Chuy • Expedição 2022: Uruguay • La Coronilla • Rocha • Uruguai
Camping no Parque Nacional de Santa Teresa, Uruguai: Praias Paradisíacas e a Fortaleza de Santa Teresa
14 de Agosto, 2022
Entre Chuí e Chuy, explore a avenida que marca a fronteira entre Brasil e Uruguai, visite a Playa de La Coronilla e viva a experiência de acampar no Parque Nacional de Santa Teresa, lar da Fortaleza de Santa Teresa e um dos principais atrativos turísticos do Uruguai.
No extremo sul do Brasil, percorremos uma curiosa avenida que marca, literalmente, a fronteira entre os dois países: de um lado, Chuí (Rio Grande do Sul), do outro, Chuy (Rocha), no Uruguai. Ao atravessar novamente para a República Oriental do Uruguai, retomamos nossa viagem de moto rumo à charmosa cidade balneária de La Coronilla. Depois, seguimos por um trecho da rodovia nacional que também funciona como pista para pousos emergenciais de aeronaves até chegar ao Parque Nacional de Santa Teresa, onde acampamos por duas noites. Durante nossa estadia no maior parque nacional uruguaio, exploramos praias preservadas, assistimos ao nascer da última superlua do ano e visitamos a histórica Fortaleza de Santa Teresa, um dos patrimônios culturais mais importantes do país.

A quarta-feira amanheceu com um céu azul límpido no extremo sul do Brasil, daqueles que anunciam um bom dia antes mesmo do café. Começamos a manhã no Balneário Barra do Chuí, aquecendo o corpo e a alma com um café bem servido antes de subir na Formosa e seguir viagem pelo Uruguai.
Mas antes de pegar estrada, descobrimos algo curioso (pelo menos para nós). Todo mundo sabe que o Chuí é o ponto mais ao sul do Brasil, mas isso não é tão simples quanto parece, pois existem três referências com esse nome:
- Município do Chuí (RS)
- Balneário Barra do Chuí, pertencente a Santa Vitória do Palmar (RS)
- Arroio Chuí, o curso d’água que divide Brasil e Uruguai
E aqui vai a resposta definitiva: o verdadeiro ponto mais austral do Brasil fica na Barra do Chuí, no município de Santa Vitória do Palmar (RS), e não no município chamado Chuí (RS). Confuso? Um pouco. Interessante? Muito!

Com essa curiosidade resolvida, carregamos a moto e rodamos poucos quilômetros até o centro do município de Chuí. Ali existe uma avenida que é literalmente a fronteira entre os dois países: Avenida Uruguai no lado brasileiro (Chuí – Rio Grande do Sul) e Avenida Brasil no lado uruguaio (Chuy – Rocha), uma via binacional cheia de free shops e com trânsito intenso de pessoas e veículos, onde português e espanhol se misturam naturalmente, formando um cenário único. Claro que a Formosa desfilou pelos dois lados da avenida antes da foto oficial.
Depois do registro, cruzamos oficialmente a fronteira e entramos novamente na República Oriental del Uruguay.

Se viajar pelo Uruguai já passou pela sua cabeça, mas você ainda não sabe por onde começar, fica tranquilo: preparamos um conteúdo completo e gratuito com documentos necessários, dicas, mapas, atrações, destinos históricos e naturais: um verdadeiro guia de viagem pelo país, disponível aqui.
Ainda em Chuy, aproveitamos os preços atrativos dos free shops para garantir alguns itens essenciais. Em seguida, pegamos a Ruta 9 e seguimos rumo ao sul até chegar à pequena e tranquila cidade litorânea de La Coronilla.


Foi ali que encontramos uma casa simples para alugar, e adivinha o que ela tinha? A maior dádiva que um viajante de longa distâncias pode sonhar: uma máquina de lavar roupas. Não pensamos duas vezes: duas noites, por favor.
Chegamos no meio da tarde. Eu descarreguei a Formosa enquanto a Sayo preparava uma torta deliciosa: massa de aveia com banana, cacau 100% alcalino e sementes, recheada com doce de banana caseiro, raspas de limão siciliano e especiarias. Para finalizar: dulce de leche uruguaio, banana fatiada e gotas de chocolate amargo. Ainda salivo só de lembrar.

