Finca de Castañares em Salta, Centro Histórico de San Salvador de Jujuy e o Camino de La Cornisa, na Argentina

O oitavo dia da Moto Expedição 2019: Salta – Jujuy – Tucumán teve início com uma visita ao Museo Histórico Casona de Castañares, em Salta. Na sequência percorremos o espetacular e sinuoso Camino de La Cornisa, famoso trecho da Ruta Nacional 9. Em San Salvador de Jujuy, exploramos o centro histórico, conhecemos a bandeira mais antiga da Argentina na Casa de Governo de Jujuy, a Catedral Basílica, a Iglesia Basílica y Convento de San Francisco e outros marcos históricos locais.

A sexta-feira começou nublada na capital provincial de Salta. Carregamos a Formosa, vestimos nossos trajes de viagem e seguimos pelas ruas centrais da charmosa cidade argentina. Logo, avistamos o icônico Parque 20 de Febrero.

No coração do parque encontra-se o Monumento 20 de Febrero, erguido exatamente no local onde, em 1813, o general Manuel Belgrano colocou uma cruz com a inscrição “A los vencedores y vencidos”. Este marco histórico celebra o fim da Batalha de Salta, uma vitória decisiva das tropas argentinas que garantiu a libertação da maior parte do país do domínio espanhol.

Inaugurado em 1913, o monumento projetado por Torcuato Tasso destaca-se por sua imponência. No ponto mais alto, encontra-se a estátua da Liberdade, rodeada pelas representações dos quatro generais que lideraram a vitória: Belgrano, Díaz Vélez, Zelaya e Dorrego. Gravadas no monumento, as quatro virtudes cardeais — força, temperança, justiça e prudência — reforçam o simbolismo de coragem e estratégia que marcou esse momento histórico na República Argentina.

Em seguida, continuamos nosso trajeto e passamos em frente a uma unidade do exército argentino, um lembrete do papel significativo das forças militares na história da região.

Deixamos o centro da cidade de Salta e seguimos rumo ao bairro Castañares, onde fizemos uma parada para visitar o Museo Histórico Casona de Castañares – Finca de Castañares. Este espaço cultural preserva importantes aspectos da história local e oferece uma imersão nos eventos que moldaram a identidade da região.

Na Finca de Castañares, estacionamos a Formosa ao lado de um clássico Citroën da década de 1970, pertencente a Julio. Ele e Sandra nos recepcionaram calorosamente ainda no estacionamento e gentilmente nos acompanharam em uma visita guiada pelo museu, enriquecendo nossa experiência com histórias locais e explicações detalhadas.

O Museo Histórico Casona de Castañares está instalado em uma construção que remonta ao início do século XVIII, carregando séculos de história em suas paredes. Em 1937, a casa foi declarada Monumento Histórico Nacional, reforçando sua importância no patrimônio cultural argentino.

La Finca de Castañares é um local histórico de grande relevância, destacando-se como o cenário onde o general Manuel Belgrano elaborou estratégias cruciais para a vitória argentina na Batalha de Salta. Esse episódio foi fundamental na luta pela independência do país vizinho, tornando o local um símbolo de planejamento e resistência.

A Casona de Castañares está localizada em uma ampla propriedade municipal de aproximadamente 3 hectares. Com arquitetura colonial campestre, destaca-se por suas imponentes galerias, telhas de barro, chão de tijolos e um espaçoso pátio central.

Suas janelas com grades de ferro reforçam o estilo tradicional da época, enquanto, na parte frontal, um mirante oferece uma vista privilegiada para o deslumbrante Valle de Lerma, tornando o local ainda mais encantador.

A região onde está localizada a Casona de Castañares recebeu este nome devido à Don Martín de Castañares, que a adquiriu no final do século XVII. Antes disso, as terras foram doadas pela Coroa Espanhola a Pedro Marcos, em 1583. Posteriormente, a filha de Martín, Bárbara Tineo, herdou a propriedade Castañares, perpetuando a importância histórica da área ao longo dos séculos.

O Capitão Apolinário “Chocolate” Saravia, filho de Bárbara Tineo e do Coronel Pedro José Saravia, teve um papel decisivo durante a Batalha de Salta. Em um momento crucial, ele aconselhou Belgrano, escondendo-se atrás dos morros e entrando no vale pela área da propriedade. Essa manobra foi parte da estratégia militar de tenaza, que fez com que o inimigo acreditasse que a maior parte do exército argentino vinha do sul, contribuindo para o sucesso da batalha.

