Dia 01: Erechim – RS a Trinidad – Itapúa – Paraguai
Desde que retornamos da Expedição 2018: Tapajós – Amazonas não fizemos nenhum grande passeio de moto, principalmente pelo fato de mudarmos de cidade. Após residir 4 anos na capital catarinense, deixamos Florianópolis e viemos para Erechim, no Rio Grande do Sul.
Devidamente acomodados na nova morada, carregamos a Harley-Davidson Heritage Softail Classic e, no dia em que inicia-se o verão, iniciamos uma nova viagem, a Moto Expedição 2018: Asunción – Monday.
Partimos de Erechim no início da manhã com o tempo nublado, rodamos pela BR-135 até Passo Fundo, onde acessamos a rodovia federal BR-285.
Poucos quilômetros antes de chegarmos na cidade de Carazinho – RS a chuva resolveu cair.
E que chuva… seguimos viagem sob um forte temporal até parar para abastecer em um posto às margens da rodovia no município de Bozano.
As capas de chuva da Sayo não foram resistentes o suficiente, da mesma forma como as nossas luvas, botas e até mesmo os capacetes. Nos primeiros quilômetros da viagem já estávamos completamente encharcados.
Com os pés encobertos pela água dentro das botas, o corpo todo molhado e uma sensação de frio em pleno dia 21 de dezembro, um sorriso estampava nossos rostos ao nos aquecer com o café no posto.
Tem coisas que apenas quem anda de moto consegue entender.
Ali no posto havia uma BMW com placa de São Paulo. Conversamos com os motociclistas (pai e filho) que seguiam em direção ao Ushuaia.
Continuamos viagem pela rodovia federal, a qual está uma verdadeira porcaria. Buracos, remendos e muitas ondulações tornam a viagem cansativa e requerem atenção redobrada, ainda mais com a forte chuva que nos acompanhava.
Desta forma seguimos até São Borja, onde a chuva deu uma trégua e paramos para o segundo abastecimento do dia, antes de cruzar a fronteira com a Argentina.
Com o tanque cheio e estômago forrado seguimos para a fronteira.
Com um movimento bem tranquilo rapidamente fizemos os trâmites de entrada no país vizinho.
A documentação é aquela já conhecida: documento da moto no nome do condutor (caso o veículo esteja financiado é necessário um documento assinado pela financeira), carteira nacional de motorista, carta verde e passaporte ou cédula de identidade com emissão inferior a 10 anos.
Breve pausa para uma foto na entrada de Santo Tomé – Corrientes, relembrando o dia em que passamos por aqui durante a Expedição 2016: Missões – Cataratas.
Uma vez em terras hermanas passamos a rodar pela ruta nacional 14.
Com o tempo nublado, mas sem chuva, continuamos com as capas de chuva e com a máquina fotográfica devidamente protegida, o que justifica a ausência de fotos.
Em San José acessamos a ruta 105, uma estrada com paisagens lindas, e logo chegamos em Posadas, capital de Misiones.
Em Posadas o tempo abriu de vez e o sol forte nos obrigou a parar às margens do rio Paraná para tirar as capas de chuva e abrir as entradas de ar das jaquetas.
Como já visitamos a cidade em 2016 seguimos direto à Ponte Internacional San Roque González de la Santa Cruz.
Faltavam uns 10 quilômetros para chegar na ponte e uma fila de carros se formava no acostamento da Costanera de Posadas.
Estamos de moto, então seguimos adiante.
Pois bem, a felicidade dos motociclistas acabou a poucos metros da aduana argentina. Uma fila exclusiva para motos nos aguardava.
Com uma temperatura superior a 32°C desligamos a moto, conversamos com outros motociclistas, tomamos água, apreciamos o movimento, aos poucos empurrávamos a moto mais próximo da cabine de aduana até que uma hora e quinze minutos após desligarmos a moto, chegou a nossa vez.
A entoação do gracias señora após o ágil trâmite de saída da Argentina direcionado a atendente foi de uma sinceridade profunda.
