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Forte Duque de Caxias: A Vista Panorâmica Mais Incrível e Imperdível do Rio de Janeiro e da Baía de Guanabara
19 de Novembro, 2020
Explore o Rio de Janeiro em um roteiro imperdível: caminhe pelo calçadão da Praia de Copacabana, admire a linda vista do Forte Duque de Caxias (Morro do Leme) e visite as praias Vermelha, Botafogo e Flamengo.
Dedicamos o dia a um roteiro turístico a pé pelo Rio de Janeiro, a inesquecível Cidade Maravilhosa. Começamos com energia na vibrante Praia de Copacabana, exploramos a vizinha Praia do Leme e nos encantamos com as vistas panorâmicas do Morro do Leme, no histórico Forte Duque de Caxias. Não faltaram os tradicionais Biscoitos Globo para recarregar as energias. À tarde, seguimos para o charmoso bairro da Urca, visitamos a Praia Vermelha e depois a Praia de Botafogo. Encerramos o dia no Aterro do Flamengo, onde, mesmo sob chuva, desfrutamos da refrescante água de coco na bela Praia do Flamengo.

Após uma noite de sono revigorante, embalada pela chuva suave que caiu sobre o Rio de Janeiro durante a madrugada, despertamos com energia renovada para aproveitar a quinta-feira. Iniciamos o dia com leveza e bom humor, dançando no icônico calçadão da Praia de Copacabana, um dos mais emblemáticos cartões-postais da Cidade Maravilhosa.

Após esse animado aquecimento, seguimos para uma caminhada matinal ao longo da icônica Praia de Copacabana, carinhosamente chamada de “Princesinha do Mar”. Aproveitamos a brisa fresca e a vista deslumbrante, um cenário único que só o Rio de Janeiro é capaz de proporcionar.

No post anterior, em que relatamos nossa viagem de moto de Petrópolis ao Rio de Janeiro, com parada no imponente Palácio Quitandinha, compartilhamos um pouco da história e algumas curiosidades fascinantes sobre o bairro e a Praia de Copacabana.

Aliás, caminhar pelo calçadão de Copacabana é uma verdadeira experiência sensorial. Não demora para que algum quiosque nos atraia com a irresistível promessa de um coco gelado. Logo cedemos à tentação e compramos nossos primeiros cocos do dia. Somos apaixonados por água de coco, não apenas pelo sabor naturalmente refrescante, mas também pelos inúmeros benefícios que ela oferece à saúde.

Além de ser uma excelente aliada na hidratação, a água de coco ajuda a reduzir o cansaço e o estresse, sensações que, felizmente, quase não nos acompanham durante as viagens. Rica em sais minerais, ela também contribui para a prevenção de câimbras, melhora o funcionamento do intestino e dos rins, fortalece o sistema imunológico e promove o bem-estar de forma natural e saborosa.

Antes da colonização, a Baía de Guanabara (a segunda maior baía do litoral brasileiro, com cerca de 380 km² de extensão) era habitada por pelo menos 84 aldeias de índios tupinambás. Eles a chamavam de Kûánãpará, que em tupi significa “baía abrigada”, até a chegada da expedição exploradora portuguesa liderada por Gaspar de Lemos. Foi nesse cenário rico em natureza e cultura indígena que, mais tarde, se estabeleceria a cidade do Rio de Janeiro.

Como os europeus chegaram à Baía de Guanabara em 1º de janeiro de 1502, batizaram o local de Rio de Janeiro. Algumas fontes sugerem que o termo “rio” teria sido usado de forma equivocada pelos portugueses, por se tratar, na verdade, de uma baía. No entanto, há quem argumente que navegadores tão experientes dificilmente confundiriam uma baía com um rio. Na verdade, naquela época, o termo “rio” era frequentemente utilizado para designar diversos corpos d’água, incluindo enseadas, estuários e baías.

Quando as naus colonizadoras adentravam a Baía de Guanabara, a primeira aldeia indígena avistada era a taba da Karióka, origem do nome “carioca”. Em tupi, o termo é formado pela junção de oka (casa) e kari’ó (carijó), resultando em kari’oka, “casa dos carijós”.