O dia seguinte foi dedicado à organização, não da casa alugada, mas da que carregamos na moto. Lavamos roupas, equipamentos de camping, barraca, utensílios de cozinha, roupas de viagem, capacetes e até mochilas. Em determinado momento a máquina de lavar roupas parou repentinamente, nos dando um susto. Depois descobrimos que o bairro estava sofrendo com falta de água, mas logo tudo foi restabelecido.
Ao final do dia, estávamos exaustos, porém satisfeitos. Tudo limpo, seco e pronto para seguir viagem.

Na sexta-feira, por volta das 11h30, nos despedimos da hospedagem e fomos conhecer a charmosa Playa La Coronilla.
No fim da via principal do balneário, um deck de madeira impecável oferece uma vista cinematográfica para o Oceano Atlântico. Ali, sentamos à sombra, tomamos iogurte natural com frutas vermelhas e apenas contemplamos o momento.

La Coronilla, no departamento de Rocha, possui pouco mais de 500 habitantes e cerca de 8 km de praias quase intocadas, cercadas pelos belíssimos Palmares de La Coronilla.



O nome da cidade vem da planta coronilla, antes abundante na região e reconhecida por suas flores amarelas.

A vontade era ficar mais, mas seguimos viagem. Passamos pela Puente Colgante, uma ponte pênsil icônica da cidade, tentamos visitar o Centro de Tortugas Marinas Karumbé (infelizmente fechado) e logo estávamos novamente na Ruta 9.

Balneário La Coronilla – Rocha
Navegue pela web story abaixo para uma experiência única de conteúdo visual.
Poucos quilômetros depois, em uma longa reta, vimos marcas no asfalto e um alargamento abrupto da pista. Paramos. Uma placa confirmou: estávamos sobre um trecho da estrada preparado para pouso emergencial de aeronaves.

Esse recurso existe porque a região é considerada de alto risco de incêndios florestais. A pista permite pousos e decolagens rápidos para combate, resgate e transporte de suprimentos emergenciais.

A Formosa adorou rodar por uma pista de avião. Dali seguimos rumo a um dos atrativos turísticos mais emblemáticos do Uruguai: o Parque Nacional de Santa Teresa.
Com seus impressionantes 3.200 hectares, o Parque de Santa Teresa se destaca como um dos maiores parques construídos pelo homem no mundo, oferecendo uma fusão perfeita entre natureza, história e infraestrutura turística.


A entrada é gratuita. Administrado pelo Exército Uruguaio, o Parque Nacional de Santa Teresa abriga mais de 2 milhões de árvores exóticas e nativas, quatro praias paradisíacas, sombráculo, invernáculo, áreas de avistamento de aves, refúgio silvestre e trilhas ecológicas.

