Argentina • Expedição 2019: Salta – Jujuy – Tucumán • Jujuy • Maimará • San Francisco de Tilcara • Tumbaya
Dia 09: San Salvador de Jujuy – Jujuy – Argentina a San Francisco de Tilcara – Jujuy – Argentina
21 de Setembro, 2019Logo após desayunar no hotel em San Salvador de Jujuy carregamos a Formosa e pegamos estrada sentido norte.
Voltamos a rodar pela Ruta Nacional 9, que da capital provincial até a cidade de Yala é duplicada e na sequência volta a ser de pista simples.
Poucos quilômetros adiante paramos para conhecer o Mirador del Río Grande y el Puente de Jaire.
Ali percebemos que as cinzentas nuvens que nos acompanhavam desde San Salvador de Jujuy estavam ficando para trás, dando espaço a um belo céu azul na direção para onde estamos seguindo (alegria de todo motociclista).
O mirante, que fica às margens da rodovia, proporciona uma bela vista do Rio Grande.
Embora agora o rio se resuma a um pequeno filete de água que corre abrindo caminho entre as inúmeras pedras, em determinadas épocas do ano ele faz jus ao nome e se transforma em um caudaloso e importante rio.
Após apreciar o belo visual voltamos à estrada.
Passamos por León.
E seguimos costeando uma maravilhosa montanha.
Ao passo que perdemos o Rio Grande de vista e começamos a subir serpenteando a montanha.
O curto trecho sinuoso nos fez ultrapassar os 2.000 metros de altitude, lembrando que San Salvador de Jujuy está a 1.250 metros acima do nível do mar.
Passamos então por Volcán.
E adentramos na Quebrada de Humahuaca, um vale andino com aproximadamente 150km de extensão.
Com este cenário fantástico chegamos em Tumbaya.
A pequena e pitoresca cidade, que conta com menos de 500 habitantes, fica a cerca de 2.100 metros do nível do mar e abriga uma reconhecida escola de gastronomia especializada em comida andina.
Tumbaya representa bem os vilarejos da região, com construções de adobe em estilo colonial.
Uma vez no centro da cidade estacionamos a Formosa ao lado da Plaza General Manuel Belgrano.
Na praça existe uma estátua em homenagem a San Francisco Solano.
E um monumento simbolizando um padre abençoando um nativo.
Em frente à praça fica a Iglesia Nuestra Señora de los Dolores.
A pequena igreja foi construída em 1796 e é tombada como Monumento Histórico Nacional.
Uma pena estar fechada.
Deixamos Tumbaya e voltamos para a RN 9 cercados por coloridas montanhas.
Passamos por um controle policial, muito comum na Argentina.
E logo depois pelo entroncamento com a Ruta Nacional 52.
Mas seguimos pela Ruta 9.
As paisagens nesta região acompanhadas por um asfalto em bom estado de conservação e o baixo fluxo de veículos deixam a pilotagem mais prazerosa.
É muito comum cruzarmos com outros motociclistas.
Alguns quilômetros adiante paramos para conhecer o Museo Posta de Hornillos, já em Maimará.
Museo Posta de Hornillos
Local: Ruta Nacional 9 – Km 73 | Quebrada de Humahuaca | Maimará – Jujuy – Argentina
Telefone: +54 0388 499-7038
Funcionamento: Segunda a domingo das 9h00 às 18h00
Ingresso: $ 50
Tempo médio de visitação: 30 minutos
Ali aprendemos que posta era um local de parada de viajantes (tropeiros), o qual contava com hospedagem, área para alimentação e troca de cavalos.
Atualmente o local abriga um museu, o qual foi inaugurado em 1979.
A casona colonial foi construída por Gregorio Álvarez Prado em 1772, se transformou em quartel do general Manuel Alvarez Prado durante as guerras de independência da Argentina e foi ponto de descanso de importantes personagens como Manuel Belgrano, Martin Miguel de Güemes, Antonio Belcarce, Juan José Castelli e José Rondeau.
Com paredes de adobe, a Posta de Hornillos conta com 19 habitações dispostas em torno de três pátios, além de outras dependências menores.
O acervo do museu é composto por armas antigas, móveis dos séculos XVIII e XIX e peças de civilizações pré-colombianas.
