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Trilha da Lagoinha do Leste e Morro da Coroa | Florianópolis – SC
4 de Junho, 2021Bom dia Floripa!
Tão logo o dia clareou deixamos o hotel na capital catarinense e começamos a percorrer suas ruas centrais.
Passamos ao lado da icônica Ponte Hercílio Luz, a bem da verdade a vontade era de rodar sobre ela, mas como motos não são bem vindas na maior ponte suspensa do Brasil, nos contentamos em passar ao seu lado.
Inaugurada em 1926, a Ponte Hercílio Luz é um ícone de Florianópolis, possui 821 metros de extensão e foi a primeira e única ligação rodoviária entre a ilha e continente até 1975.
Em 1982 o trânsito na ponte foi interditado após inspeções de segurança, entre 1988 e 1991 foi reaberta para pedestres, bicicletas, motocicletas e veículos de tração animal, após esse período permaneceu interditada por incríveis 28 anos, sendo reaberta no dia 30 de dezembro de 2019.
Com os termômetros marcando 19 °C, o Sol surgindo timidamente em meio às nuvens e a agitação urbana tomando forma rumamos ao sul da Ilha da Magia.
O bandeirante paulista Francisco Dias Velho, que fundou o povoado de Florianópolis, chegou a estas terras (ou águas) no dia de Santa Catarina, e logo batizou o local como Ilha de Santa Catarina.
Assim que o povoado passou à condição de vila foi rebatizado com o nome de Vila de Nossa Senhora do Desterro, com a Independência do Brasil, em 1822, a vila se tornou cidade e seu nome ficou apenas Desterro.
Não é de se espantar que o nome tenha causado desagrado e desconforto entre os moradores, principalmente por lembrar a palavra desterrado, que caracteriza alguém que está no exílio ou que era preso e mandado para um lugar desabitado.
Assim sendo diversas sugestões de nomes foram sendo colocadas em pauta para a ilha catarinense no decorrer dos anos, até que finalmente com o fim da Revolução Federalista em 1894 o governador do estado, Hercílio Luz, mudou o nome para Florianópolis, em homenagem ao então presidente da república Floriano Peixoto.
A escolha do nome foi, contudo, considerado uma afronta à população desterrense, dado que Desterro era uma cidade fortemente monarquista e contrária à Proclamação da República.
Mas convenhamos, antes Florianópolis do que Desterro.
Florianópolis abriga mais de 100 praias, muitas das quais são isoladas e acessadas apenas por trilhas ou embarcações, sendo verdadeiros paraísos naturais.
Nós tivemos a oportunidade de morar cerca de 4 anos na capital catarinense, e claro que este tempo não foi o suficiente para explorar e conhecer todas as suas maravilhas naturais.
Por isso, sempre que possível, retornamos à Ilha da Magia para desbravar novos caminhos.
Nesta ocasião rodamos até a Praia do Pântano do Sul, onde deixamos a Formosa em um estacionamento e iniciamos a caminhada pela Trilha da Lagoinha do Leste.
Trilha da Lagoinha do Leste
Local: Rua Manoel Pedro Oliveira, 36 | Pântano do Sul | Florianópolis – SC
Ingresso: Gratuito
Extensão: 2.200 metros
Tempo médio do percurso: 1 hora
O início da trilha fica no alto da pequena Rua Manoel Pedro Oliveira, é bem sinalizada e fácil de ser localizada.
Assim que passamos pelo portal que indica o início da trilha começamos a caminhar pelo Parque Municipal da Lagoinha do Leste, criado em 1992.
A área de preservação permanente compreende uma área de 453 hectares e protege um dos últimos redutos de Mata Atlântica de Florianópolis.
Abrigados do Sol pela densa vegetação da Mata Atlântica avançamos pela trilha bem demarcada ao som das inquietas gralhas azuis.
A leve brisa e a natureza ao redor da trilha tornam a caminhada bastante agradável e os passos, bem como os minutos, avançam sem nos darmos conta, quando percebemos estávamos frente a frente ao mar aberto.
Exatamente 1 hora após iniciar a caminhada pisamos na clara e fina areia da paradisíaca praia.
A Praia da Lagoinha do Leste conta com pouco mais de 1200 metros de extensão, onde as bravas ondas de águas limpas e cristalinas emitem um som relaxante ao se encontrarem com a ampla faixa de areia.
Isso tudo rodeado pela mata nativa e belos costões, um cenário encantador!