O Parque Nacional de Santa Teresa, no departamento de Rocha, também conta com restaurantes, lanchonetes, padaria, mercado, cabanas, hostel e áreas para camping, o que o torna uma excelente opção para viajantes de carro, moto, bicicleta, motorhome ou mochileiros.
Camping do Parque Nacional de Santa Teresa
O camping do Parque Nacional de Santa Teresa é um destino imperdível. Localizado em uma área protegida pelo Exército Uruguaio, o parque oferece um ambiente seguro e uma infraestrutura de excelente qualidade.
Como chegar
Mapa e roteiro de como chegar no Camping do Parque Nacional de Santa Teresa partindo do centro de Montevideo – Montevideo – Uruguai:
Contatos do Camping do Parque Nacional de Santa Teresa
- Endereço: Ruta 9, Km 302 | Rocha – Uruguai
- Telefones: +598 4477 2103 | +598 092 678 631
- E-mail: contacto@ejercito.mil.uy
Para obter informações mais detalhadas, visite o site oficial do Parque Nacional de Santa Teresa.
Horários de Funcionamento
- Todos os dias: 8h00 às 20h00 | Temporada de verão
- Terça a domingo: 8h00 às 18h00 | Demais períodos do ano
Valores de Ingresso
- Público em geral: $210 | A noite por pessoa em área sem ponto de água e luz
- Público em geral: $260 | A noite por pessoa em área com ponto de água e luz
*Todos os preços estão em pesos uruguaios.
**Só é aceito pagamento em dinheiro e em pesos uruguaios.
Recomendamos verificar as tarifas antes da sua viagem, pois os valores podem ser alterados a qualquer momento.
Comodidades e Informações Úteis
A seguir, apresentamos uma lista detalhada das comodidades oferecidas no Camping do Parque Nacional de Santa Teresa, acompanhada de informações essenciais para a sua estadia:
Área coberta para barraca:
Não
Área para fogueira:
Sim
Banheiro:
Sim | Femininos e masculinos
Churrasqueira:
Não
Chuveiro:
Sim | Com água quente
Cidade mais próxima:
Punta del Diablo | 8 km
Cozinha:
Não
Estacionamento ao lado da barraca:
Sim | Em área aberta
Iluminação:
Sim
Internet:
Não
Quadra esportiva:
Não
Lanchonete ou restaurante próximo:
Sim | Dentro do Parque Nacional de Santa Teresa
Mercado ou armazém próximo:
Sim | Dentro do Parque Nacional de Santa Teresa
Mesa com bancos:
Não
Permite animais de estimação:
Não
Piscina:
Não
Playground:
Não
Ponto de água:
Sim
Ponto de luz (tomada):
Sim (220V)
Sinal de celular:
Sim
Tanque para lavar roupa:
Sim | Em área aberta
Valor:
$210 | A noite por pessoa
$260 | A noite por pessoa em área com ponto de água e luz
Na chegada, decidimos adquirir ingressos para duas noites de camping, que é o período mínimo permitido.

Percorremos mais de 5 km pelas estradas asfaltadas internas do Parque de Santa Teresa até o Camping La Moza, o único aberto durante a baixa temporada. O parque tem capacidade para receber até 10.000 campistas simultaneamente, distribuídos em 189 áreas com ponto de luz e água, além de 1.810 espaços sem infraestrutura de energia e água. Escolhemos uma área com energia e água.

Todos os espaços destinados ao camping permitem estacionar o veículo ao lado da barraca, contam com área para fogueira e oferecem fácil acesso aos banheiros e chuveiros.
Naquela fria noite de sexta-feira, éramos os únicos a acampar no vasto Parque Nacional de Santa Teresa. Montamos a barraca e organizamos tudo com agilidade.

Ao olhar para o oeste, vimos os últimos raios de sol criando um cenário deslumbrante entre as árvores. A luz suavizava uma pequena névoa no horizonte e tingia o céu com uma infinidade de cores vibrantes.


Rapidamente preparamos um chimarrão e, a passos largos, seguimos pela rua em direção ao pôr do sol, até chegarmos a um portão fechado. Pulamos por ele e nos deparamos com uma imponente estátua do General Leonardo de Oliveira, montado em seu cavalo, olhando fixamente para a Fortaleza de Santa Teresa, localizada a poucos metros dali, justamente no ponto onde o Astro Rei se despedia do dia.

O pôr do sol foi de uma beleza inesquecível: tons dourados tingindo o céu limpo, com a silhueta da Fortaleza de Santa Teresa ao fundo. Ali, o silêncio era absoluto, interrompido apenas pelo som de duas motos BMW R 1200 GS, cada uma com um viajante, que passaram rapidamente pela estrada.

Com o vento frio da noite, voltamos ao camping. Pegamos os cookies integrais que a Sayo preparou pela manhã e decidimos caminhar até a Punta de la Moza.

No mirante da Punta de la Moza, um deck elevado com bancos voltados para o mar oferece uma vista espetacular da Playa de la Moza e da Playa de las Achiras, especialmente projetado para a observação de baleias durante a temporada.

Sentamos ali, contemplamos o céu estrelado e, aos poucos, vimos surgir no horizonte a última superlua do ano.
A cena era indescritível: só nós, o mar, o vento, as estrelas e a lua iluminando tudo ao nosso redor.


