Argentina • Aristóbulo del Valle • El Soberbio • Expedição 2017: El Palmar - Moconá • Misiones
Dia 03: El Soberbio – Misiones – Argentina a Oberá – Misiones – Argentina
23 de Setembro, 2017Pancadas de chuva e fortes ventos atingiram El Soberbio – Misiones – Argentina durante a madrugada deste sábado, e o dia amanheceu nublado com uma leve garoa.
Após o desjejum deixamos o hotel, abastecemos a Formosa e partimos do centro da cidade pela Ruta Provincial 2.
Após rodar cerca de 70km pela estrada asfaltada chegamos em um dos destinos que dá nome à Expedição 2017: El Palmar – Moconá: o Parque Provincial Moconá.
Parque Provincial Moconá
Local: El Soberbio – Misiones – Argentina
Telefone: +54 03755 495-206
E-mail: centrodeinformes@saltosdelmocona.tur.ar
Site: https://mocona.misiones.tur.ar/
Funcionamento: Todos os dias das 9h30 às 17h30
Ingresso: $ 350 acesso ao parque / $ 1.700 passeio náutico
Tempo médio de visitação: 2 horas
O Parque Provincial Moconá conta com amplo estacionamento, restaurante, loja de artesanatos, sanitários, trilhas em meio à Selva Misioneira Argentina e tem como principal atrativo o Salto Moconá.
Ah, ao longo do percurso entre a cidade e o parque existem diversas áreas para camping, pousadas e hotéis.
Assim que chegamos ao parque fomos recepcionados por uma guia que nos repassou todas as informações necessárias e indicou o local de onde partem as trilhas de caminhada.
Conforme sugerido, optamos em percorrer o Sendero Chachí (Trilha do Xaxim) antes de conhecer o salto.
A Trilha do Xaxim possui 1.800 metros de extensão, é muito bem demarcada e avança pela mata fechada, típica da região.
Bastaram alguns passos para nos conectarmos completamente com a natureza, caminhando lentamente embalados pelo som do cantar dos pássaros, do vento balançando as folhas nas árvores e da maior queda d’água longitudinal do planeta.
Toda esta área preservada se encontra dentro da Reserva de la Biosfera Yabotí, que significa “tartaruga” na língua guarani, e possui cerca de 253.773 hectares.
Praticamente no meio do Sendero Chachí nos deparamos com um pequeno mirante.
E dele conseguimos avistar parte do Rio Uruguai, divisa natural neste ponto entre a Argentina e o Brasil.
Do outro lado do rio fica o Parque Estadual do Turvo, já em território brasileiro.
E entre eles o magnífico Salto Moconá.
Aproveitamos para descansar durante alguns minutos no mirante, enquanto admirávamos a beleza que nos cercava.
Na sequência voltamos a caminhar e logo nos encontramos com um simpático casal argentino.
Praticamos nosso enferrujado portunhol e na companhia dos portenhos caminhamos pelos últimos metros da trilha.
Ali nos reencontramos com a Formosa e com ela seguimos pelos 2 quilômetros de estrada de calçamento que ligam o centro de visitantes do parque provincial às margens do Rio Uruguai, de onde partem os passeios náuticos.
Quando chegamos às margens do rio o alto som provocado pelos Saltos del Moconá prevalecia, e o FredLee desistiu de participar da aventura.
Pois bem, deste ponto em diante segui solito, despacio y tranquilo, pero no mucho.
No exato momento em que colocava o colete auxiliar um grupo de turistas retornava do passeio náutico, e pela cara de felicidade deles, o passeio deve ser sensacional.
Há dois anos, durante a Expedição 2015: Missões – Yucumã, a Sayo, FredLee e eu tivemos o prazer de conhecer os Saltos del Moconá pelo lado brasileiro, através do Parque Estadual do Turvo.
No Brasil as quedas d’água são conhecidas por outro nome: Saltos do Yucumã, ou, Salto do Yucumã.
Pois bem, um pouco tenso adentrei na embarcação onde o casal de portenhos já estava acomodado acompanhados por outro casal de argentinos.
Em instantes o piloto ligou o motor da embarcação e iniciamos o tão conhecido passeio náutico pelos Saltos del Moconá.
O barco parte de um local onde as águas do Rio Uruguai estão mais tranquilas, e a largura do rio é mais ampla.
Conforme ele avança no sentido norte o rio vai ficando mais estreito, sendo espremido cada vez mais pelos enormes paredões rochosos que dividem os dois países.
Ao nosso lado direito o Brasil e ao nosso lado esquerdo a Argentina.
Aos poucos pequenas cascatas vão surgindo em território hermano, e o passeio começa a ganhar emoção.