Os Kariós eram um ramo ancestral dos índios tupinambás, oriundos da região amazônica, que teriam migrado em busca do “Guajupiá” há cerca de dois mil anos. Seguindo o curso do Rio Amazonas até sua foz, avançaram pelo litoral nordestino, enfrentando e expulsando as tribos dos tapuîas (povos não tupis, considerados de “língua estranha”) até alcançarem o litoral sul e se estabelecerem na região da Baía de Guanabara.

Seguindo pela orla da Praia de Copacabana, logo nos deparamos com o suntuoso Hotel Copacabana Palace, o primeiro grande edifício erguido no bairro, inaugurado em 1923. Majestoso e imponente, ele se tornou um símbolo de luxo e sofisticação, além de um marco histórico que ajudou a transformar Copacabana em um dos destinos mais famosos do mundo.

O lendário Copacabana Palace já abrigou um dos maiores cassinos do Brasil e foi também palco da primeira casa de espetáculos da América Latina. Esses espaços ajudaram a consolidar sua fama como centro de entretenimento e elegância, atraindo personalidades do mundo todo e contribuindo para a aura glamourosa que envolve o hotel até hoje.

Tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional, o Copacabana Palace já hospedou inúmeras celebridades ao longo das décadas, entre elas Rock Hudson, Rita Hayworth, Romy Schneider, Janis Joplin, Madonna, Freddie Mercury e até a princesa Diana. Sua história é marcada por momentos icônicos que reforçam seu status como um dos hotéis mais emblemáticos da América Latina.

Em frente ao Copacabana Palace, encontramos uma estátua em homenagem a Ayrton Senna. A escultura eterniza o legado do tricampeão mundial de Fórmula 1, uma das figuras mais admiradas do esporte brasileiro.

A estátua de bronze que representa Ayrton Senna, criada pelo artista Mario Pitanguy, foi inaugurada em 2019.

Os primeiros contatos dos índios tupinambás que habitavam a Baía de Guanabara com os europeus ocorreram por meio dos franceses, e foram marcados por uma relação amistosa. Rapidamente, os franceses se tornaram aliados dos tupinambás, estabeleceram-se na região e tentaram colonizá-la. No entanto, as disputas internas no Império Francês entre católicos e protestantes acabaram comprometendo a coesão da expedição, levando ao fracasso da tentativa de colonização.

Os portugueses, por sua vez, já estabelecidos em São Vicente (SP), aliaram-se aos índios tupiniquins, inimigos tradicionais dos tupinambás da Baía de Guanabara. Assim, começou um lento e violento processo de conquista da região, marcado por diversas batalhas entre portugueses e tupiniquins contra os tupinambás. Esses conflitos se intensificaram a partir de 1530, quando, frustrados por não encontrar ouro e prata nas incursões pelo Rio da Prata, os portugueses voltaram sua atenção para o controle da Baía de Guanabara.

A principal batalha entre portugueses e tupinambás ocorreu em 20 de janeiro de 1567. Os tupinambás nunca se renderam, e o confronto foi tão violento que o capitão das forças portuguesas, Estácio de Sá, foi atingido por uma flecha no olho e faleceu pouco depois. Embora os índios tenham perdido essa batalha, travada nas proximidades do Morro da Glória, sua resistência marcou profundamente a história da conquista da Baía de Guanabara.

Os índios tupinambás possuíam uma civilização avançada, comparável às dos incas, astecas e maias. A cidade do Rio de Janeiro começou a se formar a partir dos locais onde essas aldeias estavam situadas, já que os primeiros caminhos eram exatamente as rotas que ligavam uma aldeia à outra. Foi nesse contexto que, em 1º de março de 1565, a cidade do Rio de Janeiro foi oficialmente fundada.

Em 1763, a cidade do Rio de Janeiro foi declarada capital da Colônia do Brasil, então parte do Reino de Portugal. Anos depois, em 1807, com as tropas de Napoleão avançando para invadir Portugal e impor o domínio francês, Dom João VI tomou uma decisão histórica: deixou sua terra natal e transferiu toda a corte portuguesa para o Rio de Janeiro, transformando a cidade em sede do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

Com a inesperada transferência da monarquia de Lisboa para os trópicos em 1808, o Rio de Janeiro não apenas continuou como capital da Colônia do Brasil do Reino de Portugal, mas também se tornou a sede de todo o Império Português, que abrangia territórios como Angola e Moçambique (África), Goa (Índia), Timor (Sudeste Asiático) e Macau (China). Assim, o Rio de Janeiro passou a ser a única capital de um país europeu localizada fora da Europa.

