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Descubra a Estrada da Graciosa e os Encantos de Morretes e Antonina no Paraná
4 de Novembro, 2020Devende a beleza da Estrada da Graciosa e os encantos dos centros históricos de Morretes e Antonina, no Paraná. Explore arquitetura colonial, igrejas históricas e a rica cultura local em uma jornada inesquecível.
No sétimo dia da Moto Expedição 2020: Belas Rotas, a expectativa é alta. O itinerário do dia está meticulosamente planejado para aproveitarmos ao máximo a histórica Estrada da Graciosa, permitindo uma viagem de moto segura e tranquila. Além disso, o roteiro inclui visitas ao centro histórico das cidades paranaenses de Morretes e Antonina, seguido pelo retorno pela serra, encerrando o dia onde começamos: Quatro Barras – PR, tornando esta a primeira vez na viagem em que iniciamos o dia tendo o destino de pernoite definido com antecedência.
Logo após o café da manhã, preparamo-nos para o dia vestindo capas de chuva. Curiosamente, desta vez, não é a chuva que nos motiva a nos agasalhar, apesar das nuvens carregadas que pairam sobre Quatro Barras sinalizarem que ela pode surgir a qualquer momento. Hoje, é o frio que nos leva a buscar uma camada extra de proteção, preparando-nos para enfrentar as temperaturas mais baixas enquanto exploramos a região.
Por ser um dia de bate e volta, hoje tivemos a vantagem de não precisar carregar as bagagens na Formosa. Esse descanso da rotina diária de empacotar e desempacotar equipamentos é um alívio bem-vindo, permitindo-nos focar totalmente na experiência do dia sem o peso extra.
Inicialmente, a tarefa de carregar a bagagem na motocicleta pode ser um pouco demorada e exigir paciência extra. No entanto, conforme a viagem progride, essa atividade se torna quase automática. Cada item passa a ter seu lugar específico no alforje, e com o tempo, tudo parece se encaixar com perfeição. Este processo de aprimoramento é um reflexo da adaptação e aprendizado que ocorrem em qualquer jornada prolongada.
Com tudo pronto, partimos do centro de Quatro Barras pela Avenida Dom Pedro II. Essa via é particularmente especial, pois representa um segmento do traçado original da Estrada da Graciosa. Construída entre 1854, ano da emancipação da Província do Paraná, e 1873, esta estrada carrega uma rica história que se entrelaça com o desenvolvimento da região.
Após cruzar o discreto pórtico que marca o acesso a uma das estradas mais emblemáticas do Brasil, passamos pelo local histórico onde, em 1880, Dom Pedro II e sua comitiva fizeram uma pausa durante uma visita oficial à província. Aqui ficava o pinheiro sob o qual descansaram, um marco que, embora não mais presente fisicamente, continua imortalizado na história e na cultura da região.
Infelizmente, o pinheiro histórico teve um fim trágico, sendo atingido por um raio em meados do século XX.
A Estrada da Graciosa foi habilmente construída, integrando segmentos de um dos cinco antigos caminhos coloniais: Arraial, Cubatão, Graciosa, Itupava e Picada dos Ambrosios. Essas rotas eram essenciais, pois conectavam o litoral ao primeiro planalto paranaense e, consequentemente, ao interior do estado.
Obviamente, esses caminhos já eram amplamente utilizados pelos povos nativos, que abriram essas trilhas muito antes de qualquer projeto de construção de estradas na região. Estas rotas, inicialmente trilhadas pelos indígenas, foram fundamentais para o estabelecimento das conexões iniciais entre diferentes áreas, influenciando significativamente os padrões de assentamento e desenvolvimento subsequente do Paraná. A utilização desses caminhos pelos nativos destaca a importância das práticas e conhecimentos indígenas na formação da infraestrutura regional.
De fato, o trajeto original da Estrada da Graciosa estabelecia uma conexão vital entre Curitiba e os municípios de Antonina, Morretes e Paranaguá.
Com a inauguração da BR-116, um novo acesso à Estrada da Graciosa foi construído, o que acabou por relegar o trajeto original que passa por Quatro Barras a um segundo plano, deixando-o praticamente esquecido.
Por décadas, o trecho de aproximadamente 20 quilômetros da chamada Velha Estrada da Graciosa foi predominantemente utilizado por caminhões que transportavam materiais das pedreiras locais, participantes do Rally da Graciosa, e por alguns viajantes com um espírito mais aventureiro.