Como comentado anteriormente, o Gran Salto del Moconá, ou o Grande Salto do Yucumã, é a maior queda d’água longitudinal do mundo, com cerca de 1.800 metros de extensão.
Na língua guarani “Moconá” significa “El que todo lo traga”, ou, “Aquele que engole tudo”, e logo entendemos o motivo de tal nome.
Já em tupi-guarani, “Yucumã” quer dizer “O Grande Roncador”, uma vez que o som da cachoeira pode ser ouvido a vários quilômetros de distância.
Ao passo que o barco avança pelo enorme cânion formado em meio ao Río Uruguay as pequenas cachoeiras isoladas formadas no paredão esquerdo passam a se unir.
Até que uma única queda d’água domina o cenário e forma uma verdadeira cortina de água.
Da mesma forma como o rio vai ficando mais estreito, sua profundidade vai aumentando, e a correnteza ganhando força.
Isso faz com que o motor do barco seja exigido ao máximo, para vencer as fortes ondas que seguem em sentido oposto.
Segundo o guia que fica ao lado do piloto nos contando curiosidades a respeito do lugar, hoje é um dos melhores dias dos últimos anos para se avistar o salto.
Isso se deve pela construção de quatro represas ao longo do Rio Uruguai, principalmente da Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó, primeira acima dos saltos.
Quando as comportas para escoar água dessa represa são abertas, a altura da queda d’água do Salto do Yucumã fica menor, devido à maior quantidade de água neste trecho do Rio Uruguai.
Antes da construção das usinas hidrelétricas a altura média normal do Salto Moconá superava os 20 metros em determinados pontos, nos dias atuais esse número reduziu consideravelmente e existe uma variação diária, sendo que em determinadas épocas o salto fica totalmente submerso.
Após percorrer cerca de 600 metros o piloteiro atraca o barco em uma pequena entrada entre as rochas no lado argentino.
Com as águas da enorme cachoeira molhando todos os tripulantes a alegria e a adrenalina aumentam.
Segundo o guia neste local a profundidade do Rio Uruguai já ultrapassa os 100 metros e dali em diante vai aumentando ao passo que a distância entre os paredões de pedra vão diminuindo.
Repentinamente o condutor do barco volta a acionar o motor em sua potência máxima e arranca em direção ao início da fenda que origina o gigante Salto Moconá.
Com o barco avançando pelas enormes ondas vindas com força no sentido contrário temos a impressão de ter atingido pedras, devido ao forte impacto, e o passeio atinge seu auge.
A violência com que as águas seguem no sentido norte – sul é impressionante e o piloto, extremamente hábil e conhecedor da região, exige o máximo do motor do barco que parece lutar contra as águas para nos levar o mais próximo possível do início da falha geográfica que forma o grande salto.
Poderoso, majestoso, lindo, faltam palavras para descrever tamanha beleza e imponência natural que são os Saltos del Moconá, da mesma forma que fica impossível transmitir tamanha emoção ali vivenciada.
Finalmente conseguimos avistar o início da fenda onde toda a extensa cascata é formada, o barco atinge seu limite e aos poucos vai retornando de ré sentido sul, até o local onde havia feito a primeira parada, para então o piloto conseguir fazer a volta com total segurança.
Neste momento nos damos conta que carregadas nuvens negras se aproximam de onde estamos.
Mas estamos todos molhados, abençoados pelas águas do Rio Uruguai, e sequer nos preocupamos em tomar outro banho, desta vez da chuva que esta prestes a cair.
O passeio tem uma duração aproximada de 20 minutos, mas a sensação é que esses minutos passam voando.
Porém, o que vimos, ouvimos e sentimos durante aqueles breves minutos permanecerão eternamente em nossas mentes, algo surpreendentemente mágico.
Já nas proximidades do ponto de embarque e desembarque a chuva nos alcançou.
E, como se fosse cronometrado, assim que o barco parou para o desembarque um verdadeiro temporal atingiu o local.
De corpo e alma lavada nos despedimos dos Saltos del Moconá, uma das maravilhas da natureza e um dos lugares mais incríveis que já visitamos até hoje.
A bordo da Formosa retornamos sentido El Soberbio pela Ruta Provincial 2, que além de ser asfaltada, estreita e sinuosa, conta com vários mirantes ao longo de sua extensão, os quais não conhecemos na ida, visando visitar o parque antes da chuva que poderia impedir o passeio náutico.
Mas agora, mesmo debaixo de chuva, aproveitamos para fazer breve pausas em cada um deles e apreciar o visual que eles proporcionam, algo sensacional, mesmo com muita água caindo no horizonte.