Com a Independência em 1822, o Brasil foi elevado à condição de império, passando a se chamar Império do Brasil, tendo o Rio de Janeiro como sua capital até 1889. Em 15 de novembro daquele ano, com a Proclamação da República, a cidade manteve seu status, tornando-se a capital da recém-criada República dos Estados Unidos do Brasil. Essa função permaneceu até 1960, quando a sede do governo foi oficialmente transferida para a recém-inaugurada Brasília.

Naquele período, o Rio de Janeiro foi transformado em uma cidade-estado e passou a se chamar Guanabara. Essa configuração perdurou até 1975, quando ocorreu a fusão entre o antigo estado da Guanabara e o estado do Rio de Janeiro, tornando a cidade homônima a nova capital estadual.

Atualmente, a cidade do Rio de Janeiro abriga cerca de 6,2 milhões de habitantes e se destaca como o principal destino turístico internacional do Brasil, da América Latina e de todo o hemisfério sul. Esse protagonismo explica a diversidade de idiomas que se ouve nas praias e nos principais pontos turísticos da cidade, refletindo seu apelo global e multicultural.

Caminhar pela orla da Praia de Copacabana é uma experiência tão agradável e envolvente que, quando percebemos, já estamos na Praia do Leme, praticamente uma extensão natural da famosa “Princesinha do Mar”.

Ali, fizemos uma breve pausa para assistir a uma animada partida de futvôlei, esporte criado na própria Praia de Copacabana, por volta dos anos 1960, pelo arquiteto e ex-jogador Octavio de Moraes.

A Praia do Leme é banhada por águas geralmente limpas e possui uma extensa faixa de areia clara, que se estende por quase 1 quilômetro. Menos movimentada que sua vizinha Copacabana, ela oferece um ambiente mais tranquilo, ideal para quem busca relaxar sem abrir mão da beleza e da energia do litoral carioca.


Seguimos nossa caminhada em direção à Pedra do Leme, um imponente costão rochoso coberto pela vegetação da Mata Atlântica, que dá nome à praia e ao bairro. O local recebeu a denominação de Pedra do Leme por lembrar, em seu contorno, o leme de um navio, referência que reforça a forte ligação do Rio de Janeiro com o mar.


Na década de 1980, o saudoso cantor e compositor Tim Maia eternizou a praia do Leme com o lançamento do hit “Do Leme ao Pontal”. A música se tornou um verdadeiro hino carioca, marcando o Leme como ponto de partida de uma sequência inesquecível de praias que revelam toda a beleza e diversidade do litoral carioca.



Na base da Pedra do Leme, encontram-se diversos quiosques que costumam ficar bastante movimentados ao entardecer. É o cenário perfeito para relaxar, tomar uma bebida gelada e apreciar um pôr do sol deslumbrante com vista para o mar, enquanto o céu carioca se pinta em tons dourados e alaranjados.


O local também abriga a famosa Mureta do Leme, uma extensa mureta que acompanha parte do costão rochoso. Bastante frequentada por moradores e visitantes, ela é ideal para caminhadas tranquilas, contemplação do mar e momentos de sossego com uma das vistas mais encantadoras da orla carioca.


Logo na entrada da Mureta do Leme está a estátua em homenagem a Clarice Lispector. A escritora e jornalista, nascida na Ucrânia e naturalizada brasileira, viveu por 12 anos no bairro do Leme, deixando sua marca literária e cultural na região.


Na estátua, criada pelo artista Edgar Duvivier e inaugurada em 2016, Clarice Lispector foi imortalizada ao lado de seu cachorro Ulisses, um símbolo de sua companhia e inspiração durante os anos em que viveu no bairro do Leme.

Clarice Lispector representa uma importante ruptura na literatura nacional, com seu estilo de fluxo de consciência que desafiava as convenções realistas e as expectativas sociológicas da crítica literária da época. Sua escrita profunda e introspectiva trouxe uma nova dimensão à literatura brasileira, marcando gerações com sua originalidade e sensibilidade.


