Aparecida • Brasil • Cunha • Expedição 2020: Belas Rotas • Paraty • Rio de Janeiro • São Paulo
Dia 15: Paraty – RJ a Aparecida – SP
12 de Novembro, 2020Após o café da manhã carregamos a Formosa e nos despedimos do centro de Paraty – RJ.
Partimos pela Rodovia Rio-Santos sentido norte tendo como objetivo conhecer a Cachoeira do Iriri, ainda em terras do município fluminense.
Rodamos cerca de 30 quilômetros até chegar na entrada da Aldeia Indígena Pataxó, onde fica a cachoeira.
Infelizmente a entrada da aldeia estava fechada por uma corrente e, como não encontramos nenhuma pessoa por ali, fizemos o retorno e voltamos pelo mesmo trajeto da ida.
De volta no trevo principal de Paraty acessamos a RJ-165 sentido oeste.
Percorremos menos de 8km pela rodovia estadual até chegar no estacionamento que dá acesso à Cachoeira do Tobogã e ao Poço do Tarzan.
De frente para o estacionamento fica a Igreja Nossa Senhora da Penha.
A pequena capela, que foi construída sobre uma grande pedra, guarda a entrada da trilha.
Após conhecer a igreja seguimos pela breve trilha em meio à Mata Atlântica e logo chegamos na Cachoeira do Tobogã, também conhecida como Cachoeira da Penha ou ainda Cachoeira do Escorrega.
No local diversas pessoas se divertiam escorregando pela lisa rocha de aproximadamente 20 metros de altura por onde a água desce rapidamente até atingir uma piscina natural.
O local é tão conhecido que chega a sediar campeonatos de surfe na pedra em determinadas épocas do ano.
A ideia de se aventurar pelo escorregador natural passou pela cabeça até nos darmos conta que mal conseguíamos ficar em pé no calçamento pé-de-moleque do centro histórico de Paraty, imagina em uma rocha lisa e molhada.
Sem banho, seguimos caminhando pela trilha que ladeia a Cachoeira do Tobogã.
Na parte alta conseguimos avistar o rio que segue pelas pedras criando vários poços e pequenas quedas d’água, antes de formar o tobogã natural.
Aos fundos fica o Poço do Tarzan, outra piscina natural formada por uma pequena, mas bela, cascata.
Ali existe uma ponte pênsil que cruza por cima do rio e segue até um barzinho rústico.
Pois bem, cachoeira e poços conhecidos, voltamos a rodar pela RJ-165.
Aos poucos a estrada foi ficando mais estreita, sinuosa e íngreme, maravilha!
Em meio à densa floresta da Serra do Mar o pavimento repentinamente deixou de ser asfaltado a passou a ser de paralelepípedo.
Neste momento adentramos na Estrada Parque Paraty-Cunha, uma das estradas mais bonitas do país, a qual cruza parte do Parque Nacional da Serra da Bocaina.
Por ser uma estrada parque existe restrição de horário de circulação, a qual só é permitida das 7h00 às 17h00.
Ao passo que ganhávamos altitude uma densa neblina vinha ao nosso encontro.
Com a atenção redobrada, devido à baixa visibilidade, seguimos pela estrada que foi a única ligação terrestre de Paraty a outros municípios até a construção da Estrada Rio-Santos, na década de 1970.
Em boa parte do percurso a RJ-165 segue o traçado original da antiga Estrada Real do Caminho do Ouro (Caminho Velho), que ligava as lavras auríferas mineiras com o Porto de Paraty, o único liberado para a saída deste produto pela coroa portuguesa na época.
Em questão de minutos vencemos os aproximados 10 quilômetros da Estrada Parque Paraty-Cunha.
E, ao atingir o alto da Serra do Mar em uma altitude superior a 1.515 metros acima do nível do mar, a neblina ficou para trás e o azul do céu começou a aparecer timidamente em meio à densas nuvens.
Exatamente no fim da estrada parque fica a divisa entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo.
Após a pausa para fotografar a Formosa ao lado da placa indicando a divisa de estados voltamos a rodar pela Estrada Paraty-Cunha, que no estado paulista volta a ser asfaltada e recebe o nome de Rodovia Vice-Prefeito Salvador Pacetti, ou simplesmente SP-171.
Achamos curioso (ou seria ironia do destino) o nome de uma rodovia que leva o número 171 ser em homenagem a um político.
Enfim, poucos quilômetros após entrar em São Paulo passamos ao lado da Cachoeira do Mato Limpo.
A bela e alta queda d’água forma um pequeno poço para banho aos seus pés.
E fica bem ao lado da pista, de frente para um dos inúmeros marcos da Estrada Real.
Na sequência voltamos a viajar pela Paraty-Cunha, que neste trecho já não é mais tão íngreme quanto no percurso da estrada parque, mas segue bastante sinuosa e cercada por uma linda paisagem.
Aos poucos as cinzentas nuvens foram tomando conta do céu.
Até que diversos pontos de chuva surgiram no horizonte.
Após muitas curvas fechadas e várias torcidas para a próxima curva ser para o lado oposto da chuva, chegamos em Cunha (antes da chuva).
Acessamos a cidade, que recebe o título de estância climática, estacionamos a Formosa nos arredores da Praça Cônego Siqueira e partimos caminhar por seu centro.
O primeiro atrativo que visitamos foi a Igreja de Nossa Senhora da Conceição.
A matriz da cidade foi construída em 1731 e passou por diversas reformas no decorrer dos anos.
Um episódio marcante em sua história ocorreu em 1932, quando a cidade de Cunha tornou-se palco de batalha na Revolução Constitucionalista e a igreja foi bastante alvejada.
O templo religioso, um exemplo do barroco paulista, é tombado como Patrimônio Histórico e Cultural.