O local foi também um território habitado por antigas civilizações, tanto é que a poucos metros da casa se encontra o sítio arqueológico Pucará de Hornillos.
Em um dos pátios do museu vimos um cacto da espécie Echinopsis Atacamensis Pasacana, o qual é muito comum nesta região e segundo nos informaram cresce cerca de 1cm por ano.
Não bastasse o centenário cacto, no local é possível apreciar uma bela árvore com mais de 350 anos.
Nos arredores da casa tem uma pequena capela, a Capilla de la Posta de Hornillos.
Próximo da capela existe um manancial natural, onde é possível presenciar a água brotando da terra de forma pura e cristalina.
Provavelmente este é o principal motivo dos povos antigos terem instalado ali seu Pucará e posteriormente a Posta.
Após o passeio pelo local voltamos a rodar pelas estradas argentinas.
E em poucos minutos chegamos na cidade de Maimará.
Ali paramos às margens da rodovia para conhecer o Mirador el Monolito.
Maimará, que no idioma omaguaca significa Estrela que cai, é uma cidade com aproximadamente 5.000 habitantes.
A cidade é cercada por magníficas montanhas coloridas, dentre elas a conhecida Paleta del Pintor.
Tons de marrom, vermelho, amarelo, ocre e salmão colorem o acidente geográfico de milhões de anos e nos remetem a uma palheta de pintor, o que explica a origem de seu nome.
O cenário é realmente lindo!
Após contemplar a obra de arte natural acessamos o centro da cidade.
Onde fomos conhecer a Iglesia Nuestra Señora de la Candelaria, construída em 1924.
A igreja, que infelizmente estava fechada, fica em frente à praça central da cidade.
Que por sua vez é rodeada por construções de adobe tendo como plano de fundo La Paleta del Pintor.
Como estava próximo do meio dia aproveitamos para almoçar e, claro, experimentamos outra comida típica regional, desta vez os sorrentinos de pollo.
A saborosa massa, acompanhada por molho de tomate e queijo ralado, tem o formato de um chapeuzinho arredondado com abas curtas e lembra o ravioli, ou ainda o pierogui, e tem diversas opções de recheio. O sabor escolhido na ocasião foi frango.
Após o almoço voltamos a rodar pela área central de Maimará.
E nos despedimos da cidade com uma foto do Cementerio Nuestra Señora del Carmen.
Seguimos viagem pela Ruta Nacional 9.
Até chegarmos no destino do dia, San Francisco de Tilcara, ou simplesmente, Tilcara.
Após abastecer a moto no posto YPF que fica no principal acesso da cidade cruzamos a ponte sobre o Rio Grande.
E fomos direto ao hotel, onde deixamos a Formosa estacionada, trocamos de roupa e então iniciamos uma caminhada pela famosa cidade da Quebrada de Humahuaca.
Tilcara é um dos mais importantes centros turísticos da região, oferecendo ótima estrutura, tanto em hotéis, pousadas e hostels, como restaurantes, lanchonetes e peñas folclóricas (bares, restaurantes e casas que contam com apresentações musicais regionais).
Tão logo iniciamos a caminhada chegamos ao Museo Regional de Pintura José Antonio Terry.
Museo Regional de Pintura José Antonio Terry
Local: Rivadavia, 459 | Centro | San Francisco de Tilcara – Jujuy – Argentina
Telefone: +54 0388 495-5005
Site: https://museoterry.cultura.gob.ar
Funcionamento: Terça a sexta das 9h00 às 19h00 | Sábado das 9h00 às 18h00 | Domingo das 9h00 às 12h00 e das 14h00 às 18h00
Ingresso: Gratuito
Tempo médio de visitação: 30 minutos
Inaugurado em 1956, o Museu Regional de Pintura expõem obras do pintor José Antonio Terry, o qual chegou em Tilcara em 1911, vindo de Buenos Aires, e, maravilhado com as paisagens da região, decidiu radicar-se no pequeno povoado.
O artista pintou as ruas da cidade, suas paisagens, seus costumes, suas cores e a luz dourada que envolve o povoado localizado no centro da Quebrada de Humahuaca.
