Canoas – RS: Centro Histórico, Parque Capão do Corvo e Turismo na Capital do Avião

Depois de vivenciar a rica cultura e as belezas naturais de Porto Alegre, nossa aventura nos levou rumo a Canela, localizada no coração da Serra Gaúcha. No caminho, fizemos uma parada em Canoas – RS, amplamente reconhecida como a “Capital do Avião”. Lá, exploramos o charme das ruas centrais, nos encantamos com o Parque dos Rosa, admiramos a histórica Estação de Trem de Canoas e desfrutamos de um tranquilo piquenique no belo Parque Municipal Getúlio Vargas, também conhecido como Capão do Corvo.

Iniciamos o dia com um reforçado café da manhã, vestindo-nos apropriadamente para a viagem. Ao chegar à garagem do hotel em Porto Alegre, uma surpresa nos aguardava: uma clássica motocicleta Royal Enfield Bullet fazia companhia para a Formosa.

Após capturar algumas fotos da impressionante moto com placa de São Paulo, preparamos a Formosa com nossa bagagem e iniciamos nossa partida, deslizando pelas ruas da vibrante capital gaúcha.

Seguimos nosso caminho e passamos em frente à emblemática Estação Rodoviária de Porto Alegre, um marco importante da cidade.

Em seguida, acessamos a BR-290, onde encontramos um fluxo de veículos surpreendentemente baixo, uma situação provavelmente influenciada pelo feriado prolongado de carnaval.

Rapidamente, notamos vários veículos parados em um viaduto, e logo compreendemos que se tratava do trevo de conexão entre as rodovias BR-116 e BR-290.

A causa do congestionamento rapidamente se revelou: a tradicional Ponte Getúlio Vargas, popularmente chamada de Ponte Móvel do Guaíba, estava com seu vão levantado. Esse procedimento permite a passagem de embarcações pelo Rio Jacuí, que, não muito distante, desagua no majestoso Lago Guaíba.

Esta ponte, cujo projeto teve origem na Alemanha, foi oficialmente inaugurada em 1958, marcando-se como uma das maiores proezas de engenharia do Brasil naquele período.

Alguns quilômetros à frente, nossos olhos se encontraram com a segunda ponte, inaugurada em 2020. Notavelmente mais alta, com um vão de 40 metros até a superfície da água, essa estrutura moderna foi projetada de maneira que não necessita ser elevada para permitir a passagem de grandes embarcações.

Minutos mais tarde, deixamos a BR-290 para trás, acessando a BR-116. Foi por essa via que chegamos à cidade de Canoas – RS, dando continuidade à nossa jornada.

Canoas, RS ostenta o título de “Capital do Avião”, em grande parte devido à presença da ALA 3 da Força Aérea Brasileira, do Hospital de Aeronáutica de Canoas (HACO), de uma Base Aérea da FAB e também por sediar uma refinaria de petróleo da Petrobras. Este conjunto de instalações militares e industriais destaca a importância estratégica da cidade no cenário nacional.

Essa conexão aeronáutica é simbolizada pela Praça Santos Dumont, carinhosamente apelidada de Praça do Avião. Inaugurada em 1968, a praça é orgulhosamente adornada por um avião F-8 Gloster Meteor, de fabricação inglesa, posicionado em seu centro, reforçando a identidade da cidade e sua rica história na aviação.

A história de Canoas também se entrelaça com a construção da estrada de ferro que conecta Porto Alegre a São Leopoldo, inaugurada em 1874. Durante esse período, árvores foram extraídas da então Fazenda de Gravataí, hoje território pertencente a Canoas – RS, com o objetivo de fabricar embarcações. Este fato histórico sublinha a importância da região no desenvolvimento infraestrutural e econômico da área.

A denominação “Capão das Canoas” surgiu dessa atividade de construção naval, dando origem ao nome do município. Canoas alcançou sua emancipação em 1939 e, hoje, abriga aproximadamente 350.000 habitantes, consolidando-se como a terceira cidade mais populosa do estado do Rio Grande do Sul, evidenciando sua significativa evolução e importância regional.

Nosso passeio por Canoas – RS começou na emblemática Praça do Avião, e, a partir dali, prosseguimos até a Praça da Emancipação. Localizada em frente à prefeitura municipal, essa praça é um ponto central de convergência e significado para a cidade, marcando a importância da autonomia e do desenvolvimento local.

