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Antônio Prado e Flores da Cunha – RS
14 de Abril, 2017Aproveitamos o feriado prolongado de Páscoa para pegar estrada e rodar com a Formosa.
O destino escolhido para o passeio foram as cidades gaúchas de Antônio Prado e Flores da Cunha.
Saímos de Florianópolis às 7h30 de sexta-feira com sol entre nuvens, seguimos pela rodovia BR-101 sentido sul até Palhoça, onde acessamos a BR-282.
Nesta via o fluxo de veículos foi aumentando gradativamente, na mesma proporção das nuvens de chuva.
Não demorou muito para começar a lentidão na pista, sendo necessário, inclusive, reduzir a velocidade em diversos momentos a ponto de engatar a primeira marcha.
Assim que passamos por Bom Retiro alcançamos a chuva e passamos a rodar em sua companhia até Lages, onde o tempo voltou a ficar seco e o trânsito foi, aos poucos, melhorando.
Em Lages nos despedimos da rodovia BR-282 e passamos a rodar pela BR-116 sentido sul.
Já em território pertencente ao município de Capão Alto paramos para saborear um café colonial.
Devidamente alimentados avançamos em direção ao Rio Grande do Sul.
Este trecho catarinense da rodovia BR-116 é pedagiado, consequentemente a estrada está em bom estado de conservação.
Conforme nos aproximávamos do estado gaúcho o céu começava a limpar e ficar azul.
Poucos metros antes do posto da CIDASC, na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, existe um memorial em homenagem ao cinquentenário da Operação Passo do Socorro (1965 – 2015).
Paramos para conhecer o local e, segundo a placa indicativa, neste ponto o exército brasileiro realizou a maior operação de transposição de curso d’água em tempos de paz por intermédio de sua engenharia.
“As fortes chuvas que atingiram a região derrubaram a Ponte Engenheiro Antônio Alves de Noronha, deixando o estado do Rio Grande do Sul isolado. O heroísmo dos bravos que enfrentaram a chuva e a neve para restabelecer esta ligação rodoviária foi sem precedentes na história da engenharia militar.”
Logo adiante fica a placa de divisa de estados e, claro, não poderia faltar a foto ao seu lado.
Com o céu devidamente azul, fazendo jus à música “Querência Amada”, de Teixeirinha, subimos na Formosa, cruzamos a ponte sobre as águas do Rio Pelotas e deixamos as terras catarinenses para aventurar-se pelo estado vizinho.
“Quem quiser saber quem sou
Olha para o céu azul
E grita junto comigo
Viva o Rio Grande do Sul”
Já no lado rio-grandense fizemos outra breve pausa, desta vez para fotografar a placa de boas-vindas a Vacaria, cidade conhecida como “A porteira do Rio Grande”.
Ali ficamos sabendo, através de uma placa indicativa, que o trecho da rodovia deste ponto até a cidade de Campestre da Serra – RS é de responsabilidade do Exército Brasileiro, e está livre de praças de pedágio.
Avançamos pela sinuosa serra e logo passamos ao lado do posto de fiscalização agropecuária.
Conforme adentrávamos no Rio Grande do Sul o céu azul começava a ficar encoberto.
Seria uma propaganda enganosa aquela do céu azul?
Pois bem, passamos pelo principal trevo de acesso a Vacaria e poucos quilômetros adiante uma enorme fila de veículos parados se formou no meio da pista.
Coincidentemente, ou não, quando tudo parou o céu voltou a ficar azul, aumentando assim a sensação de calor em meio a diversos carros e carretas.
Após aguardar aproximadamente 45 minutos pudemos seguir viagem, o motivo da interdição total da pista era uma carreta carregada de milho que havia tombado em uma curva.
Como chegamos ao local no exato momento em que os guinchos estavam atuando, os dois sentidos da pista estavam completamente bloqueados.
Alguns quilômetros adiante nos despedimos da rodovia BR-116 e acessamos a recém reformada RS-122.
Estrada reformada dispensa comentários, basta rodar e apreciar a bela paisagem ao seu redor.
Passamos por extensas áreas destinadas à criação de gado e várias estufas repletas de morangos.
Logo chegamos no município de Ipê, onde paramos em uma lanchonete às margens da rodovia estadual para nos refrescar com um suco de uva natural bem gelado.
Além do suco de uva, vários vinhos e produtos coloniais regionais eram comercializados no estabelecimento que havia sido construído ao redor de uma antiga pipa de madeira, que outrora armazenava vinhos em seu interior.
Hidratados, revigorados e com os lábios roxos, continuamos rodando pela região da uva e do vinho até chegar em Antônio Prado.
Ali outra pausa para foto, desta vez em frente ao belo pórtico municipal, que saúda os visitantes com a frase: “Benvenuti a Antônio Prado!”.
A densa floresta milenar que revestia todo o território pertencente ao atual município de Antônio Prado permaneceu intocável, como ilha inacessível, até meados de 1880.