Ficamos até tarde no Mirador de Ballenas, no Parque Nacional de Santa Teresa, absorvendo a energia única do ambiente, cercados por uma natureza exuberante e imersos em um silêncio absoluto. Apenas o som suave das ondas quebrando na praia e o canto esporádico de aves interrompiam a quietude, tudo acompanhado por um vento gelado que nos abraçava e envolvia. Finalmente, satisfeitos, voltamos para a barraca e nos preparávamos para uma noite tranquila de sono.

Mas a paz durou pouco. No meio da madrugada, fomos acordados por um som alto de música em espanhol: nossos novos vizinhos haviam montado acampamento a poucos metros de nós. Entre tragos, gargalhadas e uma enorme caixa de som voltada para o nosso lado, parecia que estávamos no meio de uma festa rave. No entanto, as batidas não eram eletrônicas, mas um ritmo peculiar, algo que nunca havíamos ouvido antes, cantado em espanhol. As músicas em si até não eram tão ruins, mas o grande desafio estava na cantoria animada e… embriagada, de nossos vizinhos.

Logo pensamos: o Parque Nacional de Santa Teresa tem cerca de 3.000 hectares, e esses novos vizinhos escolheram exatamente o espaço ao lado do nosso. Não que isso fosse um problema, é natural, desde que respeitem as regras, especialmente a que diz respeito ao silêncio.
Até aquele momento, no Uruguai, havíamos experimentado a serenidade única de acampar no Parque Municipal Quebrada de los Cuervos, em Treinta y Tres, e a tranquilidade isolada do Camping El Capricho, nas Sierras del Yerbal, onde éramos os únicos no camping, embalados apenas pelos sons da natureza: pássaros, corujas e outros animais.

Apesar do incômodo, encaramos a situação com bom humor. Afinal, sabemos que na estrada, imprevistos acontecem e a melhor maneira de lidar com eles é rir. Até cogitamos nos juntar à festa dos novos vizinhos, mas logo descartamos a ideia, devido ao cansaço! 😄

Ao amanhecer de sábado, o silêncio finalmente tomou conta do ambiente. Despertamos nas primeiras horas do dia, pegamos nosso pequeno fogareiro a álcool, a prensa francesa e os itens essenciais para o café da manhã, e caminhamos novamente até o mirante da Punta de la Moza, na esperança de assistir ao nascer do sol.


No entanto, uma névoa densa encobria o horizonte. Mesmo assim, aproveitamos o momento para preparar um café da manhã especial em um cenário paradisíaco. Mais tarde, o sol finalmente conseguiu romper a barreira das nuvens espessas que cobriam a linha onde o horizonte encontra o mar, pintando o céu de um azul radiante e espantando o frio da manhã.

Após o desayuno (café da manhã), retornamos ao camping, tomamos um banho quente (com água aquecida na caldeira), subimos na Formosa e percorremos cerca de 5 km até o centro administrativo do Parque Nacional de Santa Teresa. Lá, encontramos uma padaria, mercado, centro de informações turísticas, bombeiros, cantinas militares e até caixas eletrônicos.
Parque Nacional de Santa Teresa
O Parque Nacional de Santa Teresa é um verdadeiro ícone do Uruguai, repleto de atrações que vão muito além das suas praias selvagens. Entre os destaques estão áreas dedicadas à observação de aves, um invernáculo, um sombráculo, e, é claro, a imponente Fortaleza de Santa Teresa, que se ergue como um símbolo histórico e cultural da região.
Como chegar
Mapa e roteiro de como chegar no Parque Nacional de Santa Teresa partindo do centro de Chuy – Rocha – Uruguai:
Contatos do Parque Nacional de Santa Tereza
- Endereço: Ruta 9, Km 302 | Rocha – Uruguai
- Telefones: +598 4477 2103 | +598 092 678 631
- E-mail: contacto@ejercito.mil.uy
Para obter informações mais detalhadas, visite o site oficial do Parque Nacional de Santa Teresa.
Horários de Funcionamento
- Todos os dias: 8h00 às 20h00 | Temporada de verão
- Terça a domingo: 8h00 às 18h00 | Demais períodos do ano
Valores de Ingresso
- Público em geral: Gratuito
Recomendamos verificar as tarifas antes da sua viagem, pois os valores podem ser alterados a qualquer momento.
Tempo Médio de Visitação
- 3 dias
Recursos para sua Visita
Web Story
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Compramos água, doces, medialunas e alguns pães, entre eles um grande pão em forma de meia-lua chamado chicharrón, uma iguaria típica uruguaia.