Na arborizada Praça da Emancipação, destaca-se o monumento “O Futuro”, uma obra que simboliza a cidade de Canoas – RS, a diligência de seu povo trabalhador e a visão de progresso que a orienta. Esta peça de arte serve não apenas como um marco visual, mas também como um lembrete inspirador do potencial e da aspiração da comunidade local rumo ao avanço contínuo.

Ainda na Praça da Emancipação, há um espaço destinado a um item de significativa importância histórica: um sino que foi tocado pela Princesa Isabel. Este ato ocorreu durante uma visita à uma Fazenda Morretes, no ano de 1885, com o propósito de reunir os escravos. Este sino não é apenas um artefato histórico, mas também um poderoso símbolo da luta e esperança por liberdade, refletindo um momento crucial na história brasileira.

Após a visita à Praça da Emancipação, prosseguimos nosso passeio rumo à Praça da Bandeira. Este percurso nos permitiu continuar explorando o tecido urbano e cultural de Canoas – RS, aproximando-nos ainda mais das ricas tradições e da história local.

Chegando à Praça da Bandeira, fomos recebidos por um ambiente acolhedor, onde se destacam um parque infantil, diversas flores, árvores majestosas e bancos convidativos. No entanto, algo chamou nossa atenção: apesar do nome sugestivo, não encontramos nenhuma bandeira hasteada no local.

A Praça da Bandeira está situada em frente à Igreja Matriz de São Luiz Gonzaga, estabelecendo um cenário pitoresco que une o verde da praça com a arquitetura imponente e histórica da igreja.

A charmosa Igreja Matriz de São Luiz Gonzaga, inaugurada em 1931, exibe uma arquitetura rica em elementos góticos, caracterizada por arcos e ogivas marcantes. Esses detalhes não apenas embelezam a estrutura, mas também refletem a profundidade artística e histórica da edificação, tornando-a um ponto de interesse significativo para quem visita Canoas, RS.

Adjacente ao templo religioso, que recebeu o status de patrimônio histórico da cidade em 2010, encontra-se a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes.

Continuando nosso percurso, passamos pela Universidade LaSalle. Vale destacar que Canoas se consolida como o segundo maior polo universitário do Rio Grande do Sul, comprovando sua importância no cenário educacional. A presença de instituições de ensino superior na cidade não apenas enriquece a vida cultural local, mas também atrai estudantes e profissionais de diversas áreas, contribuindo para o dinamismo e desenvolvimento do município.

E, então, chegamos à Antiga Estação de Trem de Canoas. Este local histórico serve como um lembrete tangível do passado ferroviário de Canoas – RS e do papel crucial que as ferrovias desempenharam no desenvolvimento urbano e econômico da região.

A Estação de Canoas, erigida em 1934 para substituir a original de 1874, é um marco histórico preservado como patrimônio municipal. Atualmente, ela transcende sua função original e serve como um vibrante centro cultural, acolhendo encontros artísticos, oficinas culturais, cursos e apresentações. Essa adaptação reflete o compromisso da cidade em preservar sua herança, ao mesmo tempo em que a reinventa como espaço de promoção cultural e educacional para a comunidade.

Ao lado da estação, destaca-se uma estátua em homenagem a Fioravante Milanez, responsável pela construção do prédio da estação ferroviária. Notavelmente, ao concluir a obra, Milanez devolveu ao estado a parte do orçamento que não foi utilizada, um gesto de honestidade e transparência na prestação de contas que, embora raro, ressalta valores fundamentais. Essa homenagem não apenas reconhece a integridade de Milanez, mas também serve como um lembrete inspirador da importância da ética e responsabilidade na gestão pública e em todos os empreendimentos.

No auge de sua operação, no início do século XX, a Estação Ferroviária de Canoas desempenhava um papel crucial na vida social da região, chegando a atender a oito trens diários aos domingos. Essa intensa atividade era impulsionada pelas famílias da capital gaúcha que escolhiam o Capão das Canoas como seu destino de veraneio.

Situado praticamente em frente à estação, encontramos o Parque dos Rosa. Este espaço verde oferece um respiro natural em meio à urbanização, criando um ambiente tranquilo e acolhedor para os visitantes e moradores locais.