Nem os missionários jesuítas, que fundaram a Vacaria dos Pinhais, nem o próprio Padre Francisco Ximenes, que em 1633 efetuou o levantamento da região, puseram os pés nestas terras, assim como não fez a bandeira de Raposo Tavares em 1863.
Os fazendeiros dos Campos da Vacaria, no século passado, penetravam na mata que circunda o campo, ocupando terras para implantar suas lavouras e invernadas, entretanto, não ultrapassaram a atual linha divisória do município, feito este alcançado apenas pelos nativos tapes e coroados (caingangues), que percorriam todas as montanhosas paragens cobertas de imensos pinhais, de cujo fruto alimentavam-se.
Simão David de Oliveira, que viera caminhando de São Paulo, foi o primeiro cidadão não nativo que, por volta de 1880, se estabeleceu na margem direita do Rio das Antas, onde encontrou um lugar aprazível para construir seu rancho, no único trecho de terras planas, junto a foz do Rio Leão e do Arroio Tigre, por onde depois, em princípio de 1886, foi aberta a primeira picada que dava acesso a nova colônia italiana chamada Antônio Prado.
Antônio Prado foi a sexta e última das chamadas antigas colônias da imigração italiana, e foi fundada em maio de 1886.
A partir da criação da nova colônia começaram a ser destinadas verbas públicas para abertura de estradas, construção de balsas, medição de terras, construção de barracões, transporte e acolhimento dos colonos. Apesar dos importantes acontecimentos políticos pelos quais o país passava, como a proclamação da República e a Revolução Federalista em 1893, não houve interferência no processo de implantação de imigrantes em terras devolutas e cobertas de matas nativas da Serra do Rio das Antas.
Em 1885 ficou estabelecido pelo imperador do Brasil que durante o período de 1886/87 seria criado um núcleo de colonização na margem direita do Rio das Antas, este núcleo não tinha nome, por isso, o bacharel Manoel Barata Góis sugeriu e solicitou que fosse dado à nova colônia o nome de Antônio Prado, em homenagem a Antônio da Silva Prado, fazendeiro paulista que, como Ministro da Agricultura da época, promoveu a vinda dos imigrantes italianos ao Brasil, e instalou núcleos coloniais no Rio Grande do Sul.
Atualmente Antônio Prado conta com aproximadamente 14.000 habitantes, está a 658 metros acima do nível do mar, fica a cerca de 185km de Porto Alegre e é tida como “A cidade mais italiana do Brasil”.
O centro histórico de Antônio Prado, constituído por 48 edificações que foram construídas no final do século XIX e início do século XX pelos imigrantes italianos, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1989.
É o maior acervo arquitetônico em área urbana referente à imigração italiana no Brasil, sendo considerado de suma importância para a preservação da cultura e identidade nacional.
Em meio a este verdadeiro museu a céu aberto nos deparamos com as ruas abarrotadas de carros estacionados, mas poucas pessoas circulando pelas calçadas e o comércio todo fechado… onde está todo mundo?
Sexta-feira Santa, a cidade mais italiana do Brasil… mas é claro, toda a população, e provavelmente dos municípios vizinhos, estão acompanhando a missa em frente à igreja matriz da cidade.
Com isso tardamos, mas finalmente conseguimos localizar uma vaguinha para estacionara Formosa e iniciar uma caminhada pela área central de Antônio Prado.
Centrinho histórico bastante conhecido para quem assistiu o filme “O Quatrilho”, haja visto que a cidade foi o cenário do longa gravado em 1995.
Na época algumas ruas da área central tiveram seus paralelepípedos cobertos por terra e os postes de iluminação retirados para que fossem recriadas as ruas da cidade de Caxias do Sul no início do século XXI.
Tão logo estacionamos a Formosa a multidão que acompanhava a missa em frente à praça principal saiu em procissão, aproveitamos então a brecha para conhecer seus arredores com mais tranquilidade.
Passamos pela prefeitura municipal de Antônio Prado, instalada em uma edificação de 1896.
Cruzamos a arborizada e bem preservada Praça Garibaldi e adentramos em um casarão de madeira construído em 1910, o qual abriga a Casa da Neni – Museu Municipal.
Casa da Neni – Museu Municipal – Centro Cultural Padre Schio
Local: Rua Luiza Bocchese, 34 | Centro | Antônio Prado – RS
Telefone: (54) 3293-5656
E-mail: museupadreschio@gmail.com
Site: https://museupadreschio.wixsite.com/antonioprado
Funcionamento:Terça a sexta das 9h00 às 11h30 e das 13h15 às 17h30 | Sábado e domingo das 9h00 às 11h45 e das 13h00 às 16h00
Ingresso: Gratuito
Tempo médio de visitação: 30 minutos
Objetos e peças ambientados aos cômodos da casa preservam e contam o modo de viver das primeiras famílias colonizadoras e a história da formação municipal.
Enquanto a pequena sacada do piso superior proporciona uma bela vista da igreja matriz e da Praça Garibaldi.