Atualmente seu interior, que é composto por altares e imagens talhados em madeira, está passando por reformas.
Bem pertinho da igreja fica o Mercado Municipal.
Mercado Municipal de Cunha
Local: Rua Dom Lino, 118 | Centro | Cunha – SP
Telefone: (12) 3111-2663
Funcionamento: Segunda a sábado das 7h30 às 17h30 | Domingo das 7h30 às 12h00
Ingresso: Gratuito
Tempo médio de visitação: 30 minutos
Construído em 1913, o popular mercado de Cunha dispõem de diversos produtos regionais à venda, que vão desde frutas, doces e pimentas até botas, chapéus e aguardentes.
Com algumas balas de coco no bolso e mordiscando uma cocada deixamos o local.
Poucos passos depois passamos pela prefeitura municipal.
E na sequência pelo Casarão Osmar Felipe.
O antigo casarão colonial com as cores azul e branco, lindas varandas e janelões, ostenta diversos abacaxis em sua fachada.
Vimos o mesmo em algumas edificações em Paraty, e a exposição de tal fruta tem um significado.
No período colonial os abacaxis eram um símbolo de riqueza e prosperidade, indicando que naquela casa morava alguém da nobreza, pois a fruta é amarela como o ouro e tem uma coroa como um rei.
Cunha tem atualmente cerca de 20.000 habitantes e fica em uma ferradura formada pelas Serras do Mar, Bocaina e Quebra-Cangalha.
A cidade é a Capital Brasileira do Fusca, contando com mais de 1.300 exemplares do veículo licenciados no município.
Caminhando pelas estreitas ruas da cidade, repletas de fusquinhas, seguimos até a Igreja do Rosário e São Benedito.
Tombada como Patrimônio Histórico e Cultural, a igreja foi construída para os escravos e brancos pobres em 1793.
Como ela só é aberta ao público em dias de festas, o que não era o caso hoje, suas portas estavam fechadas.
Ao seu lado fica a Praça do Rosário.
Que conta com um pequeno mirante com uma vista privilegiada da região.
E abriga uma estátua em homenagem ao poeta e compositor da cidade, Benedito José Monteiro.
Na sequência fomos ao encontro da Formosa, com a qual voltamos a percorrer a área central de Cunha.
Passamos pela Casa do Artesão.
E fomos visitar o Atelier de Cerâmica Suenaga & Jardineiro, afinal, a cidade não é apenas a Capital Nacional do Fusca, mas também a Capital Nacional da Cerâmica Artística.
Atelier de Cerâmica Suenaga & Jardineiro
Local: Rua Doutor Paulo Jarbas da Silva, 150 | Mantiqueira | Cunha – SP
Telefone: (12) 3111-1530
E-mail: ateliesj@uol.com.br
Site: http://www.ateliesj.com.br/
Funcionamento: Todos os dias das 9h00 às 18h00
Ingresso: Gratuito
Tempo médio de visitação: 30 minutos
O casal nipo-brasileiro Kimiko Suenaga e Gilberto Jardineiro montou seu próprio forno Noborigama e ateliê de cerâmica no ano de 1985.
Trazido do Japão, o forno Noborigama foi introduzido em Cunha em 1975 com a chegada de artistas japoneses e portugueses.
Noborigama é uma técnica de produção de cerâmica feita através de forno a lenha com câmaras interligadas que conseguem atingir temperaturas superiores a 1.300 graus centígrados.
Seu nome significa “Forno que sobe” (nobori = rampa e gama = forno), o que explica seu formato de escada.
Nesta técnica a queima com lenha resinosa de eucalipto reflorestado pode levar até 27 horas seguidas, com fogo de lenha grossa no esquente inicial, lenha média para levantar a temperatura na fornalha e lenha fina para atingir o ponto de fusão dos esmaltes nas câmaras.
O controle do nível da brasa e o ritmo de alimentação afetam a oxidação ou redução da atmosfera de queima, incorporando elementos aleatórios na cristalização e definição surpreendente das tonalidades dos esmaltes, diferentes a cada queima.
A abertura da fornada é um momento culminante da retirada das cerâmicas das câmaras após a queima e esfriamento lento de 3 dias, sempre coroada de surpresas, júbilo e encantamento compartilhado.
Entre os mais de vinte Noborigamas espalhados pelo Brasil, seis estão em atividade em Cunha.
Hoje a cidade é um polo de cerâmica no Brasil e na América do Sul, sua produção mescla influência oriental, portuguesa e indígena, com peças de alta e baixa temperatura.
As peças, que se misturam entre decoração e objetos para uso geral, são incrivelmente lindas.
Ao se despedir do Atelier Suenaga & Jardineiro a chuva resolveu dar o ar da graça, vestimos então as discretas capas e partimos de Cunha pela SP-171.
Após percorrer aproximadamente 50 quilômetros pela sinuosa rodovia estadual chegamos em Guaratinguetá, onde acessamos a BR-116.
Percorremos poucos quilômetros pela Rodovia Presidente Dutra, ou Via Dutra, até chegar em Aparecida.
Debaixo de chuva acessamos a cidade que é popularmente chamada de Aparecida do Norte, em razão da construção da Estrada de Ferro do Norte (Estrada de Ferro São Paulo e Rio de Janeiro).
Com o fim do dia se aproximando, partimos em busca de um hotel.
Molhados e cansados o Google Maps decidiu nos pregar uma peça e nos fez percorrer praticamente todo o centro da cidade em zigue-zague.
Após o inesperado tour finalmente chegamos ao local de pernoite, de onde conseguimos ter uma bela vista do local que vamos conhecer amanhã, o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida.
Trajeto percorrido no dia:
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