bragança, neto da Princesa Isabel e bisneto do Imperador Dom Pedro II. Construída em 1830, a casa é um dos imóveis mais imponentes do centro histórico e reflete o estilo arquitetônico típico da época imperial.


Atualmente, o local serve como residência de Dom João Henrique de Orleans e Bragança, filho do príncipe, mantendo viva a ligação da família imperial com Paraty.


Desde a independência do Brasil, em 1822, o verde e o amarelo (cores presentes tanto na bandeira nacional quanto nos detalhes dessa residência) remetem às casas reais que deram origem ao país: o verde à Casa de Bragança, da qual fazia parte Dom Pedro I, e o amarelo à Casa de Habsburgo, da imperatriz D. Maria Leopoldina. Essa simbologia permanece visível nos elementos arquitetônicos da casa, reforçando o elo entre Paraty e a história do Império Brasileiro.


Após registrar algumas imagens da histórica construção, seguimos nossa caminhada pelo centro histórico de Paraty – RJ, onde certas ruas encontravam-se parcialmente alagadas devido à maré alta, um fenômeno natural e característico dessa charmosa cidade litorânea. O espetáculo das águas invadindo as pedras centenárias é, inclusive, um dos aspectos que tornam Paraty única e fascinante aos olhos de quem a visita.


O sistema urbano adotado pelos portugueses na fundação de Paraty, no século XVII, foi engenhosamente planejado. As ruas foram construídas no nível do mar, com leve inclinação em formato de “V” voltada para o centro, enquanto as casas coloniais foram erguidas em terreno mais elevado. Essa técnica, além de aproveitar o fluxo das marés, permitia que as águas lavassem naturalmente as ruas, removendo resíduos e facilitando o escoamento do esgoto, uma solução prática para a higiene urbana em tempos coloniais.



Reza a lenda que as sinhás da época, temendo que os escravizados pudessem espiar pelas janelas baixas das casas, teriam solicitado o uso de pedras irregulares no calçamento. Assim, quem passava era obrigado a olhar para o chão para evitar tropeços e quedas, impedindo que olhares curiosos se voltassem para o interior das residências.


Verdade ou não, o fato é que o famoso calçamento de pé-de-moleque exige atenção dos visitantes até hoje, especialmente à noite, sob chuva ou depois de algumas taças de vinho, não é mesmo, FredLee? Caminhar por Paraty é uma experiência sensorial completa: o som das pedras sob os pés, o reflexo das fachadas nas poças d’água e o aroma do mar que se mistura ao ar da serra criam uma atmosfera única.


Sem dúvida, o centro histórico de Paraty é um verdadeiro museu a céu aberto, onde cada rua, fachada e detalhe arquitetônico conta um fragmento da história do Brasil colonial. Percorrer suas estreitas vias de pedra, entre o casario preservado que ocupa 33 quarteirões, é como voltar no tempo e imaginar os tempos áureos da cidade, quando Paraty era uma das mais prósperas vilas do litoral fluminense.


Pouco conhecida fora dos livros, Paraty foi a primeira cidade brasileira a conquistar autonomia política por escolha popular. Teve seu auge durante o Ciclo do Ouro, entre os séculos XVII e XVIII, quando se tornou ponto estratégico da rota que ligava as minas de Minas Gerais ao porto de exportação no litoral. Porém, com o declínio da mineração e a abertura de novas rotas, a cidade perdeu importância econômica e estratégica.

Com o Ciclo do Café, já no século XIX, Paraty viveu um breve renascimento. A produção e o comércio da cachaça artesanal, apelidada de “paraty”, tornaram-se motores da economia local. Nessa época, a cidade chegou a abrigar mais de 200 engenhos e casas de moenda, consolidando sua reputação como um dos principais centros produtores da bebida no Brasil.


Entretanto, em 1870, a inauguração da ferrovia Rio–São Paulo pelo Vale do Paraíba reduziu drasticamente o movimento pelas antigas rotas de tropeiros que cruzavam a Serra do Mar. O comércio estagnou e Paraty entrou em um longo período de isolamento econômico.

