Argentina • Corrientes • Expedição 2017: El Palmar - Moconá • Gobernador Ingeniero Valentin Virasoro • La Cruz • Misiones • Oberá • Yapeyú
Dia 04: Oberá – Misiones – Argentina a Paso de Los Libres – Corrientes – Argentina
24 de Setembro, 2017Aproveitamos as primeiras horas da manhã de domingo para caminhar pelo centro de Oberá, província de Misiones, Argentina.
A origem desta cidade bem estruturada e organizada, que abriga atualmente cerca de 100.000 habitantes, curiosamente tem uma certa relação com nosso país, haja visto que no ano de 1891 cerca de 200 famílias partiram de Estocolmo, capital da Suécia, rumo ao Brasil.
Após uma longa jornada chegaram no Rio de Janeiro, onde foram impedidos de desembarcar devido à uma epidemia de febre amarela. Assim sendo seguiram viagem rumo ao sul, passaram pelo Porto de Santos e após vários inconvenientes finalmente chegaram em Porto Alegre, onde puderam deixar o navio.
Permaneceram cerca de um mês na capital gaúcha, quando foi dada uma ordem para que eles seguissem viagem, e então a saga dos suecos continuou, mas agora por terras firmes, onde os homens caminhavam acompanhados de carretas puxadas por bois que levavam as mulheres e crianças.
Desta forma seguiram até Santo Ângelo, onde ficaram um tempo antes de avançar até Porto Lucena. Em 1902 decidiram abandonar Porto Lucena e cruzaram as águas do Rio Uruguai, chegando na Argentina, onde ficaram um tempo em Bonpland antes de seguir até as terras chamadas de Yerbal Viejo.
Ali houve um grande incentivo por parte do governo hermano para a fixação dos imigrantes, que se estabeleceram no local e fizeram com que os demais familiares que haviam ficado pelo meio do caminho fossem até eles, constituindo assim a maior colônia sueca da América Latina no ano de 1913. Com a grande quantidade de suecos o lugar logo ficou conhecido como El Parque Sueco e finalmente em 1918 a cidade foi oficialmente criada e batizada com o nome Oberá.
Na época da criação do povoado imigrantes e crioulos reuniram-se na Comissão de Vizinhança para discutir o nome pelo qual se referiam à cidade. Os imigrantes propuseram “Svea” e os crioulos “Colonia Nueva Argentina”, enquanto o governo propôs o nome “Oberá” em homenagem aos guaranis que povoavam essas terras, palavra que na língua deles significa algo como “o que brilha”, e do cacique “Overa”, que habitara a Região do Prata e foi o redentor de seu povo.
Em uma queda de braço entre nativos, imigrantes e governo é meio óbvio saber quem ganhou. Enfim, após caminharmos pela Avenida Sarmiento, passar pela Iglesia Catedral San Antonio e conhecer as praças Hermana Asuncion e Güemes partimos do centro da agradável cidade.
Rodamos cerca de 8 quilômetros pela Ruta Provincial 103 até chegar no Complexo Turístico Salto Berrondo.
Complejo Turístico Salto Berrondo
Local: Ruta Provincial 103 | Oberá – Misiones – Argentina
Telefone: +54 03755 401-808
E-mail: turismobera@yahoo.com.ar
Funcionamento: Todos os dias das 9h30 às 17h30
Ingresso: $ 170
Tempo médio de visitação: 1 hora
O principal atrativo do Complexo Turístico Salto Berrondo é a cachoeira que dá nome ao parque, mas o local também oferece várias trilhas em meio à mata, quadras esportivas, amplo estacionamento e uma bela área para camping, com mesas e bancos, churrasqueiras, banheiros limpos e eletricidade, além de bar, restaurante e piscina que funcionam durante a temporada de verão.
Assim que paramos a Formosa no estacionamento e vimos a tranquilidade e estrutura do parque bateu um arrependimento enorme por não ter acampado ali :(
Fica para uma próxima… Formosa estacionada, partimos em direção ao Salto Berrondo.