Um dado curioso sobre o Capitão Apolinário “Chocolate” Saravia é que ele se disfarçou de camponês e entrou na cidade, pastoreando uma caravana de burros carregados de lenha, o único combustível disponível na época. Após se passar por vendedor, ele teve a oportunidade de observar e ouvir informações cruciais. Quando voltou para a base, relatou a Belgrano tudo o que havia descoberto, contribuindo com informações valiosas para a estratégia militar que levaria à vitória.

Atualmente, o Museo Histórico Casona de Castañares abriga um valioso acervo que retrata toda essa significativa história argentina, preservando e compartilhando com os visitantes os eventos que moldaram a identidade e o destino do país. Através de suas exposições, o museu oferece uma imersão profunda no passado histórico da região e da nação.

As salas do Museo Histórico Casona de Castañares exibem raros objetos que remetem à Batalha de Salta, ocorrida em 20 de fevereiro de 1813, à Emancipação de Jujuy em 1834 e à Invasão de Felipe Varela em 1867. O acervo também inclui itens que retratam a vida rural de Salta e as atividades essenciais da fazenda nos séculos XVIII, XIX e XX.

Além disso, o museu conta com uma moderna área interativa, onde os visitantes podem explorar a história do local e o processo de independência da Argentina de forma envolvente e educativa.

Após visitar a Finca Castañares, nos despedimos da cidade de Salta, carinhosamente chamada de “La Linda”, que nos acolheu de maneira tão calorosa nos últimos 5 dias. Seguimos viagem, pegando novamente a Ruta Nacional 9 em direção ao norte, prontos para novas descobertas e aventuras pela Argentina.

Cruzamos a ponte sobre as águas escassas, típicas desta época do ano, do Río La Caldera, seguindo nosso caminho pela Ruta Nacional 9.

Passamos pela localidade de La Caldera e, em seguida, seguimos em direção ao Dique Campo Alegre.

Foi então que o asfalto da Ruta Nacional 9, que já estava estreito, se tornou ainda mais apertado, reduzindo-se a aproximadamente 4 metros de largura, desafiando a condução e tornando a viagem ainda mais interessante à medida que seguimos pelo caminho sinuoso da região.

Este magnífico trecho de aproximadamente 80 quilômetros da Ruta Nacional 9, que liga as capitais provinciais Salta e San Salvador de Jujuy, é conhecido como o Camino de La Cornisa. A estrada, que serpenteia pelas montanhas, oferece vistas deslumbrantes e é um dos mais impressionantes trajetos da República Argentina, sendo um verdadeiro convite à aventura e à contemplação da natureza.

O asfalto, em excelente estado de conservação, sem acostamento e repleto de curvas, atravessa um impressionante trecho montanhoso em meio à selva. Cercado por paisagens majestosas de verde intenso, a região é pontuada por vilarejos com um rico passado colonial e locais encantadores, perfeitos para desfrutar de atividades ao ar livre.

O Camino de La Cornisa no Norte da Argentina se revela, assim, um destino único, que combina história, natureza e aventura, tornando-se uma experiência inesquecível para quem se aventura por essa cênica estrada.

Não é por acaso que o Camino de La Cornisa é tão popular entre ciclistas e motociclistas, que se encantam com a beleza da estrada que conecta as capitais das províncias de Salta e Jujuy. A rota oferece uma experiência única, permitindo que os aventureiros se sintam imersos na natureza enquanto desfrutam de um trajeto desafiador e panorâmico, perfeito para aqueles que buscam liberdade e conexão com a paisagem ao redor.

Envoltos por esse cenário mágico, logo chegamos à divisa provincial, deixando para trás as terras de Salta e adentrando em Jujuy, prontos para explorar as novas paisagens e culturas que nos aguardavam nesta região fascinante da Argentina.

Situada na região do Grande Norte Argentino, a província de Jujuy faz fronteira ao norte com a Bolívia e ao oeste com o Chile. Antes da chegada dos colonizadores espanhóis, essas terras eram habitadas por diversos povos originários, com destaque para os nativos quechuas, que desempenharam um papel fundamental na formação cultural e histórica da região.

A província de Jujuy ocupa uma área de 53.219 quilômetros quadrados e tem como capital a cidade de San Salvador de Jujuy. Atualmente, a região abriga cerca de 810.000 habitantes, sendo um importante centro cultural e econômico do norte argentino.

