Bom dia Erechim!
E com esse espetacular nascer do Sol, iniciamos o sábado.
Após um longo e tenebroso inverno período longe das estradas, hoje decidimos matar as saudades da rodovia, dos passeios e, claro, da Formosa.
Vestimos as empoeiradas jaquetas, calçamos as botas, colocamos os capacetes e partimos pela rodovia BR-480 sentido Chapecó.
Como estamos um pouco fora de forma, afinal nosso último passeio foi no dia 15 de março, os primeiros quilômetros foram vencidos com certa cautela.
E desta forma passamos por Barão de Cotegipe, São Valentim e Erval Grande.
De Erval Grande até a ponte que liga o estado do Rio Grande do Sul com Santa Catarina (cerca de 20km) o asfalto apresenta diversos buracos consideravelmente grandes, exigindo atenção redobrada.
Já os últimos quilômetros da rodovia federal em solo gaúcho (aproximadamente 5km) estão em obras e por acaso do destino no sentido em que estávamos o pavimento novo já está concluído, restando as pedras soltas e o piso riscado no aguardo de uma nova camada de asfalto na direção oposta.
Logo cruzamos as águas do Rio Uruguai e adentramos em Santa Catarina.
Em questão de minutos estávamos no centro de Chapecó e, claro, pegamos todos os semáforos no vermelho.
Ao menos aproveitamos essas breves pausas para observar o que tem ao nosso redor, além de fritar as pernas (e os ovos no caso do FredLee e eu) com o calor que sobe pelo motor refrigerado a ar da Formosa.
Pois bem… vida que segue.
Deixamos Chapecó pela SC-283 e passamos a rodar pelas sinuosas, estreitas e belas rodovias que cortam as serras do oeste catarinense.
Cruzamos a ponte sobre o Rio Irani, que faz a divisa entre Chapecó e Arvoredo.
E entre uma curva fechada e outra a Formosa ia se soltando.
Deitando com elegância nas curvas e com o motor cheio nas retomadas, gerando um agradável e admirável ronco do Twin Cam, ela bailava e nos conduzia suavemente pelas estradas catarinenses.
Ah… quantas saudades estávamos de momentos como estes, acompanhados pela paisagem da qual fazemos parte, do cheiro do asfalto, do sentimento de calor por debaixo das pesadas roupas de viagem que é amenizado com o vento que nos dá a sensação de liberdade, a mesma liberdade que uma ave possui ao voar quando bem entender, para a direção que quiser, curtindo o visual e observando tamanha beleza existente neste plano onde fomos agraciados e presenteados a viver.
Estamos de volta ao jogo!
Ao chegar em Seara uma enorme fila formada por um caminhão que acessava a cidade a uma velocidade bastante reduzida devido ao acentuado declive que antecede o centro interrompeu o devaneio e nos trouxe de volta à realidade.
E nos fez lembrar que este é um blog de motoqueiros malvadões, vamos deixar o romantismo de lado e seguir ao que interessa.
Como é comum na grande maioria das cidades brasileiras em um sábado pela manhã, o trânsito no centro de Seara estava movimentado, mas por ser uma cidade não muito grande logo vencemos o tráfego e acessamos a rodovia SC-155.
Percorremos cerca de 20km pela rodovia estadual até chegar ao destino a ser visitado hoje: Itá, a Capital do Paraíso!
Tão logo chegamos já estacionamos a Formosa no trevo de acesso à cidade.
No local que se destaca por um letreiro com o nome do município acompanhado por seu mapa fica o centro de informações turísticas e uma galeria com diversas lojas, as quais estavam fechadas devido às circunstâncias atuais.
Ali também está exposto um caminhão Wabco, modelo W-50, o qual foi utilizado na construção da Usina Hidrelétrica Itá.
O veículo, ano 1973, pesa 33.500 quilos, tem 700 HP de potência e é equipado com pneus de dois metros de diâmetro.
Após fotografar o enorme caminhão acessamos o centro da cidade.
Os primeiros colonizadores de Itá, em sua maioria descendentes de italianos e alemães, partiram da Estação Barro, atual Gaurama – RS, atravessaram diversos povoados e após vencer cerca de 60km por uma picada chegaram ao local que foi fundado em 1919 sob o nome que permanece até os dias atuais, e que na língua tupi-guarani significa Pedra.
