Parque Salto Santa Rosa e Salto Puxa Nervos: Natureza em Tibagi – PR

A sexta-feira amanheceu ensolarada em Ponta Grossa, anunciando um dia perfeito para nosso objetivo: explorar as belezas naturais do Parque Salto Santa Rosa, desvendar o Patrimônio Cultural Nacional Sítio Arqueológico Abrigo Cerradinho Santa Rosa e se maravilhar com o imponente Salto Puxa Nervos, atrativos turísticos localizados no interior do município de Tibagi, PR.

Ponta Grossa, uma joia do turismo no Paraná, não se limita apenas ao seu famoso Parque Estadual de Vila Velha, que tivemos o prazer de visitar em 2017. Este município é um verdadeiro santuário de belezas naturais, escondendo tesouros como o Buraco do Padre, a misteriosa Fenda da Freira, além dos impressionantes cânions e cachoeiras do Rio São Jorge.

Inicialmente planejamos dedicar um dia para explorar essas maravilhas naturais de Ponta Grossa. No entanto, devido às restrições impostas pela pandemia, descobrimos que todos esses locais estavam temporariamente fechados.

Assim sendo, com a Formosa pronta para a jornada e sob o olhar vigilante da lua, nos despedimos do coração de Ponta Grossa, seguindo pela Rodovia BR-373.

Percorremos pouco mais de 10 quilômetros pela rodovia federal até alcançarmos o entroncamento com a BR-376, momento em que acessamos esta última.

Após passarmos pela praça de pedágio, onde o valor de R$ 6,00 foi pago, retomamos nossa viagem pela Rodovia BR-153, carinhosamente chamada de Rodovia Transbrasiliana, uma das mais importantes vias do país.

Em apenas alguns quilômetros percorridos pela BR-153, fomos surpreendidos por uma vasta extensão de macelas adornando as margens da rodovia. Essas flores, também conhecidas como marcela, macelinha, macela de travesseiro ou camomila nacional, pintavam de dourado a paisagem, criando um espetáculo natural ao longo do nosso caminho.

A macela, uma erva brasileira preciosa, é caracterizada por suas delicadas folhas de um verde claro e flores amarelas radiantes que exalam um aroma suave e agradável. Tradicionalmente, a infusão preparada a partir desta planta é conhecida por seus múltiplos benefícios à saúde, incluindo o alívio de dores de cabeça, cólicas e distúrbios estomacais, entre outros. Este uso medicinal faz da macela uma planta estimada por suas propriedades terapêuticas.

Os descendentes de alemães que vivem no sul do Brasil têm uma tradição peculiar relacionada à planta medicinal macela, a qual denominam Karfreitachstee. Nesta expressão, “Kar” traduz-se por santo, “Freitach” significa sexta-feira, e “Tee” é chá, configurando o termo como “Chá da Sexta-feira Santa”. Em consonância com essa tradição, e aproveitando que hoje, 02 de abril de 2021, é Sexta-feira Santa, não perdemos a chance de parar e colher algumas dessas ervas. Acredita-se que, quando colhidas nesta data específica, as propriedades benéficas da macela são intensificadas, segundo a sabedoria popular. Assim, nos preparamos para usufruir ao máximo dos seus efeitos terapêuticos.

Com as macelas cuidadosamente acomodadas nos alforjes da Formosa, continuamos nossa jornada pela estrada, que se destacava por um asfalto em excelente estado de conservação, sinalização adequada e cercada por paisagens deslumbrantes.

Rapidamente, chegamos ao trevo de acesso à cidade de Tibagi – PR. Contudo, em vez de seguir à direita em direção ao centro da cidade, optamos por uma rota menos convencional, virando à esquerda para adentrar no Circuito Barreiro.