Todo o trajeto do pequeno caminho que segue até a queda d’água é calçado, muito bem preservado e sinalizado.
Em instantes ficamos cara a cara com a linda cachoeira de aproximadamente 13 metros de altura.
Ali é possível caminhar pelas pedras para se banhar nas águas do salto.
Ou ainda seguir pela trilha que avança rio abaixo.
Nós optamos por ficar ali, observando tamanha beleza natural e nos beneficiar de toda a energia local.
Minutos depois nos despedimos do belo atrativo e voltamos a pegar estrada.
Retornamos ao centro de Oberá pela mesma Ruta Provincial 103 e lá acessamos a já conhecida Ruta Nacional 14, ainda se lamentando por não ter acampado no complexo, e rumamos ao sul.
Passamos por Leandro N. Alem, Cerro Azul, San José e cruzamos a fronteira entre as províncias de Misiones e Corrientes. Assim que começamos a rodar pelas estradas de Corrientes a Policia Caminera nos parou em uma blitz no meio da Ruta 14. Aliás, até o momento vimos diversas blitz nas rodovias e cidades argentinas, mas em nenhuma haviam nos parado.
Com a Formosa parada no meio da estrada e o alerta ligado, como é comum na Argentina, o policial pediu para encostar a moto no acostamento, e assim foi feito. Após um “buen día” perguntou de onde vinha e para onde iria. Perguntas respondidas pediu para abrir o alforje. Desci da moto e abri o alforje do lado esquerdo, ele perguntou o que carregava, apalpou e disse para seguir viagem, desejando “suerte“, algo também comum nos países latino-americanos. Sequer pediu os documentos.
Seguimos adelante e cruzamos o centro de Gobernador Ingeniero Valentin Virasoro, repleto de semáforos. Este trecho da Ruta Nacional 14 até a cidade de Santo Tomé já é conhecido pela Formosa, pois passamos pelo mesmo caminho no ano passado durante a Expedição 2016: Missões – Cataratas.
Em nossa passagem no ano passado vimos diversas placas do estabelecimento Las Marías que fica às margens da Ruta Nacional 14, logo após o centro de Gobernador Ingeniero Valentin Virasoro. Na ocasião ignoramos e seguimos reto, mas desta vez fiquei curioso em saber do que se tratava e ao passar pela entrada do local decidi adentrar.
Rodamos cerca de 700 metros até chegar na portaria do estabelecimento. O atendente nos recepcionou e perguntei o que era aquele local. Trata-se da maior produtora de erva-mate do mundo, que entre tantas marcas produz a mais consumida na Argentina: Yerba Taragüí.
Establecimiento Las Marías
Local: Ruta Nacional 14, Km 739 | Gobernador Ingeniero Valentín Virasoro – Corrientes – Argentina
Telefone: +54 03756 493-000
E-mail: info@lasmarias.com.ar
Site: https://www.lasmarias.com.ar/
Funcionamento: Todos os dias das 8h00 às 17h30
Ingresso: Gratuito | $ 70 tour guiado
Tempo médio de visitação: 2 horas
Após assistir um vídeo sobre o estabelecimento seguimos para uma visita guiada pelo local.
Em determinado momento durante a caminhada percebemos que estávamos sendo vigiados e ao olhar para o alto das árvores avistamos quem nos observava, era um grupo de macacos, ou como exaltaram os argentinos: monos!
A visita guiada tem início pela etapa de processamento da erva-mate, na sequência retornamos ao centro de visitantes, onde é possível comprar diversos produtos da marca, como cuia, garrafa térmica, cosméticos, livros, chás e, claro, erva-mate.
Após um breve espaço de tempo fomos convidados a entrar em uma van que nos levou até o início de tudo, a área de plantio da erva.
O local é repleto de estufas climatizadas e protegidas do sol, onde cada uma delas está preparada para receber as mudas de erva-mate em um determinado momento ao longo de seu ciclo.
Quando atingir uma idade mínima e certa altura as mudas são plantadas.