A origem do nome Jujuy é bastante curiosa. Os antigos habitantes da região, os quechuas, chamavam o território de “Kakuy”, nome de uma ave que habita os bosques locais e é conhecida no Brasil como Urutau. No entanto, os primeiros exploradores escreveram o nome de forma errada, “Jujuy”, e essa grafia se manteve até os dias atuais.

Pela primeira vez na província de Jujuy, a Formosa bailava suavemente pelas fechadas e sinuosas curvas do magnífico Camino de La Cornisa, na Ruta Nacional 9, fazendo ecoar seu ronco pela selva ao redor, enquanto nos embrenhávamos ainda mais nesse cenário fascinante e repleto de história.

A atenção ao percorrer o Camino de La Cornisa, que já é redobrada devido às condições da estrada, precisa ser ainda maior por conta dos veículos que vêm na direção oposta e, por vezes, invadem seu lado da pista. Além disso, é preciso estar atento aos diversos animais soltos às margens da estrada nacional argentina, que podem surgir inesperadamente, exigindo cautela e prudência durante todo o trajeto.

Na província de Jujuy, a densa floresta que antes nos cercava começa a ficar para trás, dando lugar a áreas mais abertas que oferecem uma vista espetacular do grande lago chamado Embalse Las Maderas.

Aos poucos, a estrada também se transforma, passando a ser composta por retas planas, proporcionando uma condução mais tranquila e revelando novas paisagens ao longo do caminho.

Com essa mudança no visual, avistamos o Dique La Ciénaga, localizado às margens da Ruta Nacional 9. Este é um popular ponto de lazer, que oferece uma área de camping, churrasqueiras, piscinas e restaurantes, tornando-se um excelente local para uma pausa ou para desfrutar de momentos de descanso em meio à natureza.

De lá, foram poucos minutos até chegarmos ao centro de El Carmen, onde a Ruta Nacional 9 retoma seus padrões e medidas habituais, deixando para trás o charme singular do Camino de La Cornisa. A paisagem e a experiência de condução mudam, seguindo um ritmo mais comum, mas não menos interessante.

De El Carmen, foram pouco mais de 25 quilômetros até chegarmos à capital provincial, San Salvador de Jujuy.

Logo na entrada de San Salvador de Jujuy, passamos pelo monumento em homenagem ao Canónigo Juan Ignacio Gorriti, uma figura importante na história da cidade, reconhecida por sua contribuição à cultura e ao desenvolvimento da região.

Seguimos direto ao hotel, onde estacionamos a Formosa na garagem, descarregamos nossos equipamentos e, com roupas mais leves, partimos para explorar o centro de San Salvador de Jujuy a pé.

San Salvador de Jujuy, a capital da província de Jujuy, está localizada a 1.259 metros acima do nível do mar, cercada por imponentes montanhas. Seu centro é atravessado pelo majestoso Río Grande, que confere à cidade uma paisagem deslumbrante e uma atmosfera única, mesclando o urbano com o natural de maneira harmônica.

A cidade de San Salvador de Jujuy, que atualmente abriga cerca de 320.000 habitantes, passou por três fundações. As duas primeiras tentativas foram frustradas pelos índios nativos da região, mas a terceira fundação, finalmente bem-sucedida, ocorreu em 1593, marcando o início da cidade como conhecemos hoje.

A Plaza General Belgrano, situada no coração de San Salvador de Jujuy, permanece no mesmo local desde a fundação da cidade. Originalmente conhecida como Plaza Mayor, ela sempre foi um ponto central de encontro e atividade, refletindo a importância histórica e cultural da cidade ao longo dos séculos.

A ampla e bela Plaza General Belgrano reflete a riqueza histórica de San Salvador de Jujuy. Cercada por importantes edificações, a praça ostenta, de um lado, um imponente chafariz e, do outro, um charmoso coreto, elementos que adicionam um toque de elegância e tradição ao coração da cidade.

No centro da principal praça de San Salvador de Jujuy, destaca-se um monumento em homenagem a Manuel Belgrano, figura fundamental na história da independência argentina.

Inaugurado em 1896, o Monumento a Manuel Belgrano é um símbolo de respeito e reverência ao herói nacional, representando a importância de sua contribuição para a formação do país.

