Turismo em Campos do Jordão – SP e Viagem de Moto ao Verdadeiro Sítio do Picapau Amarelo em Monteiro Lobato

Nesta quinta-feira, exploramos os principais pontos turísticos de Campos do Jordão – SP, incluindo o famoso Complexo Turístico Ducha de Prata, a charmosa Praça Benedito Calixto e o animado Parque Capivari. Após aproveitar a infraestrutura da Vila Abernéssia, seguimos pela sinuosa Rodovia Monteiro Lobato (SP-050), que corta a imponente Serra da Mantiqueira. Nossa viagem de moto continuou até a tranquila cidade de Monteiro Lobato, onde visitamos O Verdadeiro Sítio do Picapau Amarelo, imerso na história e cultura do escritor.

Bom dia, Campos do Jordão – SP! Acordamos cedo e, depois de um delicioso café da manhã, seguimos para explorar algumas de suas principais atrações turísticas.

A bordo da Formosa, cruzamos as ruas centrais dessa charmosa cidade serrana paulista, com a primeira parada do dia no Complexo Turístico Ducha de Prata.

O Complexo Turístico Ducha de Prata é um dos destinos mais visitados em Campos do Jordão, SP. Com suas quedas d’água artificiais formadas por um sistema de canalização que desvia o curso do Ribeirão das Perdizes, o local cria belas cascatas que oferecem um visual impressionante e uma experiência relaxante em meio à natureza exuberante.

No passado, o local funcionava como um balneário frequentado pela alta sociedade, sendo utilizado tanto para banhos quanto como área de lazer e descanso em meio à natureza.

Atualmente, o Complexo Turístico Ducha de Prata conta com várias plataformas de madeira que permitem caminhar entre as cascatas e apreciar o cenário. O local também oferece atividades ao ar livre como tirolesa, arvorismo, arco e flecha, trilhas ecológicas e mirantes panorâmicos com vistas espetaculares das montanhas e do vale ao redor, além de diversas lojas de lembranças e souvenirs para completar a visita.

O nome Ducha de Prata vem do efeito visual criado pelas águas que descem pelas pedras, lembrando prata líquida ao refletirem a luz do sol.

Localizada no maciço da Serra da Mantiqueira, Campos do Jordão está a 1.628 metros acima do nível do mar, sendo o município com sede administrativa mais elevada do Brasil.

Antes da chegada dos colonizadores, a região onde hoje está Campos do Jordão era habitada por diversos grupos indígenas, como os puris, caetés, guarulhos e cataguás. A partir do século XVI, exploradores portugueses, entre eles Martim Corrêa de Sá e Inácio Caetano Vieira de Carvalho, passaram a desbravar a área.

Em 1771, Inácio Caetano Vieira de Carvalho fundou a Fazenda Bom Sucesso na região. Posteriormente, em 1823, a fazenda foi vendida ao Brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão, que mudou o nome da área para Fazenda Natal, mas a propriedade ficou mais conhecida como os “Campos do Jordão”.

A cidade de Campos do Jordão foi oficialmente fundada em 29 de abril de 1874 por Matheus da Costa Pinto, que instalou uma venda, uma pensão, uma capela e uma escola na região. A emancipação político-administrativa veio anos depois, em junho de 1934.

No início do século XX, o clima de Campos do Jordão, com alto teor de oxigênio e temperaturas amenas, transformou a cidade em referência para o tratamento da tuberculose. Diversos sanatórios foram construídos, atraindo médicos e pacientes de todo o país, incluindo políticos influentes e grandes empresários.

Como os tratamentos exigiam longas estadias, muitos acabaram fixando residência e trabalho na região, contribuindo diretamente para o desenvolvimento da cidade.

Com o surgimento da penicilina e o tratamento eficaz da tuberculose a partir da década de 1960, Campos do Jordão voltou-se para sua vocação natural: o turismo, investindo em infraestrutura e atrações para receber visitantes em busca de clima ameno, paisagens deslumbrantes e experiências únicas na serra.

Após explorar o Complexo Turístico Ducha de Prata, seguimos pelas principais vias de Campos do Jordão, cidade com cerca de 50 mil habitantes e conhecida como a “Suíça Brasileira”, até chegarmos à bela Praça Benedito Calixto.

A bela e ampla Praça Benedito Calixto, também chamada de Praça São Benedito, estava lindamente decorada para o Natal, criando um clima encantador e festivo em meio ao friozinho da serra.

Ao redor da Praça Benedito Calixto há uma grande variedade de lojas, restaurantes, lanchonetes e cafés, tornando o local um ponto perfeito para passeios tranquilos e momentos de descanso.