Com as sacolas em mãos, caminhamos até uma loja de lembrancinhas, estrategicamente localizada sobre uma pequena cascata artificial. A água formava uma rede de arroios, cruzada por belas pontes de madeira em formato de arco.

Ali, encontramos um banco sombreado, de frente para a cascata, o lugar perfeito para saborear o tal chicharrón. A massa do pão, fresquinha e feita com banha de porco, estava deliciosa.

No entanto, o que não sabíamos era que ele era recheado com crocante de porco. Descobrimos ali que “chicharrón” em espanhol significa torresmo. Para os amantes de torresmo, a iguaria seria um verdadeiro manjar, mas, no nosso caso, o recheio não agradou tanto. Ainda assim, com a fome que estávamos, o pão cumpriu bem o seu papel.

Após o almoço, torcendo para não enfrentar nenhum contratempo, decidimos conhecer o invernáculo. Logo ao entrar, percebemos a mudança brusca de temperatura e, ao som de uma suave música erudita, nos encantamos com a grande diversidade de espécies botânicas expostas.


O impressionante invernáculo do Parque Nacional de Santa Teresa foi inaugurado em 1939 e abriga majoritariamente plantas tropicais provenientes de cinco continentes.
Construído com estrutura de granito e cápsulas de vidro, o espaço conta com calefação e controle de umidade para manter o recinto ideal às espécies exóticas. Além disso, o local inclui um pequeno aquário com fauna de água doce e salgada, dois lagos com carpas koi multicoloridas e um cactário que recria com fidelidade o ambiente desértico.

A atmosfera do invernáculo lembra a do Jardim Botânico de Curitiba, no Paraná (Brasil), cada um com sua própria personalidade, contexto histórico e identidade preservada.

Em frente à estrutura, encontra-se um belíssimo jardim de rosas e, ao lado, um pequeno museu com informações detalhadas sobre o parque, incluindo uma maquete e uma seção dedicada ao historiador uruguaio Horacio Arredondo, responsável por liderar os esforços de restauração da Fortaleza de Santa Teresa a partir de 1928.

Caminhando alguns metros, chegamos ao sombráculo, também erguido em 1939. Esse espaçoso ambiente foi projetado para favorecer o desenvolvimento de espécies tropicais exóticas originárias de diversas regiões.

Os lagos ali presentes abrigam papiros, nenúfares e outras plantas aquáticas, criando um cenário convidativo, ideal para momentos de contemplação.


Seguimos explorando o Parque de Santa Teresa até a Laguna de Peña, onde uma pequena cabana de madeira funciona como observatório camuflado, ótimo para avistamento de aves. Ali, bancos estrategicamente posicionados permitem apreciar a vida selvagem sem interferir no habitat natural.

Ao lado da cabana, uma passarela suspensa avança sobre o banhado e termina no centro da lagoa. Nesse ponto, um mirante sombreado oferece uma vista panorâmica da paisagem.

A Laguna de Peña é considerada a maior reserva de capivaras do parque e abriga ainda uma rica variedade de fauna, como veados, lontras e preás. O local também é reduto de inúmeras espécies de aves, incluindo tachãs, garças brancas e galinhas-d’água, o que o torna um excelente ponto de observação para amantes de birdwatching.

Próximo à laguna encontra-se o Jardín Uruguayo, criado em homenagem aos povos originários da região. No centro do espaço, destaca-se uma estátua que representa um Soldado do Sol, membro do povo indígena Arachane.

Segundo relatos históricos, os Arachanes eram uma tribo numerosa, de origem guaranítica, descrita como forte e resistente. Infelizmente, no final do século XVII, acabaram dizimados principalmente por bandeirantes provenientes de São Paulo.

