Cabo Polonio • Expedição 2022: Uruguay • Rocha • Uruguai
Roteiro de um Dia no Parque Nacional Cabo Polonio: Praias Selvagens, Farol Histórico e Vida Marinha no Uruguai
20 de Agosto, 2022
Descubra o Parque Nacional Cabo Polonio, um dos destinos mais autênticos do Uruguai. Entre praias selvagens, um farol histórico e a observação de lobos-marinhos, baleias e aves em liberdade, viva um dia imerso na natureza preservada do litoral de Rocha.
Partimos de La Paloma nas primeiras horas de um sábado ensolarado e gelado, seguindo pela Ruta 10 em direção ao norte, enquanto uma espessa camada de geada cobria os vastos campos uruguaios. Após cerca de 50 quilômetros, chegamos ao destino do dia: o Parque Nacional Cabo Polonio, o atrativo natural mais emblemático do Uruguai. Ao longo da visita, caminhamos pelas praias Playa La Calavera e Playa Sur, nos impressionamos com o histórico Farol de Cabo Polonio, fizemos um piquenique em frente à Lobería de Cabo Polonio e observamos diversos animais em seu habitat natural, como focas, lobos-marinhos, leões-marinhos, baleias e inúmeras espécies de aves. Ao final do dia, ficou claro por que Cabo Polonio é considerado um dos destinos mais autênticos do país e uma parada imperdível para quem busca natureza preservada, história e vida selvagem no litoral uruguaio.

Despertamos nas primeiras horas da fria manhã de sábado, após uma noite relaxante na Cabana Mexicana de nossa amiga Gisela, em La Paloma, no departamento uruguaio de Rocha. Estávamos empolgados para a aventura do dia: realizar o sonho de conhecer o Parque Nacional Cabo Polonio, um dos atrativos turísticos mais famosos da República Oriental do Uruguai.

Depois de nos aquecermos com um reconfortante café preparado na prensa francesa e saborearmos alguns quitutes feitos pela Sayo, carregamos nossos equipamentos na Formosa, vestimos as jaquetas de couro, colocamos os capacetes e, envolvidos por um frio surpreendente, partimos de La Paloma em direção ao Parque Nacional de Cabo Polonio.

Ao deixarmos o centro da charmosa cidade litorânea de La Paloma, chamaram nossa atenção diversos pontos às margens da rodovia onde o pasto estava completamente branco, coberto por uma linda geada, um cenário inesperado para quem associa o Uruguai apenas às praias.

Mesmo com o frio intenso, seguimos pela Ruta 10 em direção ao norte e, em menos de uma hora, percorremos os quase 50 quilômetros que separam La Paloma de Puerta del Polonio. É nesse local que ficam os estacionamentos e o terminal de acesso ao Parque Nacional Cabo Polonio, cuja entrada é restrita a veículos 4×4 credenciados pelo parque ou feita por meio de uma caminhada pelas dunas, medida adotada para preservar o ecossistema único da região.

Parque Nacional Cabo Polonio
O Parque Nacional Cabo Polonio, no Uruguai, é conhecido por sua tranquilidade e rica biodiversidade. Suas principais atrações incluem o farol centenário, as dunas de areia e as formações rochosas que compõem a paisagem. O parque também é um importante refúgio para a vida selvagem, abrigando uma das maiores colônias de leões-marinhos da América do Sul.
Como chegar
Mapa e roteiro de como chegar no Parque Nacional Cabo Polonio partindo do centro de Montevideo – Montevideo – Uruguai:
Contatos do Parque Nacional Cabo Polonio
- Endereço: Ruta 10, Km 264,5 | Cabo Polonio – Rocha – Uruguai
- Telefone: +598 095 643 217
- E-mail: comunicacion@turismorocha.gub.uy
Para obter informações mais detalhadas, visite o site oficial do Parque Nacional Cabo Polonio.
Horários de Entrada
- Todos os dias: 7h40 | 10h30 | 13h30 | 15h30 | 17h30 | 20h
Horários de Saída
- Todos os dias: 8h | 11h | 14h | 16h | 18h
Valores de Ingresso
- Público em geral: $450 | Ida e volta por pessoa
- Crianças até 5 anos: Gratuito
*Todos os preços estão em pesos uruguaios.
**Só é aceito pagamento em dinheiro (pesos uruguaios, reais brasileiros, dólares americanos).
***Não é permitida a entrada de animais.
****Não é permitida a entrada de barracas.
Recomendamos verificar as tarifas antes da sua viagem, pois os valores podem ser alterados a qualquer momento.
Valores de Estacionamento
- Carro: $270 por dia
- Motorhome: $300 por dia | Incluso água e energia
- Moto: $200 por dia
- Bicicleta: $100 por dia em local coberto | Gratuito em local aberto
*Todos os preços estão em pesos uruguaios.
**Só é aceito pagamento em dinheiro (pesos uruguaios, reais brasileiros, dólares americanos).
Recomendamos verificar as tarifas antes da sua viagem, pois os valores podem ser alterados a qualquer momento.
Tempo Médio de Visitação
- 1 dia
Recursos para sua Visita


