Argentina • Expedição 2019: Salta – Jujuy – Tucumán • Salta • Santa Rosa de Tastil
Dia 07: Santa Rosa de Tastil – Salta – Argentina
19 de Setembro, 2019Durante a noite anterior sentimos um certo mal estar e indisposição estomacal, talvez provocada pela brusca mudança de altitude que enfrentamos ontem (o famoso soroche ou mal de altitude), pela parrilla de cabrito do almoço, ou mesmo pelas inúmeras (e saborosas) comidas típicas que experimentamos nos últimos dias. A única certeza que temos é que não foram os vinhos e cervejas que nos deixaram assim. Fato é que devido a este acontecimento acabamos tirando a manhã de hoje para repousar.
Após o almoço, que hoje foi bem leve, a Sayo decidiu ficar no apartamento e descansar no período vespertino, enquanto eu e o Fred optamos por rodar com a Formosa, afinal, se algo não é resolvido com um belo passeio de moto, definitivamente não tem cura.
Partimos do centro de Salta já eram passado das 15h00 e seguimos sem rumo. Contornamos a capital provincial pelo Contorno Oeste e vimos uma placa indicando o acesso à Ruta Nacional 51.
Pensamos: 51, uma boa ideia! Então adentramos na rodovia, a qual apresentava baixo fluxo de veículos, e após rodar cerca de 30km chegamos em Campo Quijano, cidade conhecida como El Portal de los Andes.
Cruzamos a cidade (acabei não fazendo uma mísera foto no local) e continuamos pela RN 51 até que o asfalto terminou repentinamente e o rípio nos deu as boas vindas.
A pequena Campo Quijano nasceu graças a construção de uma ferrovia e é por estes trilhos que percorre o mundialmente conhecido Tren a las Nubes, o qual atinge mais de 4.200 metros de altitude em determinados trechos.
Pois bem, da cidade em diante a Ruta Nacional 51 segue paralela a esta ferrovia cortando uma região chamada Quebrada del Toro.
A Quebrada del Toro tem aproximadamente 60 quilômetros de extensão e fica entre as cidades de Campo Quijano e Puerta Tastil, ambas na província de Salta.
Após rodar poucos quilômetros pelo rípio o asfalto voltou a dar o ar da graça.
Seguimos costeando o Río Toro e logo chegamos no Viaducto de la Quebrada del Toro.
O viaduto por onde passa o Tren a las Nubes possui 260 metros de extensão e uma altura máxima de 23 metros.
Rodeado por enormes montanhas, o local é digno de uma pausa para contemplação e várias fotos.
Após alguns minutos apreciando a paisagem voltamos a rodar.
Curiosamente esta rodovia intercala diversos pontos entre o asfalto em perfeitas condições de rodagem com pequenos trechos de rípio composto por muitas pedras soltas (de todos os tamanhos) e uma considerável camada de terra misturada com areia bastante fofa.
Em meio a esta mudança asfalto, rípio, asfalto passamos a ganhar altitude com muita agilidade.
Ao passo que avançávamos a paisagem ia surpreendendo cada vez mais.
A vontade era de parar a cada instante para apreciar a paisagem e fazer fotos.
Seguíamos curtindo o momento único, rodeados por um cenário fabuloso, em baixa velocidade, até que nos vimos cercados por enormes cardones.
Ali a breve pausa foi inevitável.
Na sequência enfrentamos mais um trecho de rípio.
Este não somente foi o trecho mais longo (com aproximadamente 3km de extensão), como também cruzava um pequeno rio em diversas ocasiões.
Por sorte estamos na época de secas.
Após a Formosa molhar os sapatos voltamos ao asfalto.
Coloridas montanhas em contraste com o azul do céu deixavam o passeio mais agradável.
Desta forma chegamos a Puerta Tastil, nos despedimos da Quebrada del Toro e passamos a rodar pela Quebrada de Tastil.
Após vencer uma sequência de curvas por um trecho mais íngreme ultrapassamos a marca dos 3.000 metros acima do nível do mar.
E chegamos então em Santa Rosa de Tastil, que está a 3.100 metros de altitude, lembrando que Salta fica a 1.100 metros do nível do mar.
Com o fim do dia se aproximando fomos direto ao sítio arqueológico de Santa Rosa de Tastil.
Chegamos no local às 16h50, sendo que os portões fecham às 17h00.
Sitio Arqueológico Tastil
Local: Ruta Nacional 51 | Centro | Santa Rosa de Tastil – Salta – Argentina
Funcionamento: Terça a domingo das 9h00 às 17h00
Ingresso: Gratuito
Tempo médio de visitação: 1 hora
Embora o avançado horário de nossa chegada, o simpático e gentil recepcionista permitiu nossa subida até o sítio arqueológico para conhecer o local e fazer algumas fotos, de forma rápida, claro.
