Argentina • Expedição 2019: Salta – Jujuy – Tucumán • Huacalera • Humahuaca • Jujuy • Uquía
La Serranía del Hornocal – Cerro de los 14 Colores: A Incrível Montanha Colorida em Humahuaca, Jujuy, Argentina
24 de Setembro, 2019
Cruze o Trópico de Capricórnio em uma viagem de moto casal pela Quebrada de Humahuaca, Jujuy, Argentina. Veja múmias antigas e as coloridas montanhas do Cerro de los 14 Colores – La Serranía del Hornocal.
Nesta terça-feira ensolarada, decidimos fazer uma viagem de moto pela fascinante Quebrada de Humahuaca, um dos destinos mais emblemáticos do norte da Argentina. Ao longo do percurso, atravessamos o Trópico de Capricórnio em Huacalera, visitamos a histórica Iglesia de Uquía, conhecemos de perto duas das múmias naturais mais antigas do mundo, presenciamos a emocionante bênção de San Francisco Solano no Cabildo Histórico de Humahuaca e, como ponto alto do passeio, nos deslumbramos com as impressionantes cores do Cerro de los 14 Colores – La Serranía del Hornocal, uma das paisagens mais espetaculares da província de Jujuy.

Começamos a terça-feira cedo, sob um céu azul intenso e temperaturas agradáveis em San Francisco de Tilcara, na província de Jujuy. Com a energia renovada, estávamos prontos para mais um dia de estrada e descobertas pelo fascinante norte da Argentina.

Após um café da manhã reforçado, vestimos nossos equipamentos, ajustamos os capacetes e subimos na Formosa. Pouco depois, já deixávamos para trás o charmoso centro histórico de Tilcara, com suas ruas de pedra e casinhas de adobe.

Seguimos pela Ruta Nacional 9, desta vez rumo ao norte, animados para explorar novos cenários e vivenciar experiências únicas pelo caminho.

A rodovia se apresentou em ótimas condições, com asfalto bem conservado e uma paisagem de tirar o fôlego. A temperatura amena completava o cenário ideal para quem viaja de moto, tornando a pilotagem ainda mais prazerosa.

À nossa direita, o Río Grande acompanhava o trajeto como um guia natural. No mês de setembro, o rio exibe uma vazão baixa, mas durante o período das chuvas se transforma em um curso caudaloso, alterando por completo a paisagem.

O Rio Grande de Jujuy é um dos principais rios do norte argentino. Ele nasce no extremo norte da Quebrada de Humahuaca, próximo à Puna e à divisa com a província de Salta, e tem papel fundamental para a vida na região.

A Quebrada de Humahuaca, por sua vez, é um vale andino de clima desértico, conhecido por seus cactos gigantes, desfiladeiros e pelas impressionantes montanhas coloridas.

Nesse ambiente árido, o Río Grande surge como um verdadeiro oásis. Suas margens abrigam pequenas comunidades e áreas de cultivo, onde agricultores locais produzem frutas, verduras e legumes, aproveitando cada gota de água disponível.

Enquanto cruzávamos esse cenário singular, logo avistamos o pequeno povoado de Huacalera, ainda na província de Jujuy, Argentina.

Fundada em 1657, Huacalera está a 2.642 metros acima do nível do mar e abriga cerca de 2.500 habitantes. Seu centro é compacto, cercado por belas fazendas e plantações que emolduram a paisagem com diferentes tons de verde.


A história de Huacalera remonta aos povos originários Omaguacas, que deram nome também à Quebrada de Humahuaca. Essa herança indígena permanece viva na cultura, nas tradições e até mesmo na toponímia da região.

Nossa primeira parada foi em frente à placa da cidade, às margens da Ruta Nacional 9. Curiosamente, esse ponto marca a passagem exata do Trópico de Capricórnio, um detalhe geográfico que torna o local ainda mais especial.

Do outro lado da estrada, ergue-se o Monolito del Trópico de Capricornio – Reloj de Sol, monumento que também funciona como um relógio solar. Ele marca o ponto onde, durante o solstício, os raios solares incidem perpendicularmente sobre o solo, fazendo com que as sombras desapareçam por alguns instantes.

Esse fenômeno está diretamente ligado ao Inti Raymi, o Festival do Sol, uma celebração indígena tradicional que acontece todo solstício de inverno em homenagem a Inti, o Deus Sol, e marca o início de um novo ciclo solar.