Sabendo que o primeiro caminhão saía da Puerta del Polonio rumo ao balneário de Cabo Polonio às 8h, chegamos ao Centro de Visitantes do Parque Nacional Cabo Polonio com alguns minutos de antecedência. Estacionamos a Formosa, compramos os ingressos, conversamos com os simpáticos atendentes e aguardamos o embarque no veículo 4×4 que nos levaria até o tradicional parque, conhecido por sua atmosfera tranquila e pela impressionante diversidade ecológica.

Pouco depois, o imponente caminhão chegou e, devido às baixas temperaturas, optamos por nos acomodar no primeiro andar do veículo tipo jardineira de dois andares. A travessia a bordo do caminhão todo-terreno, especialmente preparado para cruzar as extensas e desafiadoras dunas de areia do Parque Nacional Cabo Polonio, já é uma atração à parte. Além da adrenalina, o trajeto proporciona uma imersão completa na paisagem natural ao redor da estreita via. Cerca de 30 minutos foram suficientes para percorrer os 7 quilômetros que separam o centro de visitantes do coração do parque.

Ao desembarcarmos no terminal da Vila de Cabo Polonio, iniciamos nossa caminhada pelo pequeno e pacato povoado. Ali, não há fornecimento de energia elétrica convencional (alguns imóveis utilizam geradores ou painéis solares), tampouco água encanada, já que a água local é extraída de poços artesianos, nem ruas pavimentadas. No lugar disso, caminhos estreitos e irregulares serpenteiam entre construções que variam do rústico ao moderno, reforçando o caráter singular do local.

No pitoresco centrinho do balneário de Cabo Polonio, encontramos diversos restaurantes, lanchonetes, bares e armazéns (mini mercados), além de uma boa oferta de hotéis, pousadas e hostels para quem deseja estender a estadia no Parque Nacional Cabo Polonio. Um detalhe curioso é que existem apenas dois banheiros públicos em toda a área do parque: um no terminal de embarque e desembarque e outro a poucos metros dali.

À noite, Cabo Polonio adquire uma mística incomparável. A ausência de iluminação elétrica permite que as estrelas brilhem como em poucos outros lugares do país, tornando o simples ato de olhar para o céu uma experiência recompensadora. Bares com música ao vivo à luz de velas e artesãos dão vida à vila após o anoitecer. O passeio noturno sempre reserva alguma surpresa: artistas de rua, fogueiras improvisadas e festas de música eletrônica que parecem surgir do nada em meio às dunas.

Por ser sábado, imaginávamos que o Parque Nacional Cabo Polonio estaria cheio de visitantes. Felizmente, nos enganamos. Provavelmente por ser agosto, período de baixa temporada em todo o litoral uruguaio, o local estava praticamente exclusivo para nós, alguns moradores, pescadores e poucos turistas estrangeiros.



Da mesma forma, a maioria dos estabelecimentos encontrava-se fechada. Com as mochilas nas costas, atravessamos rapidamente o centrinho da vila de Cabo Polonio e logo nos deparamos com o Oceano Atlântico, que tocava suavemente a extensa faixa de areia da belíssima Playa de la Calavera.


Não demorou muito para avistarmos alguns pontos escuros se movendo em meio às águas agitadas do mar. Eram algumas das grandes estrelas do Parque Nacional Cabo Polonio: focas, lobos-marinhos e leões-marinhos, que atraem visitantes de todas as partes do mundo. Ver esses animais vivendo livres, em seu habitat natural, é uma experiência bonita e profundamente gratificante.


Encantados, seguimos caminhando pelo trecho rochoso do cabo e logo avistamos uma ilha repleta de animais marinhos, que compartilhavam o espaço em harmonia com diversas espécies de aves. Dali, também tivemos a primeira visão do icônico Faro Cabo Polonio, ou Farol de Cabo Polonio, o farol mais a leste do Uruguai.


