Trilhas Ecológicas, Mirantes Incríveis e História no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) em Teresópolis, RJ

Aproveitamos a nublada segunda-feira em Teresópolis – RJ, para explorar ainda mais o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO). Durante o dia, percorremos a curta e leve Trilha da Primavera, nos encantamos com a Trilha 360 e seus mirantes panorâmicos, visitamos a fabulosa Fonte Othon Leonardos, desbravamos a Trilha do Poço Dois Irmãos e finalizamos o passeio no tranquilo Poço do Castelo.

A segunda-feira amanheceu nublada no centro de Teresópolis – RJ, mas sem indícios de chuva.

Aproveitamos o clima favorável para prolongar nossa estadia na charmosa cidade serrana fluminense e retornar ao Parque Nacional da Serra dos Órgãos, com o objetivo de explorar algumas trilhas ecológicas que não conseguimos fazer no sábado anterior.

De volta ao parque, seguimos até o primeiro estacionamento, onde deixamos a Formosa aproveitando o ar puro e fresco da montanha.

Com as mochilas abastecidas com água mineral e bananas para garantir energia durante o percurso, iniciamos nossa caminhada pela Trilha da Primavera, uma das opções do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, na sede de Teresópolis, RJ.

A Trilha da Primavera é um percurso leve, com cerca de 500 metros de extensão, que pode ser percorrido tranquilamente em aproximadamente 20 minutos, ideal para todas as idades. Ao longo do trajeto, tivemos o prazer de caminhar por uma mata bem preservada, apreciando a diversidade de espécies de plantas e a presença de pequenos animais silvestres.

Devido às fortes chuvas que atingiram a região nos últimos dias, inclusive na noite anterior, o percurso da Trilha da Primavera estava bastante úmido, com o chão coberto por folhas escorregadias e pequenos galhos espalhados, exigindo atenção redobrada durante a caminhada.

Nada que comprometesse a caminhada. Com a devida cautela, seguimos desfrutando do belo passeio em meio à natureza. Poucos minutos depois, chegamos ao final da Trilha da Primavera, onde nos deparamos com uma bifurcação no caminho.

No local, uma placa indicava as direções: à direita, o caminho levava de volta à estrada que atravessa o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO); à esquerda, o acesso seguia em direção às piscinas naturais e poços; já em frente, encontrava-se a entrada para a Trilha 360.

Optamos por seguir em frente pela Trilha 360, um percurso circular (como o nome sugere) que oferece duas ramificações principais: uma conduz ao Mirante Mozart Catão e Alexandre Oliveira, e a outra leva ao Mirante Cartão Postal.

A Trilha 360 possui 2,6 km de extensão e conecta duas das trilhas mais conhecidas do parque: a Cartão Postal e a Mozart Catão. Para quem decide visitar os três mirantes disponíveis ao longo do caminho, o percurso total se estende para cerca de 4 km. Trata-se de um belíssimo circuito, repleto de vistas panorâmicas e contato direto com a natureza, que definitivamente vale a pena ser explorado.

O trajeto se desenrola em meio à exuberante Mata Atlântica, proporcionando uma imersão completa na rica biodiversidade e nas paisagens naturais da região.

Pequenos córregos, uma abundância de pássaros e uma variedade colorida de flores enriquecem o cenário ao longo de toda a trilha, tornando a experiência ainda mais encantadora e vibrante.

O Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) foi criado em 1939 com o propósito de preservar a impressionante paisagem e a rica biodiversidade da Serra do Mar, localizada na região serrana do Rio de Janeiro.

Trata-se de uma Unidade de Conservação Federal de Proteção Integral, subordinada ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Seu principal objetivo é preservar amostras representativas dos ecossistemas brasileiros, garantindo a conservação da fauna, flora e dos recursos naturais da região.

O Parque Nacional da Serra dos Órgãos abrange uma área de 20.024 hectares, distribuídos pelos municípios de Teresópolis, Petrópolis, Magé e Guapimirim, no estado do Rio de Janeiro. A região protege mais de 2.800 espécies de plantas catalogadas, além de 462 espécies de aves, 105 de mamíferos, 103 de anfíbios e 83 de répteis. Entre esses, destacam-se 130 animais ameaçados de extinção e diversas espécies endêmicas, que ocorrem exclusivamente nesta área.