O Parque dos Rosa abriga um dos patrimônios históricos mais icônicos de Canoas – RS, a Casa dos Rosa. Esta edificação, que é a mais antiga da cidade, foi erguida no ano de 1903. Atualmente, ela serve como sede para o museu municipal, desempenhando um papel vital na conservação e na divulgação da história local.

Cuidadosamente reformada e oficialmente tombada pelo patrimônio histórico da cidade, a bela Casa dos Rosa agora acolhe o Museu Municipal Hugo Simões Lagranha. Este espaço cultural enriquecido dispõe de salas multimídia dedicadas a exposições temporárias, um acervo permanente que imortaliza a história e a cultura local, além de um charmoso café.

Infelizmente, a pandemia obrigou ao fechamento temporário do museu. No entanto, ainda tivemos a oportunidade de passear pelo aprazível Parque dos Rosa e apreciar duas fascinantes esculturas do renomado artista plástico Pedro Girardello.

Essas obras de arte ao ar livre enriquecem o espaço verde, convidando os visitantes a uma experiência cultural mesmo em meio às restrições. O Parque dos Rosa, com sua combinação de arte, história e natureza, continua a ser um local de refúgio e inspiração para todos que o visitam.

Localizada nas proximidades do Parque dos Rosa, encontramos a Casa Wittrock, um edifício histórico que outrora abrigou uma próspera fábrica de móveis, reconhecida em todo o Brasil. Entre a diversidade de produtos fabricados, destacavam-se as cadeiras especiais destinadas ao lava-pés, um hábito bastante comum até o início do século XX. Essa prática era especialmente relevante em uma época em que muitas residências ainda não dispunham de sistema de água encanada.

Após a visita ao Parque dos Rosa e à Casa Wittrock, nossa jornada nos levou até a Casa das Artes Villa Mimosa.

A Casa das Artes Villa Mimosa, estabelecida em uma antiga casa de comércio construída em 1904, era propriedade de Guilherme Frederico Ludwig e de sua esposa, Arminda Genuína Kessler, carinhosamente conhecida como Dona Mimosa. É em homenagem a ela que a residência recebeu seu nome afetuoso.

Hoje, essa histórica edificação serve como um dos centros culturais mais significativos de Canoas, RS. A transformação da Casa das Artes Villa Mimosa em um polo de atividades culturais demonstra o compromisso da cidade com a preservação de seu patrimônio histórico e com o fomento das artes.

Enquanto nos preparávamos para partir de Canoas – RS, uma placa às margens da rodovia BR-116 chamou nossa atenção, sinalizando a direção do Parque Municipal Getúlio Vargas. Este convite inesperado nos levou a reconsiderar nossa rota, oferecendo a possibilidade de explorar mais um marco relevante da cidade.

Imediatamente, desviamos nosso caminho da BR-116, direcionando-nos ao Parque Municipal Getúlio Vargas. No trajeto, tivemos a grata surpresa de passar pelo Jardim do Lago, cuja beleza nos convidava a contemplação.

Poucos minutos após, chegamos ao Parque Getúlio Vargas.

Inaugurado em 1980, o Parque Municipal Getúlio Vargas, carinhosamente conhecido como Capão do Corvo, atrai cerca de 40.000 visitantes todos os meses.

O Parque Getúlio Vargas, uma joia de Canoas – RS, oferece uma vasta gama de opções de lazer que cativam visitantes de todas as idades. Com instalações que incluem campos de futebol, quadras poliesportivas, áreas dedicadas ao entretenimento infantil, pistas de patinação e atletismo, bem como espaços para caminhadas e ciclismo, o parque se destaca como um centro de atividades ao ar livre.

Adicionalmente, dispõe de canchas de bocha, uma sala equipada para ginástica e atividades físicas, áreas específicas para alongamento e uma moderna academia a céu aberto, garantindo uma experiência completa para quem busca saúde e diversão em um só lugar.

Além de suas amplas opções de lazer, o Parque Getúlio Vargas enriquece a experiência dos visitantes com uma infraestrutura bem pensada, que inclui estacionamento próprio, um minizoo para o deleite das famílias, áreas de churrasqueira perfeitas para encontros sociais, banheiros públicos para comodidade, lanchonetes para lanches rápidos, além de trilhas que serpenteiam pela vegetação nativa, proporcionando um contato íntimo com a natureza.