Seguimos viagem pela Ruta Nacional 9 e, menos de um quilômetro adiante, chegamos ao centro de Huacalera.

Ali, o destaque é a Capilla de la Inmaculada Concepción – Iglesia de Huacalera, um exemplar notável da arquitetura colonial andina.

Capilla de la Inmaculada Concepción – Iglesia de Huacalera
Construída em 1655 e declarada Monumento Histórico Nacional em 1941, a Capilla de la Inmaculada Concepción – Igreja de Huacalera é uma verdadeira joia da arquitetura colonial.
Como chegar
Mapa e roteiro de como chegar na Capilla de la Inmaculada Concepción – Iglesia de Huacalera partindo do centro de Salta – Salta – Argentina:
Contatos da Capilla de la Inmaculada Concepción – Iglesia de Huacalera
- Endereço: General Lavalle – Centro | Huacalera – Jujuy – Argentina
- E-mail: huacaleracomision@gmail.com
Horários de Funcionamento
- Todos os dias: das 17h às 19h
Valores de Ingresso
- Público em geral: Gratuito
Recomendamos verificar as tarifas antes da sua viagem, pois os valores podem ser alterados a qualquer momento.
Tempo Médio de Visitação
- 30 minutos

Construída em 1655 e declarada Monumento Histórico Nacional em 1941, a Igreja de Huacalera guarda grande valor histórico e cultural. Em seu interior, encontram-se imagens de arte indígena com influência espanhola e raras pinturas da Escola Cusqueña do século XVIII.

Além disso, é lá que repousam os restos mortais do General Juan Galo Lavalle, figura marcante na luta pela Independência da Argentina. Infelizmente, a igreja estava fechada durante nossa visita, e não pudemos contemplar de perto esse importante patrimônio cultural. Ainda assim, mesmo do lado de fora, o local transmite a grandiosidade de sua história e a relevância que carrega para a região.

Após registrar algumas fotos da charmosa Iglesia de Huacalera, seguimos viagem pela Ruta Nacional 9, sempre em direção ao norte.

Logo adiante, a estrada revelou diversos hotéis e pousadas que atendem desde viajantes em busca de simplicidade até turistas que procuram conforto e sofisticação. Entre eles, chama atenção o elegante Hotel Huacalera, referência na região por sua arquitetura contemporânea integrada ao cenário histórico e cultural da Quebrada de Humahuaca.

Viajar de moto pela Quebrada de Humahuaca é um verdadeiro deleite. Cada curva da estrada descortina novas paisagens, emolduradas por montanhas coloridas, cactos imponentes e formações rochosas únicas. O vento no rosto e a liberdade da estrada tornam a experiência inesquecível.


Em 2003, a Quebrada de Humahuaca foi declarada Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade pela UNESCO, reconhecimento que ressalta sua importância não apenas pela beleza natural, mas também pelo papel histórico.

A região foi rota comercial milenar, conectando o Altiplano andino ao Rio da Prata, utilizada desde as culturas pré-incaicas até a independência argentina.

Imersos nesse cenário de cores e contrastes, o tempo parecia passar sem que percebêssemos. Quando nos demos conta, já estávamos em Uquía, um pequeno povoado que preserva sua essência simples e acolhedora.

Localizada a 2.858 metros de altitude, Uquía tem cerca de 500 habitantes e encanta pela tranquilidade. Suas origens remontam ao povo indígena uquía, que habitava a região antes da chegada dos espanhóis e deu nome à localidade.

Hoje, a comunidade mantém forte ligação com a agricultura e o artesanato, atividades fundamentais para sua economia.

No coração do povoado, visitamos a Capilla de San Francisco de Paula y la Santa Cruz – Iglesia de Uquía, construída em 1691.