A situação se agravou após a Abolição da Escravatura, em 1888, que provocou um êxodo populacional. Dos cerca de 16 mil habitantes registrados em 1851, restaram, ao fim do século XIX, apenas cerca de 600 pessoas, em sua maioria idosos, mulheres e crianças. O abandono foi tão profundo que Paraty permaneceu praticamente desconectada do restante do país por décadas.

Enquanto o Brasil se modernizava e novas estradas surgiam, Paraty só podia ser acessada por mar, via Angra dos Reis, como nos tempos coloniais. Apenas por volta de 1950 tornou-se possível chegar por terra, através de uma estrada rudimentar vinda de Cunha (SP), que aproveitava parte do antigo Caminho do Ouro e do Café. Ainda assim, o trajeto só era viável em períodos de estiagem, tamanha a precariedade da via.

Paradoxalmente, esse longo isolamento foi o que preservou Paraty. Suas ruas de pedra, sobrados coloniais e tradições culturais sobreviveram quase intactos ao avanço urbano. Hoje, esse mesmo isolamento é reconhecido como o maior responsável por manter viva a alma da cidade, um lugar onde o tempo parece correr em outro ritmo, e onde passado e presente convivem em perfeita harmonia.

Um excelente local para se aprofundar na história e cultura de Paraty é o antigo sobrado situado na Rua Dona Geralda, número 194, uma das construções mais emblemáticas do centro histórico. O casarão, cuidadosamente preservado, abriga hoje a Casa da Cultura de Paraty, um espaço que guarda memórias, registros e expressões artísticas que contam a trajetória da cidade ao longo dos séculos.

O edifício é o único em Paraty que ostenta, acima da porta principal, uma cartela de madeira com a data de sua construção: 1754, tendo passado por ampliações em 1761 e 1860. Ao longo de sua história, o sobrado teve diversas funções: já serviu como residência, armazém, escola mista e até sede do Paratiense Atlético Clube, famoso no início do século XX por seus animados bailes e carnavais. Atualmente, o espaço se consolidou como um importante centro cultural, dedicado à valorização da memória e das manifestações artísticas locais.

Um detalhe curioso do casarão está em sua fachada superior, cuja simetria incomum remete a possíveis influências maçônicas. A disposição dos vãos segue uma lógica matemática precisa: o espaço entre a segunda e a terceira porta é o dobro do vão entre a primeira e a segunda, enquanto o intervalo entre a terceira e a quarta corresponde à soma dos dois anteriores, um toque de simbolismo e perfeição geométrica que traduz a riqueza arquitetônica de Paraty, RJ.

Casa da Cultura de Paraty
Uma casa para vivenciar a história, a arte, o patrimônio cultural e a biodiversidade de Paraty. Abraçada pelo centro histórico, em um casarão de 1754, a Casa da Cultura de Paraty é o principal equipamento cultural da cidade histórica e da região da Costa Verde.
Como chegar
Mapa e roteiro de como chegar na Casa da Cultura de Paraty partindo do centro de São Paulo – São Paulo – Brasil:
Contatos da Casa da Cultura de Paraty
- Endereço: Rua Dona Geralda, 194 – Centro Histórico | Paraty – Rio de Janeiro – Brasil
- Telefone: (24) 99238-4737
- E-mail: faleconosco@casadaculturaparaty.org.br
Para obter informações mais detalhadas, visite o site oficial da Casa da Cultura de Paraty.
Horários de Funcionamento
- Terça a sábado: das 10h às 20h
Valores de Ingresso
- Público em geral: Gratuito
Recomendamos verificar as tarifas antes da sua viagem, pois os valores podem ser alterados a qualquer momento.
Tempo Médio de Visitação
- 1 hora


Durante nossa visita à Casa da Cultura, soubemos que em 2019 Paraty e Ilha Grande (Angra dos Reis – RJ) foram reconhecidas pela UNESCO como Patrimônio Mundial Misto do Brasil, título concedido pela combinação singular entre o patrimônio cultural e a extraordinária biodiversidade da região. Existem apenas 38 bens mistos reconhecidos pela UNESCO em todo o mundo, mas o caso de Paraty e Ilha Grande é especialmente relevante: trata-se do primeiro bem vivo dessa categoria em toda a América Latina.