Além da estátua, que por si só já é um ponto turístico, a Mureta do Leme oferece uma vista deslumbrante de toda a orla das praias do Leme e Copacabana, tornando-se um lugar perfeito para contemplação, fotografias e momentos de relaxamento ao som do mar.


Muito procurada por turistas e pescadores, a região também é conhecida como Caminho dos Pescadores Ted Boy Marino, em homenagem ao lendário lutador que conquistou o carinho da comunidade local. Esse espaço combina história, cultura e lazer em meio à beleza natural da orla carioca.


Ali, FredLee revelou suas habilidades na arte da pesca, aproveitando a tranquilidade do local para praticar uma atividade tradicional que conecta moradores e visitantes à riqueza natural da orla carioca.


FredLee fez toda uma encenação, mas, no final, não conseguiu pescar nada. Mesmo assim, o momento divertido reforçou o clima descontraído e acolhedor que vivenciamos ao longo do nosso passeio pela orla do Leme.


Ao lado da Mureta do Leme fica a Praça Almirante Júlio de Noronha, carinhosamente chamada de Pracinha do Leme pelos moradores e visitantes. Esse espaço aberto é um ponto de encontro tradicional no bairro, perfeito para relaxar, socializar e sentir o pulsar da comunidade local.


A pequena praça fica em frente à entrada do histórico Forte Duque de Caxias, uma importante construção militar que protegeu a Baía de Guanabara por séculos e hoje é um ponto turístico que oferece uma rica imersão na história do Rio de Janeiro.


Forte Duque de Caxias
O Forte Duque de Caxias, um ponto turístico único que combina história, beleza natural e uma vista deslumbrante da cidade do Rio de Janeiro, foi construído entre 1913 e 1919 sobre as ruínas do antigo Forte do Vigia.
Como chegar
Mapa e roteiro de como chegar no Forte Duque de Caxias partindo do centro do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro – Brasil:
Contatos do Forte Duque de Caxias
- Endereço: Praça Almirante Júlio de Noronha, Leme | Rio de Janeiro – Rio de Janeiro – Brasil
- Telefone: (21) 3223-5033
- E-mail: divisaodoforte.cep@gmail.com
Para obter informações mais detalhadas, visite o site oficial do Forte Duque de Caxias.
Horários de Funcionamento
- Terça a domingo: das 9h30 às 16h
Valores de Ingresso
- Público em geral: R$ 10,00
- Professores e estudantes: R$ 5,00
- Maiores de 60 anos: Gratuito
- Crianças até 10 anos: Gratuito
*O pagamento é aceito somente em dinheiro (reais brasileiros) ou via PIX.
**Não é permitida a entrada de animais.
Recomendamos verificar as tarifas antes da sua viagem, pois os valores podem ser alterados a qualquer momento.
Tempo Médio de Visitação
- 2 horas


O acesso ao Forte Duque de Caxias ocorre por uma charmosa trilha ecológica: uma estreita via calçada em paralelepípedo com aproximadamente 800 metros de extensão, que oferece um contato direto com a natureza e prepara o visitante para a imersão histórica que o local proporciona.


Antes de começarmos a Moto Expedição 2020: Belas Rotas, adquiri um par de botas novas, especialmente projetadas para enfrentar qualquer tipo de aventura, desde longas caminhadas e trilhas variadas até a travessia de rios, conforme prometido no anúncio do fabricante.


De fato, o calçado é excelente: firme, confortável e impermeável. No entanto, o solado revelou-se extremamente escorregadio, oferecendo pouca aderência em superfícies molhadas ou irregulares, o que exigiu atenção redobrada durante a viagem.


Calçando essas botas, eu consigo escorregar até mesmo em pisos revestidos por carpete nos hotéis, imagine, então, encarar uma íngreme estrada de paralelepípedo molhada pela chuva da noite anterior, coberta por diversas folhas espalhadas pelo caminho.


O percurso até o topo do Morro do Leme, onde se encontra o Forte Duque de Caxias, costuma levar cerca de 20 minutos de caminhada, mas eu, me sentindo como um aluno desajeitado na primeira aula de patinação no gelo ou como uma bailarina pisando em ovos, acabei levando vários minutos a mais, devido ao cuidado redobrado para não escorregar.