Na ocasião a localidade pertencia a Cruzeiro (atual Joaçaba – SC) e assim permaneceu até o ano de 1956, quando foi emancipada.
Itá está a 520 metros do nível do mar, distante aproximadamente 500km da capital Florianópolis e abriga atualmente cerca de 7.000 habitantes.
Com a Formosa devidamente estacionada sob uma sombra no centro de Itá, iniciamos nossa caminhada pela Praça Dr. Aldo Ivo Stumpf.
A praça, também conhecida como Praça Central, é arborizada, florida e muito bem preservada.
Nela fica a pedra fundamental da cidade, a qual teve seu lançamento no ano de 1981.
Caso você esteja se perguntando como uma cidade que foi emancipada em 1956 teve sua pedra fundamental lançada apenas em 1981, aguarde… logo revelaremos este mistério.
Nos arredores da principal praça da cidade fica a prefeitura.
A edificação dos Correios.
E a igreja matriz.
Inaugurada em 1994, a Igreja São Pedro Apóstolo se destaca por sua arrojada arquitetura.
Seu interior é amplo e iluminado por belos vitrais.
Ao lado do templo católico está um mural que traz a imagem da atual igreja e das três construções que a antecederam.
Pois bem, a entrada da cidade abriga um caminhão usado na construção de uma usina hidrelétrica, a pedra fundamental do município foi lançada após sua emancipação e a terceira imagem no mural exposto ao lado da igreja matriz traz a figura de uma igreja e ao lado um desenho onde estão visíveis apenas o topo de suas duas torres cercadas por água…
E com essas pistas chegamos à conclusão do mistério.
Em 1996 iniciou-se a construção da Usina Hidrelétrica Itá, a qual foi concluída no ano 2000.
O desvio das águas do Rio Uruguai, bem como o aumento de seu volume, ocasionados pela construção da hidrelétrica fizeram com que toda a cidade de Itá ficasse submersa, obrigando a totalidade de sua população (cerca de 15.000 pessoas na época) a mudar de lugar para seguir a vida.
Assim sendo, a atual cidade foi totalmente planejada, construída e inaugurada em 1996.
O lago formado pelo represamento das águas do Rio Uruguai ocupa a extensão de 141 km² e inundou áreas de 11 municípios, sendo sete pertencentes ao estado de Santa Catarina e quatro ao Rio Grande do Sul.
Ao chegar no Belvedere Dona Roma temos uma vista parcial do enorme lago, que por um lado inundou as lembranças, histórias e sonhos de muitos moradores, mas por outro despertou a vocação para o turismo local, através da perfuração de um profundo poço do qual brotam águas com excelentes qualidades e de razoável termalidade.
Além da construção do Parque Thermas Itá, as águas do belíssimo lago localizado às margens da nova cidade proporcionam diversas atividades, como passeios de barco, lancha, moto aquática, pedalinho, canoagem e stand up paddle.
Estas atividades somadas às opções radicais como tirolesa, arvorismo, quadriciclo e paintball, aos atrativos culturais, belezas naturais e a excelente estrutura oferecida aos visitantes que vão até Itá fazem da cidade um dos principais polos turísticos do estado catarinense.
Após vislumbrar a vista através do mirante Dona Roma encontramos um local excelente para sentar, relaxar e degustar os lanches que levamos para almoçar.
Ao som dos pássaros e das folhas que lentamente se desprendiam dos galhos e seguiam até o chão nos alimentamos.
E na sequência voltamos a caminhar.
Passamos pelo CDA – Centro de Divulgação Ambiental, mantido pelo Consórcio Itá, que dentre tantas atividades oferece a caminhada por uma trilha denominada Trilha do Serelepe, que no momento não está aberta para visitação.
E depois chegamos na Casa da Memória – Casa Camarolli.
Museu Casa Camarolli – Casa da Memória
Local: Avenida Tancredo Neves, 1950 | Centro | Itá – SC
Telefone: (49) 3458-1047
E-mail: cultura@ita.sc.gov.br
Funcionamento: Todos os dias das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h30
Ingresso: Gratuito
A Casa Camarolli é um dos testemunhos mais significativos da arquitetura que os descendentes de imigrantes italianos implantaram em Itá.