Diferentemente de outros sítios mistos do continente, como Machu Picchu, no Peru (que são ruínas), Paraty e Ilha Grande se destacam por serem territórios vivos, onde comunidades tradicionais mantêm práticas culturais, saberes e modos de vida em plena harmonia com a natureza. Essa coexistência entre herança cultural e riqueza ambiental torna a região um exemplo notável de sustentabilidade e preservação da identidade local.


A Casa da Cultura de Paraty oferece uma estrutura completa, com auditório, café cultural, salas de exposições e espaços destinados a projetos educativos, promovendo constantemente atividades que incentivam o contato com a arte, a história e o conhecimento.


No Salão Nobre, localizado no segundo andar do sobrado, acontecem exposições temporárias que destacam a produção artística regional e o legado histórico da cidade.


Durante nossa visita, o Salão Nobre da Casa da Cultura de Paraty abrigava a exposição “Saberes e Fazeres: Armazém Paraty”, uma mostra que retratava, por meio de objetos, fotografias e textos, os diferentes ciclos econômicos e culturais que moldaram a identidade paratiense, do ouro e do café à cachaça e ao turismo cultural.



Caminhar por essa exposição foi como percorrer a linha do tempo da cidade, em uma narrativa visual e afetiva.


Do segundo piso, a vista para os telhados e sobrados vizinhos oferece uma nova perspectiva do centro histórico, revelando de outro ângulo a harmonia das construções coloniais e a beleza serena de Paraty, emoldurada pelas montanhas e pelo mar.


Após esse mergulho na história e cultura local, deixamos o museu e seguimos explorando as encantadoras ruas de pedra do centro histórico de Paraty.


Caminhamos por mais alguns quarteirões, admirando a arquitetura colonial preservada, os coloridos das fachadas e o ritmo tranquilo que faz de Paraty um destino tão especial.


Como Paraty é uma cidade que respira arte em cada esquina, logo encontramos mais um espaço de criação: o Atelier do Dalcir, uma verdadeira celebração da arte e da criatividade caiçara.

Ali, tivemos o privilégio de acompanhar o artista Dalcir Ramiro em plena atividade, modelando uma nova obra com destreza e paixão. Suas mãos experientes davam forma à argila, transformando um simples pedaço de barro em escultura, um processo hipnotizante de dedicação e amor pela arte.


Dalcir aprendeu com antigas paneleiras locais o tradicional processo indígena de modelagem, secagem e queima da cerâmica, técnica que ele aprimorou ao longo dos anos, desenvolvendo seu próprio estilo e explorando novos materiais. Seu trabalho é reconhecido por unir tradição e contemporaneidade, preservando saberes ancestrais enquanto expressa a identidade paratiense em cada peça.


À medida que o entardecer se aproximava, as luzes do centro histórico começavam a se acender, e a vida noturna de Paraty ganhava forma entre músicos de rua, bares e restaurantes aconchegantes. Nos despedimos do talentoso mestre Dalcir Ramiro levando conosco a inspiração de sua arte e a sensação de ter presenciado um pouco da alma criativa da cidade.



Depois de percorrer vários quilômetros pelas ruas históricas, retornamos à pousada para um banho revigorante e, em seguida, saímos em busca das delícias gastronômicas típicas da região.


Para encerrar nossa visita com chave de ouro, escolhemos um restaurante escondido entre as ruelas do centro histórico e pedimos o prato típico local: o camarão casadinho. Com forte influência da culinária caiçara, a iguaria é uma explosão de sabores e aromas do mar. O nome “casadinho” vem do modo de preparo: dois camarões frescos unidos por um palito e recheados com farofa de camarão, criando uma combinação irresistível e marcante.

E, claro, estando na terra da boa cachaça, não poderíamos deixar de provar o clássico drink Jorge Amado. Feito com cachaça Gabriela, um licor aromatizado com cravo e canela, limão, maracujá e gelo, o coquetel é refrescante, perfumado e cheio de personalidade.

O nome do drink homenageia o escritor Jorge Amado e sua obra Gabriela, Cravo e Canela, que inspirou a novela homônima da TV Globo, gravada justamente em Paraty. Uma combinação perfeita de literatura, cultura e sabor para brindar uma viagem inesquecível. Saúde, e até amanhã!
Oba! Já são 2 comentários nesta postagem!
Muito bem colocado como sempre uma verdadeira aula de Cultura…belas fotos…Parabéns…
Valeu, abraços…
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