O local escolhido para a instalação da cidade de San Salvador de Jujuy foi estratégico, não apenas por estar às margens do Rio Grande, mas também por se encontrar no caminho que ligava a importante cidade de San Miguel de Tucumán às renomadas minas de prata de Potosí, na Bolívia.

Essa localização privilegiada favoreceu o crescimento da cidade de San Salvador de Jujuy, tornando-a um ponto chave nas rotas comerciais e de comunicação da região.

Em frente à Plaza Belgrano, ergue-se a Casa de Gobierno de Jujuy, um símbolo do poder executivo provincial. Com sua arquitetura distinta, o edifício representa não apenas a administração local, mas também a riqueza histórica e cultural da cidade, sendo um dos principais marcos arquitetônicos de San Salvador de Jujuy.

O enorme edifício neoclássico, com estilo arquitetônico francês, foi inaugurado parcialmente em 1921. Sua grandiosidade e detalhes refinados refletem a influência europeia na arquitetura da época, tornando a Casa de Governo de Jujuy um importante marco histórico e cultural da cidade.

Rodeado por belos jardins que, além de valorizarem esteticamente a construção, tornam-no independente do restante da área urbana, a Casa de Gobierno de Jujuy ganha ainda mais destaque.

Em seu entorno, estão espalhadas diversas esculturas de autoria da artista argentina Lola Mora. Dentre elas, destacam-se quatro representações feitas em mármore de Carrara em 1907, que simbolizam a Justiça, o Progresso (ou Comércio, devido à alusão ao deus Mercúrio), a Paz e a Liberdade, que adicionam um toque artístico e cultural ao espaço, refletindo valores fundamentais da sociedade e complementando a imponência da Casa de Governo de Jujuy.

As quatro obras da renomada escultora Lola Mora, merecem um parágrafo à parte. Originalmente destinadas ao Congresso Nacional da Argentina, de onde seriam retiradas em 1915, as esculturas foram doadas à província de Jujuy em 1924 e colocadas em seu novo local sob a supervisão direta da própria artista.

Após explorar os belos jardins externos da Casa de Gobierno de Jujuy e admirar as magníficas obras de arte de Lola Mora, decidimos entrar para conhecer o interior deste importante edifício jujeño, ansiosos por descobrir mais sobre sua rica história e arquitetura.

A Casa de Gobierno de Jujuy apresenta uma composição simétrica que se organiza ao redor do encantador Patio de las Magnolias. Este pátio é o eixo central que conecta o salão de honra à imponente escadaria de três corpos, a qual leva ao Salão da Bandeira, considerado a área mais emblemática e significativa do edifício.

O Salão da Bandeira da Casa de Governo de Jujuy foi construído por iniciativa de Octavio Iturbe e inaugurado em 1927, durante o governo de Benjamín Villafañe. Sua rica ornamentação de inspiração barroca é realçada por quatro esculturas do artista Nicasio Fernández Mar, que representam as virtudes cívico-militares de Manuel Belgrano: La Fuerza, La Fe, La Ley e La Gloria.

O Salón de la Bandera da Casa de Gobierno de Jujuy, espaço de grande relevância histórica, guarda e protege a bandeira mais antiga da República Argentina: a Bandeira Nacional da Liberdade Civil (Bandera Nacional de la Libertad Civil).

Este símbolo foi doado por Manuel Belgrano ao Cabildo de Jujuy em 1813, como forma de reconhecimento ao sacrifício do povo jujeño durante o Êxodo Jujeño, ocorrido em agosto de 1812, e como celebração de sua vitória na Batalha de Salta. A bandeira permanece como um testemunho da luta pela independência e do espírito de resistência da região.

O Salão da Bandeira conta com bancos de madeira e uma ampla área de vidro, onde é exibido um vídeo de aproximadamente 15 minutos que narra o histórico e heroico Êxodo de Jujuy. Este evento, marco fundamental na história da independência da Argentina, retrata o momento em que toda a população de Jujuy abandonou sua cidade em 1812, incendiou casas, campos e plantios, e percorreu mais de 360 quilômetros até Tucumán pelo Camino de las Postas (paralelo ao atual traçado da Ruta Nacional 34).

Essa estratégia devastou a cidade e as terras, dificultando as ações do Ejército Realista. O Êxodo Jujeño é considerado um dos maiores sacrifícios feitos pela população argentina em prol da liberdade, simbolizando a determinação e coragem de um povo em busca de independência.