Cada árvore pode alcançar mais de 15 metros de altura e a primeira poda ocorre quando a planta atingir 4 anos de idade. A mesma árvore passa por uma poda a cada 2 anos e tem uma vida útil de aproximadamente 45 anos.
A visita é muito agradável, educativa e curiosa, principalmente no momento em que o guia comenta que as ervas produzidas e comercializadas no Brasil e no Uruguai não são dignas de serem utilizadas para preparar um bom chimarrão argentino (pensei que a rivalidade entre os países se resumia ao campo de futebol).
Na verdade ele quis se referir ao fato de existir uma diferença entre o processo de produção, moagem e armazenagem da erva-mate, que resultam em produtos com distintos sabores, amargores, odores, cores e texturas, formando uma enorme variação entre o padrão argentino, uruguaio, brasileiro e paraguaio, mas é claro que cada pessoa tem um gosto e um padrão ao qual se identifica mais.
Pois bem, finalizamos o tour às 13h00 e para nossa alegria o local abriga um restaurante, onde o asado estava muito bonito, mas com aquele calor e pretendendo rodar mais alguns quilômetros no dia desistimos da ideia, principalmente para evitar pegar no sono em cima da Formosa.
Fomos de hamburguesa completa con papas fritas, que estavam ricas!
De barriga cheia nos preparamos para deixar o Establecimiento Las Marías, mas não antes de fazer algumas fotos da Formosa na bela propriedade rural.
E também fotografar algumas das inúmeras capivaras, ou carpinchos, como são conhecidas por aqui.
Fotos feitas voltamos a rodar pela Ruta Nacional 14.
Em Santo Tomé fizemos uma breve pausa para abastecer a Formosa e nos hidratar.
Na sequência passamos por Alvear.
E chegamos em La Cruz, cidade que se originou de uma das 30 missões jesuíticas guaranis.
Acessamos o centro da pequena cidade e estacionamos ao lado da Plaza San Martín.
Praça principal da cidade que fica de frente para a Iglesia Nuestra Señora de La Asunción, inaugurada em 1943 e construída no exato local da igreja da redução jesuíta.
O templo religioso abriga um museu jesuíta, que infelizmente não abre aos domingos, e hoje é… domingo :(
A poucos metros da antiga redução jesuíta fica o Rio Uruguai, que neste ponto serve de divisa natural com o Brasil.
O calor estava tão forte que rapidamente fizemos uma foto no local e voltamos a rodar.
A próxima parada foi na cidade de Yapeyú – Corrientes, que também foi uma missão jesuíta, a qual ficava no ponto mais ao sul dos 30 povos das missões jesuítas guaranis.
Foi nesta pequena cidade, a qual atualmente conta com aproximadamente 3.000 habitantes, que nasceu José Francisco de San Martín.
José Francisco de San Martín, ou simplesmente San Martín, é reconhecido por suas importantes contribuições para a libertação da Argentina, Chile e Peru.
Em homenagem ao homem que é tido como “O Libertador da América” foi criado um museu dentro do Regimiento Granaderos a Caballo General San Martín.
Museo Histórico Sanmartiniano de Yapeyú
Local: Regimiento Granaderos a Caballo General San Martín | Yapeyú – Corrientes – Argentina
Telefone: +54 03772 493-013
Funcionamento: Todos os dias das 8h00 às 20h00
Ingresso: Gratuito
Tempo médio de visitação: 30 minutos
Na entrada do museu estão expostas diversas placas em homenagem ao General San Martín.
O museu conta com várias salas, sendo que a primeira é dedicada exclusivamente ao primeiro líder da parte sul da América do Sul que obteve sucesso no seu esforço para a independência da Espanha.
Na sequência acessamos uma sala que abriga objetos da época das missões.
Fonte de batismo, lápide mortuária e outros elementos sacros compõem a coleção.
Por fim existe uma sala com elementos que retratam a vinda de imigrantes europeus à região.
Conhecido o museu seguimos pelas ruas centrais da cidade.