O parque ainda apresenta um orquidário encantador, um anfiteatro capaz de acomodar 400 espectadores para eventos culturais e um impressionante lago artificial de 7.000m². Este lago, adornado com decks e uma esplanada, oferece um acesso direto ao espelho d’água, criando um cenário perfeito para relaxar e apreciar a beleza natural do local.

Logo após nossa chegada, encontramos um ótimo lugar à sombra para estacionar a moto, e iniciamos nossa caminhada exploratória pelo vasto parque.

Rapidamente fomos agraciados com uma agradável surpresa: o Parque Capão do Corvo revelou-se um lugar encantador, impecavelmente mantido, seguro e de atmosfera extremamente acolhedora.

Ao atravessarmos a região do lago artificial, notamos o ParkShopping Canoas do outro lado da avenida. Motivados pela fome, decidimos ir até lá em busca de um lanche para desfrutar no tranquilo ambiente do parque.

Retornamos ao parque, sacolas repletas de lanches e água gelada para o tereré, e encontramos um lugar ideal à sombra das árvores. Lá, acomodamo-nos em uma das várias mesas disponíveis, desfrutando de uma refeição tranquila ao ar livre.

Após o piquenique, dedicamos algumas horas à tranquilidade do espaço, aproveitando plenamente a serenidade do local. Já no meio da tarde, chegou o momento de nos despedirmos do Capão do Corvo, levando conosco as lembranças de um dia bem passado.

Retornamos à estrada, embarcando na Formosa e pegando a BR-116, enquanto Canoas – RS, com suas belas memórias, ficava para trás.

Seguindo pela duplicada BR-116, ultrapassamos Esteio, Sapucaia do Sul, São Leopoldo e chegamos a Novo Hamburgo, onde a rodovia se transforma em pista de mão dupla.

Enfrentando um calor intenso e um tráfego denso, começamos a ascensão pela Serra Gaúcha, percorrendo a encantadora Rota Romântica.

Este não é nosso primeiro passeio pelo trecho da BR-116 que faz parte da Rota Romântica, a aventura mais recente foi no quarto dia da Expedição 2020: Belas Rotas.

A magia das curvas, adornadas por uma infinidade de árvores que em alguns trechos parecem abraçar a rodovia, nos oferece um espetáculo que nunca deixa de nos surpreender, tornando cada visita a este caminho um momento de renovação e admiração.

À medida que ascendíamos, a temperatura caía suavemente, o tráfego aliviava, e a viagem se tornava progressivamente mais prazerosa, envolvendo-nos em um ambiente cada vez mais sereno e convidativo.

Prosseguimos sem destino e sem pressa, apreciando cada momento, embalados pelo som do motor da Formosa e pela dança com cada curva, que nos revelava, a cada superação, uma paisagem ainda mais deslumbrante da cênica Rota Romântica.

A Rota Romântica é reconhecida como uma das estradas mais bonitas do Brasil, e por ela passamos por Ivoti, Dois Irmãos, Morro Reuter e Picada Café.

Após ascender mais de 500 metros, finalmente chegamos a Nova Petrópolis, um marco na nossa viagem pela Serra Gaúcha.

Em Nova Petrópolis, após estacionar a Formosa e nos reabastecermos com água para hidratação, optamos por continuar nossa aventura pela Rota Romântica, desta vez tomando a RS-235 em direção a Gramado e Canela, RS.

A distância entre Nova Petrópolis e Gramado é de apenas 35 km, uma jornada breve, porém suficiente para ascendermos mais 300 metros de altitude.

À medida que o dia se encaminhava para o fim, chegamos ao emblemático Pórtico de Gramado – RS, fazendo uma pausa para imortalizar o momento com registros fotográficos.

Ao prosseguir pelo centro de Gramado – RS, notamos que, a cada nova visita, tanto esta cidade quanto sua vizinha Canela – RS nos surpreendem com o crescente número de novas construções e empreendimentos voltados para o turismo.

Surpreendentemente, mesmo sendo segunda-feira de Carnaval, o movimento no centro de Gramado não era tão intenso quanto esperávamos, permitindo-nos atravessar rapidamente a área central da cidade.

Prosseguimos pela Avenida das Hortênsias até Canela, em busca de um hotel para nos hospedarmos durante a noite.

Abaixo o mapa com o trajeto percorrido no dia entre Porto Alegre – RS e Gramado – RS.