No fim, consegui completar os desafiadores 800 metros sem nenhuma queda, uma verdadeira façanha considerando o solado escorregadio das botas!


Com gritos de vitória e punhos cerrados erguidos em comemoração, finalmente adentramos o Forte Duque de Caxias, prontos para explorar sua rica história e apreciar a vista panorâmica da Baía de Guanabara.


O primeiro forte construído pelos portugueses no local foi erguido entre 1776 e 1779 e recebeu o nome de Forte do Vigia ou Espia por não possuir nenhuma artilharia e servir apenas como um alerta aos navios que chegavam a capital carioca.


O atual Forte Duque de Caxias, construído entre 1913 e 1919, foi erguido sobre as ruínas do antigo Forte do Vigia, mantendo sua função estratégica de proteção à entrada da Baía de Guanabara.


Ao iniciarmos a exploração do Forte Duque de Caxias, fomos surpreendidos por uma “invasão” inesperada, mas amigável: diversos saguis-de-tufos-brancos, conhecidos popularmente como mico-estrela, apareceram curiosos para nos acompanhar durante o passeio.


O sagui-de-tufo-branco (Callithrix jacchus) é um dos primatas mais populares do Brasil. De pequeno porte, pesa entre 350 e 450 gramas e chama atenção pelos tufos brancos nas orelhas e pelo comportamento ágil e curioso, características que o tornam facilmente reconhecível.


Esse primata é endêmico das florestas arbustivas da Caatinga e da Mata Atlântica do Nordeste brasileiro, sendo encontrado de forma nativa nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e Tocantins, estendendo-se até o sul da foz do Rio São Francisco.


Infelizmente, essa espécie foi introduzida em diversas regiões onde não ocorria naturalmente, adaptando-se com facilidade, especialmente em áreas de floresta degradada da Mata Atlântica. Hoje, populações estabelecidas podem ser encontradas em locais como Florianópolis (SC), Buenos Aires (Argentina) e também aqui no Rio de Janeiro, onde originalmente não existiam.


Os serelepes saguis pareciam totalmente à vontade com nossa presença, pelo contrário, demonstravam curiosidade e até uma certa aproximação, talvez na expectativa de receber algum alimento.


E não foram apenas os curiosos saguis que surgiram repentinamente da mata, diversos calangos, pequenos lagartos ágeis e espertos, também apareceram, como se quisessem participar da festa e dividir o protagonismo do momento.


A presença desses animais é bastante comum, especialmente porque o Forte Duque de Caxias está localizado dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) do Morro do Leme, um importante refúgio de biodiversidade em meio à zona urbana do Rio de Janeiro.


Criada em 1990, a Área de Proteção Ambiental do Morro do Leme, que inclui também o Morro dos Urubus, a Pedra do Anel, a Praia do Anel e a Ilha da Cotunduba, tem como objetivo preservar remanescentes de Mata Atlântica



Após a calorosa recepção dos animais silvestres, voltamos nossa atenção ao Forte Duque de Caxias, prontos para mergulhar na história e admirar as surpresas que o local ainda reservava.



Devido à sua posição geográfica privilegiada, o Forte Duque de Caxias foi equipado, em 1918, com poderosos obuseiros alemães Krupp de 280 mm, armamentos de longo alcance, projetados para transpor grandes barreiras e reforçar a defesa da entrada da Baía de Guanabara.



Ao longo de sua trajetória, o Forte Duque de Caxias esteve presente em episódios marcantes da história brasileira, como no levante militar ocorrido em 5 de julho de 1922, a famosa “Revolta dos 18 do Forte”. Nesse movimento, um grupo de tenentes da Escola Militar do Rio de Janeiro se rebelou contra o governo do presidente Epitácio Pessoa, posicionando-se no Forte de Copacabana e chegando a disparar contra o Forte Duque de Caxias.



O Forte Duque de Caxias também esteve envolvido no famoso incidente com o navio alemão BADEN, ocorrido em 24 de outubro de 1930, quando o navio deixava o porto do Rio de Janeiro. Ao cruzar a barra da cidade, o BADEN desobedeceu à sinalização da Fortaleza de Santa Cruz que ordenava a parada. Em resposta, o Forte Duque de Caxias abriu fogo contra o paquete alemão, atingindo a embarcação e causando mortos e feridos entre os tripulantes.