Considerado um dos melhores destinos do Brasil para a prática de esportes de montanha (como escalada, caminhada e rapel), o parque também é famoso por suas impressionantes cachoeiras e poços naturais, ideais para um banho refrescante após a trilha.

O PARNASO conta com a maior rede de trilhas ecológicas do Brasil, somando mais de 200 quilômetros de caminhos adaptados a todos os níveis de dificuldade. As opções vão desde percursos leves até a desafiadora Travessia Petrópolis-Teresópolis, que se estende por cerca de 30 km de subidas e descidas, cruzando a parte alta das montanhas em meio à verdejante Mata Atlântica.

Retomando a Trilha 360, após alguns minutos de caminhada, chegamos à Fonte Othon Leonardos, um ponto de parada refrescante e agradável no percurso.

A encantadora queda d’água recebe esse nome em homenagem a Othon Leonardos, um dos três experientes alpinistas brasileiros envolvidos em uma das mais trágicas e dramáticas histórias de morte no Aconcágua.

Em 1998, o trio escalava a famosa montanha argentina quando foi surpreendido por uma avalanche que resultou no desaparecimento de Mozart Harstenviter Camua, conhecido como Catão — cuja memória é preservada com uma das trilhas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos dedicada a seu nome.

Catão foi o primeiro brasileiro a atingir o cume do Everest e desapareceu durante esse episódio nos precipícios da Parede Sul do Aconcágua, a montanha mais alta fora da Ásia, com 6.961 metros de altitude.

Seus companheiros, Othon Leonardos e Alexandre Oliveira, sobreviveram ao impacto inicial e ficaram pendurados em uma corda, mas, infelizmente, sucumbiram ao frio pouco depois.

Assim que chegamos ao mirante em homenagem aos alpinistas teresopolitanos Mozart Catão e Alexandre Oliveira, uma densa névoa surgiu de forma repentina, envolvendo toda a paisagem ao nosso redor.

A névoa nos permitiu avistar parcialmente a cidade de Teresópolis, mas impediu a visão do Parque Estadual dos Três Picos, localizado ao fundo.

Em instantes, tudo ficou encoberto e nossa visibilidade se reduziu a poucos metros. Aproveitamos para recarregar as energias com as bananas e nos hidratar com água antes de continuar a caminhada.

De volta à trilha, passamos por uma área abundante em palmito-juçara, uma espécie ameaçada de extinção devido ao corte indiscriminado.

Encontramos diversas espécies de cogumelos, cada uma mais bela e peculiar que a outra, enriquecendo ainda mais a diversidade do ambiente.

De acordo com as informações que recebemos, o melhor período para explorar o Parque Nacional da Serra dos Órgãos é durante o outono e o inverno, quando acontece a chamada temporada de montanhismo.

Durante a temporada de montanhismo, as chances de obter uma visão clara das montanhas são maiores. Em contrapartida, na primavera e no verão, a combinação de chuvas frequentes, alta umidade da Mata Atlântica e variações térmicas locais favorece a formação rápida e constante de névoas.

Como estamos em novembro, isso explica o motivo de estarmos cercados pela neblina. Seguimos avançando pela maravilhosa trilha, que apresenta algumas curvas tão fechadas que nos lembraram a Rodovia Ubatuba-Taubaté, percorrida no décimo terceiro dia da Moto Expedição 2020: Belas Rotas.

Entre uma curva fechada e outra (sem raspar as pedaleiras desta vez, mas apoiando-nos em troncos para evitar quedas) avançamos até o Mirante Borandá.

Assim que chegamos ao Mirante Borandá, que oferece vistas panorâmicas da Serra dos Órgãos e da cidade do Rio de Janeiro, a chuva começou a cair.

Não bastasse a densa névoa, agora a chuva também! Com a visibilidade praticamente nula, sentamos no banco do mirante e, por alguns minutos, aproveitamos a tranquilidade do local. O silêncio era quebrado apenas pelo som das gotas caindo na mata, das folhas balançando ao vento e dos pássaros cantando alegremente.