Uma vez na praia nos sentamos em um banco protegido pela sombra ocasionada pela estrutura de um bar que estava fechado e apreciamos a beleza local por alguns instantes.
Aliás, notamos que na praia existem 3 quiosques que vendem lanches e bebidas, dos quais dois estavam abertos, além de embarcações de nativos que fazem a travessia entre a Praia da Lagoinha do Leste até a Praia do Pântano do Sul (fica a dica para quem não quer se aventurar pela trilha).
É óbvio que tanto os quiosques quanto os barcos se fazem presentes em épocas de alta temporada, ou feriados prolongados, como é o caso.
Além de relaxar aproveitamos para nos refrescar com um tereré e forrar o estômago com um lanchinho, antes de partir para outra pernada.
Pernada essa mais curta, porém mais intensa que a anterior, pois traçamos como objetivo subir o famoso Morro da Coroa.
Trilha do Morro da Coroa
Local: Costão direito da Praia da Lagoinha do Leste | Florianópolis – SC
Ingresso: Gratuito
Extensão: 1.000 metros
Tempo médio do percurso: 1 hora
O início da trilha que segue ao topo do Morro da Coroa fica no costão direito da praia e algumas placas indicam sua localização.
O começo do caminho é bem demarcado e poucos passos são o suficiente para nos proporcionar uma vista da praia por outro ângulo.
Passamos por uma área de vegetação rasteira mais fechada, onde os gravatás se destacam e exigem atenção e cuidado.
Antes de avançarmos pela trilha principal ao topo do morro seguimos mais alguns metros margeando o costão, atraídos por curiosas e esbeltas formações rochosas.
As enormes rochas esculpidas naturalmente contrastam com o verde da mata e o azul do mar, resultando em uma paisagem incrível.
Por fim retornamos ao percurso principal e iniciamos a caminhada ao topo do morro.
Ao passo que ganhamos altitude a vegetação vai ficando menos densa e a trilha passa a ser revestida por muitas pedras, em sua maioria soltas.
Algumas bifurcações surgem ao longo do percurso, mas percebemos que todas levam ao mesmo destino: o alto do Morro da Coroa.
Como é nossa primeira vez no local optamos por avançar pela trilha mais batida, seguindo algumas pessoas que estavam à frente.
O caminho é bastante íngreme, e a cada parte vencida fazíamos breves pausas para recuperar o fôlego e curtir o visual, que se revelava mais atraente a cada instante.
Praticamente na metade da trilha fortes rajadas de vento começaram a surgir, elas vinham e iam repentinamente, da mesma forma que mudavam de direção constantemente.
Em uma dessas rajadas de vento senti meu boné se desprender da cabeça e alçar voo em direção ao mar, côza mash linda!
Não tão linda foi a forma desajeitada com a qual me dirigi ao local onde o boné havia momentaneamente pousado, mas no fim consegui recuperar o dito cujo.
Com o boné devidamente abrigado dentro da mochila e a Lua vigiando os nossos passos avançamos para os últimos metros da trilha.
Últimos metros que foram os que mais exigiram esforços, pois pelo caminho que seguimos esbarramos em uma área mais íngreme repleta de grandes pedras, na qual precisamos nos apoiar com as mãos para vencer o trajeto final.
Mas todo o esforço foi recompensado assim que atingimos o alto do morro e olhamos ao nosso redor.
Uma paisagem surreal!
O Morro da Coroa tem aproximadamente 230 metros de altitude e em seu cume belas formações rochosas pontiagudas dão um show a parte.
Dali conseguimos ter uma vista privilegiada do mar aberto, da Praia da Lagoinha do Leste e da pequena lagoa.
A fabulosa lagoinha que dá nome à praia serpenteia pela Mata Atlântica e vai de encontro ao mar, não tendo contato com as águas salgadas por uma pequena faixa de areia (imaginamos que dependendo da maré as águas se encontrem).
Uma vez no alto tratamos de localizar um local bem tranquilo, onde nos sentamos e, acompanhados pelos ventos que seguiam em uma velocidade surpreendente, nos alimentamos com deliciosos sanduíches.
Claro que não poderiam faltar as bananas da vitória e o tereré nosso de cada trilha.
Que lugar mágico! Não somente pelas inusitadas formações rochosas, mata preservada ao seu redor ou visual deslumbrante, mas também pela energia ímpar que ali impera.
