Brasil • Expedição 2020: Belas Rotas • Santa Catarina
De Moto pela Serra Dona Francisca e Rodovia Interpraias de Santa Catarina
3 de Novembro, 2020Explore as curvas sinuosas e vistas espetaculares da deslumbrante Serra Princesa Dona Francisca e da cênica Rodovia Interpraias em Santa Catarina.
Na alvorada de uma ensolarada terça-feira, nos despedimos da charmosa Guarda do Embaú, em Palhoça, Santa Catarina, ansiosos pelo dia que se anunciava repleto de aventuras. Nosso itinerário incluía a exploração da Praia da Pinheira, seguido de uma viagem pela cênica Rodovia Interpraias de Santa Catarina. O dia prometia ainda mais emoção com a ascensão pelas espetaculares Serra Princesa Dona Francisca e Serra da Santa, esta última já no território paranaense.
Iniciamos nossa jornada a bordo da Formosa, rodando poucos quilômetros pelas irregulares ruas de paralelepípedo até alcançar a encantadora Praia da Pinheira, ainda dentro dos limites do município de Palhoça – SC.
Fizemos uma parada rápida na Praia da Pinheira para absorver a beleza deste tradicional destino do litoral catarinense. Após um breve momento de admiração, retomamos nossa viagem a bordo da Formosa.
Logo após, acessamos a rodovia BR-101, tomando a direção norte em busca de novas paisagens e experiências.
Ao nos aproximarmos da capital catarinense, Florianópolis, especialmente perto do entroncamento da rodovia BR-282 com a BR-101, enfrentamos um congestionamento intenso que começou a se formar à nossa frente.
Com os veículos praticamente imobilizados em um extenso congestionamento, não tivemos escolha senão avançar pelo corredor entre as filas de carros — uma experiência que, ironicamente, não nos fazia falta alguma.
Com atenção redobrada, manobramos a Formosa cuidadosamente entre os veículos. Agradecemos mentalmente aos motoristas que colaboravam, mantendo o corredor livre e largo, enquanto, em silêncio, lamentávamos aqueles que pareciam estreitar o espaço propositalmente. Mesmo assim, seguimos em frente.
Além de rodar pelo corredor, erguemos as antenas corta-pipa, precauções que raramente precisamos tomar em cidades do interior, como Erechim – RS, onde atualmente residimos.
Entre uma presepada e outra no corredor, acabamos acessando Floripa, um desvio não planejado, mas que, de alguma forma, a Formosa pareceu escolher por nós.
Antes de iniciarmos a viagem, a Formosa passou por uma revisão completa e recebeu uma carga lenta na bateria. No entanto, desde o início da Expedição 2020: Belas Rotas, notamos pequenos sinais ao ligar a moto que indicavam que a bateria talvez não estivesse devidamente carregada.
Como qualquer componente, a bateria também tem uma vida útil definida, e a que estava em uso na Formosa datava de 2017. Ela substituiu a antiga bateria que falhou inesperadamente numa chuvosa manhã de domingo de Páscoa no Rio Grande do Sul, um evento memorável em nossas viagens (relembre aqui).
Traumatizados com aquele incidente desafiador, quando vivenciamos a difícil situação “até que o guincho nos separe”, optamos por não arriscar mais. Assim sendo, decidimos entrar em Florianópolis em busca de uma nova bateria para a Formosa, garantindo que estaríamos preparados para evitar quaisquer problemas futuros na estrada.
Tendo vivido na Ilha da Magia por quatro anos, não tivemos dificuldades em localizar o estabelecimento onde poderíamos adquirir a nova bateria. Conhecendo bem as ruas de Florianópolis, chegamos rapidamente ao lugar certo para encontrar essa peça tão essencial: a Mecânica Paulista Harley-Davidson, de nosso amigo Judeu.
Com a nova bateria em mãos, nos encarregamos de remover as bagagens da grelha, desparafusar os bancos e proceder com a substituição. Esse processo meticuloso garantiu que a Formosa estivesse pronta para retomar nossa jornada com segurança e confiabilidade.
Com a Formosa renovada e mais esperta do que nunca, fizemos meia volta e deixamos Florianópolis, sem sequer acessar a ilha. Estávamos prontos para continuar nossa aventura, agora com a certeza de que a moto estava em perfeitas condições.
De volta à BR-101, seguimos sentido norte, rodando em meio a um intenso fluxo de veículos, preparados para as novas etapas de nossa viagem.
Dado que o tema da nossa moto expedição deste ano é explorar algumas das mais belas rotas nacionais, era essencial incluir a Rodovia Interpraias de Santa Catarina em nosso itinerário.
A Rodovia Interpraias, também conhecida como Avenida Interpraias, estende-se por aproximadamente 14 quilômetros, conectando as cidades catarinenses de Itapema e Balneário Camboriú. Esta rota cênica é um dos destaques da região, oferecendo vistas espetaculares do litoral e acesso direto a diversas praias encantadoras.