Capilla de San Francisco de Paula y la Santa Cruz – Iglesia de Uquía
A Capilla de San Francisco de Paula y la Santa Cruz – Iglesia de Uquía foi construída em 1691 e preserva em seu interior uma série de valiosas obras artísticas que enriquecem ainda mais sua importância histórica e cultural.
Como chegar
Mapa e roteiro de como chegar na Capilla de San Francisco de Paula y la Santa Cruz – Iglesia de Uquía partindo do centro de San Salvador de Jujuy – Jujuy – Argentina:
Contatos da Capilla de San Francisco de Paula y la Santa Cruz – Iglesia de Uquía
- Endereço: Belgrano – Centro | Uquía – Jujuy – Argentina
- Telefone: +54 388 521-6277
Horários de Funcionamento
- Segunda a quinta: das 10h às 13h e das 14h às 17h
- Sexta a domingo: das 9h às 17h
Valores de Ingresso
- Público em geral: Gratuito
Recomendamos verificar as tarifas antes da sua viagem, pois os valores podem ser alterados a qualquer momento.
Tempo Médio de Visitação
- 30 minutos

Pequena por fora, mas grandiosa em importância, a Iglesia de Uquía foi declarada Monumento Histórico Nacional em 1941 e é um dos principais atrativos culturais da região.

Em seu interior, encontram-se os restos do jesuíta Pedro Lozano, considerado o Pai da História Científica da Argentina, além de uma valiosa coleção de pinturas da Escola Cusqueña, do século XVII. Entre elas, se destaca a famosa série Los Ángeles Arcabuceros, que retrata anjos vestidos como soldados espanhóis portando arcabuzes. Essas representações misturam simbolismo religioso com a imposição militar da época, sendo usadas como instrumento de dominação cultural sobre os povos originários.

Infelizmente, assim como em Huacalera, a igreja estava fechada durante nossa visita. Restou-nos apreciar sua fachada simples e imponente, antes de retomar a estrada.

Alguns quilômetros adiante, fizemos uma parada na Arte Guanuco, uma loja de artesanatos que atrai os viajantes pela fachada criativa. O local reúne peças típicas da região, como roupas de lã, cerâmicas e lembranças produzidas por artesãos locais, reforçando a importância do artesanato na cultura jujeña.

Seguimos pela Ruta Nacional 9 por aproximadamente 10 km até chegarmos a Humahuaca, uma das cidades mais emblemáticas de todo o vale andino.


O nome Humahuaca tem origens ligadas tanto à tradição oral quanto a estudos históricos. Uma versão popular diz que deriva da expressão indígena “¡Humahuacac! ¡Humahuacac!”, traduzida como “cabeça que chora”.

Já o historiador Horacio Carrillo defende que a palavra estaria ligada ao conceito de “sepulcro de cabeças”, associada a rituais antigos da região. Com o tempo, o termo Humahuaca passou a denominar também a cultura arqueológica desenvolvida nesse vale andino.

Situada a 2.939 metros acima do nível do mar, San Antonio de Humahuaca foi fundada em 1594 por Juan Ochoa Zárate, com apoio do cacique Limpita e de missionários espanhóis. Hoje, com cerca de 18 mil habitantes, a cidade preserva viva a memória dos povos Omaguacas, que resistiram bravamente ao domínio colonial e deixaram marcas profundas na identidade cultural local.

Entre suas tradições mais marcantes está o famoso Carnaval de Humahuaca, uma celebração vibrante que mistura rituais indígenas, influências coloniais e música andina, atraindo visitantes de todo o mundo.

Assim como Purmamarca e San Francisco de Tilcara, Humahuaca dispõe de infraestrutura completa para receber turistas: hotéis, hostels, pousadas, restaurantes típicos e serviços básicos, o que a torna um ponto de parada ideal para quem explora a Quebrada de Humahuaca.

Ao chegarmos ao centro histórico, encontramos uma sombra para estacionar a Formosa, bem ao lado de uma antiga construção colonial.

Em sua fachada, a inscrição “Escuela de Maestros Normales Regionales – República de Bolivia” chama a atenção e simboliza a forte ligação cultural e educacional entre o norte da Argentina e a Bolívia, países que compartilham raízes históricas e tradições semelhantes.

Com a moto estacionada, iniciamos nossa caminhada pelas ruas estreitas e charmosas do centro histórico de Humahuaca, prontos para mergulhar em sua arquitetura colonial, seus mercados coloridos e a pulsante vida cultural da cidade.

Logo atravessamos a Plaza San Martín, um dos principais pontos de encontro de Humahuaca, e seguimos pela área do terminal rodoviário, sempre movimentado por viajantes que exploram a Quebrada de Humahuaca.

À medida que caminhávamos, as ruas de pedra iam se tornando mais estreitas, reforçando o charme colonial da cidade e a atmosfera histórica que a distingue.