Em 22 de agosto de 1935, o presidente Getúlio Vargas, em homenagem ao Marechal Luís Alves de Lima e Silva, oficialmente renomeou o Forte do Vigia para Forte Duque de Caxias.



O militar, político e monarquista brasileiro Marechal Luís Alves de Lima e Silva, mais conhecido como Duque de Caxias, foi oficialmente declarado patrono do Exército Brasileiro em 1962.



Desativado como fortificação em 1965, o Forte Duque de Caxias (popularmente conhecido como Forte do Leme) passou a abrigar o Centro de Estudos de Pessoal do Exército Brasileiro.


Além de seu valor histórico, situado a 124 metros acima do nível do mar, no alto do Morro do Leme, o Forte Duque de Caxias proporciona uma vista panorâmica incrível da região, com destaque para a Baía de Guanabara, as praias do Leme e Copacabana, o Pão de Açúcar, o Corcovado, e o deslumbrante cenário urbano da Cidade Maravilhosa.


Aliás, o apelido “Cidade Maravilhosa” para o Rio de Janeiro carrega uma história rica e multifacetada. Embora a famosa canção de André Filho, de 1934, que exalta a cidade com os versos “Cidade Maravilhosa, cheia de encantos mil”, tenha popularizado e se tornado um hino não oficial, o termo provavelmente surgiu bem antes.


Um dos primeiros registros está no jornal “O Paiz”, em fevereiro de 1904, durante o carnaval carioca. Além disso, o escritor Coelho Neto utilizou a expressão em 1908, numa crônica sobre a Exposição Nacional, e outros escritores e jornalistas também a empregaram. Há ainda a hipótese de que a expressão tenha sido inspirada pela escritora francesa Jane Catulle-Mendès, que em 1913 publicou o livro de poemas “La ville merveilleuse” após sua viagem ao Rio de Janeiro.


Fato é que o Rio de Janeiro realmente faz jus ao apelido de “Cidade Maravilhosa”, e o Forte Duque de Caxias é um dos pontos que comprovam isso, oferecendo vistas surreais e inesquecíveis. Após explorar o forte e nos deslumbrarmos com a paisagem, iniciamos a descida pela ladeira, mantendo o mesmo cuidado que tivemos na subida.

De volta ao nível do mar e com os ponteiros do relógio já passando das 13h, nos deliciamos com os tradicionais biscoitos de polvilho Globo. Embora tivéssemos planejado saboreá-los no alto do Forte Duque de Caxias, temendo a investida dos famintos saguis, optamos por deixar a refeição para um local mais seguro e tranquilo.

Ir ao Rio de Janeiro e não provar os Biscoitos Globo é como visitar Porto Alegre e não comer churrasco, ou ir a Salvador e não experimentar o acarajé. A tradição dos biscoitos de polvilho, nas versões doce e salgada, acompanhados do clássico chá mate gelado, é tão enraizada na cultura carioca que, em 2012, ambos foram reconhecidos como Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro.

Curiosamente, os icônicos Biscoitos Globo, símbolo da cultura carioca, não nasceram no Rio de Janeiro, mas sim em São Paulo, em 1953. Mesmo assim, foi nas praias cariocas que eles conquistaram seu espaço definitivo, sendo vendidos por ambulantes que, com seus cestos característicos, se tornaram parte da paisagem e da experiência única de estar à beira-mar na cidade.


Enfim, após a refeição, seguimos a pé e cruzamos o Túnel do Leme, diferente do dia anterior, quando o atravessamos a bordo da Formosa.


No caminho, passamos em frente à Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, uma charmosa e acolhedora igreja que chama atenção pela simplicidade e serenidade, em meio ao agito da cidade.


Pouco depois, chegamos ao encantador bairro da Urca, onde está localizado o Instituto Benjamin Constant, referência nacional na educação de pessoas com deficiência visual e uma das instituições mais tradicionais do país.



Ali também está o Museu de Ciências da Terra, conhecido como Palácio da Geologia Brasileira, um imponente edifício que abriga um valioso acervo geológico. Infelizmente, devido às restrições da pandemia, o museu estava fechado durante nossa visita.


