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Viagem de Moto de Erechim a Sertão (RS): Conheça a Terra das Altas Produtividades Agropecuárias
1 de Janeiro, 2022
Conheça Sertão (RS), a "Terra das Altas Produtividades Agropecuárias", em uma viagem de moto pelo norte do Rio Grande do Sul partindo de Erechim. Explore capelas, estações ferroviárias, praças e o campus do IFRS no distrito de Engenheiro Luiz Englert.
Iniciar o ano com uma viagem de moto pelas estradas do norte do Rio Grande do Sul foi a oportunidade perfeita para explorar paisagens rurais, cidades tranquilas e destinos pouco conhecidos da região. Partindo de Erechim pela RS-135, percorremos alguns quilômetros até chegar a Sertão (RS), a “Terra das Altas Produtividades Agropecuárias”. Ao longo do trajeto, visitamos capelas, antigas estações ferroviárias, praças acolhedoras e o campus do IFRS no distrito de Engenheiro Luiz Englert, reunindo história, cultura e belas paisagens em um passeio leve, agradável e cheio de descobertas.

Nada melhor do que iniciar um novo ano com uma viagem de moto! No ensolarado dia 1º de janeiro de 2022, aproveitamos a temperatura agradável da tarde para dar início ao primeiro passei do ano. Colocamos os capacetes, subimos na Formosa e seguimos rumo às estradas do norte gaúcho.

Saímos de Erechim (RS) pela rodovia RS-135, uma das vias mais utilizadas da região para quem segue em direção ao sul.

A RS-135 desempenha um papel essencial na infraestrutura regional, conectando Erechim a Passo Fundo (RS). Ela é paralela à BR-153, conhecida como Rodovia Transbrasiliana, mas enquanto a RS-135 é asfaltada neste trecho, a BR-153 ainda mantém a condição de estrada de terra.

Seguimos em meio a um tráfego moderado, composto especialmente por carros de passeio, e logo contornamos a cidade de Getúlio Vargas (RS).

Getúlio Vargas (RS) destaca-se pelo forte desenvolvimento agroindustrial e pelo legado cultural deixado pelos imigrantes italianos que colonizaram a área no início do século XX. A cidade é reconhecida por sua organização urbana, pela economia dinâmica e por eventos que celebram a gastronomia e a produção rural, como a Suinofest.


Alguns quilômetros adiante, chegamos ao trevo que dá acesso a Sertão (RS), a cidade escolhida para explorar no dia, conhecida como a “Terra das Altas Produtividades Agropecuárias”, título que reflete sua vocação agrícola e sua relevância na produção de grãos.

Logo ao passar pelo pórtico de entrada, fizemos nossa primeira parada para registrar a charmosa Capela Santo Antônio, construída em 1916.

Pequena e acolhedora, ela marca a chegada à cidade gaúcha de Sertão e compõe bem o cenário típico das comunidades rurais do norte gaúcho.

A história de Sertão está profundamente ligada ao avanço da estrada de ferro no Rio Grande do Sul. No início do século XX, com a construção da ferrovia que conectava o estado ao Porto de Santos, diversas famílias de imigrantes italianos deixaram as antigas colônias da Serra Gaúcha, já saturadas e com pouca oferta de terras disponíveis.

Buscando novas áreas férteis, seguiram para as chamadas Colônias de Cima da Serra, onde hoje se situam vários municípios do norte do estado, entre eles, Sertão.

Na época, o local era dominado por uma densa mata de araucárias, árvore símbolo da região e de grande importância cultural para povos indígenas que a chamavam de curi. A expressão “sertão”, usada para designar áreas de floresta profunda afastadas do litoral, acabou dando nome ao povoado que se formava.

Com o avanço do tempo, a maior parte dessa mata foi substituída por áreas de cultivo, especialmente voltadas ao milho e ao trigo, base do desenvolvimento econômico local. Mesmo assim, alguns fragmentos de vegetação nativa resistiram e se tornaram áreas de preservação.


Esses remanescentes deram origem ao Parque Natural Municipal de Sertão, criado no início dos anos 2000 como forma de proteger o pouco que restava da cobertura original.

Somando 590 hectares divididos em dois grandes fragmentos, o Parque Natural Municipal de Sertão é hoje a segunda maior área de vegetação nativa do Alto Uruguai Gaúcho e uma referência em conservação na região, contribuindo para a preservação da fauna e flora típicas da mata com araucárias.