O Parque Nacional de Cabo Polonio, localizado na região costeira do departamento de Rocha, no Uruguai, é um verdadeiro santuário natural, repleto de beleza, história e valor cultural. Criado oficialmente em 20 de julho de 2009, o parque foi estabelecido pelo governo uruguaio com o objetivo de preservar esse ecossistema singular, onde dunas móveis, florestas costeiras e uma impressionante diversidade de fauna marinha coexistem em equilíbrio.



Considerado um dos principais parques nacionais do Uruguai, o Parque Nacional Cabo Polonio integra o Sistema Nacional de Áreas Protegidas (SNAP). A área protegida abrange um trecho do litoral, um setor oceânico e ilhas adjacentes de grande importância ambiental.


Além disso, o Parque Nacional de Cabo Polonio faz parte da Reserva de Biosfera Bañados del Este, reconhecida pela UNESCO em 1976 como integrante da rede do Programa Homem e Biosfera (MaB), e também é um sítio Ramsar, designado em 22 de maio de 1984, devido à relevância de seus ecossistemas aquáticos.


Caminhar pelas praias do balneário de Cabo Polonio é um passeio agradável e enriquecedor, especialmente pela oportunidade de observar a colônia estável de lobos-marinhos que ocupa a extensa zona rochosa em frente ao cabo. Esse conjunto de rochas, além de abrigar uma impressionante concentração de vida marinha, também está intimamente ligado à origem do nome Cabo Polonio, marcada por uma longa e trágica história de naufrágios.


Há diferentes versões sobre qual acidente marítimo teria dado origem ao nome do local. Uma das teorias mais aceitas está relacionada ao naufrágio ocorrido em 31 de dezembro de 1753, quando o galeão espanhol “Nuestra Señora del Rosario, Señor de San José y las Ánimas” sucumbiu às águas traiçoeiras da região. A embarcação, que transportava cerca de 300 pessoas, era comandada pelo capitão Joseph Polloni, conhecido por sua paixão por vinhos. De acordo com relatos históricos, ele teria perdido o controle da navegação naquela noite, contribuindo diretamente para o desastre. O episódio marcou profundamente a história local e, segundo essa versão, teria originado o nome do rochoso Cabo Polonio, associado à memória do capitão.



Outra versão aponta para um naufrágio anterior, em 1735, envolvendo um navio à vela chamado “Polonio”, que teria encalhado nas proximidades do cabo. Há ainda uma teoria mais antiga que remonta ao ano de 1516, segundo a qual o navegador Juan Díaz de Solís teria chegado a esse promontório rochoso e o batizado de “Cabo Apolônio”, possivelmente em referência a Apolo, o deus romano do sol. Com o passar do tempo, o nome teria sido adaptado até chegar à forma atual.


Essa relação entre o mar, os naufrágios e a história local também se reflete na Playa de la Calavera, ou Praia da Caveira, cujo nome igualmente não surgiu por acaso. Os arredores de Cabo Polonio despertam grande interesse pelo seu patrimônio arqueológico subaquático, ainda não totalmente estudado ou explorado, reforçando a ideia de que a região foi palco de inúmeros acidentes marítimos ao longo dos séculos. Como resposta a essas tragédias recorrentes, teve início, em 1880, a construção do Farol de Cabo Polonio, oficialmente inaugurado em 1881, com a missão de orientar os navegadores e tornar a navegação mais segura nesse trecho do litoral uruguaio.


O primeiro faroleiro foi Pedro Grupillo, capitão mercante de origem siciliana, que passou a residir dentro do próprio farol. Naquela época, o sistema de iluminação utilizava várias lâmpadas de pavio alimentadas com gordura ou óleo de lobo, baleia ou cavalo. A cada três horas, o faroleiro precisava subir a longa escadaria da torre para dar corda ao mecanismo do motor.


Os habitantes mais antigos de Cabo Polonio contam a história de um dos primeiros faroleiros que exercia suas funções acompanhado da esposa grávida. Quando chegou o momento do nascimento do filho, ele partiu para a cidade de Rocha em busca de uma parteira, mas uma grande tempestade atrasou seu retorno por quase uma semana. Durante sua ausência, a mulher, mesmo com o recém-nascido, continuou subindo diariamente os 132 degraus do farol para acender a luz protetora. Relatos também indicam que a torre serviu como escola para as poucas crianças da vila, tendo a esposa do faroleiro como professora.