Logo após, nossa rota nos levou ao lado de um magnífico casarão antigo, marcando o ponto onde o calçamento de paralelepípedos dava lugar a uma estrada de terra. Diante dessa mudança, fizemos uma pausa para ajustar a Formosa, esvaziando um pouco seus pneus. Esse procedimento visava aumentar a área de contato dos pneus com o solo, melhorando significativamente a aderência para a próxima etapa de nossa aventura por caminhos menos firmes.

Após essa breve pausa, iniciamos nosso percurso pelo interior de Tibagi, adentrando o coração desta região rica em belezas naturais e histórias a serem descobertas.

O Circuito Barreiro é uma rota fascinante que engloba pontos de interesse naturais e culturais de tirar o fôlego, incluindo o Morro da Comuna, o Morro do Jacaré, o Salto Santa Rosa, o Salto Puxa Nervos e a Santa Pastorina.

Nosso principal objetivo na exploração do Circuito Barreiro era conhecer as duas impressionantes quedas d’água: o Salto Santa Rosa e o Salto Puxa Nervos. Essas cachoeiras, conhecidas por sua beleza estonteante e força da natureza, prometiam ser os destaques de nossa aventura, oferecendo não apenas um espetáculo visual, mas também a oportunidade de vivenciar a tranquilidade e a energia revitalizante desses locais.

Um aspecto notável, além da paisagem deslumbrante que envolve a rota rural, é a presença de placas indicativas em praticamente todos os entroncamentos, orientando claramente qual caminho seguir para alcançar os atrativos. Essa sinalização eficaz assegura uma experiência de viagem tranquila e sem contratempos.

Levantando uma nuvem de poeira em nossa passagem, finalmente chegamos a uma bifurcação crucial: à esquerda, o caminho levava ao Salto Puxa Nervos, enquanto à direita, ao Salto Santa Rosa. Diante dessa escolha, optamos por iniciar nossa exploração pelo Salto Santa Rosa.

Continuamos nossa jornada pela estrada de terra, avançando serenamente até alcançarmos um ponto elevado. Dessa posição privilegiada, fomos presenteados com uma vista parcial, porém magnífica, do Salto Santa Rosa. As águas cristalinas do Rio Santa Rosa se destacavam vibrantes em meio à exuberante vegetação que as cercava, criando um contraste deslumbrante com o azul profundo do céu. Naquele momento, a cena era ainda mais encantadora pela presença da lua, que adicionava um toque de magia ao cenário natural já espetacular.

A partir daquele ponto, foram apenas alguns metros até chegarmos à portaria do parque que abriga a cachoeira. Este breve trajeto final marcou a transição para o momento tão esperado de nossa aventura: a entrada no espaço que dá acesso direto ao espetáculo natural do Salto Santa Rosa.

Na entrada do Parque Salto Santa Rosa, fomos calorosamente recebidos por Leonardo, um anfitrião simpático que nos deu as boas-vindas, ofereceu uma breve apresentação sobre o local e compartilhou conosco sua paixão pelo motociclismo. Ele nos contou a respeito de suas aventuras percorrendo todo o Brasil sobre duas rodas, estabelecendo imediatamente uma conexão com nossa própria jornada.

O Parque Salto Santa Rosa é um verdadeiro refúgio para amantes da natureza e aventura, disponibilizando uma variedade de atrações para todos os gostos. Os visitantes podem explorar trilhas ecológicas imersivas, usufruir de áreas com churrasqueiras para momentos de confraternização, além de se divertirem em uma piscina equipada com tobogã e uma piscina infantil, ideal para os pequenos.

O parque ainda abriga um charmoso museu, oferece instalações sanitárias impecavelmente limpas, áreas designadas para camping, um intrigante sítio arqueológico e, claro, a joia da coroa: a magnífica Cachoeira do Rio Santa Rosa. Com seus impressionantes 64 metros de altura, essa cachoeira é um espetáculo de pura beleza natural, representando o ponto alto da visita ao parque.

