Brasil • Expedição 2018: Tapajós – Amazonas • Pará • Santarém
Dia 16: Festa do Çairé 2018 | Alter do Chão – Santarém – PA
22 de Setembro, 2018Na noite de ontem embarcamos em um avião no Aeroporto Internacional de Belém e, após um voo de aproximadamente 1 hora e 20 minutos, aterrissamos em Santarém – Pará.
A cidade, fundada em 1661, é uma das mais antigas da Amazônia e local onde nasceram e vivem nossas sobrinhas e afilhadas Maria Fernanda e Maria Luísa :)
No aeroporto fomos calorosamente recebidos pelos papais das meninas, Edi e Luis Paulo (nossos anfitriões), e seguimos direto a Alter do Chão, um distrito de Santarém que fica a cerca de 35km do centro da cidade.
Rodamos aproximadamente 45 minutos por uma rodovia asfaltada até chegar no local que abriga a praia mais bonita do Brasil, segundo uma publicação de 2009 do jornal inglês The Guardian.
Após o saboroso jantar colocamos a conversa em dia e tarde da noite fomos descansar, hoje levantamos logo cedo para desbravar o famoso local.
As ilhas com areias finas e branquinhas banhadas pelas águas cristalinas em tom azul-esverdeadas do Rio Tapajós são responsáveis por imensa beleza que dão fama a Alter do Chão, conhecida como “Caribe Brasileiro”.
Elas são formadas durante a vazante do rio, que ocorre entre os meses de agosto e janeiro.
Em épocas de chuvas os bancos de areia ficam submersos e é possível fazer incursões de barco pela Floresta Amazônica.
Uma vez no centrinho da vila passamos pela Paróquia Nossa Senhora da Saúde.
E caminhamos pelas barraquinhas que vendiam lindas peças de artesanato local.
De frente para a Orla Central de Alter do Chão fica a Ilha do Amor, que pode ser acessada por canoa.
Não titubeamos e em instantes embarcamos em uma das embarcações que faz a travessia até a ilha, que é um dos cartões postais de Alter do Chão.
A travessia é breve e em minutos desembarcamos na ilha de areia fofinha, e quente.
A Ilha do Amor conta com ótima estrutura, vários restaurantes, lanchonetes, cadeiras e mesas na sombra, tudo a poucos passos das águas do esbelto Rio Tapajós.
A água em torno da ilha é morna, convidativa ao banho, um verdadeiro paraíso, principalmente para as crianças.
Ali também é possível alugar um caiaque e se aventurar pelas águas do Rio Tapajós ou seguir pelas trilhas em meio à Floresta Nacional do Tapajós.
Nós optamos por relaxar em uma das inúmeras mesas ladeadas por cadeiras e protegidas do sol às margens do rio.
Ali passamos boa parte do dia, nos beneficiando da energia local e admirando tamanha beleza natural.
No meio da tarde retornamos ao centrinho de Alter do Chão e fomos surpreendidos por uma apresentação de carimbó, ritmo musical típico da região amazônica, declarado patrimônio cultural brasileiro.
Envolvidos pelo animado ritmo do carimbó iniciamos uma caminhada e logo chegamos no Lago Verde, também conhecido como Lago dos Muiraquitãs.
O lago recebe este nome pois ali era comum encontrar muiraquitãs, que são pequenos artefatos talhados pelos índios em pedras verdes representando animais (normalmente sapos, peixes e tartarugas), os quais serviam como amuletos.
O lago esconde verdadeiras maravilhas e em período chuvoso recebe os barcos que avançam pela selva.
Além dos belos cenários pudemos ver de perto um cajueiro e diversas palmeiras carregadas de açaí.
No fim do dia seguimos ao Trapiche de Alter do Chão para apreciar outra obra prima da natureza.
Do trapiche comprovamos algo que nossos anfitriões comentaram o dia todo, um pôr do Sol que dispensa qualquer tipo de comentário.