Entre casas de adobe alinhadas, calçadas estreitas e detalhes arquitetônicos preservados, sentimos a forte identidade cultural de Humahuaca, em Jujuy, na Argentina.

Nesse cenário pitoresco, chegamos ao Museo Folklórico Regional. Infelizmente, estava fechado, mas ainda assim o local compõe o circuito cultural da cidade, reunindo elementos da tradição popular da região.


Continuamos nossa caminhada e logo nos deparamos com outra referência cultural, o Museo Arqueológico Torres Aparicio – Casa Museo Dr. Justiniano Torres Aparicio, que, para nossa sorte, estava aberto.

A arquitetura preservada, com suas fachadas de adobe, portas e janelas de madeira esculpidas, transportava-nos para outra época, revelando a rica herança histórica da cidade.

Não demorou muito para chegarmos a outro espaço cultural, o Museo Arqueológico Torres Aparicio – Casa Museo Dr. Justiniano Torres Aparicio, que, para nossa sorte, estava aberto. Fomos imediatamente atraídos pela oportunidade de conhecer mais sobre a história local e explorar suas coleções.

Fundado em 2000, o Museo Arqueológico Torres Aparicio – Casa Museo Dr. Justiniano Torres Aparicio é único na região e guarda um valioso acervo que cobre desde fósseis pré-históricos até peças arqueológicas e objetos históricos da Quebrada de Humahuaca. Ele funciona na antiga casa de Justiniano Torres Aparicio, pesquisador local que dedicou a vida a estudar e preservar a memória cultural do norte argentino.

Museo Arqueológico Torres Aparicio – Casa Museo Dr. Justiniano Torres Aparicio
O Museo Arqueológico Torres Aparicio – Casa Museo Dr. Justiniano Torres Aparicio, único na região, abriga um valioso acervo que revela aspectos paleontológicos, arqueológicos e históricos da Quebrada de Humahuaca, oferecendo aos visitantes uma imersão nas raízes profundas dessa fascinante região.
Como chegar
Mapa e roteiro de como chegar no Museo Arqueológico Torres Aparicio – Casa Museo Dr. Justiniano Torres Aparicio partindo do centro de São Paulo – São Paulo – Brasil:
Contatos do Museo Arqueológico Torres Aparicio – Casa Museo Dr. Justiniano Torres Aparicio
- Endereço: Córdoba, 249 – Centro | Humahuaca – Jujuy – Argentina
- Telefone: +54 9388 522-5512
Horários de Funcionamento
- Segunda a sábado: das 8h às 14h
- Domingo: das 10h às 14h
Para obter informações mais detalhadas, visite a página oficial do Museo Arqueológico Torres Aparicio – Casa Museo Dr. Justiniano Torres Aparicio no Facebook.
Valores de Ingresso
- Público em geral: $1.500
*Todos os preços estão em pesos argentinos.
Recomendamos verificar as tarifas antes da sua viagem, pois os valores podem ser alterados a qualquer momento.
Tempo Médio de Visitação
- 30 minutos
Web Story
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Na primeira sala, é possível conhecer de perto aspectos da vida social e do legado artístico de Don Justiniano, com objetos que retratam sua importância para a comunidade.

Nas demais salas, encontramos fósseis do período Terciário e Quaternário, restos mortais anteriores à chegada do homem e artefatos do cotidiano de caçadores-coletores que habitaram a região há cerca de 7.000 anos. Entre eles, destacam-se as primeiras cerâmicas, machados, cachimbos e utensílios que ajudam a compreender a evolução cultural local.

Outro ponto importante do acervo são as peças de influência Tiawanaco, vindas da Bolívia, que comprovam as intensas trocas culturais que marcaram a história da região andina.

Mas o maior destaque do museu está em três múmias descobertas por Torres Aparicio em 1936, na La Cueva de las Momias – Cueva Inca, a 3.680 metros de altitude, na Quebrada de Chulin, província de Jujuy, Argentina.

O sítio arqueológico guardava os restos de Chulina (uma cabeça paleoamericana mumificada), Chulinita (múmia completa de uma criança) e Rosalía (múmia completa de uma jovem entre 17 e 20 anos). O processo de dessecamento natural preservou seus corpos, permitindo a datação por radiocarbono. Os estudos revelaram que Rosalía e Chulinita viveram há aproximadamente 6.000 anos, tornando-as algumas das múmias naturais mais antigas do mundo.