Entre as muitas histórias e lendas que cercam o farol, conta-se que as águas de Cabo Polonio eram temidas por capitães e piratas, consideradas amaldiçoadas e cheias de armadilhas. Diz-se que bússolas giravam sem rumo, como se estivessem possuídas, e que muitos navios e vidas foram perdidos diante da força do mar.


Atualmente, é possível subir os 132 degraus do Farol de Cabo Polonio, declarado Patrimônio Histórico do Uruguai em 1976, e contemplar, do alto de seus 26 metros, que, somados à elevação natural das rochas, ultrapassam 40 metros acima do nível do mar, uma vista panorâmica espetacular da região, incluindo o vasto Oceano Atlântico e as imponentes dunas de areia. O local é especialmente procurado para apreciar o pôr do sol e registrar fotografias memoráveis.


No entanto, devido a um incidente trágico ocorrido recentemente em um dos faróis do país, todas as visitações aos faróis do Uruguai estavam temporariamente suspensas. Por isso, não pudemos vivenciar essa experiência, que certamente teria sido inesquecível. Ainda assim, ficou uma excelente motivação para planejarmos uma futura visita a esse verdadeiro paraíso natural.


O assentamento do balneário de Cabo Polonio, onde vivem atualmente cerca de 100 pessoas, teve origem no século XIX, a partir da exploração dos leões-marinhos, cujas peles eram altamente valorizadas. As primeiras construções erguidas no local, por volta de 1806, eram instalações utilizadas para o abate desses animais, quando José Brañas realizava as operações autorizadas por leilão público. Esse sistema permaneceu em vigor até 1910.



A atividade passou a ser administrada pelo Estado em 1911, com o objetivo de estabelecer controle econômico e uma gestão mais prudente dos recursos naturais. Foi criado o Instituto de Pesca e construída uma fábrica permanente, o que gerou demanda por trabalhadores e impulsionou o crescimento populacional da região. Assim teve início a chegada de novos colonos, principalmente famílias rurais que conciliavam a agricultura com a pesca artesanal e a caça de leões-marinhos.


Surgiu, então, a profissão de caçador de leões-marinhos, dedicada exclusivamente a esse trabalho. As peles eram usadas principalmente na confecção de roupas, enquanto o óleo era extraído por processos industriais. A caça aos leões-marinhos continuou até 1998, quando o Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca criou um decreto para proteger leões-marinhos e cetáceos, reduzindo drasticamente sua mortalidade.


Com o fim dessa atividade, os caçadores precisaram se adaptar a uma nova realidade. Com a suspensão da caça, essas áreas passaram a ser utilizadas para reprodução e criação de filhotes, resultando em crescimento populacional contínuo. Curiosamente, anos depois, a observação de leões-marinhos passou a ser uma das principais atrações do Parque Nacional Cabo Polonio.


Já na década de 1960, Cabo Polonio começou a atrair jovens apaixonados pela natureza, que descobriram nesse remoto vilarejo um vasto sistema de dunas móveis de areia, algumas ultrapassando 20 metros de altura, único na costa uruguaia e com mais de 3.000 anos de antiguidade.



O cabo rochoso separa as duas praias do balneário de Cabo Polonio. Ao norte, está a Playa La Calavera, que se estende por cerca de 7 quilômetros até o Arroyo Valizas. Também conhecida como Playa Norte, é uma área onde se permite a pesca esportiva e onde é possível observar os barcos da pesca artesanal retornando após longas jornadas no mar.


No lado oposto da formação rochosa, encontra-se a Playa Sur, que se estende por mais de 50 quilômetros de litoral preservado, cercado por vegetação nativa e com mar agitado, ideal para a prática do surfe.


Uma curiosidade relacionada à Playa La Calavera envolve o conde Adrien de Gerlache, nascido na Bélgica em 1866, líder da primeira expedição à Antártica que conseguiu passar um inverno completo na região, no final do século XIX. Seu navio, a fragata “Bélgica”, ancorou no Cabo Polonio, nas proximidades da Playa La Calavera, para se proteger dos ventos fortes. Os cientistas a bordo aproveitaram a ocasião para desembarcar, estudar a área e esboçar mapas locais.