O espaço também conta com brinquedos para crianças e uma concha acústica que recebe apresentações musicais e culturais, especialmente durante o famoso Festival de Inverno, época em que a cidade fica lotada de turistas.

Bem em frente à Praça Benedito Calixto fica a Igreja São Benedito, um dos marcos históricos e religiosos mais tradicionais de Campos do Jordão, SP.

Projetada pelos renomados arquitetos Américo Salfati e Mário Buchighani, a Igreja São Benedito teve sua pedra fundamental lançada em 1944 e foi inaugurada em 1946, consolidando-se como um dos símbolos mais tradicionais de Campos do Jordão.

Após a visita ao templo, atravessamos a Rua Engenheiro Diogo de Carvalho e seguimos para outro atrativo turístico muito conhecido de Campos do Jordão: o Parque Capivari, que acabava de abrir seus portões.

Localizado no coração de Campos do Jordão, o Parque Capivari é um amplo espaço de lazer, compras, gastronomia e entretenimento, com entrada gratuita e atrações para todas as idades.

Dentro do Parque Capivari está a Estação Ferroviária Emílio Ribas, um dos marcos históricos da cidade, que servia como ponto de parada dos trens da Estrada de Ferro Campos do Jordão, inaugurada em 1914.

A linha férrea foi idealizada por médicos para facilitar o transporte de pacientes em busca de tratamento em Campos do Jordão, especialmente aqueles acometidos pela tuberculose.

Atualmente, a antiga estação abriga o Centro de Memória Ferroviária, que preserva a história da Estrada de Ferro Campos do Jordão, que, infelizmente, estava fechado para visitação no momento em que passamos, em razão da pandemia.

O Parque Capivari também abriga o primeiro teleférico monocabo de cadeirinhas do Brasil, inaugurado em 1971, que proporciona uma vista panorâmica única da região e é uma das atrações mais procuradas pelos visitantes.

Além disso, o Parque Capivari oferece um amplo lago com passeios de pedalinho, além de atrações como trenó de montanha, patinação no gelo, trenzinho turístico, carrossel e uma roda-gigante, garantindo diversão para toda a família.

Como não encontramos nenhuma loja aberta vendendo os famosos chocolates de Campos do Jordão, assim como havia ocorrido na Ducha de Prata, nos despedimos do Parque Capivari e seguimos rumo à igreja matriz da cidade.

A Igreja Matriz de Campos do Jordão, dedicada a Santa Teresinha do Menino Jesus, fica no centro do bairro Vila Abernéssia e teve sua construção iniciada em 1932.

A escolha da santa francesa Teresinha do Menino Jesus como padroeira da cidade se deve ao fato dela ter falecido de tuberculose aos 24 anos, o que criou uma forte identificação com a história de Campos do Jordão, marcada pelo tratamento da doença.

A Igreja Matriz de Santa Teresinha é um local aconchegante e simples, perfeito para quem aprecia conhecer o lado religioso da cidade.

Ela foi construída junto ao antigo convento dos franciscanos e é o palco das principais festas religiosas de Campos do Jordão, SP.

O bairro onde a igreja se encontra, Vila Abernéssia, é o principal centro comercial de Campos do Jordão e, por muitos anos, abrigou a sede administrativa do município, concentrando serviços, lojas e a vida cotidiana local.

O nome Abernéssia foi criado em homenagem a duas cidades escocesas: “Aber” de Aberdeen, “Ness” de Inverness e o sufixo “ia” de Escócia. A ideia partiu do fundador do bairro, Robert John Reid, que era, naturalmente, escocês.

Ainda na Vila Abernéssia, visitamos a Praça Izabel Cury Paulo, mais conhecida como Praça da Bandeira, que também estava lindamente decorada com enfeites natalinos, criando um clima acolhedor e festivo.

Conhecida também como O Jardim de Vila Abernéssia, a praça foi inaugurada em novembro de 1942, em uma festividade marcante que contou com a presença de grande parte da população local e de diversas autoridades.

Em frente à Praça da Bandeira fica o Mercado Municipal de Campos do Jordão, instalado em um prédio histórico inaugurado em 1958, que preserva o charme e a tradição da cidade.

Por muitos anos, o mercado funcionou sem cobertura, até receber, no final da década de 1970, coberturas translúcidas e transparentes. De seu interior foram removidas as tradicionais bancas de frutas e produtos hortifrutigranjeiros que, por muito tempo, foram um atrativo turístico bastante visitado.

Ao lado, está a Estação Ferroviária da Vila Abernéssia, outro ponto histórico que relembra os tempos em que o trem era o principal meio de acesso à cidade.

E muito próximo dali está a Prefeitura Municipal de Campos do Jordão, um edifício que integra o centro histórico da cidade e representa a administração local.