Ao longo do trajeto da Rodovia Interpraias, que serpenteia majoritariamente ao longo da costa, atravessamos seis deslumbrantes praias de Balneário Camboriú: Estaleirinho, Estaleiro, Pinho, Taquaras, Taquarinhas e Laranjeiras. Cada uma oferece uma experiência única, com cenários que variam de enseadas tranquilas a faixas de areia vibrantes, proporcionando vistas panorâmicas do oceano.
Ao longo da Rodovia Interpraias, diversos mirantes oferecem vistas privilegiadas da beleza natural da região, permitindo aos viajantes apreciar a exuberante paisagem costeira e o horizonte marítimo, enriquecendo a experiência de percorrer uma das rotas mais cênicas do Brasil.
Cercada por íngremes morros, a Avenida Interpraias é uma estrada asfaltada, sinuosa e estreita, um percurso que merece ser feito com calma para aproveitar ao máximo a paisagem e a experiência de dirigir por uma das vias mais pitorescas do litoral brasileiro.
Em vários trechos da Rodovia Interpraias, encontram-se áreas de estacionamento que nos proporcionaram a oportunidade de parar, esticar as pernas e desfrutar do magnífico visual. Essas paradas oferecem um momento de pausa ideal para absorver a beleza natural da região e capturar fotos memoráveis.
Esta foi a segunda vez que a Formosa percorreu a Rodovia Interpraias, e curiosamente, na primeira visita, no ano de 2016, ela foi a estrela de um ensaio fotográfico (reveja aqui).
Rodeados por um cenário espetacular e imersos em momentos de devaneio, percorremos os últimos quilômetros da Rodovia Interpraias, deixando-nos levar pela beleza natural e pelas memórias criadas ao longo desta encantadora estrada litorânea.
Em pouco tempo, encontramo-nos na área central de Balneário Camboriú – SC.
Ao adentrarmos no centro de Balneário Camboriú, fomos envolvidos por um cenário de contrastes marcantes: de um lado, enormes edifícios modernos e luxuosos se erguem, enquanto, de outro, charmosos e simples casarões de época resistem ao tempo, mostrando a evolução arquitetônica da cidade.
Após percorrer um trecho da Avenida Atlântica, com sua vista deslumbrante para a orla, retornamos à movimentada BR-101, prontos para continuar nossa jornada após a rápida incursão pelo coração de Balneário Camboriú, SC.
Embora já tenhamos percorrido várias vezes o trecho da BR-101 entre Florianópolis e Joinville, desta vez o tráfego estava excepcionalmente pesado, superando nossas experiências anteriores.
E, na nossa mais pura inocência, imaginamos que o trânsito estaria mais tranquilo hoje, por ser um dia útil logo após um feriado nacional. Infelizmente, nossas expectativas não se confirmaram, e nos deparamos com um fluxo intenso de veículos.
Chegando perto de Joinville – SC, um cenário já conhecido nos aguardava: a chuva. Parecia estar pacientemente à nossa espera, mas desta vez estávamos preparados. Antecipando-nos, paramos antes de ela começar para vestir nossas capas de chuva, evitando assim ficar molhados.
Impressionante como, em praticamente todas as nossas visitas a Joinville, somos recebidos pela chuva. Parece quase uma tradição que, independentemente da época do ano, Joinville nos saúda com suas gotas refrescantes.
Ao nos aproximarmos da notoriamente chuvosa Joinville, carinhosamente apelidada por nós de Chuvaville, Rainville, e Lluviaville, deixamos a BR-101 e seguimos pela rodovia SC-418, prontos para uma nova etapa de nossa jornada.
Assim que nos distanciamos um pouco da área central de Joinville, a chuva cessou, e o céu azul começou a embelezar ainda mais o cenário. Agora, cercados por enormes montanhas, pudemos apreciar a paisagem deslumbrante que se desdobrava diante de nós.
O motivo pelo qual escolhemos a rodovia SC-418 é para percorrer de moto a Serra Princesa Dona Francisca, também conhecida simplesmente como Serra Dona Francisca.
A Serra Dona Francisca é uma linda estrada nacional que serpenteia pela Mata Atlântica, com uma sequência de curvas fechadas que exigem atenção e respeito dos motoristas. Esta rota oferece uma experiência de condução desafiadora, emoldurada pela beleza natural exuberante da região.
Em meio a um cenário espetacular, a Serra Dona Francisca se destaca com suas 8 curvas de 180 graus, concentradas em um trecho de apenas 4 quilômetros. Esta característica torna a condução particularmente emocionante e a vista, simplesmente memorável.
Após conquistarmos os 20 quilômetros de subida pela Serra Dona Francisca, fizemos o retorno e descemos pelo mesmo caminho. Quem viaja de moto compreenderá o prazer que é percorrer serras sinuosas, cada curva trazendo sua própria emoção e desafio.