Além das obras de Terry o museu abriga uma sala com exposições temporárias, onde pinturas, esculturas, fotografias e outras formas de expressões culturais regionais são mostradas.
Ali também pudemos observar algumas variedades de milho cultivadas na região.
Bem próximo dali fica outro museu, o Museo Arqueológico Eduardo Casanova.
Museo Arqueológico y Antropológico Dr. Eduardo Casanova
Local: Belgrano 445 | Centro | San Francisco de Tilcara – Jujuy – Argentina
Telefone: +54 0388 4955-0768
E-mail: tilcara.comunicacion@filo.uba.ar
Funcionamento: Todos os dias das 9h00 às 18h00
Ingresso: $ 300
*Ingresso válido para visitar 3 atrações: Museo Arqueológico, Pucará de Tilcara e Jardín Botánico de Altura
Tempo médio de visitação: 45 minutos
O Museo Arqueológico y Antropológico Dr. Eduardo Casanova foi fundado em 1968 e conta a história da região através da cultura material das sociedades que habitaram este território em períodos pré-hispânicos.
Na sequência fomos ao Museo Soto Avendaño.
Museo Soto Avendaño
Local: Belgrano | Centro | San Francisco de Tilcara – Jujuy – Argentina
Telefone: +54 0388 495-5354
Funcionamento: Segunda a sábado das 9h00 às 18h00 | Domingo das 10h00 às 13h00 e das 15h00 às 18h00
Ingresso: $ 50
Tempo médio de visitação: 20 minutos
O museu fica na antiga e histórica casa que pertenceu ao Coronel Don Manuel Álvarez Prado (1785 – 1836), ilustre gaúcho da Quebrada de Humahuaca que lutou nas guerras pela independência da Argentina.
Foi inaugurado em 1974 e sua coleção é composta por peças do artista plástico Ernesto Soto Avendaño.
Os três museus que visitamos ficam ao redor da praça central da cidade.
Trata-se da Plaza Coronel Manuel Álvarez Prado.
A bela praça é cercada por uma grande e tradicional feira de produtos artesanais, locais e regionais.
Ainda nas proximidades da praça fica a Municipalidad de Tilcara.
E o Salon Municipal.
Da praça voltamos a caminhar pela área central de Tilcara e passamos pelo Museo Irureta, que estava fechado.
Depois avistamos a histórica casa onde velaram os restos mortais do general Lavalle.
Ruas estreitas de calçamento rodeadas por antigas construções, em sua maioria de adobe, tornam a caminhada pela área central da cidade muito agradável.
E com este cenário chegamos a outra praça, desta vez a pequena Plaza Sargento Antonino Peloc.
Que é cercada por diversos bares, restaurantes e lanchonetes.
O que parece ser uma antena parabólica na imagem abaixo é um equipamento utilizado para assar alimentos, em especial carnes, tendo como fonte de calor a luz solar.
A Praça Sargento Antonino Peloc fica de frente para a Iglesia de la Virgen de Rosario y San Francisco de Asís.
A bela igreja começou a ser construída em 1797 e foi finalizada apenas em 1865.
Esta igreja é protagonista de uma superstição conhecida em toda a Argentina como La Maldición de la Virgen de Tilcara.
Tudo começou em 1986 quando a seleção argentina de futebol fez uma pré-temporada na pequena cidade tendo como objetivo fugir do assédio dos torcedores de Buenos Aires e pelo fato de Tilcara estar a uma altitude parecida com a Cidade do México, onde seria sediada a Copa do Mundo daquele ano.
Reza a lenda que conversando com o povo local o técnico da seleção argentina, Carlos Billardo, descobriu que a padroeira da cidade, Virgen de Copacabana del Abra de Punta Corral, era famosa por seus milagres.
Como a imagem da santa estava nesta paróquia, toda a seleção argentina se dirigiu até o local onde fizeram o pedido para a Argentina sagrar-se campeã do mundo, e como forma de agradecimento, em caso de vitória, todos os membros da seleção voltariam a Tilcara, juntamente com a taça do torneio.
Fato é que a Argentina foi campeã do mundial de 1986 com uma mãozinha de Deus, ou melhor, de Maradona… e a equipe não retornou para pagar a promessa.