Depois de fotografar a Capela Santo Antônio, seguimos para o centro da cidade para visitar a Paróquia São José, um dos principais marcos religiosos de Sertão (RS).


Paróquia São José – Igreja Matriz de Sertão (RS)
Inaugurada em 1959, a Paróquia São José – Igreja Matriz de Sertão (RS) se destaca no cenário urbano da pequena cidade do norte gaúcho.
Como chegar
Mapa e roteiro de como chegar na Paróquia São José – Igreja Matriz de Sertão (RS) partindo do centro de Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil:
Contatos da Paróquia São José – Igreja Matriz de Sertão (RS)
- Endereço: Avenida Brasil, 1102 – Centro | Sertão – Rio Grande do Sul – Brasil
- Telefones: (54) 99930-5789 | (54) 99305-7893
- E-mail: saojosesertao@arquidiocesedepassofundo.com.br
Horários de Funcionamento
- Segunda a sexta: das 9h às 12h e das 13h30 às 17h30
Valores de Ingresso
- Público em geral: Gratuito
Recomendamos verificar as tarifas antes da sua viagem, pois os valores podem ser alterados a qualquer momento.
Tempo Médio de Visitação
- 30 minutos


A arquitetura simples da Paróquia São José, porém imponente, reflete a tradição católica que acompanhou os colonos desde os primórdios da formação do município.

O projeto arquitetônico da atual Igreja Matriz de Sertão foi concebido por Antônio Boran, natural de Passo Fundo (RS). A pedra fundamental foi lançada em 1957 e, embora a inauguração tenha ocorrido em 15 de março de 1959, a obra foi concluída apenas em 1967.


Poucos metros adiante está a antiga Estação Ferroviária de Sertão, inaugurada em 1910 e responsável por impulsionar o desenvolvimento local.


Parte da Linha Marcelino Ramos – Santa Maria, ela desempenhou papel central no escoamento da madeira extraída das matas da região. Naquela época, a ferrovia era o elo entre pequenas comunidades do interior e os grandes centros consumidores, tornando-se um elemento essencial para o crescimento econômico do norte gaúcho.

Além do transporte de madeira, a estação ajudou a consolidar povoados ao longo de seu trajeto, gerando comércio, empregos e movimentação diária. Por isso, muitas das cidades da região ainda preservam estruturas ferroviárias como símbolo de origem e identidade.


Deixando a antiga estação ferroviária, seguimos até a Praça Ernani Emílio Herrmann, situada na área central da cidade.


A praça central de Sertão carrega o nome de Ernani Emílio Herrmann, figura conhecida por sua atuação comunitária e pela contribuição ao desenvolvimento local.



Enquanto estacionávamos a Formosa, vimos várias famílias chegando com cuias de chimarrão, garrafas térmicas e potes de pipoca, um costume profundamente enraizado no cotidiano gaúcho.


A praça, ampla, arborizada e bem conservada, parecia o cenário perfeito para desfrutar do fim de tarde em comunidade.

Após uma breve caminhada pelo local, despedimo-nos do centro de Sertão (RS) e voltamos para perto da Capela Santo Antônio, onde encontramos uma área sombreada ideal para descansar e fugir do calor.


Foi ali que a Sayo avistou uma palmeira repleta de butiás, o que rendeu mais uma pausa, desta vez para colher e saborear a pequena fruta típica da região.



Com os bolsos cheios de butiás, a Sayo deu vida à expressão gaúcha “de cair os butiá do bolso”, usada geralmente para indicar surpresa, mas que, naquele momento, assumiu um sentido literal e divertido.


O butiá, comum no sul do Brasil, integra a paisagem campestre e carrega relevância cultural na gastronomia regional. Seus frutos, antes amplamente utilizados em sucos, licores e doces, vêm sendo objeto de iniciativas de preservação, já que muitos butiazais desapareceram ao longo das décadas, principalmente devido à expansão agrícola.


Além de saborear os butiás frescos, comemos algumas roscas de polvilho que havíamos levado e nos refrescamos com um tereré gelado, nosso companheiro constante nas viagens de verão.


Descansados e hidratados, retomamos a viagem pela RS-135, seguindo alguns quilômetros em direção ao sul.


Esse trecho da estrada revela paisagens que representam bem o município: campos cultivados, áreas de mata remanescente e propriedades rurais que evidenciam a importância da agricultura familiar na região. O cenário reforça como o norte do estado combina tradição agrícola com resquícios da vegetação nativa, compondo um mosaico típico do Alto Uruguai.



