Ametista do Sul, RS: Pirâmide Esotérica, Museu, Vinícola e Cervejaria em uma Mina

Aproveitamos o sábado ensolarado para embarcar em uma emocionante viagem de moto, partindo de Erechim rumo a Ametista do Sul, RS. No destino, visitamos a mística Pirâmide Esotérica, exploramos a Igreja Matriz de Ametista do Sul, única no mundo revestida internamente com pedras ametistas, e degustamos vinhos na Vinícola Ametista, localizada dentro de uma mina desativada. Também exploramos a maior coleção de minerais da América Latina no Ametista Parque Museu e brindamos o dia com cervejas artesanais exclusivas da Microcervejaria Mina Beer, a primeira microcervejaria subterrânea do mundo.

Após mais de 40 dias longe da Formosa, que ficou internada no SPA (oficina mecânica) para a troca da roda traseira, após um imprevisto em Corrientes, na Argentina (relembre aqui), aproveitamos o sábado ensolarado para matar a saudade de sentir o vento no rosto. Com o desejo de uma nova aventura, escolhemos como destino de nossa viagem de moto a charmosa cidade de Ametista do Sul, no Rio Grande do Sul.

Saímos de Erechim, conhecida como a “Capital da Amizade”, logo no início da manhã, seguindo pela rodovia estadual RS-480.

Passamos por Barão de Cotegipe, atravessamos o centro de São Valentim, contornamos Erval Grande e seguimos até a divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Nesse ponto, as águas do Rio Passo Fundo se unem ao Rio Lajeado Grande, que, mais adiante, deságua no majestoso Rio Uruguai.

Ao invés de cruzar a ponte que dá acesso ao território catarinense, pegamos a rodovia RS-406 e começamos a subida de uma serra sinuosa, cercada por paisagens deslumbrantes.

Poucos quilômetros adiante, fizemos uma parada no Mirante Cabanas da Serra, antigo Mirante Mattes.

Situado no topo da serra que acompanha o Rio Uruguai, divisa natural entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o Mirante Cabanas da Serra oferece uma excelente estrutura.

Com um bar ao ar livre, loja de produtos regionais e charmosas cabanas, o local proporciona uma vista deslumbrante da paisagem ao redor, perfeita para quem deseja apreciar a natureza com conforto.

Aproveitamos para nos hidratar, contemplar o belo visual e, depois de um breve descanso, voltamos à estrada.

Seguimos viagem, passando por Nonoai, até acessarmos a rodovia RS-324.

Os 20 quilômetros entre o trevo e a cidade de Planalto, no Rio Grande do Sul, foram desafiadores. A estrada, em péssimo estado de conservação, apresentava ondulações, desníveis e grandes crateras, tornando a viagem mais difícil e desconfortável.

Após superar o trecho complicado, chegamos à cidade de Planalto.

Seguimos pela mesma rodovia estadual, a RS-324, que, a partir de Planalto, apresenta uma melhora considerável em sua qualidade.

Por fim, acessamos a rodovia RS-591 e seguimos os últimos quilômetros até nosso destino do dia, rodeados por vastas áreas repletas de parreiras.

Quando os ponteiros do relógio se aproximavam do meio-dia, finalmente chegamos à cidade gaúcha de Ametista do Sul.

Inicialmente coberto por mata virgem e com uma topografia acidentada, o território onde hoje se encontra o município de Ametista do Sul era habitado pelos índios da tribo Kaingang.

A origem da colonização de Ametista do Sul remonta à década de 1930, quando imigrantes começaram a chegar à região para cultivar suas terras férteis.

Foi nesse período que as primeiras pedras preciosas começaram a ser descobertas, marcando o início da história mineralógica do município.

Na década de 1960, a localidade passou a integrar o município gaúcho de Iraí, sendo então denominada São Gabriel de Iraí.

Na década de 1970, a agricultura e a agropecuária começaram a dar lugar à extração em larga escala de pedras semipreciosas, como ametistas, citrinos, gipsitas e ágatas. Empresas exportadoras passaram a investir na região, e a extração, antes feita por poços, foi substituída por túneis, conhecidos localmente como furnas, que podem chegar a vários quilômetros de extensão.

Na década de 1980, o povoado começou a se transformar em uma grande vila, e, em 1992, foi emancipado. 

Como já existia um município chamado São Gabriel no Rio Grande do Sul, o novo município recebeu o nome de Ametista do Sul, em referência à sua principal riqueza mineral: a ametista.

Atualmente, Ametista do Sul conta com cerca de 8.000 habitantes e abriga a maior jazida de pedra ametista do mundo, resultado de um evento vulcânico ocorrido no período Cretáceo, há mais de 135 milhões de anos. Não por acaso, a cidade é conhecida como a “Capital Mundial da Pedra Ametista”, que lhe dá nome.