Desde 1986 a Argentina não conquistou mais nenhuma Copa do Mundo, o que fez surgir a mística Maldição de Tilcara.
Superstições à parte voltamos a caminhar pelo centro da pequena e agradável cidade.
Vimos os tradicionais cordeiros sendo assados em fogo de chão.
E fizemos fotos em um colorido letreiro com o nome da cidade, ao lado de um enorme cacto.
Com o fim do dia se aproximando diversos tambores transformados em uma espécie de churrasqueira começaram a surgir nas esquinas e em uma grelha sobre o carvão que ardia em brasa eram assadas massas redondas que pareciam massas de pizza.
São tortillas, mais uma especialidade local. Experimentamos algumas do sabor jamón y queso (presunto e queijo) e estavam deliciosas!
Com um forte vento e a sensação térmica diminuindo conforme a noite se aproximava, FredLee recorreu ao tradicional gorro andino para se aquecer.
Foi então que começamos a ouvir a batida forte de alguns tambores acompanhadas por sons emitidos por sikus, instrumentos andinos de vento da época pré-colombiana similares à flautas de pan.
Logo uma grande movimentação de pessoas começou e a aglomeração teve início justamente na rua que nos levaria até o hotel onde estamos hospedados.
E assim fomos surpreendidos por um grande desfile composto por mais de 40 bandas de sikuris e a chegada da Virgen de Sixilera na cidade.
A tradição conta que os rios que irrigavam os pomares dos habitantes da Quebrada de Humahuaca começaram a secar.
Temendo que essas secas esgotassem a produção de alimentos, moradores se reuniram e saíram com a imagem da virgem para atravessar as encostas dos cumes e vales das montanhas.
Depois de vários dias de caminhada e já tendo percorrido todas as encostas, lenta, mas ininterruptamente, a preciosa água voltou a fluir da terra.
Desde então um local foi escolhido para a construção de um santuário para a Virgen de Sixilera, na comunidade de Sixilera, e todos os anos peregrinos partem deste local até a igreja de Tilcara.
Estas pessoas caminham com muito esforço e fé cerca de 27 quilômetros, iniciando sua trajetória em uma altitude de aproximadamente 5.000 metros e descendo até Tilcara, que está a cerca de 2.600 metros do nível do mar.
Envolvidos pela alegria dos peregrinos nos despedimos deste sábado.
Trajeto percorrido no dia:
Oba! Já são 4 comentários nesta postagem!
Que viagem maravilhora! Em que mês vocês foram e como estava a temperatura? Era possível fazer pagamentos com o Real ou com cartão de crédito ou tinha que ser mesmo em pesos?
Uma viagem incrível Alexandre, a região norte da Argentina é fabulosa.
Fomos em setembro e a temperatura estava bem agradável em Salta, Jujuy e Tucumán, apenas em Santiago del Estero e no Chaco que os termômetros ultrapassaram a marca dos 40 graus.
Não usamos real em momento algum, quanto mais você se distancia da fronteira, menor fica a aceitação da moeda brasileira. Cartão de crédito é aceito em praticamente todos os estabelecimentos maiores (restaurantes, hotéis, pousadas, supermercados, atrativos turísticos e postos de combustíveis), mas recomendo andar com alguns dólares em espécie no bolso e também pesos argentinos, pois em locais mais isolados os mercadinhos e armazéns menores, além de pequenos artesãos, preferiam esta forma de pagamento, ao menos durante nossa passagem em 2019.
Uma experiência única explorar esta parte do planeta, que tu faça uma linda viagem. Suerte ;)
A Agenda deve estar ficando apertada com tantos lugares lindos e históricos para visitar, e a chegada nesta cidade justamente no dia da festa local… valeu
Sim, a agenda está lotada hahaha por isso sempre buscamos planejar os locais que pretendemos visitar com antecedência, para chegar nas cidades e focar onde ir, sem perder muito tempo procurando o que se pode fazer, mas volte e meia surgem novidades, como o caso desta festa. Abraços.
Estamos ansiosos para ler tudo aquilo que tu tem para dizer! É chegado o momento de abrir este coração e compartilhar tua opinião, crítica (exceto algo desfavorável à imagem da Formosa), elogio, filosofar a respeito da vida ou apenas sinalizar que chegou até aqui ;)
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