Pouco depois, chegamos ao trevo que leva ao Campus Sertão do IFRS (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul), localizado no Distrito de Engenheiro Luiz Englert.


A estrada estreita que conecta a rodovia ao campus passa por áreas de belas paisagens rurais, com vista para campos e pequenas comunidades que cercam o distrito.


O campus teve origem em 1957 como Escola Agrícola de Passo Fundo, começando suas atividades em 1963. Transformou-se em Escola Agrotécnica Federal de Sertão em 1979 e, em 2008, passou a integrar o IFRS, consolidando-se como referência na formação técnica e profissional voltada ao setor agropecuário.


Hoje o campus se destaca por projetos de pesquisa, atividades de extensão e iniciativas voltadas à inovação rural.



A instituição recebe estudantes de várias cidades e contribui diretamente para o desenvolvimento regional por meio de cursos que vão do ensino médio técnico à pós-graduação.



O Distrito de Engenheiro Luiz Englert se formou ao redor da estação ferroviária criada em 1934, quando a exploração da madeira na região estava em seu auge.



Esse modelo de povoamento foi comum em diversas áreas do estado, criando pequenas comunidades lineares que prosperaram a partir da ferrovia.




Fizemos uma parada para fotografar a antiga Estação Experimental de Passo Fundo, inaugurada em 1937, uma construção elegante e bem preservada.



A Estação Experimental teve papel importante no desenvolvimento agrícola da região ao realizar pesquisas sobre manejo de solo, melhoramento de sementes e técnicas de cultivo adaptadas ao clima do norte gaúcho. Tais instituições desempenharam papel decisivo no aumento da produtividade rural ao longo do século XX, contribuindo para transformar o estado em referência nacional na produção de grãos.



Hoje o prédio é utilizado pelo Instituto Federal, que ressignificou a estrutura histórica ao integrá-la às atividades de ensino e pesquisa. Essa revitalização mantém viva a memória da antiga Estação Experimental, ao mesmo tempo em que dá nova utilidade ao espaço.



O local estava silencioso, interrompido apenas pelo canto de pássaros que voavam entre as árvores próximas. Aproveitamos para tirar algumas fotos com calma e contemplar a tranquilidade do ambiente, que contrastava com a movimentação da rodovia poucos quilômetros adiante.




A sensação de paz típica do interior reforça o porquê de viagens curtas como essa serem tão agradáveis: elas unem descoberta, história e pausa mental em meio à rotina acelerada.


Sertão (RS), que atualmente possui cerca de 5.000 habitantes, está situado a 666 metros de altitude e tornou-se município em 1963. Pequeno, mas acolhedor, preserva características de cidade interiorana, com forte ligação com a agricultura e um cotidiano que combina simplicidade e tradição.



Com o entardecer se aproximando, voltamos à RS-135 e seguimos rumo ao norte, iniciando o retorno a Erechim (RS).


A luz dourada típica do fim de tarde de verão iluminava os campos ao redor, proporcionando uma viagem tranquila e visualmente bonita. Para quem anda de moto, esse é um dos melhores momentos do dia: vento mais fresco, céu colorido e pouco movimento na estrada.



Pouco antes do pôr do sol, chegamos novamente à “Capital da Amizade”, Erechim (RS), encerrando assim o primeiro rolê do ano.

Acima o mapa com o trajeto percorrido no dia entre Erechim – RS e Sertão – RS.

Oba! Já são 4 comentários nesta postagem!
Começando bem 2022 com lindas fotos e cenário natural maravilhoso. Se eu fosse vocês, voltaria para Sertão para fotografar a Paróquia São José de dentro para fora, pois os vitrais da construção deve ficar com um colorido daqueles. hehehe….
E.T.: gostei do “foguetinho” no novo layout.
Abraços !
Valeu Fernando. Verdade, deve dar um efeito incrível, infelizmente ambas igrejas estavam fechadas durante nossa passagem :/
Ficou bacana o foguetinho né hahaha tentamos deixar o blog mais animado e descontraído. Abraços…
Valeu por mais uma carona, por lugares diferentes e trazendo informações precisas e históricas regionais e seus costumes.. parabéns pelas belas fotos..
Obrigado por nos acompanhar e comentar ;) abraços…
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