Passamos pela Municipalidad de Yapeyú e pelo Centro de Informações Turísticas, o qual fica ao lado do Templete Sanmartiniano.
O Templete Sanmartiniano é um monumento histórico nacional que foi construído em 1938 para abrigar e resguardar as ruínas da casa natal do General San Martín.
Templete Sanmartiniano | Casa natal de San Martín
Local: Gregoria Matorra y Sargento Cabral | Yapeyú – Corrientes – Argentina
Telefone: +54 03772 493-013
Funcionamento: Todos os dias das 8h00 às 12h00 e das 14h00 às 20h00
Ingresso: Gratuito
Tempo médio de visitação: 30 minutos
Assim como no Museo Histórico Sanmartiniano, logo na entrada do Templete estão expostas diversas placas em homenagem à San Martín.
O ano de nascimento de José de San Martín é alvo de discussões, mas nos quadros informativos existentes no Templete Sanmartiniano consta o dia 25 de fevereiro de 1778.
As ruínas da casa onde se deu seu nascimento são guardadas por membros do Regimiento Granaderos a Caballo General San Martín.
Este regimento foi fundado justamente por San Martín e atualmente além de ser a guarda presidencial, desempenha funções protocolares.
A casa, que é da época dos jesuítas, foi adquirida pelos pais de San Martín (Don Juan de San Martín e Gregoria Matorras) em 1774.
Ali ainda constam placas narrando o histórico revolucionário de San Martín e uma urna com os restos mortais dos pais do libertador.
Aos fundos da casa passa o leito do caudaloso Rio Uruguai.
E ao lado da residência fica a ampla Plaza San Martín, na qual fica um Arco Trunco em homenagem aos heróis da Batalha das Malvinas.
Com o dia se aproximando do fim deixamos Yapeyú e rodamos até Paso de Los Libres – Corrientes, onde chegamos no cair da noite, demos uma volta rápida pelas ruas centrais e nos acomodamos em um hotel para descansar e amanhã seguir viagem.
Trajeto percorrido no dia:
Oba! Já são 2 comentários nesta postagem!
Boa noite,
Essa estrada que vai de Paso de Los Libres até Oberá está boa? Ouvi relatos que está com muitos buracos.
Sairei de Foz de Iguaçu com destino a Mendoza e, existe o caminho por Paso de Los Libres e outro caminho por Corrientes.
Me disseram que o caminho por Corrientes esta melhor mas é 100 km a mais.
Olá Alexandre! Durante esta viagem percorri praticamente toda a Ruta Nacional 14, partindo de Bernardo de Irigoyen – Misiones rodando até o Parque Nacional El Palmar, em Ubajay – Entre Ríos (cerca de 1.000km).
Apenas em alguns quilômetros entre Bernardo de Irigoyen – Misiones e San Pedro – Misiones a estrada está em obras e um pequeno trecho é de estrada de terra (mas é possível desviar pelas Rutas 17 e 20), todo o restante da Ruta 14 está em ótimo estado de conservação.
Entre Oberá – Misiones e Paso de Los Libres – Corrientes são aproximadamente 390km. Não lembro de ter passado por nenhum buraco em todo o trajeto, ao contrário, sempre a estrada apresentava asfalto de qualidade, e na ocasião o movimento estava bem tranquilo.
Em resumo foi uma viagem bastante tranquila e segura.
Qualquer outra dúvida que possa ajudar, não deixe de comentar.
Boa viagem! Suerte ;)
Estamos ansiosos para ler tudo aquilo que tu tem para dizer! É chegado o momento de abrir este coração e compartilhar tua opinião, crítica (exceto algo desfavorável à imagem da Formosa), elogio, filosofar a respeito da vida ou apenas sinalizar que chegou até aqui ;)
Mas atenção, os campos marcados com * são de preenchimento obrigatório, pois assim mantemos (ou tentamos manter) o blog bonitinho, livre de robôs indevidos.
Ah, relaxe, seu endereço de e-mail será mantido sob sigilo total (sabemos guardar segredos, palavra de escoteiro) e não será publicado.