Durante a apresentação do vídeo, os bancos do salão se movem e diversos efeitos sensoriais são acionados, proporcionando uma experiência imersiva aos visitantes. Infelizmente, durante nossa visita, houve um problema técnico e não foi possível assistir ao vídeo. Contudo, tivemos a oportunidade de contemplar a Bandeira Nacional da Liberdade Civil exposta atrás do vidro onde a projeção seria exibida, um momento que, por si só, já foi emocionante e cheio de significado histórico.

A insígnia, confeccionada em cetim, apresenta três painéis e um escudo pintado que foi aprovado pela Assembleia Geral Constituinte de 1813. Este detalhe ressalta sua importância histórica, conectando-a aos ideais de liberdade e soberania que marcaram os primeiros passos da independência argentina.

Após o FredLee ter seu momento de “governador de Jujuy” no impressionante Salão da Bandeira, deixamos a majestosa Casa de Gobierno de Jujuy. Atravessamos a histórica Plaza Belgrano e seguimos em direção à Catedral Basílica de San Salvador, prontos para explorar mais um marco emblemático da cidade.

A Iglesia del Santísimo Salvador – Catedral Basílica de San Salvador de Jujuy foi erguida no mesmo local da antiga Igreja Matriz, datada de 1611. Sua fachada, de estilo neoclássico, foi cuidadosamente preservada, destacando-se a imponente torre de três corpos com campanário que se eleva acima da porta principal, conferindo à edificação um charme singular.

Após ser parcialmente destruída por um terremoto no final do século XVII, a construção sofreu diversas remodelações e foi finalmente concluída em 1765, consolidando-se como um dos principais marcos arquitetônicos e históricos da cidade.

Desde sua conclusão em 1765, a Catedral Basílica de San Salvador de Jujuy passou por várias reformas ao longo dos anos, especialmente até o início do século XX. Reconhecendo sua relevância histórica, cultural e arquitetônica, a igreja foi declarada Monumento Histórico Nacional da Argentina em 1931, reafirmando sua importância como um dos principais símbolos do patrimônio jujeño.

A Catedral Basílica de San Salvador de Jujuy também carrega um significado histórico inestimável para a Argentina. Foi neste templo que, em 25 de maio de 1812, a bandeira argentina, criada por Manuel Belgrano, recebeu sua bênção, marcando um momento simbólico e solene na luta pela independência do país.

Em seu interior, destaca-se uma das mais importantes obras do barroco colonial na Argentina: o magnífico púlpito, talhado em madeira de algarrobo e cedro no século XVII seguindo os elaborados desenhos típicos da escola de Cusco, no Peru. Este detalhe arquitetônico não apenas reflete a influência cultural da época, mas também enriquece ainda mais o valor artístico da catedral.

Ao lado da Catedral Basílica de San Salvador de Jujuy, encontra-se o Museo de Arte Sacro de la Iglesia Catedral. Este espaço dedicado à preservação e exibição de obras sacras complementa a rica história da catedral, oferecendo aos visitantes uma oportunidade de explorar artefatos religiosos e apreciar ainda mais o legado cultural e espiritual de Jujuy.

O Museu de Arte Sacra da Igreja Catedral Basílica de Jujuy conta com uma pequena área externa onde estão expostas diversas esculturas de temática religiosa.

O grande destaque é uma representação que retrata o momento emblemático em que a bandeira argentina foi abençoada, reforçando a importância histórica e cultural do local.

Na parte interna, o Museo de Arte Sacro de la Iglesia Catedral abriga algumas salas que exibem importantes peças de arte sacra. Embora as fotografias não sejam permitidas, os visitantes têm a oportunidade de contemplar objetos de grande valor histórico e artístico, que ajudam a contar a rica história religiosa da região.

Nas dependências do Museo Catedral Arte Sacro, também estavam expostas, na ocasião, algumas obras dos artistas Miguel Segundo Mendoza e Mónica Aisama. Essas peças faziam parte do espaço denominado Museo Kolla Pueblo Originario, destacando a arte e a cultura dos povos originários da região, em uma bela homenagem à diversidade cultural de Jujuy.

Durante nossa visita, tivemos a oportunidade de conhecer e conversar com o renomado artista argentino Miguel Segundo Mendoza, responsável pela criação de obras impressionantes.