Imediatamente após estacionarmos a moto sob uma sombra acolhedora, fomos prontamente abordados por um cão amigável de nome Café. Com sua presença calorosa, Café rapidamente conquistou nosso afeto com gestos de carinho e, como se conhecesse nossa intenção, assumiu o papel de guia, conduzindo-nos pela trilha que serpenteia até a base da majestosa cascata.

A trilha rumo à cachoeira se inicia ao lado da lanchonete do parque, que acolhe visitantes aos fins de semana, e logo passa pela piscina naturalmente abastecida pelas águas límpidas do Rio Santa Rosa. Este caminho, embrenhado por poucos metros na mata fechada, tem o sereno rio como fiel companheiro em grande parte do trajeto, oferecendo uma experiência de imersão total na natureza.

À medida que nos aproximamos da imponente cachoeira natural de 64 metros de altura, somos envolvidos por uma sinfonia natural inigualável: o poderoso rugido das águas em queda livre combinado ao melódico cantar dos pássaros cria uma trilha sonora perfeita, antecipando a magnífica cena que se descortina gradativamente através das árvores.

No instante em que nos deparamos frente a frente com a bela cachoeira, nosso guia inesperado, Café, escolheu um lugar aos pés da Sayo para se acomodar, demonstrando uma calma contagiante enquanto absorvia toda a tranquilidade que o local transmite.

Café realmente se tornou uma figura memorável em nossa jornada, levou algum tempo, mas finalmente conseguimos convencê-lo a dar espaço para que Sayo também pudesse encontrar o seu próprio canto, ideal para sentar, relaxar e contemplar a grandiosa beleza natural à nossa frente.

Finalmente, encontramos o local perfeito e, ali, preparamos um refrescante tereré. Acompanhado de frutas frescas, dedicamos um extenso período para nos revitalizar com a energia serena e a paz inigualável que o Salto Santa Rosa nos oferece.

O cenário é verdadeiramente fascinante. Aos pés da imponente cachoeira, forma-se uma vasta piscina natural, cuja visão é de tirar o fôlego. Contudo, é importante ressaltar que, por razões de preservação e segurança, o banho nessa área não é permitido.

A generosa extensão de área verde, posicionada de maneira privilegiada diante da cachoeira, convida a passar o dia imerso na contemplação dessa paisagem estonteante. Contudo, motivados pela existência de outra trilha no parque, que nos leva até o topo da cachoeira, decidimos deixar a base do Salto Santa Rosa. Retornamos pelo caminho conhecido, rumo ao estacionamento, prontos para a próxima etapa de nossa aventura.

Ao reencontrarmos a Formosa no local onde a havíamos deixado, fomos imediatamente confrontados com a intensidade da chuva de piche que nos havia surpreendido no dia anterior. A visão da motocicleta, agora marcada pelas manchas escuras e pegajosas, ofereceu uma clara demonstração do fenômeno inusitado que enfrentamos.

A Formosa estava coberta por milhares de minúsculos pontos pretos, um testemunho visível da verdadeira nuvem de piche que enfrentamos, indicando que o próximo banho da nossa fiel companheira de viagem será, sem dúvida, bastante demorado.

Guardamos a garrafa térmica e a cuia na Formosa, acomodamos a garrafa de água na mochila, trocamos despedidas com o Café, que assumiu a postura de guardião ao lado da moto, e partimos para a segunda trilha do Parque Salto Santa Rosa.

Ao dar os primeiros passos na trilha que ascende ao topo do Salto Santa Rosa, compreendemos rapidamente por que o Café hesitou em nos seguir: o trecho inicial apresenta uma inclinação acentuada e é repleto de pedras, desafiando os caminhantes. Contudo, mantendo a serenidade e um ritmo compatível com o desafio, o trajeto se torna perfeitamente transponível.

Superada a etapa inicial de subida, a trilha se torna bastante tranquila, margeando um canal antigo criado para redirecionar a água do rio, possivelmente para impulsionar uma roda d’água ou similar em tempos passados. Pouco tempo depois, desembocamos em um cenário verdadeiramente paradisíaco.