Ficamos vários minutos, quiçá algumas horas, admirando e nos beneficiando do esplendor da natureza local.
Até retornar ao ponto onde se concentram a maior parte das pedras pontiagudas que remetem ao formato de uma coroa.
Ali nos esbaldamos e fizemos diversas fotos, inclusive na pedra mais famosa do morro, a Pedra Suspensa, também conhecida como Pedra do Surfista.
Fizemos uma rápida aposta e a vencedora, ou perdedora, foi a Sayo, que se arriscou e foi até a ponta da pedra que balançava com o vento e parecia flutuar no ar.
Após a curtição era chegado o momento de retornar.
Existe uma segunda trilha, a qual segue pelo Morro da Coroa e avança cerca de 1 quilômetro pela selva até se encontrar com a trilha principal que faz a ligação entre o Pântano do Sul e a Lagoinha do Leste, evitando a descida do pedregoso e íngreme percurso que fizemos, porém, essa trilha é menos demarcada e conta com algumas bifurcações.
Mas… como somos tansos, não arriscamos e optamos por forçar os joelhos descendo a ladeira.
Ao menos antes de iniciar a descida estudamos os inúmeros caminhos e retornamos por um mais longo, mas menos íngreme e que desviava as grandes pedras que enfrentamos no caminho da ida, e desta forma em menos de 45 minutos estávamos de volta à Praia da Lagoinha do Leste.
Mal chegamos na praia, o FredLee se jogou na areia.
E, claro, comemoramos mais uma trilha vencida com uma saborosa água de coco.
Antes de partir decidimos ao menos molhar os pés e canelas nas geladas águas da praia.
Sábia decisão, pois nos proporcionou uma sensação ótima e relaxante após várias horas caminhando com os pés enclausurados em firmes botas.
Com o fim do dia se aproximando nos despedimos da Praia da Lagoinha do Leste e retornamos pela mesma trilha até o Pântano do Sul.
Em determinado ponto da trilha ouvimos o inconfundível grito dos saguis, paramos, aguardamos alguns instantes e logo os ágeis e sapecas animais apareceram.
Os pequeninos mamíferos podem ser vistos em praticamente toda ilha da capital catarinense, porém, eles não são nativos do local, uma vez que foram trazidos do nordeste brasileiro pelo homem.
Com a ausência de predadores o animal se adaptou muito bem na região, se proliferou rapidamente e provoca um certo desequilíbrio ambiental, mesmo sem ter culpa no cartório.
Além dos saguis avistamos algumas tímidas gralhas azuis, que ao contrário dos exibidos saguis, se escondiam ao ver a câmera fotográfica, impossibilitando o registro.
Ah, existe outra trilha que possibilita o ingresso na Praia da Lagoinha do Leste, essa parte da Praia do Matadeiro e costeia o mar por uma extensão de aproximadamente 4km, trajeto mais longo, porém, menos íngreme que a qual fizemos partindo do Pântano do Sul, mais uma trilha para explorarmos em uma próxima oportunidade.
De volta ao Pântano do Sul recuperamos a Formosa e nos dirigimos ao centro de Florianópolis.
Passamos pela extensa Praia da Armação, onde as ondas do mar se chocam contra uma verdadeira barreira de pedras.
E nas proximidades do Campeche acompanhamos a despedida do Sol.
Que foi se escondendo lentamente atrás dos morros no horizonte nos presenteando com mais um lindo pôr do Sol.
No início da noite chegamos ao hotel, onde tomamos um banho, fizemos um lanche e fomos descansar, pois amanhã temos mais trilhas manezinhas para explorar.
Oba! Já são 2 comentários nesta postagem!
Passeio maravilhoso e como sempre lindas fotos…parabéns aos dois pelo bom gosto de curtir a natureza…
Valeu, o lugar é lindo mesmo! Abraços…
Estamos ansiosos para ler tudo aquilo que tu tem para dizer!
É chegado o momento de abrir este coração e compartilhar tua opinião, crítica (exceto algo denegrindo a imagem da Formosa), elogio, filosofar a respeito da vida ou apenas nos sinalizar que chegou até aqui ;)
Mas atenção, os campos marcados com * são de preenchimento obrigatório, pois assim mantemos (ou tentamos manter) o blog bonitinho, livre de robôs indevidos.
Ah, e pode ficar tranquilo, seu endereço de e-mail será mantido sob sigilo total (sabemos guardar segredos, palavra de escoteiro) e não será publicado.