O Museu de Ciências da Terra está instalado em um imponente edifício de estilo neoclássico tardio, tombado pelo patrimônio municipal, que por si só já merece a visita. A arquitetura majestosa e bem preservada é um verdadeiro convite para apreciar a história da geologia brasileira.


O prédio foi erguido em 1908 para abrigar o Palácio dos Estados durante a Exposição Comemorativa do Centenário da Abertura dos Portos do Brasil, um evento grandioso que reuniu representantes de diversos estados brasileiros e nações estrangeiras, celebrando um marco importante na história econômica do país.


A imponente fachada do corpo principal do edifício tem 78 metros de extensão e se projeta 44 metros à frente das alas laterais recuadas, conferindo ao conjunto uma aparência monumental e equilibrada, típica das construções institucionais do início do século XX.


Logo alcançamos o complexo turístico do Bondinho do Pão de Açúcar, um dos ícones mais emblemáticos do Rio de Janeiro, que já havíamos explorado em 2018 (relembre aqui).


Em frente ao complexo, estende-se a ampla e arborizada Praça General Tibúrcio, um espaço público que oferece um ambiente agradável para descanso e contemplação, além de ser palco de eventos culturais e esportivos na região da Urca.


No centro da praça, destaca-se o Monumento aos Heróis de Laguna e Dourados, em homenagem aos episódios marcantes da Retirada da Laguna e do Combate de Dourados, ocorridos durante a Guerra da Tríplice Aliança, que representam momentos importantes da história militar brasileira.


Logo adiante, surge a pequena, porém acolhedora, Praia Vermelha, um refúgio tranquilo entre as formações rochosas que compõem a paisagem única da Urca.


No canto direito da Praia Vermelha encontra-se o antigo Forte da Praia Vermelha, hoje sede do Círculo Militar, que abriga em suas dependências um restaurante aberto ao público, oferecendo uma bela vista e atmosfera histórica.


A tranquila Praia Vermelha está situada entre dois dos morros mais conhecidos do Rio de Janeiro: de um lado, o imponente Pão de Açúcar, do outro, o Morro da Babilônia, compondo um cenário encantador e repleto de contrastes naturais.


Com suas areias de tom avermelhado, que inspiram o nome da praia, e o mar de ondas serenas, a Praia Vermelha é um verdadeiro refúgio para quem deseja relaxar longe da agitação, em meio a um cenário naturalmente encantador.


Em nossa visita de 2018, tivemos a sorte de experimentar os saborosos acarajés preparados pela baiana Cátia, uma experiência tão marcante que se tornou um dos principais motivos para voltarmos à Praia Vermelha desta vez.


Infelizmente, desta vez não encontramos a baiana Cátia por lá, talvez por ser uma quinta-feira, pelas mudanças causadas pela pandemia, ou quem sabe ela tenha mudado de ponto. Ficamos na dúvida, mas seguimos aproveitando o passeio.

Decepcionados com a ausência do acarajé, mas ainda encantados com o cenário, nos despedimos da Praia Vermelha e seguimos nossa caminhada, prontos para descobrir o que mais o Rio de Janeiro tinha a nos oferecer naquele dia.


Caminhamos ao lado do imponente Iate Clube do Rio de Janeiro, até avistarmos a belíssima Praia de Botafogo, com sua enseada em forma de meia-lua emoldurada pelo Pão de Açúcar ao fundo, uma das paisagens mais emblemáticas da cidade.


Apesar de seus cerca de 700 metros de extensão e da vista privilegiada, a Praia de Botafogo não é recomendada para banho, pois suas águas são frequentemente classificadas como impróprias para o mergulho. Ainda assim, o local é bastante frequentado para caminhadas, atividades físicas e momentos de contemplação.


A visita à Praia de Botafogo certamente vale a pena, pois de suas areias é possível contemplar uma vista deslumbrante da Baía de Guanabara, com destaque para o icônico Pão de Açúcar e o Morro da Urca, formando um cenário que encanta tanto os cariocas quanto os visitantes.



Após apreciar o visual da Praia de Botafogo, atravessamos a movimentada Avenida das Nações Unidas por meio de um túnel.