Intrigante também é o fato de apresentarem características físicas distintas dos povos andinos atuais: eram altas, magras e com crânios alongados. Essa morfologia lembra esqueletos antigos encontrados em Lagoa Santa, Minas Gerais – Brasil, onde em 1974 foi descoberto o crânio de “Luzia”, datado de cerca de 12,5 a 13 mil anos e considerado o fóssil humano mais antigo das Américas.

Após a visita ao museu, seguimos até a arborizada Plaza 25 de Mayo e, em seguida, chegamos à praça principal da cidade, a Plaza Dr. Ernesto Padilla, também conhecida como Plaza Sargento Mariano Gómez.


Este espaço central é ponto de encontro tanto para moradores quanto para turistas, rodeado por edifícios históricos e sempre com um movimento vibrante.


No centro da praça ergue-se o Cabildo Histórico de Humahuaca, com arquitetura que mistura elementos neo-coloniais e mouriscos espanhóis.


Inaugurado em 1940, o Cabildo Histórico de Humahuaca tornou-se um dos símbolos arquitetônicos da cidade. No alto de seu campanário, um relógio alemão de alta precisão marca as horas com elegância, acompanhado por três sinos de bronze, o maior deles com 900 kg.


Cabildo Histórico de Humahuaca
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Mas a grande atração do Cabildo Histórico de Humahuaca é a imagem articulada de San Francisco Solano, esculpida em madeira e bronze pelo artista argentino Antonio Gargiulo.

Medindo 1,80 m, a estátua possui braços e cabeça móveis, e é considerada a primeira imagem articulada de um santo, graças a um engenhoso mecanismo criado por Gatto Scotton.


Diariamente, ao meio-dia, uma verdadeira multidão se reúne diante do Cabildo Histórico de Humahuaca para assistir à Bendición de San Francisco Solano. Quando os sinos tocam, as portas metálicas do nicho se abrem e a imagem do santo desliza suavemente, abaixando a cabeça e levantando o braço em gesto de bênção. O espetáculo dura cerca de três minutos e combina devoção, tradição e engenhosidade mecânica, encantando visitantes de todas as partes.


A história de São Francisco Solano ajuda a compreender a importância desse ritual. Nascido em 1549, em Montilla, Espanha, ele chegou à América do Sul em 1590 como missionário franciscano. Pregou em cidades do norte argentino, no Paraguai e no Peru, conquistando os povos indígenas não apenas pela palavra, mas também pela música: tocava violino e violão, cantava e dançava, atraindo inúmeras pessoas com seu carisma.



A ele são atribuídos inúmeros milagres, como a previsão de terremotos, o controle de um touro enfurecido, a multiplicação da água em locais secos e até a proteção contra pragas de gafanhotos. Reconhecido como “Taumaturgo”, São Francisco Solano foi canonizado em 1726 e mais tarde declarado Patrono do Folclore Argentino.


Hoje, sua imagem continua viva em Humahuaca, não apenas como símbolo de fé, mas também como expressão da profunda ligação entre religião, cultura e identidade do povo da Quebrada de Humahuaca.

Sob os aplausos da multidão que assistia à aparição e bênção da imagem de San Francisco Solano no Cabildo Histórico de Humahuaca, seguimos até a Iglesia de Nuestra Señora de la Candelaria y San Antonio, uma das construções religiosas mais importantes de Humahuaca. Considerada uma joia da arquitetura colonial, o templo foi declarado Monumento Histórico Nacional, preservando séculos de devoção e história cultural na região andina.

Catedral de Nuestra Señora de la Candelaria y San Antonio – Iglesia de Humahuaca
O interior da Catedral de Nuestra Señora de la Candelaria y San Antonio – Iglesia de Humahuaca é adornado por doze pinturas dos profetas, criadas por Marcos Zapaca, um artista indígena pertencente à Escola de Cusco.
Como chegar
Mapa e roteiro de como chegar na Catedral de Nuestra Señora de la Candelaria y San Antonio – Iglesia de Humahuaca partindo do centro de Florianópolis – Santa Catarina – Brasil:
Contatos da Catedral de Nuestra Señora de la Candelaria y San Antonio – Iglesia de Humahuaca
- Endereço: Buenos Aires, 383 – Centro | Humahuaca – Jujuy – Argentina
- Telefone: +54 388 742-1018
Para obter informações mais detalhadas, visite a página oficial da Catedral de Nuestra Señora de la Candelaria y San Antonio – Iglesia de Humahuaca no Facebook.
Horários de Funcionamento
- Todos os dias: das 9h às 12h e das 17h às 19h
Valores de Ingresso
- Público em geral: Gratuito
Recomendamos verificar as tarifas antes da sua viagem, pois os valores podem ser alterados a qualquer momento.
Tempo Médio de Visitação
- 30 minutos