Assim que chegamos a Ametista do Sul, fizemos uma breve pausa para fotografar o pórtico, que também funciona como um mirante. Localizado ao lado de uma mina em atividade, que pode ser visitada, o pórtico de Ametista do Sul está próximo de um curioso hotel e restaurante, cujas instalações ficam dentro de uma mina desativada.

Do pórtico, seguimos até o centro da cidade, onde estacionamos a Formosa em um local sombreado e iniciamos nossa caminhada pela ampla e charmosa Praça Central de Ametista do Sul.

A Praça Central de Ametista do Sul abriga o Centro de Informações Turísticas, um elegante chafariz, um playground, aparelhos de ginástica ao ar livre e uma interessante pirâmide, a famosa Pirâmide Esotérica.

A Pirâmide Esotérica de Ametista do Sul é um espaço dedicado à meditação, onde acredita-se que as paredes internas sustentem o poder mágico dos minerais. Além disso, ela simboliza a conexão entre a terra e o céu. Acredita-se que as orações feitas ali sejam levadas diretamente às divindades, justamente pelo fato da pirâmide possuir um centro místico e mágico.

A parte superior da Pirâmide Esotérica de Ametista do Sul concentra uma energia mais intensa, enquanto sua base acumula uma energia mais tranquila e serena. A base da pirâmide tem um formato quadrado e seus quatro ângulos simbolizam os pilares: verdade (fogo), inteligência (ar), silêncio (água) e profundidade (terra).

Em frente à Praça Central de Ametista do Sul, está localizada a Paróquia São Gabriel, um importante ponto religioso da cidade.

A Igreja Matriz de Ametista do Sul, inaugurada em 2008, é única no mundo, pois é revestida internamente com pedras ametistas, tornando-se uma atração singular e um marco na cidade.

Infelizmente, não pudemos fotografar o interior da igreja, pois é cobrada uma taxa para isso, além de uma entrada paga para acessar o templo religioso. Na ocasião, estávamos sem dinheiro em espécie.

Vale destacar que, ao todo, mais de 40 toneladas de pedras ametistas revestem as paredes internas da Igreja Matriz São Gabriel. Além disso, a pia batismal, formada por um único geodo, pesa impressionantes 500 quilos, o que torna o local ainda mais fascinante.

Ao lado da Igreja São Gabriel, é possível apreciar a beleza da natureza, com mais de 500 variedades de flores e árvores que embelezam os jardins ao redor do templo.

Espécies de aves também podem ser vistas, tornando o local ainda mais encantador e perfeito para um momento de contemplação.

Ainda nos arredores da Praça Central de Ametista do Sul, está localizada a Prefeitura Municipal, um importante edifício administrativo da cidade.

Após explorar o charmoso centrinho de Ametista do Sul, seguimos para a Vinícola Ametista, mais uma atração local que oferece uma imersão no mundo dos vinhos da região.

Fundada em 2009, a Vinícola Ametista cultiva suas uvas em solo pedregoso e mineralizado, com um clima bem definido, o que contribui para a produção de vinhos de alta qualidade.

Além disso, a Vinícola Ametista abriga a maior caverna subterrânea de envelhecimento de vinhos do mundo, um espaço único e impressionante.

Assim que chegamos à Vinícola Ametista, fomos recebidos com um convite para realizar um passeio pelas instalações, seguido de uma interessante degustação dos vinhos e produtos locais.

Iniciamos nossa visita guiada colocando os tradicionais capacetes de segurança. Em seguida, acessamos uma mina de extração de pedras preciosas desativada, onde pudemos explorar o ambiente subterrâneo e aprender sobre a história local.

As galerias subterrâneas, com cerca de 300 metros de profundidade e rodeadas por paredes de pedra maciça, oferecem as condições ideais de temperatura e umidade para o envelhecimento dos vinhos da Vinícola Ametista.

Além disso, a presença de pedras naturais de ametista adiciona um toque especial aos vinhos, conferindo-lhes uma energia única, o que reforça o slogan da vinícola: “Vinhos com Energia”.

A experiência de caminhar pelas galerias repletas de cristais de ágatas e ametistas, acompanhada pelo aroma suave do vinho, torna o passeio na Vinícola Ametista verdadeiramente inesquecível.

Atualmente, a Vinícola Ametista produz cerca de 280 mil litros de vinho por safra. Seu portfólio inclui vinhos de mesa frescos e ideais para consumo jovem, vinhos brancos e rosés maturados, além de vinhos tintos que são envelhecidos por 6 a 12 meses em barris de carvalho francês. A vinícola também oferece um blend especial com as variedades Malbec, Tannat e Cabernet Sauvignon.