A charmosa residência foi construída por Felipe Camarolli e Guilherme Ludovico Otto Stentzler entre os anos de 1945 e 1946.
Como a construção ficava no centro da cidade velha, a qual ficou submersa, ela foi realocada para sua atual localização em 1997 e nos dias de hoje abriga um museu, que por conta da pandemia estava fechado.
Seu interior conta com um espaço dedicado aos pioneiros, peças sacras e objetos típicos da cozinha de descendentes italianos e alemães.
Ao lado da Casa da Memória fica outra importante edificação, a Casa Alberton.
Museu Casa Alberton
Local: Praça Luís Sartoretto, 17 | Centro | Itá – SC
Telefone: (49) 3458-1047
E-mail: cultura@ita.sc.gov.br
Funcionamento: Todos os dias das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h30
Ingresso: Gratuito
Este imponente casarão é um remanescente da arquitetura típica alemã da velha cidade de Itá.
Construída na década de 1930, a edificação foi usada como moradia da família e funcionava como comércio (armazém de secos e molhados). Também foi realocada em 1997.
Entre as duas antigas casas está a réplica da antiga igreja matriz.
A obra de autoria do artesão itaense Otto Ernesto Gebauer foi concluída no ano de 2003.
Encerrando nossa caminhada pela área central de Itá fomos até a Estação Galeria, de onde partem a tirolesa e o funicular.
O local também abriga uma lanchonete, loja de souvenirs e um mirante com vista parcial da cidade e do lago.
Após a pernada fomos resgatar a Formosa, que permanecia isolada, repousando sob a sombra de uma bela árvore.
Seguimos então pelas estradas municipais.
Passamos ao lado do Aqua Parque Itá Thermas, um complexo turístico que conta com equipe de monitores e guarda vidas treinados, 12 piscinas para crianças e adultos com água termo mineral, bar molhado, restaurante, hamburgueria e pastelaria.
Depois passamos em frente ao Camping Aqua Parque, que abrange uma ampla área arborizada com espaços para acampamento, banheiros, churrasqueiras e quiosques, além de oferecer passeios de quadriciclos.
E na sequência pelo Itá Eco Turismo, onde é possível se aventurar pela tirolesa, funicular, arvorismo, trilhas ecológicas e paintball.
Passamos ainda ao lado das quadras de saibro onde ocorrem os tradicionais torneios de tênis da cidade.
E fomos em direção à Prainha de Itá.
A pequena praia foi cuidadosamente projetada e conta com uma faixa de areia de 2.000 metros quadrados.
O local é equipado com banheiros, bar, choupanas, rampa, trapiche e área de estacionamento.
Na alta temporada é possível alugar pedalinhos, jet ski e passear de barco, escuna ou lanchas que partem da prainha.
Depois passamos pelo Porto de Itá.
E seguimos em direção às torres da antiga igreja matriz.
Eis que chegamos ao principal cartão postal da cidade.
A Igreja São Pedro Apóstolo foi inaugurada em 1956 e suas duas torres são as únicas estruturas que restaram e permanecem visíveis da antiga cidade de Itá.
Elas são um marco para a cidade, não somente por ser um símbolo turístico, mas também por representar a história, cultura, fé e coragem do povo itaense.
É possível acessar a pequena ilha formada ao redor das torres através do passeio de barco.
Após conhecer o principal atrativo turístico da cidade seguimos até a Vinícola e Cachaçaria Família Quadros.
Vinícola e Cachaçaria Família Quadros
Local: Rodovia SC 154, Km 20 | Centro | Itá – SC
Telefone: (49) 3458-1047
E-mail: atendimentofamiliaquadros@gmail.com
Funcionamento: Quarta a sábado das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h00 | Domingo das 9h00 às 12h00 e das 13h30 às 15h30
Ingresso: Gratuito
O empreendimento familiar que produz, além de vinhos e cachaças, geleias, doces, licores e outras gostosuras, comercializa produtos regionais e conta ainda com pousada, bistrô e museus.
É possível fazer uma visita guiada pelas dependências do local, visitando o engenho de cachaça, engenho de farinha, vinícola e outras áreas, mas como o dia estava extremamente quente, nos contentamos em conhecer apenas a loja.
E o Museu da Garrafa, onde estão expostas mais de mil garrafas de origem nacional e internacional, incluindo peças raras.