Construída em 1641 pelos espanhóis, a Catedral de Nuestra Señora de la Candelaria y San Antonio – Iglesia de Humahuaca passou por várias adaptações ao longo do tempo, refletindo as necessidades da comunidade local e os diferentes contextos históricos.

Seu interior, onde não é permitido fotografar, surpreende pela beleza. Entre os principais tesouros estão doze pinturas dos profetas, realizadas em 1764 pelo artista indígena Marcos Zapaca, representante da renomada Escola de Cusco, além de um retábulo de 1860 ricamente ornamentado com detalhes geométricos e vegetalistas.


Além dessas obras impressionantes, a Igreja de Humahuaca também abriga um valioso retábulo datado de 1860, ricamente ornamentado com motivos vegetalistas e geométricos, que acrescenta um toque de beleza e espiritualidade ao ambiente sagrado.

Após visitar o templo, seguimos pelo centro histórico, passando diante do elegante edifício dos Correos y Telecomunicaciones e, logo depois, chegamos ao Anfiteatro Municipal de Humahuaca.


Este espaço ao ar livre é palco de apresentações musicais, teatrais e de danças típicas, reunindo moradores e turistas em eventos que celebram a identidade cultural da cidade.

Poucos metros adiante, avistamos um dos ícones da cidade: o Monumento a los Héroes de la Independencia y al Ejército del Norte.


Monumento a los Héroes de la Independencia y al Ejército del Norte
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Projetado pelo escultor Ernesto Soto Avendaño e inaugurado em 1950, o monumento impressiona por sua grandiosidade. Com cerca de 70 toneladas de bronze, a obra homenageia os soldados nativos e crioulos que formaram o Ejército del Norte, força militar que desempenhou papel decisivo na luta pela independência argentina.


O conjunto escultórico retrata com realismo os rostos de indígenas e europeus, destacando a diversidade que compõe a identidade nacional.


Ao centro, a figura que simboliza o Grito de Libertad transmite, de forma impactante, a coragem e o desejo de soberania que marcaram esse período histórico.



Ao lado do monumento encontra-se a Torre de Santa Bárbara, remanescente da antiga igreja homônima, erguida em 1695.


A Iglesia de Santa Bárbara fazia parte de uma fortificação militar ordenada pelo General Manuel Belgrano, mas foi destruído em 1812, no início do Êxodo Jujeño, quando a população local abandonou a região e destruiu tudo o que pudesse ser aproveitado pelas tropas realistas. O campanário, entretanto, resistiu ao tempo e permanece até hoje como testemunho dessa época turbulenta.


Da Torre de Santa Bárbara, é possível apreciar uma vista panorâmica privilegiada de Humahuaca e das montanhas que compõem o vale andino. O contraste entre o patrimônio histórico e a natureza imponente reforça a singularidade da região, que une cultura, memória e paisagens de tirar o fôlego.

Na sequência, visitamos o Museo Arqueológico Municipal de Humahuaca, fundado em 1979. Com quatro salas de exposição, o espaço apresenta uma coleção significativa de peças arqueológicas encontradas na própria Quebrada de Humahuaca.

Museo Arqueologico Municipal
Fundado em 1979, o Museo Arqueológico Municipal de Humahuaca abriga uma bela coleção de materiais arqueológicos recuperados da Quebrada de Humahuaca.
Como chegar
Mapa e roteiro de como chegar no Museo Arqueologico Municipal partindo do centro de Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil:
Contatos do Museo Arqueologico Municipal
- Endereço: Santa Fé, 230 – Centro | Humahuaca – Jujuy – Argentina
- Telefone: +54 388 742-1375
Horários de Funcionamento
- Todos os dias: das 9h às 18h
Valores de Ingresso
- Público em geral: $1.500
*Todos os preços estão em pesos argentinos.
Recomendamos verificar as tarifas antes da sua viagem, pois os valores podem ser alterados a qualquer momento.
Tempo Médio de Visitação
- 30 minutos


Entre os objetos, estão cerâmicas, ferramentas, adornos e itens utilizados em rituais sagrados, que ajudam a compreender o cotidiano e a cosmovisão dos povos originários que habitaram a região. O museu também abriga três múmias, preservadas em excelente estado, que oferecem uma rara oportunidade de contato com a antiguidade da Quebrada de Humahuaca.