Miguel é amplamente reconhecido internacionalmente, com suas peças expostas em diversos países, como Espanha, México, Peru, Bolívia, Estados Unidos, Alemanha, Bélgica, Suíça, França e Itália.

Seu maior orgulho, no entanto, foi a premiação conquistada em um concorrido concurso mundial de artesanato, realizado na Coreia do Sul, onde sua obra “Misachico” foi eleita a vencedora entre mais de 600 trabalhos.

Na sequência, continuamos nossa caminhada pela área central de San Salvador de Jujuy e passamos pelo Obelisco en honor al Éxodo Jujeño.

Logo em seguida, chegamos à antiga estação ferroviária de San Salvador de Jujuy. Este histórico edifício, que remonta ao período áureo do transporte ferroviário na região, é um marco importante na cidade, refletindo o crescimento e o desenvolvimento que a ferrovia trouxe para Jujuy no passado.

Atualmente, a antiga estação ferroviária abriga o Centro Cultural Manuel Belgrano. Este espaço cultural preserva a memória histórica do local e oferece uma programação diversificada, incluindo exposições, eventos e atividades que promovem a cultura e as artes na cidade de San Salvador de Jujuy.

Em suas dependências, o Centro Cultural Manuel Belgrano abriga o centro de informações turísticas, oferecendo aos visitantes informações sobre a cidade e a região, além do Museo Municipal de Bellas Artes. Este museu apresenta uma rica coleção de arte, destacando o talento de artistas locais e proporcionando uma visão fascinante da arte e da cultura de Jujuy.

O Museo Municipal de Bellas Artes Jorge Augusto Mendoza foi criado em 1987 com o objetivo de expor, divulgar e preservar seu acervo principal: vinte obras dos Niños Pintores de Chucalezna (Crianças Pintoras de Chucalezna).

As pinturas, realizadas por crianças entre 8 e 12 anos, são o resultado de uma oficina de arte que ocorreu entre 1959 e 1973, sob a orientação dos professores Mendoza e Takashi, na Escola Nacional nº 112 de Chucalezna, situada na Quebrada de Humahuaca, perto de Uquía. As obras dessas crianças refletem a rica cultura e tradições da região.

Além dessas peças, o Museu Municipal de Belas Artes de Jujuy conta com outra sala dedicada às esculturas, projetos e esboços do renomado escultor Nicasio Fernández Mar.

Essas obras de alto valor artístico foram doadas em 1999 por sua filha, Alicia Fernández Distel, com o intuito de preservar a memória de seu pai e garantir que seu legado artístico fosse apreciado pelas futuras gerações.

Ainda na antiga estação ferroviária de San Salvador de Jujuy, encontra-se o Paseo de los Artesanos, uma feirinha permanente onde artesãos locais expõem e comercializam seus produtos.

Este espaço é um verdadeiro ponto de encontro para quem deseja conhecer o trabalho manual da região, com artesanato variado, desde cerâmicas e tecidos até peças de metal e madeira, todas refletindo a rica tradição cultural de Jujuy.

Seguimos caminhando pelas ruas centrais de San Salvador de Jujuy, absorvendo a atmosfera vibrante da cidade.

Apreciando suas diversas esculturas e monumentos, cada um com uma história única que remonta aos eventos e personagens que marcaram a cidade e a província.

As praças e ruas centrais de San Salvador de Jujuy são adornadas por essas obras, que homenageiam desde heróis nacionais até elementos culturais locais, proporcionando aos visitantes uma verdadeira galeria ao ar livre, repleta de significado e arte.

Passamos então pelo Museo Arqueológico Provincial, que, infelizmente, estava fechado no momento, deixando para trás o desejo de explorar seu acervo sobre a rica história pré-colombiana da região.

Em seguida, seguimos nosso caminho e passamos pela Escuela San Francisco, uma das instituições educacionais mais tradicionais da cidade, com sua arquitetura imponente e charme histórico, que acrescenta um toque de cultura à área central de San Salvador de Jujuy.

Que fica ao lado de outra joia arquitetônica de San Salvador de Jujuy, a linda Iglesia Basílica San Francisco. Com sua fachada imponente e estilo barroco colonial, a igreja é um dos principais pontos turísticos da cidade, representando não apenas a história religiosa, mas também a riqueza cultural e arquitetônica de Jujuy. Sua beleza encanta os visitantes, que não podem deixar de admirar seus detalhes e a harmonia que ela traz para a paisagem urbana.