No meio da tarde, retornamos ao Camping La Moza. Preparamos um tradicional mate e seguimos caminhando até a Playa de las Achiras. A praia, com uma extensa faixa de areia fina, parecia exclusivamente nossa, com exceção de algumas vacas tranquilas que aproveitavam o dia ensolarado.


O nome da praia homenageia a planta achira, bastante comum na vegetação costeira da região. A sensação de isolamento, aliada ao mar calmo, tornou o momento especial.

Vale mencionar que o Parque Nacional de Santa Teresa é o maior parque nacional do Uruguai e concentra cerca de 12 km de praias entre o Cerro Verde e o balneário de Punta del Diablo. O parque possui quatro praias principais:
- Playa Grande: na divisa com Punta del Diablo, famosa por sua amplitude e paisagem preservada.
- Playa del Barco: mais isolada, ideal para quem busca tranquilidade.
- Playa de las Achiras: onde estávamos, com fácil acesso e muito procurada para pesca.
- Playa de la Moza: uma das preferidas entre surfistas, com ondas consideradas entre as melhores do país.

Cada praia apresenta cenários distintos e experiências únicas, tornando o Parque Nacional de Santa Teresa um destino versátil para diferentes perfis de viajantes.

Inspirados pelo clima e pelo mate, caminhamos pelas areias da Playa de las Achiras até o topo da Punta de La Moza.

Encontramos um ponto sombreado ideal para nos acomodarmos e apreciar o visual enquanto saboreávamos ojitos uruguaios caseiros (pequenos biscoitos amanteigados, geralmente recheados com doce de leite ou geleias). Na Argentina, são conhecidos como pepas. Uma combinação simples, porém perfeita, para acompanhar o mate.

Quando o sol começou a se despedir, retornamos ao camping. Preparamos nossos equipamentos de cozinha e seguimos até a área próxima à Fortaleza de Santa Teresa, onde restaurantes funcionam apenas na alta temporada.
Aproveitamos as mesas disponíveis para preparar nosso jantar: um refogado de pimentão, cebola, tomate e batatas, acompanhado de uma refrescante salada de tomate e alface.


Mais tarde, voltamos à Punta de la Moza para observar a lua e escutar o som do mar. Por volta das 23h00, fomos descansar e, felizmente, tivemos uma noite silenciosa e confortável.

O domingo amanheceu com neblina densa e muita umidade. Coincidentemente, era Dia dos Pais no Brasil e Dia das Crianças no Uruguai. Pouco a pouco, o céu foi abrindo e revelando um dia perfeito para visitar a histórica Fortaleza de Santa Teresa.
Fortaleza de Santa Teresa | Parque Nacional de Santa Teresa
Construída pelos portugueses em 1762, a Fortaleza de Santa Teresa passou por sucessivas mudanças de domínio entre espanhóis e portugueses até 1828, quando finalmente foi incorporada à República Oriental del Uruguay. Hoje, ela se destaca como um dos destinos históricos mais emblemáticos do Uruguai.
Como chegar
Mapa e roteiro de como chegar na Fortaleza de Santa Teresa partindo do centro de Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil:
Contatos da Fortaleza de Santa Tereza
- Endereço: Ruta 9, Km 305 | Rocha – Uruguai
- Telefone: +598 4474 6541
- E-mail: divmuseo22hh@ejercito.mil.uy
Para obter informações mais detalhadas, visite o site oficial da Fortaleza de Santa Teresa.
Horários de Funcionamento
- Todos os dias: 8h00 às 19h00 | De dezembro a 1º de março
- Todos os dias: 10h00 às 17h00 | Demais períodos do ano
Valores de Ingresso
- Público em geral: $50
- Maiores de 65 anos: Gratuito
- Crianças até 12 anos: Gratuito
*Todos os preços estão em pesos uruguaios.
**Só é aceito pagamento em dinheiro e em pesos uruguaios.
Recomendamos verificar as tarifas antes da sua viagem, pois os valores podem ser alterados a qualquer momento.
Tempo Médio de Visitação
- 4 horas
Web Story
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Após adquirir os ingressos, iniciamos a visita ao Forte de Santa Teresa, construído em 1762 pelos portugueses para defender a região durante possíveis conflitos com os espanhóis. Na época, era conhecido como Castillos Chicos, e estava estrategicamente posicionado no caminho de La Angostura.
As obras foram iniciadas pelo Coronel Tomás Luis Osorio, mas logo interrompidas após a invasão liderada por Dom Pedro de Cevallos, governador de Buenos Aires, que tomou controle dos fortes de San Miguel e Santa Teresa.