Sem permitir fotografias em seu interior, o museu aposta na força da experiência presencial. A visita proporciona uma verdadeira viagem no tempo, revelando a riqueza cultural acumulada ao longo de milhares de anos nesse vale andino, hoje reconhecido como Patrimônio da Humanidade.


Depois de explorar o centro histórico de Humahuaca, seguimos em busca de um táxi que nos levasse até um dos atrativos naturais mais impressionantes do norte da Argentina: La Serranía del Hornocal – Mirador del Cerro de los 14 Colores.


O trajeto de aproximadamente 25 quilômetros, feito em pouco mais de 40 minutos, nos conduziu por uma estrada de terra estreita e repleta de pedras soltas.


A cada curva da íngreme subida, as paisagens áridas e montanhosas iam revelando a beleza rústica da região, onde os majestosos cardones, cactos gigantes típicos dos Andes, se destacavam no horizonte.


Finalmente, chegamos ao tão esperado Mirador del Hornocal – La Serranía del Hornocal, um dos pontos altos de toda a nossa Moto Expedição 2019: Salta – Jujuy – Tucumán.


La Serranía del Hornocal – Mirador del Cerro de los 14 Colores
O Mirador del Cerro de los 14 Colores, situado a 4.350 metros acima do nível do mar, oferece uma vista espetacular da surreal La Serranía del Hornocal, uma incrível formação rochosa multicolorida.
Como chegar
Mapa e roteiro de como chegar na Serranía del Hornocal – Mirador del Cerro de los 14 Colores partindo do centro de Punta del Este – Maldonado – Uruguai:
Contatos da Serranía del Hornocal – Mirador del Cerro de los 14 Colores
- Endereço: Ruta Provincial 73 – Comunidad Hornocal | Humahuaca – Jujuy – Argentina
- Telefone: +54 388 685-6500
- E-mail: infoturismojujuy@gmail.com
Horários de Funcionamento
- Todos os dias: das 10h às 18h
Valores de Ingresso
- Público em geral: $1.000
*Todos os preços estão em pesos argentinos.
Recomendamos verificar as tarifas antes da sua viagem, pois os valores podem ser alterados a qualquer momento.
Tempo Médio de Visitação
- 2 horas


Situado a 4.350 metros de altitude, o Mirador del Cerro de los 14 Colores oferece uma vista privilegiada da impressionante formação rochosa multicolorida Serranía del Hornocal, também conhecida como Cerro de los 14 Colores, Las Serranías del Hornocal e Serranía de los 14 Colores.


Vale destacar que o percurso de aproximadamente 25 quilômetros entre o centro de Humahuaca e o Mirador del Cerro de los 14 Colores – La Serranía del Hornocal pode ser feito em veículo particular, incluindo carros baixos e motocicletas. No entanto, é fundamental redobrar a atenção e ter bastante paciência, pois a estrada é de terra, com muitas pedras soltas, trechos estreitos e sinuosos.



Além disso, o trajeto apresenta uma elevação significativa, subindo mais de 1.000 metros e superando os 4.300 metros de altitude no ponto final, o que pode exigir cuidado extra tanto com a condução quanto com os efeitos da altitude.


O visual que se descortina do mirante é de tirar o fôlego. Apesar do nome Cerro de los 14 Colores (Montanha de 14 Cores), muitos visitantes e especialistas afirmam identificar até 30 tonalidades diferentes na montanha, variando entre vermelho, rosa, laranja, amarelo, verde, azul e roxo.



Esse espetáculo é resultado da combinação de minerais e da ação da erosão natural ao longo de milhões de anos.



Geologicamente, a Serranía del Hornocal faz parte da Cordilheira Oriental, na divisa da Quebrada de Humahuaca com as Serras Subandinas.