A atual Iglesia de San Francisco, construída entre 1925 e 1927, é a terceira a ser erguida no mesmo local e é um exemplo impressionante de arquitetura religiosa.

A Iglesia de San Francisco faz parte do Complejo Cultural San Francisco de Jujuy, um conjunto que também abriga importantes instituições culturais e históricas. Além da igreja, o complexo inclui um arquivo, uma biblioteca, um convento e um museu de arte sacra, todos abertos ao público e a pesquisadores interessados em explorar e preservar o rico passado de Jujuy e da Argentina.

Com uma nave de 50 metros de comprimento, 10,60 metros de largura e 14,50 metros de altura, a Iglesia Basílica de San Francisco exibe um estilo coríntio clássico, caracterizado por suas colunas imponentes, que são dez vezes mais altas do que seu diâmetro inferior.

Sua cúpula é particularmente única, sendo octogonal, ao invés da forma redonda tradicional.

A Igreja Basílica de São Francisco também abriga sete altares, todos feitos de mármore de carrara, onde se conservam algumas pinturas e antigas imagens dos templos anteriores.

Em 2009, a igreja foi elevada à categoria de Basílica Menor da Diocese de Jujuy e declarada Monumento Histórico Nacional, consolidando ainda mais sua importância histórica e religiosa para a região.

O interior da Iglesia Basílica de San Francisco impressiona pela riqueza e sofisticação dos detalhes. Cada elemento arquitetônico, desde as colunas imponentes até os altares de mármore de carrara, demonstra a grandiosidade e a atenção aos mínimos pormenores da construção, criando uma atmosfera única de reverência e beleza.

Após explorar o interior da imponente Iglesia Basílica de San Francisco, fomos até o marco do quilômetro 0 de Jujuy, localizado precisamente na esquina em frente à igreja. Este ponto simbólico marca o início das estradas que conectam a cidade com o resto da província e do país, sendo um marco importante para os viajantes que passam por ali.

Por fim, visitamos o Museo Histórico Provincial Juan Galo Lavalle, outro importante espaço cultural de San Salvador de Jujuy.

O Museo Histórico Provincial Juan Galo Lavalle está instalado em uma casa colonial do século XVIII, que foi declarada Monumento Histórico Nacional em 1941. Este local é particularmente significativo, pois foi o cenário do assassinato de Juan Galo Lavalle, ocorrido em 1841.

O museu preserva a memória desse trágico episódio, oferecendo aos visitantes um mergulho na história e no legado desse importante personagem da independência argentina.

O acervo do Museo Histórico Provincial Juan Galo Lavalle oferece uma rica viagem no tempo, retratando a história da província de Jujuy desde a era dos povos nativos, passando pela colonização espanhola, até as intensas lutas pela independência no início do século XIX.

O Museo Histórico Provincial Juan Galo Lavalle é composto por seis salas temáticas que oferecem uma imersão na história de Jujuy.

Cada sala traz uma perspectiva única sobre diferentes períodos e eventos históricos, como a Sala Colonial, que exibe objetos e móveis da época da colonização; a Sala Independência, que narra a luta pela independência da Argentina; e a Sala del Éxodo Jujeño, dedicada a um dos momentos mais emblemáticos da história local.

Conta ainda com a Sala de los Gobernadores, que apresenta a trajetória dos líderes provinciais; a Sala de Arte Religioso y Colonial, que destaca a arte sacra e colonial; e a Sala de las Guerras Civiles, que reflete sobre os conflitos internos do país. O acervo é composto por esculturas, mobílias, pinturas, armas, documentos e vestimentas de época, proporcionando uma compreensão profunda da rica história de Jujuy.

Após a visita ao Museo Histórico Juan Galo Lavalle, retornamos ao hotel, onde tivemos a oportunidade de saborear as famosas empanadas jujeñas, uma verdadeira iguaria local. Deliciosas e cheias de sabor, essas empanadas representam a culinária tradicional da região.

Na sequência, contemplamos um magnífico pôr do sol, que pintava o céu de tons dourados e laranjas, enquanto a majestosa Cordilheira dos Andes se erguia ao fundo, criando um cenário inesquecível e perfeito para encerrar o dia em San Salvador de Jujuy.

Acima o mapa com o trajeto percorrido no dia entre Salta – Salta – Argentina e San Salvador de Jujuy – Jujuy – Argentina, passando pelo Camino de La Cornisa da Ruta Nacional 9.