Os espanhóis retomaram a construção do Forte de Santa Teresa, projetando a estrutura no formato de pentágono irregular com cinco baluartes e um perímetro de 642 metros. Seus muros de granito apresentam dupla parede preenchida com terra e escombros, garantindo resistência aos impactos de artilharia, uma técnica comum em fortificações estratégicas da época.

Ao longo dos anos, a Fortaleza de Santa Teresa passou por disputas territoriais entre Portugal e Espanha até integrar definitivamente a recém-formada República Oriental do Uruguai em 1828.

Reconhecendo seu valor histórico, o governo uruguaio declarou a fortaleza Monumento Histórico Nacional em 1927, e o Parque Nacional de Santa Teresa foi criado com o objetivo de protegê-la. No ano seguinte, iniciou-se um amplo processo de restauração.

Hoje, seus espaços internos funcionam como museu, recriando ambientes do século XVIII e expondo objetos que ajudam a compreender o contexto militar e cultural da época. Logo na entrada, há dois QR Codes (um em português e outro em espanhol) que direcionam para um guia digital com informações narradas durante todo o percurso autoguiado.

Exploramos o local por algumas horas. A visita é extremamente enriquecedora e o espaço ao redor é perfeito para um piquenique e passeios em família.

Quando já passava das 13h, retornamos ao camping para almoçar e finalizar a organização da Formosa. No meio da tarde, nos despedimos do Parque Nacional de Santa Teresa e seguimos rumo a Punta del Diablo, destino que será tema da próxima postagem da viagem.

Acima, o mapa com o trajeto realizado entre Barra do Chuí (Rio Grande do Sul, Brasil) e o Parque Nacional de Santa Teresa, passando por La Coronilla, no departamento uruguaio de Rocha.




Oba! Já são 2 comentários nesta postagem!
Bom dia. Conheci esta região em 2014-15. Também entramos pelo Chuí, passamos na Fortaleza de Santa Teresa.e nossa viagem seguiu por Montevideo, Punta dele Leste e por aí afora. Na tua descrição revivi boa parte da nossa viagem. O Uruguai é um país encantador….. A tua Preciosa é uma Shadow? Eu também tenho uma 750cc. É uma tranquilidade na estrada; só fazer as manutenções regulares e temos bons passeios. Meu nome é Roberto Stahnke e moro em São Leopoldo -RS. Abraço
Buenas Roberto! Maravilha, que linda viagem vocês fizeram, ótimo saber que a postagem ajudou a relembrar momentos maravilhosos.
O Uruguai é, de fato, surpreendente. Pouco tempo no país vizinho é o suficiente para fazer valer o lema: Um país pequeno, mas com um coração imenso!
A Formosa é uma Harley-Davidson Heritage Softail Classic. Aqui apresentamos algumas informações sobre ela ;) a Honda Shadow 750 é uma excelente moto, além de apresentar um design estiloso.
Na segunda noite de nossa viagem rumo ao Uruguai pernoitamos em sua cidade, São Leopoldo – RS, na casa de amigos.
Obrigado por viajar conosco. Abraços.
Estamos ansiosos para ler tudo aquilo que tu tem para dizer! É chegado o momento de abrir este coração e compartilhar tua opinião, crítica (exceto algo desfavorável à imagem da Formosa), elogio, filosofar a respeito da vida ou apenas sinalizar que chegou até aqui ;)
Mas atenção, os campos marcados com * são de preenchimento obrigatório, pois assim mantemos (ou tentamos manter) o blog bonitinho, livre de robôs indevidos.
Ah, relaxe, seu endereço de e-mail será mantido sob sigilo total (sabemos guardar segredos, palavra de escoteiro) e não será publicado.