Suas rochas têm idades que variam do Período Cretáceo (cerca de 115 milhões de anos) ao Paleógeno Médio (aproximadamente 40 milhões de anos). Dispostas em forma de pilha sinclinal, as camadas do Cerro de los 14 Colores foram esculpidas pelo tempo e pelos fenômenos naturais, criando a paleta multicolorida que hoje encanta viajantes do mundo inteiro.



Segundo moradores locais, o horário da tarde é o mais indicado para a visita ao Mirador del Cerro de los 14 Colores – La Serranía del Hornocal, já que a posição do sol intensifica as cores da montanha. Optamos por seguir essa recomendação e fomos presenteados com um espetáculo inesquecível.



O nome Hornocal tem origem nos antigos fornos de barro (“hornos”) utilizados pelos habitantes da região para fundir pedras e extrair cal. Essa prática acabou dando nome à imponente formação.


Há também uma trilha ecológica que leva até os pés da montanha colorida, o Sendero de La Serranía del Hornocal, proporcionando uma experiência ainda mais imersiva. No entanto, por conta do tempo combinado com o taxista e dos desafios da altitude superior a 4.000 metros, decidimos deixar a trilha para uma próxima oportunidade.


Ficamos ali, sentados, apenas contemplando em silêncio a grandiosidade daquela obra-prima da natureza. O vento frio batia no rosto enquanto algumas aves sobrevoavam o cânion, reforçando a sensação de estarmos diante de um lugar único no planeta.


Sem dúvida alguma, o Mirador del Cerro de los 14 Colores – La Serranía del Hornocal é um dos lugares mais deslumbrantes que tivemos o privilégio de conhecer. Sua beleza única e as cores vibrantes da montanha deixam uma marca inesquecível na memória de qualquer visitante.


Ali, sentados, admirando e absorvendo toda a energia daquele lugar mágico, o tempo parecia não ter importância. Cerca de duas horas depois, fomos lembrados pelo taxista, que nos aguardava pacientemente, de que havia chegado o horário combinado para nosso retorno.


Antes de retornar, tiramos uma última foto com a majestosa Serranía del Hornocal – Cerro de los 14 Colores ao fundo, registrando não apenas a paisagem, mas também a emoção daquele momento.


Com gratidão à Pachamama, embarcamos novamente no táxi rumo ao centro de Humahuaca, onde nossa companheira de estrada, a Formosa, nos aguardava.


O retorno pela Ruta Nacional 9 não foi menos intenso. Enfrentamos ventos fortíssimos que levantavam nuvens de areia, formando verdadeiras cortinas que atravessavam a estrada e balançavam a Formosa de um lado para o outro.


A tempestade de areia nos acompanhou por vários quilômetros, transformando o trecho em uma experiência tão desafiadora quanto marcante. Foi impressionante sentir de forma tão direta a força da natureza na imensidão da Quebrada de Humahuaca.

Já no fim do dia, cobertos de areia, exaustos, mas com o coração cheio de lembranças inesquecíveis, chegamos a Tilcara. Um banho revigorante, um jantar saboroso e uma noite de descanso fecharam o dia com chave de ouro.

Acima o mapa com o trajeto percorrido no dia entre San Francisco de Tilcara – Jujuy – Argentina e Humahuaca – Jujuy – Argentina.



Oba! Já são 4 comentários nesta postagem!
OPA… COMO SEMPRE LUGARES MARAVILHOSOS, ESSA MONTANHA DE TANTAS COLORES DIFERENTES DEVE TRANSMITIR
MUITA PAZ UM ÓTIMO LUGAR PARA MEDITAÇÃO, DEVE CHOVER POUCO NESTAS REGIÕES? ABRAÇOS….
Sim, lugar repleto de energia, uma sensação única estar ali observando tamanha beleza natural. Nesta região chove muito pouco mesmo. Abraços…
Hola! Natureza deslumbrante obra do divina … Deus arquiteto maior. Só uma palavra para resumir: gratidão🙏
Lugares maravilhosos mesmo!
Estamos ansiosos para ler tudo aquilo que tu tem para dizer! É chegado o momento de abrir este coração e compartilhar tua opinião, crítica (exceto algo desfavorável à imagem da Formosa), elogio, filosofar a respeito da vida ou apenas sinalizar que chegou até aqui ;)
Mas atenção, os campos marcados com * são de preenchimento obrigatório, pois assim mantemos (ou tentamos manter) o blog bonitinho, livre de robôs indevidos.
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