O Parque Provincial Moconá, assim como o Parque Estadual do Turvo, são de suma importância para preservação deste verdadeiro tesouro natural, que não somente abriga a maior cachoeira em extensão do mundo, como também é lar de uma imensa quantidade de plantas, dentre elas samambaias, árvores centenárias e uma infinidade de flores.
E, claro, local onde vivem diversos animais, sendo, inclusive, um dos últimos refúgios da fauna representada pelos grandes pássaros e mamíferos da selva missioneira, como a onça-pintada.
Com a Formosa devidamente lambuzada por tierra roja, típica da região de Misiones, e com a chuva dando uma trégua, chegamos em El Soberbio, onde fizemos uma pausa para abastecimento.
Logo avançamos pela Ruta Provincial 2, que segue costeando o Rio Uruguai por praticamente toda a sua extensão.
Rodovia sinuosa, em ótimo estado de conservação e rodeada por lindas paisagens.
A viagem pela Ruta 2 é tão agradável que passei reto no trevo com a Ruta 9, a qual segue até Aristóbulo del Valle, próxima cidade que pretendemos visitar.
Estamos de férias, então vamos curtir a estrada e rodar pelo percurso mais longo… alguns quilômetros depois deixamos a Ruta 2 e passamos a rodar pela Ruta 103 que nos levou até a cidade de Oberá, lá voltamos a acessar a Ruta Nacional 14 e seguimos sentido norte, com destino a Aristóbulo del Valle.
Após a chuva o frio chegou acompanhado por uma densa neblina.
E desta forma chegamos em Aristóbulo del Valle, cidade que atualmente abriga cerca de 38.000 habitantes e é tida como “A Capital de Saltos y Cascadas”.
Rapidamente cruzamos o centro da cidade e fomos direto ao Parque Provincial Salto Encantado.
Parque Provincial Salto Encantado
Local: Aristóbulo del Valle – Misiones – Argentina
Telefone: +54 93755 580-176
E-mail: consultas@saltoencantado.tur.ar
Site: https://encantado.misiones.tur.ar/
Funcionamento: Todos os dias das 9h00 às 17h00
Ingresso: $ 350
Tempo médio de visitação: 2 horas
O Parque Salto Encantado conta com ótima estrutura, com estacionamento, restaurante, lojas de artesanato e artigos regionais, sanitários e diversas trilhas que levam a 4 cachoeiras, além da mais conhecida e que dá nome ao local, a queda d’água Salto Encantado.
Devido ao mau tempo apenas o Sendero Salto Encantado (Trilha Salto Encantado) estava aberto ao público.
Com o ingresso em mãos partimos explorar a pequena trilha.
Diversos mirantes e bancos estão espalhados ao longo do trajeto, que é muito bem demarcado e preservado.
O Parque Provincial Salto Encantado fica dentro do Valle del Cuñá Pirú e a lenda conta que duas tribos inimigas habitavam estes vales.
O cacique de uma das tribos se chamava Aguará (Raposa) e tinha uma linda filha chamada Yate-í (Doce), enquanto o cacique da tribo rival se chamava Yurumí (Tamanduá) e tinha um filho de nome Cabure-í (Pequena coruja), que era um excelente caçador e bravo guerreiro.
O destino fez com que os dois jovens se conhecessem durante uma caçada e assim o amor entre eles nasceu.
Claro que seus pais, assim como demais membros das tribos rivais, não admitiam tal romance, desta forma o ódio explodiu e uma grande guerra teve início.
Durante a batalha a índia Yate-í chorou ao ver seu pai morrer e suas lágrimas, ao tocarem o solo, transformavam-se em pequenos fios d’água. Quando Cabure-í a observou correu para compartilhar sua dor.
Naquele momento centenas de flechas atingiram ambos e Tupá (Deus da natureza) fez nascer um córrego com as lágrimas de Yate-í, e com trovões e relâmpagos a terra se abriu, abrigando o casal morto, formando neste local o Salto Encantado. Em memória de seus filhos, as tribos nunca mais voltaram a lutar.
O Salto Encantado possui 64 metros de pura beleza e é formado pelas águas do Río Cuñá Pirú.
O parque é lindo, uma pena as demais trilhas estarem fechadas na ocasião, mas isso é um bom motivo para um possível retorno a Aristóbulo del Valle.
Após nos maravilhar com a beleza e encanto do salto voltamos a rodar pela Ruta Nacional 14, agora sentido sul, refazendo o trajeto até a cidade de Oberá, onde chegamos no fim do dia debaixo de uma fina garoa e rodamos direto até um hotel para descansar.
Trajeto percorrido no dia:
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