Revigorados, com o espírito renovado e corpo e alma literalmente lavados, seguimos pela trilha florida, um dos maiores encantos da primavera.

Logo chegamos a uma bifurcação, onde tivemos que escolher entre seguir para a saída da trilha ou subir até o Mirante Cartão Postal.

Como já conhecíamos o Mirante Cartão Postal de nossa visita ao parque no sábado, quando o tempo estava completamente fechado pela neblina, decidimos seguir em direção à saída da trilha.

Cruzamos por imponentes árvores, entre elas vários jequitibás majestosos.

Em seguida, retornamos à Estrada da Barragem, que atravessa grande parte do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) — sede Teresópolis (RJ) e, em alguns trechos, é compartilhada entre caminhantes e veículos.

Caminhamos por alguns metros ao longo da estreita estrada de calçamento, que se torna bastante escorregadia quando molhada.

E adentramos outra trilha ecológica, desta vez a Trilha Poço Dois Irmãos.

A pequena trilha acompanha, na maior parte do seu trajeto, as margens do belo e pedregoso Rio Beija-Flor.

Em alguns trechos, a Trilha do Poço Dois Irmãos atravessa áreas densamente cobertas pela floresta que, devido ao nevoeiro e à chuva, permaneciam quase totalmente escuras, mesmo sendo 13h. Ainda assim, o caminho está muito bem demarcado, o que garante segurança e orientação aos visitantes.

Aliás, todas as trilhas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos são muito bem demarcadas e sinalizadas, com diversos mapas ao longo dos percursos e placas indicativas em pontos estratégicos. Isso ajuda a evitar desorientação e garante mais tranquilidade, até mesmo para aventureiros menos experientes como nós.

Em poucos minutos, chegamos ao belo Poço Dois Irmãos, um excelente ponto para um banho refrescante em meio à natureza.

A piscina natural formada pelas águas cristalinas do pedregoso Rio Beija-Flor possui uma beleza singular e encantadora.

Devido à pandemia, a entrada nas cachoeiras e poços do Parque Nacional Serra dos Órgãos estava proibida. Por isso, limitamo-nos a admirar a beleza do lugar por alguns instantes, absorver a energia da natureza, registrar o momento com várias fotos e seguir adiante.

Continuamos pelo trajeto que acompanha as margens do belo Rio Beija-Flor e, ao final da trilha, chegamos ao Poço do Castelo.

O tranquilo e encantador Poço do Castelo está localizado a aproximadamente 100 metros do portão de entrada do Parque Nacional da Serra dos Órgãos — Sede Teresópolis.

Ali, fizemos uma breve pausa para descansar, aproveitando a tranquilidade do ambiente e o agradável som da queda d’água do pequeno rio.

Com o fim do dia se aproximando, nos despedimos do fabuloso Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO), com a intenção de retornar o mais breve possível, de preferência, na próxima temporada de montanhismo.

Queremos não apenas revisitar as trilhas que percorremos durante a Moto Expedição 2020: Belas Rotas, mas também explorar a Trilha da Pedra do Sino, que se estende por 11 km, e, quem sabe, encarar a desafiadora Travessia Petrópolis-Teresópolis, que promete ser uma experiência sensacional.

Como o Parque Nacional da Serra dos Órgãos – Sede Teresópolis fica a cerca de 2 quilômetros do Mirante do Soberbo, não poderíamos voltar ao hotel sem antes fazer uma rápida visita ao belvedere, na esperança de avistar a majestosa Serra dos Órgãos e o icônico Dedo de Deus.

Assim, seguimos de moto até o Mirante do Soberbo, onde havia algumas pessoas, mas, mais uma vez, a cadeia montanhosa estava praticamente toda coberta por densa névoa, impedindo que contemplássemos a tão esperada vista.

Acompanhados pela névoa, retornamos ao hotel no centro de Teresópolis para descansar, pois no dia seguinte pretendemos retomar a estrada e seguir viagem.