Após o tour pelas galerias subterrâneas, retornamos à entrada da vinícola, onde os vinhos são comercializados e a tão aguardada degustação tem início.

A degustação foi apreciada pela Sayo e pelo FredLee, enquanto quem vos escreve, por estar pilotando a Formosa, se contentou em saborear os refrescantes sucos de uva integral.

Com a Sayo e FredLee mais contentes, e os alforjes da Formosa mais pesados, nos despedimos da Vinícola Ametista e seguimos para outro atrativo da cidade.

Em poucos minutos, chegamos ao Ametista Parque Museu, outro interessante ponto turístico da cidade.

Fundado em 2001, o Ametista Parque Museu abriga a maior coleção de minerais da América Latina e oferece diversas atrações, como um passeio motorizado dentro de uma mina, aventuras off-road em uma caverna, tirolesa, além de um restaurante subterrâneo.

O local também conta com uma cooperativa de vinhos e sucos, casa de queijos, chocolataria e microcervejaria artesanal, proporcionando uma experiência completa para os visitantes.

Assim que chegamos ao Ametista Parque Museu, iniciamos a exploração do amplo espaço turístico embarcando em um Toyota 4×4 tipo gaiola, com o qual percorremos as galerias de uma mina desativada, vivenciando uma experiência única.

Em seguida, visitamos o museu, que impressiona não apenas pela quantidade, mas também pela diversidade de minerais, meteoritos e fósseis, verdadeiras obras de artes naturais.

São mais de 2.000 exemplares de pedras preciosas nacionais e internacionais, incluindo algumas raridades, tornando a visita ainda mais fascinante.

Um dos itens que mais nos chamou a atenção foi um meteorito de 140 quilos, encontrado em terras pertencentes ao município de Arvorezinha, no Rio Grande do Sul, uma peça rara e impressionante no acervo do museu.

Vale destacar que, no Ametista Parque Museu, está exposto o mais valioso geodo de ametista já extraído até hoje, pesando cerca de 2,5 toneladas, uma verdadeira joia rara que chama a atenção de todos os visitantes.

Encantados após explorar o museu, seguimos para as galerias com mais de 200 metros de profundidade, vestígios de antigos garimpos, hoje desativados, onde tivemos a oportunidade de conhecer de perto a história da extração de pedras preciosas na região.

Ali, após caminhar alguns metros, encontramos algo extremamente valioso para os apreciadores de uma boa bebida: a microcervejaria artesanal Mina Beer, a primeira microcervejaria subterrânea do mundo, que oferece uma experiência única com suas cervejas produzidas no próprio local.

Idealizada por três casais e inaugurada em março de 2019, a Microcervejaria Mina Beer, instalada no interior de uma mina desativada, oferece uma experiência única aos visitantes, que podem degustar suas cervejas em um ambiente incomum e fascinante.

A temperatura interna da mina é de 17°C, ideal para a fermentação das cervejas do tipo Ales, garantindo uma qualidade excepcional para os produtos da Microcervejaria Mina Beer.

A água utilizada na produção das cervejas vem de um poço artesiano local. Além disso, o ambiente subterrâneo oferece condições ideais para a maturação em barris de madeira, devido à alta umidade e à estabilidade da temperatura ao longo do ano, o que contribui para a qualidade e o sabor distinto das cervejas.

No local, é possível conhecer todo o processo produtivo das cervejas, desde a fabricação até a maturação e envase.

Além disso, há uma área destinada à degustação e uma loja, onde os produtos são vendidos individualmente ou em kits, que acompanham copos personalizados, permitindo levar um pedaço dessa experiência única para casa.

Claro que FredLee e Sayo não perderam a oportunidade e, após conhecerem o processo de fabricação das cervejas artesanais, provaram algumas das cervejas tiradas diretamente da torneira revestida com pedras preciosas, uma experiência ainda mais única e memorável.

Ao todo, eles degustaram três tipos de cerveja: Cream Ale, Weiss e Blonde Ale, cada uma com características distintas que refletiam o cuidado e a qualidade da produção artesanal da Mina Beer.

O fim do dia se aproximava quando concluímos nosso passeio pelo Ametista Parque Museu, encerrando a visita com uma parada na ampla loja, onde são vendidos diversos produtos com pedras preciosas.

Para finalizar, aproveitamos o visual do mirante, contemplando a paisagem ao redor e refletindo sobre tudo o que havíamos vivido durante o dia.

Na sequência, subimos na Formosa e retornamos a Erechim, seguindo pelo mesmo trajeto da ida, revivendo as paisagens e os momentos especiais que marcaram o nosso dia.

Acima o mapa com o trajeto percorrido entre Erechim – RS e Ametista do Sul – RS.