Da vinícola voltamos a rodar e seguimos até o Mirante da Usina.
O Mirante Vertedouro da Usina proporciona uma privilegiada vista para as seis comportas do vertedouro, que infelizmente estavam fechadas.
Do outro lado da barragem é Aratiba, Rio Grande do Sul.
Por fim encaramos um pequeno trecho de estrada de terra para conhecer o Empório do Mirtilo.
Empório do Mirtilo
Local: Estrada Municipal Itá 21 | Linha Simon | Itá – SC
Telefone: (49) 3458-2070 | (49) 99904-0535
E-mail: contato@emporiodomirtilo.com.br
Site: http://www.emporiodomirtilo.com.br/
Funcionamento: Segunda a sexta das 8h00 às 12h00 e das 14h00 às 18h00 | Sábado, domingo e feriados das 9h00 às 12h00 e das 15h00 às 18h00
Ingresso: Gratuito
Localizado na área rural do município e bem próximo ao Lago de Itá, o Empório do Mirtilo produz, como parece bastante óbvio, os saborosos mirtilos, também conhecidos como blueberry.
Além do pomar (onde é possível praticar o colha e coma em épocas de colheita, as quais iniciam no fim de setembro), o local conta com uma loja onde são comercializados diversos produtos a base de mirtilo e outras frutas finas, como amora, framboesa, morango e phisalys.
Ali aproveitamos para nos refrescar com um gelado néctar de mirtilo, tendo como cenário o Lago de Itá.
Hidratados e revigorados voltamos a vestir os trajes de viagem e subimos na Formosa para iniciar nosso retorno a Erechim.
Logo que acessamos a rodovia SC-154 em direção a Concórdia conseguimos avistar as duas torres da antiga igreja matriz.
E desta forma nos despedimos da pequena e charmosa Itá, que nos impressionou não somente pela quantidade de atrativos turísticos e ótima infraestrutura, mas também pela receptividade e forma como a cidade é mantida, muito limpa, organizada e florida.
Como bons moto viajantes é claro que retornamos por outro trajeto.
Sob a vigilância da Lua passamos pelo centro de Concórdia, que estava bem tranquilo no fim do dia.
E acessamos a movimentada rodovia BR-153, conhecida como Rodovia Transbrasiliana.
Que nos levou até a divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul.
Já em solo gaúcho fizemos uma breve pausa para nos hidratar e fotografar a Formosa tendo a ponte sobre o Rio Uruguai como plano de fundo.
E no fim do dia chegamos em Erechim.
Iniciamos o dia assistindo o Sol nascer e o encerramos apreciando o Sol se pôr.
Por fim rodamos 330km em nosso retorno às estradas, nada mal para quem estava enferrujando. Trajeto percorrido no dia:
Que venham novos passeios!
Oba! Já são 6 comentários nesta postagem!
Estive em Itá entre os dias 29 e 31 de dezembro de 2020! Realmente é linda ! Adorei ver estes registros de viagem! Tem tanta coisa pra ver que vou voltar mais vezes! É um lugar relaxante e convidativo! Quem não conheceu vsle a pena conhecer! Também adorei Itá! Moro em Xaxim e fui por Arvoredo,pegamos depois a br 155! Paisagem maravilhosa! Quem ainda não conhece fica a dica: Itá surpreende…
Concordamos Rosimary, Itá é uma cidade linda e bem preparada para receber os turistas. Valeu, abraços.
Um belo passeio para o esperado retorno.
Valeu Fábio! Abraços ;)
Muito bonita esta região, foi um belo passeio…
Bonita região mesmo e o dia colaborou. Abraços…
Estamos ansiosos para ler tudo aquilo que tu tem para dizer! É chegado o momento de abrir este coração e compartilhar tua opinião, crítica (exceto algo desfavorável à imagem da Formosa), elogio, filosofar a respeito da vida ou apenas sinalizar que chegou até aqui ;)
Mas atenção, os campos marcados com * são de preenchimento obrigatório, pois assim mantemos (ou tentamos manter) o blog bonitinho, livre de robôs indevidos.
Ah, relaxe, seu endereço de e-mail será mantido sob sigilo total (sabemos guardar segredos, palavra de escoteiro) e não será publicado.