Durante a descida, aproveitamos para fazer uma breve parada no Mirante da Serra Dona Francisca. Este ponto oferece uma vista panorâmica impressionante da região, permitindo-nos absorver a vastidão e beleza natural do entorno em toda a sua glória.
O nome Serra Dona Francisca foi uma homenagem à princesa Francisca Carolina, irmã de Dom Pedro II, que possuía a Colônia Dona Francisca na região. A estrada foi aberta em 1858, durante um período em que a colonização impulsionava o desenvolvimento das áreas rurais do Brasil.
O traçado original da Serra Dona Francisca permanece inalterado até os dias atuais, preservando não apenas sua configuração histórica, mas também o charme e a autenticidade da época em que foi construída.
Além da preservada Mata Atlântica que margeia a rodovia, o cenário é enriquecido por belas casas construídas no estilo enxaimel e diversos alambiques onde se produz cachaça artesanal. Esses elementos adicionam um charme rústico e cultural à paisagem, refletindo as tradições locais e a rica história da região.
Assim que chegamos ao pé da serra, fizemos uma parada às margens da rodovia para retirar as capas de chuva. Com o clima abafado e a ausência de chuva, era incômodo continuar com as vestimentas impermeáveis, pois nos sentíamos como se estivéssemos cozinhando dentro delas.
Ao nosso redor, notamos que, em um ponto específico da cadeia montanhosa, destacava-se uma linda cachoeira. A visão desse espetáculo natural adicionava ainda mais beleza à paisagem já impressionante, marcando um momento memorável de nossa jornada.
Com a cachoeira devidamente fotografada e as capas de chuva guardadas na mochila, retomamos nossa viagem, voltando a percorrer a BR-101.
Continuando pela BR-101, sabíamos que era apenas uma questão de tempo até reencontrarmos a chuva. No entanto, dada a alta temperatura, decidimos adiar a próxima parada para recolocar as capas de chuva, aproveitando enquanto o tempo ainda permitia uma viagem mais confortável.
À medida que nos aproximávamos da divisa entre Santa Catarina e Paraná, o céu foi rapidamente se tornando um manto de nuvens densas, prenunciando a iminência de chuva intensa na região.
Logo após cruzarmos para o território paranaense, fomos recebidos pelos primeiros pingos de chuva.
À medida que a chuva intensificava, optamos por continuar nossa viagem sem as capas de chuva, aproveitando o frescor proporcionado pela água, mantendo o espírito aventureiro da jornada. A sensação refrescante compensava, e a estrada nos convidava a seguir em frente, mesmo sob condições mais úmidas.
Chegando no alto da Serra da Santa, fizemos uma parada estratégica em um posto de combustíveis, e foi nesse momento que um verdadeiro temporal se desencadeou. Os raios e trovões eram tão intensos que pareciam multiplicados por dez. Ficamos abrigados no posto, esperando a tempestade diminuir sua ferocidade. Assim que os raios e trovões se acalmaram, retomamos a viagem, agora enfrentando chuva acompanhada de fortes ventos. Ao chegar em Quatro Barras – PR, testemunhamos as consequências de uma recente chuva de granizo que havia se acumulado nas ruas e calçadas, e o poder destrutivo do temporal era evidente nos toldos e placas danificados espalhados pelo chão.
Por sorte, que parece sempre nos acompanhar em nossas aventuras, conseguimos escapar do pior do temporal de granizo. Agora, é hora de descansar e recuperar as energias, porque amanhã prometemos mais descobertas pelas belas estradas brasileiras. E aí, alguém tem um palpite sobre qual será nossa próxima rota? Deixem seus comentários e tentem adivinhar!
Acima o mapa com o trajeto percorrido no dia entre a Guarda do Embaú em Palhoça – SC é Quatro Barras – PR.
Oba! Já são 2 comentários nesta postagem!
Sensacional a Interpraias e Dona Francisca, belas imagens. Eu acho que vocês, no PR, vão descer até Morretes pela Serra da Graciosa, hehehe…..
Uma estrada que não fiz foi o Rastro da Serpente até Adrianópolis (PR~SP), mas certo dia chegará.
Agora então…..bom descanso !
Abraços.
Belo palpite Fernando, acertou em cheio! Amanhã pretendemos descer e subir a Serra da Graciosa, ainda desconhecida pela Formosa.
Com relação ao Rastro da Serpente, o fizemos no primeiro dia da Expedição 2018: Tapajós – Amazonas, mas por se tratar de uma rodovia emblemática e cercada por belas paisagens, devemos voltar a serpentear por suas fechadas curvas nos próximos dias da Expedição 2020: Belas Rotas.
Valeu, abraços…
Estamos ansiosos para ler tudo aquilo que tu tem para dizer! É chegado o momento de abrir este coração e compartilhar tua opinião, crítica (exceto algo desfavorável à imagem da Formosa), elogio, filosofar a respeito da vida ou apenas sinalizar que chegou até aqui ;)
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