Aos poucos mais pessoas foram chegando para assistir o espetáculo e logo nos deparamos com um simpático casal de viajantes que também são acompanhados por um companheiro em suas viagens, no caso, um porquinho.
FredLee fez novas amizades e nós nos maravilhamos com uma das mais lindas despedidas do Astro Rei que presenciamos até hoje.
Assistir o Sol se pôr do Trapiche de Alter do Chão é algo indescritível, digno de aplausos.
Com a noite caindo deixamos o local, onde diversas pessoas dançavam o animado carimbó.
Dali retornamos ao centrinho de Alter do Chão, onde experimentamos outros dois pratos tradicionais da rica e diversificada culinária paraense, dessa vez o vatapá e o tacacá.
Sim, estavam deliciosos!
Além do cenário paradisíaco, Alter do Chão também sedia uma grande manifestação folclórico-religiosa, trata-se do Çairé, ou, Sairé.
Existem duas teorias sobre o princípio do festejo, que começou no século XVII.
Uma delas diz que a festa foi criada pelos índios como forma de homenagear os portugueses que colonizaram o médio e o baixo Amazonas. Como os colonizadores que aportavam nessas terras exibiam seus escudos, os índios criaram então o seu “çairé”, feito de cipó recoberto de algodão e outros adornos.
A outra hipótese indica que o evento surgiu com os padres jesuítas, que envolveram música, dança e representações da natureza, aliados aos costumes e tradições dos indígenas, para auxiliar na catequese.
Assim como existem duas hipóteses sobre o nascimento do Çairé, uma grande polêmica envolve a sua grafia, sendo que alguns defendem que o correto é Sairé (com S), enquanto outros dizem ser Çairé (com Ç).
Independente da real origem e da forma como deve ser escrito, atualmente o Çairé é uma festa de louvor ao Divino Espírito Santo que incorpora elementos da natureza e folclore indígena.
Os preparativos para a grande festa do Sairé começam com a procura pelos troncos que servirão de mastros, na abertura da festa. Os troncos escolhidos são enfeitados com folhas, flores e frutos, e levantados em competição acirrada entre homens e mulheres.
A festa tem ainda procissões, ladainhas, torneios esportivos, apresentações de carimbó e lundu, e a competição dos botos Tucuxi e Cor de Rosa em uma envolvente e divertida apresentação cultural, valorizando uma das mais belas e tradicionais lendas da Amazônia, a lenda do boto.
Como estamos no período da festa, não pudemos deixar de acompanhar a festividade durante o dia, saborear os pratos típicos regionais e, à noite, diretamente do Lago dos Botos, assistir o lindo espetáculo do boto Tucuxi, com um show de danças e encenações da lenda do boto que se transforma em homem para seduzir as mulheres.
A experiência de vivenciar o espetáculo foi incrível, tudo muito bem organizado e lindo!
As duas horas de apresentação passaram num piscar de olhos. Pulamos, cantamos e nos emocionamos o tempo todo, acompanhados por uma energia incrível e imergidos pela cultura deste povo tão animado e receptivo.
Link com a transmissão completa da Festa do Çairé 2018: https://youtu.be/dAs5HlIZbU0.
Oba! Já são 2 comentários nesta postagem!
Oie…
Quase não dá pra acreditar em toda essa beleza e magia… ficamos horas curtindo cada foto cada detalhe de tanto encanto e maravilhas.
Como você citou em sua narrativa… indescritível… pura emoção… para alimentar os olhos… coração e alma. E o show ao vivo deve ser de arrepiar de emoção…
Não vejo a hora da gente se encontrar e refazer toda a viagem através de suas vozes.
Que Deus os abençoe e acompanhe por todo trajeto de retorno.
Sigam bem motociclistas do meu coração…
Boralá… Voltar pra casa…
Abraços…
Foi maravilhoso mesmo. Bjs.
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