No topo do Salto Santa Rosa, somos brindados com uma deslumbrante vista panorâmica dos Campos Gerais, um espetáculo natural que encanta todos que o presenciam.

A sequência de pequenas quedas d’água que antecedem o imponente Salto Santa Rosa acrescentam um charme todo especial ao local, criando um cenário pitoresco e memorável.

As diversas piscinas naturais esculpidas, possivelmente de forma natural, nas rochas, transformam-se em verdadeiras banheiras de hidromassagem ao ar livre, oferecendo uma experiência única de relaxamento e conexão com a natureza.

Sentamo-nos à beira de uma dessas piscinas naturais no alto do Salto Santa Rosa, mergulhando os pés nas gélidas e refrescantes águas do rio, enquanto saboreávamos triunfantemente as “bananas da vitória”.

Dedicamos um bom tempo a contemplar aquele lugar surreal, imersos na sua atmosfera única. Em seguida, seguimos adiante pela trilha que acompanha as margens do rio.

Conforme avançávamos, nos deparávamos com novas e impressionantes quedas d’água.

Até que alcançamos uma barragem artificial, momento em que decidimos retornar e regressar ao estacionamento, onde a Formosa e o Café nos aguardavam pacientemente.

Antes de nos despedirmos do Parque Salto Santa Rosa, fizemos questão de visitar o Sítio Arqueológico Abrigo Cerradinho Santa Rosa, reconhecido como Patrimônio Cultural Nacional.

Valeu Parque Salto Santa Rosa, que lugar incrível!

A bordo da Formosa, retomando o trajeto pela estrada de terra que serpenteia a paisagem rural, deixamos para trás a bifurcação que antes nos conduziu ao encantador Salto Santa Rosa. Desta vez, nosso destino é o intrigante Salto Puxa Nervos, cujo nome peculiar promete uma experiência igualmente memorável.

Localizado em meio a natureza, o complexo do Salto Puxa Nervos oferece uma experiência completa com hospedagem em pousada, área para camping, um restaurante que serve deliciosas comidas caseiras no fogão a lenha, lanchonete, além de atividades ao ar livre como tirolesa, trilhas para caminhada, visitação a cascata e aventuras de rapel na cachoeira, conhecidas também como cascading ou canyoning.

Estacionamos a Formosa, preparamos nossa garrafa térmica com água fresca e caprichamos no tereré antes de iniciar a trilha que começa em uma espaçosa área aberta.

Conforme avançamos, a vegetação se adensa e o som da água despencando de cerca de 50 metros de altura começa a preencher o ambiente, guiando-nos pela trilha entre as árvores.

Rapidamente, nos encontramos diante da imponente Cachoeira Puxa Nervos, majestosamente rodeada por um cenário de rochas diversas.

A cachoeira, apesar de não formar uma piscina natural em sua base, é aberta para banhos. Contudo, os aventureiros precisam de uma dose extra de coragem para enfrentar suas águas extremamente frias. De acordo com os moradores, a sensação gélida é tão intensa que justifica o nome do local: Salto Puxa Nervos.

Escolhemos uma das várias pedras diante da magnífica cascata para nos acomodar e saborear nossa bebida refrescante, contemplando a vista espetacular.

Antes que o dia chegasse ao fim e para evitar rodar por estradas de terra à noite, partimos do Salto Santa Rosa em direção ao centro de Tibagi.

O trajeto completo pelo Circuito Barreiro somou 28 quilômetros, com a estrada de terra e cascalho em excelente condição de conservação, superando, em termos de qualidade, muitas rodovias asfaltadas por onde a Formosa já sofreu se aventurou.

Chegando ao centro de Tibagi – Paraná, fizemos uma parada estratégica em um mercado para reabastecer nossos estoques da indispensável água e, em seguida, partimos em busca de um aconchegante lugar para pernoitar.

Trajeto percorrido no dia entre Ponta Grossa – PR e Tibagi – PR: