Brasil • Expedição 2021: Guartelá - Iguaçu
Viagem de Moto de Foz do Iguaçu (PR) a Erechim (RS): Estradas, Histórias e Paisagens pelo Sul do Brasil
10 de Abril, 2021
Embarque em uma viagem de moto entre Foz do Iguaçu (PR) e Erechim (RS), cruzando três estados do Sul do Brasil. Conheça a inspiradora história do lendário "Pedal de Prata" em Ampére (PR) e experimente os primeiros pinhões da temporada.
Em nosso último dia da Moto Expedição 2021: Guartelá – Iguaçu, percorremos o trajeto entre Foz do Iguaçu (PR) e Erechim (RS) em uma viagem marcada por belas paisagens, boas estradas (e outras nem tanto), além de momentos e histórias inesquecíveis. Entre pedágios, curvas e paradas interessantes, como o encontro com a história do lendário “Pedal de Prata” em Ampére (PR) e o sabor dos primeiros pinhões da temporada em Renascença (PR), cruzamos os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, encerrando mais uma longa viagem sobre duas rodas com a satisfação de quem vive intensamente o prazer de viajar de moto pelo Brasil.

O último dia da Moto Expedição 2021: Guartelá – Iguaçu começou com um nascer do sol radiante, anunciando condições perfeitas para seguir viagem de Foz do Iguaçu até Erechim, no Rio Grande do Sul.

Logo ao amanhecer, tomamos o café da manhã, organizamos as bagagens na Formosa e colocamos nossos equipamentos de viagem. Partimos de Foz do Iguaçu (PR), cidade famosa pelas Cataratas do Iguaçu e pela imponente Usina de Itaipu Binacional, nas primeiras horas da manhã.

Seguimos pela BR-277, rodovia que cruza o Paraná de oeste a leste, conectando a fronteira com o Paraguai ao Porto de Paranaguá. Com tempo firme, temperatura agradável e pouco movimento na estrada duplicada, o início da viagem foi tranquilo e prazeroso.

Após o pedágio de Santa Terezinha de Itaipu, conhecido pelo valor elevado, chegamos rapidamente a Matelândia (PR), onde a rodovia volta a ser pista simples.



Em Céu Azul, mais um pedágio à concessionária responsável pela via. Logo depois, deixamos a BR-277 e acessamos a BR-163, uma das principais rodovias federais do Brasil.


A BR-163 é uma rota estratégica para o país. Com mais de 3.500 quilômetros de extensão, liga Tenente Portela (RS) a Santarém (PA), cortando o Brasil de sul a norte e servindo de eixo logístico essencial para o escoamento da produção agrícola.


O trecho da BR-163 entre o entroncamento com a BR-277 e a cidade de Lindoeste (PR) é totalmente duplicado, oferecendo uma condução segura e bem sinalizada.


Ao entrar em Lindoeste, a rodovia volta a ser pista simples. Atravessamos a cidade, bem cuidada e com canteiros floridos que dão um charme especial ao trajeto.




Mas, nem tudo são flores. Logo depois, a viagem ficou mais exigente. A BR-163 passou a apresentar buracos, desníveis e ondulações, além de tráfego intenso de caminhões, o que exigiu atenção redobrada, condução mais cautelosa, e uma boa dose de paciência.



O que mais chama a atenção nesse trecho é a contradição: ao lado da pista deteriorada, há uma via nova e aparentemente pronta, mas ainda fechada ao tráfego. Essa situação, sem explicações públicas, causa estranhamento a quem passa pelo trecho.




Essa condição não é recente. Desde fevereiro de 2020, quando viajamos a Presidente Franco e Ciudad del Este, no Paraguai, o problema já existia. Quase dois anos depois, nada havia mudado, um exemplo claro da lentidão nas melhorias da infraestrutura rodoviária regional.





Diante das más condições da pista, reduzimos a velocidade e seguimos com cautela. Cada quilômetro exigia atenção redobrada, mas, aos poucos, fomos vencendo o trecho complicado.




Depois de muito sacolejar e até raspar as partes inferiores da Formosa em alguns desníveis, finalmente avistamos a ponte sobre o Rio Iguaçu. A cena trouxe alívio, era o sinal de que estávamos deixando para trás o pior pedaço da estrada.





Ao cruzar o rio, entramos no município de Realeza (PR). Poucos quilômetros adiante, chegamos ao trevo que marca a saída da BR-163 e o início da PR-182, uma rodovia estadual em bem melhor estado.




Com a Formosa rodando mais solta e o asfalto em boas condições, seguimos rumo a Ampére, onde paramos no Posto São Cristóvão para abastecer, alongar as pernas e nos reidratar antes de seguir viagem.


Durante a parada, uma cena curiosa chamou atenção: uma bicicleta pendurada sobre a entrada da loja de conveniência, acompanhada de uma placa em homenagem a Manoel Machado da Silva, o famoso “Pedal de Prata”.



Manoelito Silva, como era popularmente conhecido, nasceu em um circo itinerante no interior do Rio Grande do Sul. Sua mãe, de origem portuguesa, faleceu no parto, e ele foi criado pela própria trupe circense.


Foi nesse ambiente que descobriu a paixão pelo ciclismo. Aos 20 anos, decidiu desbravar o Brasil e a América Latina sobre duas rodas. Sua resistência física e mental o tornou conhecido por pedalar 62 horas sem parar em uma competição extrema, conquista que lhe rendeu o apelido “Pedal de Prata”.


Em 1980, Manoelito Silva começou a registrar todas as distâncias percorridas. Em 2005, completou 201.000 quilômetros pedalados, marca atingida justamente neste posto de Ampére (PR). O feito foi reconhecido pelo Guinness Book, garantindo-lhe um lugar entre os recordistas mundiais.



Depois da pausa, seguimos por estradas tranquilas até Francisco Beltrão e Marmeleiro. Em Renascença (PR), um detalhe simples chamou atenção: um pequeno mercadinho à beira da estrada com uma placa escrita “Pinhão Cozido”.


Voltamos alguns metros e paramos. Era o primeiro pinhão da temporada, e a parada valeu a pena.

O pinhão, semente da araucária (Araucaria angustifolia) conhecida popularmente como pinheiro-do-paraná, é um alimento tradicional do Sul do Brasil e símbolo das regiões de clima serrano. Rico em calorias, fibras, minerais e ácidos graxos saudáveis (como o ômega 6), o pinhão é tido como um alimento de alto valor nutricional e se destaca por seus benefícios à saúde.

É uma iguaria típica do outono e inverno, muito versátil, sendo utilizado como ingrediente em uma infinidade de receitas. Pode ser consumido cozido, assado ou sapecado, método tradicional em que os pinhões são assados diretamente sobre brasas de ramos secos da araucária, adquirindo sabor levemente defumado.



Com o estômago satisfeito pelos deliciosos pinhões, voltamos à estrada, prontos para os últimos quilômetros do dia.




Em Vitorino (PR), acessamos a PR-158 e, após poucos quilômetros, cruzamos a divisa entre Paraná e Santa Catarina.


No estado catarinense, seguimos pela sinuosa SC-157, passando por São Lourenço do Oeste, Novo Horizonte, Formosa do Sul, Quilombo e Coronel Freitas, até chegar a Chapecó no final da tarde.


Ao entrar em Chapecó, tida como a “Capital do Oeste Catarinense”, o céu azul deu lugar a nuvens carregadas, prenunciando chuva. Seguimos pela BR-480, já atentos à mudança do clima.


No distrito de Goio-Ên, na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, fizemos uma breve parada para comer algumas bergamotas frescas.



A partir dali, entramos no trecho final da Moto Expedição 2021: Guartelá – Iguaçu, com o sentimento de dever cumprido e gratidão por toda a experiência vivida ao longo dos últimos dias.


Já em solo gaúcho, começou uma corrida contra o tempo. A chuva vinha logo atrás, e nós acelerávamos o suficiente para tentar escapar. Cada quilômetro era uma disputa silenciosa com as nuvens que se aproximavam.


Sem tempo para pausas, seguimos direto até Erechim (RS). No início da noite, após 2.316 quilômetros rodados em 10 dias, estacionamos a Formosa, ainda seca, na garagem de casa.



Poucos minutos depois, a campainha tocou: era a chuva chegando. Desta vez, diferente da Moto Expedição 2020: Belas Rotas, ela não nos pegou na estrada. Encerramos a longa viagem de moto com o som da chuva batendo do lado de fora e a satisfação de mais uma viagem concluída com segurança e muitas histórias para contar.

Acima o mapa com o trajeto percorrido no dia, durante a viagem de Foz do Iguaçu – PR a Erechim – RS.
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