Estudos baseados em vestígios encontrados indicam que os lobos-marinhos chegaram à região de Cabo Polonio ainda no período Pleistoceno, há cerca de 2 milhões de anos. Atualmente, os grupos presentes no Parque Nacional Cabo Polonio são formados por duas espécies que convivem em harmonia: o lobo-marinho-sul-americano e o lobo-marinho-antártico.



Durante o período reprodutivo, entre novembro e dezembro, esses animais formam grupos nos quais cada macho mantém um verdadeiro harém, composto por até quinze fêmeas. Eles defendem seus territórios movendo-se rapidamente em direção às fronteiras e, se necessário, empurrando ou mordendo outros indivíduos. Os que não formam pares se reúnem em grupos, enquanto os mais jovens frequentemente interferem nas atividades reprodutivas dos adultos.


Durante os meses de verão, as colônias tornam-se extremamente barulhentas, e mães e filhotes se reconhecem pelos sons que emitem. Cabo Polonio abriga aproximadamente metade das populações de focas e leões-marinhos do Uruguai, além de uma das maiores colônias de leões-marinhos da América do Sul, sendo um dos poucos lugares do mundo onde é possível observá-los tão de perto, em seu ambiente natural.


Além dos lobos e leões-marinhos, o Parque Nacional de Cabo Polonio abriga diversas formas de vida prioritárias para o SNAP, incluindo animais ameaçados ou em perigo de extinção, como o Sapinho-de-Darwin. A região também é lar de organismos vegetais e animais com distribuição restrita, além de receber espécies migratórias de relevância tanto regional quanto global, como andorinhas-do-mar, baleias-francas e tartarugas-verdes.


O Parque Nacional Cabo Polonio abrange ainda áreas fundamentais para o ciclo anual de crustáceos de interesse comercial, como camarão-rosa, camarão-marinho e camarão-do-mar, além de zonas essenciais para a reprodução e alimentação de mais de 47 espécies de peixes, entre elas tubarão-gato, robalo e abrótea.




Após a adrenalina inicial diminuir e explorarmos boa parte dos caminhos rochosos de Cabo Polonio, o relógio já marcava além do meio-dia. Decidimos, então, procurar um local ideal para fazer um piquenique e apreciar, de um ponto privilegiado, a área da Lobería de Cabo Polonio onde se concentrava o maior número de mamíferos marinhos.



Dedicamos o restante da tarde a absorver toda a energia do Parque Nacional Cabo Polonio, observando em silêncio a impressionante quantidade de vida presente nesse cenário paradisíaco e nos maravilhando com tamanha beleza natural.


Antes de nos despedirmos desse santuário ecológico, registramos uma foto ao lado da escultura “Guyunusa, la última mujer charrúa”, criada pelo artista plástico Diego Kroger. A obra homenageia María Micaela Guyunusa, mulher indígena nascida em 1806, no atual departamento uruguaio de Paysandú.

Posteriormente, ao pesquisarmos sobre sua história, descobrimos que Guyunusa, juntamente com Senaqué, Tacuabé e o cacique Vaimaca Perú, foi uma das quatro únicas pessoas charruas sobreviventes ao massacre ocorrido em 1831 pelo exército de Fructuoso Rivera. Após serem aprisionados, foram vendidos e levados a Paris, onde passaram a ser exibidos como curiosidade em um circo. Guyunusa faleceu em 18 de julho de 1834, aos 27 anos. Esses quatro indígenas são reconhecidos na literatura e na história internacional como os últimos charrúas.

Durante a caminhada de volta ao terminal da Vila de Cabo Polonio, fomos presenteados com uma cena inesquecível: duas imponentes e esbeltas baleias-francas-austrais emergiam suavemente das águas do Oceano Atlântico, seguindo em direção ao norte. Embora não tenhamos conseguido fotografá-las, a visão desses animais emblemáticos nos arredores de Cabo Polonio ficará eternamente gravada em nossa memória.

Com o fim do dia se aproximando e acompanhados por um deslumbrante pôr do sol, embarcamos no último caminhão, deixando para trás o encantador Parque Nacional Cabo Polonio. Já durante a noite fria e estrelada, voltamos a rodar com a Formosa pela Ruta 10, agora em direção ao sul, chegando rapidamente a La Paloma e seguindo direto para a aconchegante Cabana Mexicana.

Acima, o mapa com o trajeto percorrido no dia entre La Paloma e o Parque Nacional Cabo Polonio.

Oba! Já são 2 comentários nesta postagem!
Parabéns pelas lindas fotos…
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