No final da segunda metade do século XIX, em 1875, iniciou-se a imigração de italianos para o Brasil.
Mas… por que sair da Itália?
A maioria desses imigrantes veio do meio rural da Itália, pois ficou sem seu sustento por vários motivos, entre eles a reforma agrária que contribuiu para o surgimento de latifúndios e redução dos minifúndios, êxodo rural, aumento da população urbana, aumento na procura de empregos nas fábricas, poucas vagas de emprego e baixos salários.
Grande parte dos imigrantes embarcaram no Porto de Gênova e suportaram uma viagem que durava em torno de 45 dias até o Rio de Janeiro.
Após um período de quarentena, para observações médicas, eram enviados por pequenas embarcações aos portos de Porto Alegre ou Rio Grande, de onde eram encaminhados para as colônias.
Essa parte final da viagem era feita por trem, a pé ou de carroça, através de caminhos e picadas.
Nos fundos do Museu Municipal estava a área destinada ao Coelho da Páscoa, FredLee se sentiu em casa.
Conhecido o museu deixamos o casarão centenário e quando voltamos à rua percebemos que a multidão havia regressado da procissão e se concentrava novamente em frente à igreja, na praça, ruas e calçadas próximas.
É, não foi desta vez que conhecemos o interior da bela Igreja Sagrado Coração de Jesus.
Decidimos deixar a cidade antes da missa acabar, afinal de contas, imagina todos esses carros saindo ao mesmo tempo.
Mas, antes de partir de Antônio Prado fizemos uma foto em frente à charmosa Capela Nossa Senhora de Fátima.
Por fim cruzamos o pórtico com o dizer “Buon Ritorno! Arrivederci!” e voltamos a rodar pela RS-122, que de Antônio Prado até Caxias do Sul é pedagiada.
Durante o trajeto avistamos uma bela construção de pedra, não resistimos e paramos.
No local, que é um restaurante e cantina italiana, provamos mais um suco natural de uva.
Após o saboroso suco partimos para a última pernada do dia, com destino a Flores da Cunha.
Fizemos uma rápida pausa para apreciar a vista do Vale do Rio das Antas através de um mirante ao lado da rodovia.
E finalmente cruzamos a Ponte Valdomiro Bochese, também conhecida como Ponte do Suspiro, sobre o Rio das Antas, divisa natural entre Antônio Prado e Flores da Cunha.
Em instantes passamos pela praça de pedágio de Flores da Cunha, onde motos não pagam… mazaaah!
Fiquei até com vontade de fazer o retorno e passar mais algumas vezes pela praça de pedágio, mas com o dia chegando ao fim optei em seguir adiante e tratar de achar um bom local para acompanharmos a despedida do Astro Rei.
Com o Sol se escondendo atrás das videiras e belos pinheirais, ao chegar no trevo de acesso a Flores da Cunha não hesitei e ao invés de adentrar na cidade acessamos à direita, seguindo sentido oeste.
Passamos a rodar pelo Roteiro Turístico Vinhos dos Altos Montes, e começamos uma verdadeira caça a um local para poder estacionar a Formosa e apreciar o pôr do Sol.
Passamos pela Vinícola Del Piero.
E após alguns quilômetros de muitas curvas por uma estradinha em mau estado de conservação e sem acostamento encontramos o local que julgamos ser o ideal.
De frente para um campo de futebol no distrito de Alfredo Chaves nos maravilhamos com um pôr do Sol inesquecível.
Após o espetáculo natural retornamos pela estradinha interiorana, acessamos o centro de Flores da Cunha, paramos em um mercado para comprar um vinho local, na sequência em uma pizzaria para reservar a janta e por fim fomos ao hotel.
Com uma pizza deliciosa e um bom vinho da Serra Gaúcha encerramos o dia com chave de ouro… amanhã tem mais Rio Grande do Sul, tchê!
Trajeto percorrido no dia:
Oba! Já são 2 comentários nesta postagem!
Grato pelas tuas observações, fotos e bom humor! Estamos em Lages, vindos de Floripa onde moramos, para passar o dia das mães com a sogra. Segunda seguimos para Bento Gonçalves, numa viagem comemorando os 30 anos de casamento, onde vamos visitar o Vale dos Vinhedos, por 4 dias. Embora estejamos de carro, vamos aproveitar muito as informações que encontramos contigo. Mais uma vez agradecemos pela tua iniciativa de compartilhar o passeio. Uma pergunta: o coelho gostou bastante da viagem? Forte abraço!
Olá Flavio! Que maravilha. Desejamos uma ótima viagem para vocês, esta região tem muito a oferecer, aproveitem. Parabéns pelas bodas de pérola! O FredLee adorou a viagem hahahaha Abraços…
Estamos ansiosos para ler tudo aquilo que tu tem para dizer! É chegado o momento de abrir este coração e compartilhar tua opinião, crítica (exceto algo desfavorável à imagem da Formosa), elogio, filosofar a respeito da vida ou apenas sinalizar que chegou até aqui ;)
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