Da entrada do sítio arqueológico, que fica às margens da Ruta Nacional 51, até o estacionamento são cerca de 2 quilômetros por uma estradinha sapeca de rípio com muita areia fofa e algumas pedras de cachoeira.
Após várias reboladas da Formosa chegamos ao estacionamento do local sem comprar nenhum terreno em solo hermano, sãos e salvos!
Abrangendo uma área com aproximadamente 12 hectares, o sítio arqueológico de Tastil é um dos maiores da Argentina.
Foi descoberto no ano de 1903 por Eric Boman e restaurado por científicos da Universidad de la Plata em 1967.
O auge da civilização que habitava o local ocorreu durante os anos 1.000 e 1.200 quando, estima-se, chegou a contar com aproximadamente 440 casas e abrigar cerca de 3.000 pessoas.
O povoado era protegido por sua localização no alto de uma colina, o que dificultava sua visualização, a mais de 3.200 metros sobre o nível do mar.
Estudos indicam que quando os Incas chegaram no local o mesmo já se encontrava abandonado.
As sinuosas ruas formam verdadeiros labirintos rodeados por resquícios das construções que eram feitas de pedras e cobertas com couro e lã de ovelha e lhama, já que nesta região a chuva é escassa.
Como tínhamos pouco tempo para conhecer o local, não pudemos caminhar e explorar o sítio arqueológico com a devida atenção, aliás, chegando mais cedo é possível fazer uma visita acompanhada por um guia.
Após a caminhada rápida pela parte alta do sítio arqueológico, que nos rendeu uma breve falta de ar, aumento dos batimentos cardíacos e um leve cansaço (esqueci que estava em altitude e apertei o passo para ver o máximo possível no curto espaço de tempo disponível), fomos resgatar a Formosa.
E dali voltamos ao centrinho de Santa Rosa de Tastil.
O povoado, com população inferior a 150 habitantes, não possui posto de combustível, energia elétrica, sinal de celular nem serviços bancários.
Mas ali tem lanchonete, restaurante, venda de artesanato, uma pequena igreja, dois museus, além das ruínas consideradas o maior expoente pré-incaico da Argentina.
A pequena Capilla Santa Rosa de Lima foi construída em adobe sobre uma base formada por pedras de granito.
Depois de conhecer a igreja fomos em um dos museus.
Museo de Sitio Tastil
Local: Ruta Nacional 51 | Centro | Santa Rosa de Tastil – Salta – Argentina
Funcionamento: Terça a domingo das 9h00 às 18h00
Ingresso: Gratuito
Tempo médio de visitação: 15 minutos
O Museo de Sitio Tastil foi inaugurado em 1975 e exibe peças e objetos encontrados nos arredores.
O local também abriga um mapa do sítio arqueológico e peças com inscrições rupestres.
Na sequência fomos ao Museo Regional de Tastil – Moisés Serpa que abriga artefatos encontrados no sítio arqueológico, tendo como objeto de maior valor da coleção uma múmia do século XIV.
Infelizmente o museu estava fechado.
Assim sendo subimos na Formosa e retornamos a Salta pelo mesmo trajeto da ida.
Com o pôr do Sol se aproximando as tonalidades das enormes e coloridas montanhas são alteradas e criam um cenário sem igual.
Não por acaso Salta é conhecida como La Linda, e bem que os argentinos dizem: Salta, tan linda que enamora.
E como estamos em plena Cordilheira dos Andes, conforme a noite se aproxima o calor do dia ensolarado vai sendo tomado pelo vento forte e gelado.
Frio que é intensificado em áreas que já não pegam mais sol.
Com a sensação de frio aumentando e cercados por inesquecíveis paisagens seguimos viagem e chegamos em Salta logo ao anoitecer, com uma vontade incrível de voltar a rodar pela Quebrada del Toro com mais tempo em uma próxima oportunidade.
Trajeto percorrido no dia:
Oba! Já são 2 comentários nesta postagem!
Parabéns mais um dia de maravilhas. Estão sofrendo muito com a altitude ou ja estão se acostumando? Não deve ser fácil né? Mas com certeza está valendo e muito. Admiro a coragem e determinação de vocês. 👏👏👏
Mais um dia ótimo! Com relação à altitude, até o momento está tudo tranquilo, apenas neste dia senti muito cansaço ao subir no morrinho para conhecer o sítio arquelógico de Santa Rosa de Tastil, mas nada que alguns minutos de repouso e muita água não resolvessem.
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