Com os ponteiros do relógio marcando 10h e o desapontamento por não termos conseguido experimentar o famoso chocolate de Campos do Jordão, nos despedimos da cidade pela rodovia estadual SP-050, também chamada Rodovia Monteiro Lobato.

Passamos em frente à fábrica da Cervejaria Baden Baden, uma das pioneiras na produção de cervejas artesanais de alta qualidade no Brasil.

Em seguida, iniciamos a descida pela majestosa Serra da Mantiqueira, percorrendo a asfaltada, estreita, sem acostamento, sinuosa e impressionante Rodovia Monteiro Lobato.

Conhecida como Estrada Velha de Campos do Jordão, a rodovia estadual SP-050 serpenteia pela imponente cadeia montanhosa da Serra da Mantiqueira, revelando paisagens simplesmente deslumbrantes ao longo do trajeto.

Com cerca de 100 quilômetros de extensão, a Rodovia Monteiro Lobato conecta os municípios paulistas de Campos do Jordão e São José dos Campos, onde se encontra com a BR-116, passando ainda pela pacata cidade de Monteiro Lobato.

Ela percorre o território paulista seguindo bem próxima à divisa com o estado de Minas Gerais, oferecendo vistas incríveis das montanhas que marcam a fronteira entre os dois estados.

Certamente, esta é uma das estradas mais bonitas do estado de São Paulo, merecendo com justiça seu lugar em nosso roteiro da Moto Expedição 2020: Belas Rotas.

Após percorrer cerca de 50 km e descer mais de 1.000 metros de altitude, chegamos ao charmoso centro histórico de Monteiro Lobato, em São Paulo.

A cidade paulista de Monteiro Lobato, fundada em 1880, tem hoje cerca de 5.000 habitantes e é carinhosamente chamada de “Pérola da Mantiqueira”, graças ao seu charme e à beleza natural da região.

Sua história está profundamente ligada à cultura cafeeira, já que a região era tomada por fazendas produtoras do chamado “ouro verde”, que impulsionou o desenvolvimento local no século XIX, durante o auge do Ciclo do Café.

Em 1849, foi criada a Freguesia de Nossa Senhora do Bonsucesso do Buquira, resultado da doação de um terreno para a construção de uma igreja, localizada entre as muitas fazendas cafeeiras da região.

Fundada em 1850, a Igreja Nossa Senhora do Bonsucesso testemunhou e acompanhou de perto o crescimento e o desenvolvimento da cidade ao longo das décadas.

O interior da Igreja Nossa Senhora do Bonsucesso é decorado com vitrais coloridos e pinturas em estilo barroco, que conferem ao ambiente um charme histórico e artístico único.

As pinturas em estilo barroco são obras do artista Antônio Limones, que concluiu o trabalho em 1952.

Antes de adotar o nome Monteiro Lobato, o município paulista passou por quatro denominações: Freguesia das Estacas, Freguesia de Nossa Senhora do Bonsucesso do Buquira, Vila das Palmeiras do Buquira e Vila do Buquira.

Buquira significa “Ribeirão dos Pássaros” na língua tupi, nome que os indígenas deram ao rio que corta a região, refletindo a riqueza natural do local.

Após a visita à igreja, seguimos até o Casarão do Centro, um belo edifício histórico que hoje abriga a Secretaria de Cultura e Turismo do município.

Também passamos pelo Paço Municipal, instalado em um casarão do século XX com portas e janelas de madeira maciça, famoso por sua bela arquitetura que preserva o charme histórico da cidade.

Em seguida, rodamos até a Gruta Nossa Senhora de Lourdes, um monumento artificial inaugurado em 1959, que se tornou um dos locais de devoção e contemplação mais conhecidos da cidade.

A Gruta Nossa Senhora de Lourdes foi criada pelo artista Francisco Ferreira Santeiro e recebe inúmeros devotos que acendem velas em oração, além de visitantes que buscam a água pura que jorra continuamente de sua fonte.

Logo depois, subimos novamente na Formosa e seguimos viagem pela sinuosa Estrada do Livro.

A estrada, asfaltada, de pista simples, estreita e sem acostamento, nos conduziu por cerca de 8 quilômetros até a antiga Fazenda São José do Buquira, hoje famosa como o Verdadeiro Sítio do Picapau Amarelo.

O Sítio do Picapau Amarelo, a Estrada do Livro e a cidade hoje chamada Monteiro Lobato, anteriormente conhecida como Buquira, formam juntos um cenário único, cheio de história e cultura que encantam visitantes de todas as idades.

Esses locais não apenas celebram a rica literatura infantil brasileira, mas também preservam a essência cultural e histórica de uma região profundamente marcada pela tradição e pela memória do escritor Monteiro Lobato.