Do outro lado da pista, a chuva começou a cair, mas não diminuiu nosso ânimo. Continuamos o passeio, encantados pelas inúmeras e belas estátuas que adornam as ruas do Rio de Janeiro, cada uma contando um pouco da rica história e cultura da cidade.



O contraste entre as modernas construções e os edifícios históricos é uma característica marcante que se destaca em diversos pontos da capital fluminense, revelando a rica mistura de passado e presente que define o Rio de Janeiro.



Seguimos nosso caminho passando em frente à Paróquia Nossa Senhora do Monte Claro.


Em seguida, atravessamos novamente as amplas avenidas cariocas por um túnel subterrâneo e chegamos ao vasto complexo do Parque do Flamengo, popularmente conhecido como Aterro do Flamengo.


Planejado como um parque vivo, o extenso Parque do Flamengo se estende desde o Aeroporto Santos Dumont, no centro, até o início da Praia de Botafogo, cruzando os bairros da Glória e do Flamengo.


O maior parque urbano público do Rio, idealizado pela arquiteta autodidata Maria Carlota Costallat de Macedo Soares, rompeu com a ideia tradicional de parque. Para ela, não se tratava apenas de criar um espaço com fontes, bancos ou playgrounds, mas sim de oferecer um local que contribuísse para a qualidade de vida, freasse a especulação imobiliária e reconciliasse os cidadãos com a cidade.


Assim nasceu o Aterro do Flamengo, construído com o material resultante do desmonte do Morro de Santo Antônio, exigindo intervenções na orla do Flamengo para sua realização completa. Integrada à paisagem urbana, a Praia do Flamengo, bastante frequentada por banhistas, tornou-se parte essencial dessa atração. Inaugurado em 1965, o parque ocupa uma área de 1,2 milhão de metros quadrados, mantendo até hoje a configuração que conhecemos.


O Parque do Flamengo, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), abriga diversas atrações emblemáticas, como o Museu de Arte Moderna (MAM), a Marina da Glória, o Monumento a Estácio de Sá e o Parque Brigadeiro Eduardo Gomes, que dá nome oficial ao complexo.


À margem do parque está a extensa Praia do Flamengo, que oferece uma larga faixa de areia e uma vista deslumbrante da Baía de Guanabara, do Pão de Açúcar, do Aeroporto Santos Dumont e da Ponte Rio-Niterói.


Com cocos bem gelados nas mãos, sentamo-nos na mureta da Praia do Flamengo e, mesmo sob a chuva, desfrutamos alguns minutos contemplando a paisagem deslumbrante e o movimento das aeronaves aterrissando e decolando no Aeroporto Santos Dumont.


Com o fim do dia se aproximando e a chuva ganhando intensidade, aproveitamos para registrar as últimas fotos antes de nos despedir da encantadora Praia do Flamengo.


Após uma caminhada intensa e repleta de descobertas, optamos por retornar ao hotel em Copacabana utilizando o eficiente sistema de metrô do Rio de Janeiro, garantindo conforto e agilidade no trajeto.


Já era noite quando chegamos ao nosso local de pernoite. Agora é hora de descansar, pois amanhã retomaremos a estrada. Obrigado por um dia inesquecível, Cidade Maravilhosa!


Oba! Já são 2 comentários nesta postagem!
Passeio cansativo mas com belas paisagens, pena a chuva atrapalhar mas como sempre valeu a pena…
Caminhada boa, o suficiente para suar :) e a chuva sempre se fazendo presente durante a Expedição 2020, mas de qualquer forma conseguimos ver vários atrativos durante o dia. Valeu, abraços…
Estamos ansiosos para ler tudo aquilo que tu tem para dizer! É chegado o momento de abrir este coração e compartilhar tua opinião, crítica (exceto algo desfavorável à imagem da Formosa), elogio, filosofar a respeito da vida ou apenas sinalizar que chegou até aqui ;)
Mas atenção, os campos marcados com * são de preenchimento obrigatório, pois assim mantemos (ou tentamos manter) o blog bonitinho, livre de robôs indevidos.
Ah, relaxe, seu endereço de e-mail será mantido sob sigilo total (sabemos guardar segredos, palavra de escoteiro) e não será publicado.