E nós que imaginávamos que ficamos um longo tempo na espera da aduana em 2016, quando aguardamos míseros 30 minutinhos.
Ao menos os 2.550 metros rodados em baixa velocidade pela ponte internacional foram o suficiente para amenizar o calor.
Estamos no Paraguay, muchachos!
Estamos, mas não legalmente…
Faltava fazer a entrada oficial na República do Paraguai.
Com tudo muito bem organizado estacionamos a moto na sombra e aguardamos poucos instantes na fila até chegar a nossa vez. Rapidamente fomos aceitos e adentramos em Encarnación – Itapúa.
Seguimos direto ao posto de combustível onde, além de abastecer a moto, nos alimentamos e hidratamos. Enquanto isso um paraguaio se aproximou e perguntou se a moto era nossa.
O paraguaio em questão é o Edu Paniagua, experiente motociclista que já esteve diversas vezes pelo Brasil com suas motos e nos deu as boas vindas, além de passar diversas dicas de locais onde nos alimentar, hospedar e visitar. Com seus contatos em mãos para eventuais emergências deixamos Encarnación e rodamos até Trinidad.
Posadas, Encarnación e Trinidad fizeram parte do roteiro da Expedição 2016: Missões – Cataratas, porém, na ocasião não pudemos acompanhar o espetáculo de Som e Luzes que ocorre na Redução Jesuítica Santísima Trinidad del Paraná.
E agora chegou o momento. No fim do dia chegamos em Trinidad, onde estacionamos a moto na garagem da pousada, tomamos mais um banho no dia (desta vez quente) e caminhamos até a redução.
Show Luces y Sonido – Reducción Jesuítica Santísima Trinidad del Paraná
Local: Ruta 6 – Km 31 | Trinidad – Itapúa – Paraguay
Telefone: +59 5985 772-803
Site: www.rutajesuitica.com.py
Funcionamento: De sexta a domingo às 20h30
Ingresso: G 25.000,00
*Ingresso válido para visitar as 3 reduções (Santíssima Trinidad del Paraná, San Cosme y Damián e Jesús de Tavarangüe) dentro de 3 dias
Tempo médio da visitação noturna: 1 hora
Acompanhados pela lua cheia, o que tornou o passeio ainda mais especial, iniciamos a visita noturna à redução jesuíta fundada em 1706.
A caminhada tem início na praça central e todas as luzes estão apagadas. Conforme o guia relata a história do local as luzes nas casas dos índios se acendem e começamos a ouvir uma índia cantando uma canção de ninar para seu filho.
Já tomados pela emoção vemos as luzes colocadas no gramado da praça central se acenderem, elas representam as estrelas que iluminam as ruínas.
Cruzamos a enorme praça iluminada até chegarmos na majestosa igreja, uma das maiores e mais belas das 33 reduções jesuíticas guaranis, onde imagens são projetadas em suas paredes.
Seguimos então para o claustro.
Sons da natureza, vento, chuva e pássaros enaltecem o momento e nos fazem voltar no tempo.
Por fim vamos até o campanário, que fica ao lado da igreja menor.
Difícil descrever o sentimento em palavras, é necessário vivenciar esta experiência.
Se você tiver a oportunidade visite as Reduções Jesuíticas do Brasil, Argentina e Paraguai. Cada uma delas possui uma característica única e todas emanam uma energia ímpar.
Clique aqui para relembrar nossa visita à Reducción Jesuítica Santísima Trinidad del Paraná em 2016.
Após o fabuloso passeio fomos jantar e brindamos o dia com uma Pilsen, la autêntica cerveza paraguaya, desde 1912.
Trajeto percorrido no dia:
Tudo muito bom, gostei do show de luzes, pretendo fazer uma viagem à Capital Paraguaia e vou incluir no roteiro…valeu..
O show é muito bonito mesmo, vale a pena. Na mesma viagem pode conhecer as outras duas reduções que ficam no Paraguai e as quatro da Argentina, pois todas ficam próximas. Abraços…