A origem de toda essa história está no antigo casarão construído em 1880, que serviu como sede da Fazenda São José do Buquira e preserva até hoje seu valor histórico e cultural.

Localizada a 8 km do centro urbano, a Fazenda São José do Buquira era dedicada ao cultivo de café, atividade que impulsionou a economia local e marcou profundamente a história da região.

O local, frequentado por José Bento Monteiro Lobato durante suas férias escolares, pertencia ao seu avô, o Visconde de Tremembé.

Com o falecimento do Visconde de Tremembé em 1911, Monteiro Lobato herdou a Fazenda São José do Buquira e mudou-se para lá com sua esposa e dois filhos.

Sem grande habilidade para administrar a fazenda, Monteiro Lobato permaneceu ali por sete anos, período em que teve mais dois filhos e escreveu importantes livros como “A Velha Praga”, “Urupês” e a obra mais importante da literatura infantil brasileira, o “Sítio do Picapau Amarelo”, inspirado justamente na própria Fazenda São José do Buquira.

Após vender o sítio, Monteiro Lobato investiu na compra da Editora Monteiro Lobato, tornando-se o fundador da primeira editora moderna do Brasil.

Hoje, a propriedade pertence a Maria Lúcia Xavier, que herdou a Fazenda São José do Buquira de seu avô, João Xavier Ribeiro. O local mantém os portões abertos, convidando adultos e crianças a explorar o espaço que há gerações alimenta o imaginário de leitores de todo o Brasil.

Como descrito nas obras de Lobato, o imponente casarão da Fazenda São José do Buquira, digno de um neto de visconde, possui 19 cômodos e mais de 60 portas e janelas.

Ao explorar o interior do antigo casarão, repleto de mobília do século passado e de uma vasta biblioteca, temos a sensação de reviver as histórias que Monteiro Lobato eternizou em suas obras literárias.

Monteiro Lobato consagrou-se como um dos maiores escritores brasileiros, reconhecido especialmente por sua inestimável contribuição à literatura infantil.

Monteiro Lobato faleceu em 1948 e, no ano seguinte, o município paulista passou a se chamar Monteiro Lobato, em homenagem ao renomado escritor, intelectual e editor literário brasileiro.

No Verdadeiro Sítio do Pica-Pau Amarelo, é possível passear por um pomar repleto de mangueiras e jabuticabeiras centenárias, além de laranjeiras, pitangueiras e diversas outras árvores frutíferas que enriquecem o cenário.

Também é possível percorrer esse ambiente cercado por montanhas, cujos picos se erguem de forma majestosa em direção ao céu, compondo uma paisagem de tirar o fôlego.

Até chegarmos ao riacho de águas cristalinas, onde peixinhos de olhos arregalados nadam tranquilamente, completando a atmosfera serena e encantadora do local.

O riacho forma a bela cachoeira retratada na obra “No Reino das Águas Claras”, cenário que inspira a imaginação e reforça a conexão entre a literatura de Monteiro Lobato e a natureza local.

Ainda no verdadeiro Sítio do Picapau Amarelo, é possível visitar um charmoso atelier de artesanato e uma pequena loja que oferece doces e biscoitos artesanais e orgânicos, preparados com ingredientes locais.

Após explorar o verdadeiro sítio onde nasceram Emília, Tia Nastácia, Dona Benta, Narizinho, Jeca Tatu e o Visconde de Sabugosa, retomamos a Estrada do Livro rumo ao centro de Monteiro Lobato, SP.

De volta ao centro da cidade, onde as ruas são decoradas com centenas de bonecas Emília penduradas nas lojas locais, seguimos em direção à rodovia estadual SP-050 para continuar nossa viagem.

Após rodar alguns quilômetros, chegamos à movimentada cidade de São José dos Campos, importante polo industrial e tecnológico do Vale do Paraíba.

Seguindo as placas indicativas, cruzamos rapidamente o centro de São José dos Campos, uma cidade com mais de 700.000 habitantes.

Em seguida, entramos na rodovia BR-116, percorrendo alguns quilômetros até acessar a rodovia SP-065.

Assim que iniciamos o trajeto pela Rodovia Dom Pedro I (SP-065), nuvens cinzentas e carregadas começaram a se formar no horizonte, prenunciando uma possível chuva à frente.

Não demorou para sermos surpreendidos por um temporal intenso, que sacudia a Formosa de um lado para o outro, enquanto os ventos fortes e imprevisíveis mudavam de direção abruptamente.

Seguimos então até Itatiba, onde chegamos no final do dia enfrentando o trânsito intenso do horário de pico, chuva e diversas ladeiras, até finalmente encontrar um hotel para descansar e passar a noite.

Acima o mapa com o trajeto percorrido no dia entre Campos do Jordão – SP e Itatiba – SP.