O projeto Estrada Parque Graciosa, iniciado em 2006 e executado a partir de 2009, trouxe a pavimentação do percurso, melhorando significativamente o acesso e preservando a beleza natural da região.
Com a pavimentação, este trajeto original da Estrada da Graciosa, que é cercado por belas paisagens e abriga atrativos históricos como a Igreja da Campininha, o Oratório Anjo da Guarda e a Capela São Pedro, passou a atrair mais visitantes e exploradores, valorizando ainda mais seu patrimônio cultural e natural.
Chegando à charmosa Ponte do Arco, fizemos uma breve pausa para esticar as pernas e apreciar a exuberante natureza ao redor, mergulhando na tranquilidade e beleza do cenário.
Logo após, retomamos nossa jornada, raspando as pedaleiras da Formosa nas sinuosas curvas da Estrada da Graciosa, cada uma revelando mais da deslumbrante paisagem natural que caracteriza esta rota histórica.
A Estrada da Graciosa, que foi o único acesso ao litoral paranaense até 1969, perdeu essa exclusividade com a construção da rodovia BR-277. Este desenvolvimento histórico marcou uma nova era na infraestrutura da região, expandindo as opções de transporte e acesso.
A Estrada da Graciosa desempenhou um papel crucial no desenvolvimento econômico do Paraná, servindo como via principal para o escoamento de produtos essenciais como erva-mate, café e madeira de diversas regiões do estado até os portos de Antonina e Paranaguá. Esta rota não só facilitou o comércio regional mas também conectou o Paraná ao comércio global, impulsionando a economia local.
A importância da Estrada da Graciosa era tão significativa que ela se tornou a primeira via carroçável do Paraná e, por muito tempo, a única estrada pavimentada do estado até meados do século XX.
Após cruzar a ponte sobre o Rio Taquari, inicia-se a Área de Preservação Ambiental da Serra do Mar. Uma placa ao lado da entrada de uma estrada de terra sinaliza que o trecho original da Estrada da Graciosa continua por essa via não pavimentada, oferecendo uma rota mais rústica e próxima da natureza para os aventureiros.
São aproximadamente 4 quilômetros de estrada de terra que, devido à chuva da noite anterior e à incerteza sobre as condições da via, optamos por não percorrer.
Continuamos pela rota asfaltada até alcançar o entroncamento com a rodovia PR-410. Ali, antes de seguirmos para leste, decidimos tomar a direção oeste, em busca do famoso pórtico da Estrada da Graciosa. Curiosamente, esse pórtico não se localiza no traçado original da estrada, vai entender.
Ao chegarmos no Portal da Graciosa, um dos ícones desta rota cênica, fizemos uma parada para capturar o momento com fotos.
O belo Portal da Graciosa, com sua arquitetura inspirada nas missões jesuítas, é uma representação marcante da história do antigo caminho. Projetado pelo arquiteto Angel Bernal, o portal foi inaugurado em 1997, servindo como um marco histórico e cultural que enriquece ainda mais a paisagem da estrada.
Segundo uma lenda local, durante a expulsão dos jesuítas do Brasil no século XVIII, um grupo de missionários reuniu todo o ouro que puderam carregar em doze jumentos e desceu a Serra da Graciosa rumo ao Porto de Antonina.
Mas, antes de alcançar o destino, os jesuítas foram informados que seriam interceptados pela coroa e impedidos de embarcar com o ouro. Assim sendo, decidiram enterrar sua preciosa carga nos arredores da Estrada da Graciosa, onde, segundo a lenda, ainda permanece oculta até os dias atuais. Esse mistério adiciona uma camada intrigante à rica história da região.
Já que não tínhamos uma pá para começar a escavação nos arredores da estrada, decidimos adiar nossa busca pelo tesouro lendário e focar na diversão! Assim, partimos para aproveitar mais das maravilhas e aventuras que a Estrada da Graciosa tinha a oferecer.
Do pórtico até o ponto onde o trecho de terra da rota original da Estrada da Graciosa se conecta à rodovia PR-410, são aproximadamente 5 quilômetros. Percorremos essa distância com facilidade, aproveitando cada momento da paisagem que se desdobrava à nossa frente.
Logo após, foram apenas alguns metros até chegarmos ao primeiro dos sete recantos, espaços pitorescos distribuídos ao longo da rodovia. Esses recantos oferecem oportunidades únicas para apreciar a natureza exuberante e fazer pausas relaxantes durante a jornada pela Estrada da Graciosa.
O Recanto Engenheiro Lacerda, assim como os demais recantos ao longo da Estrada da Graciosa, oferece uma excelente infraestrutura para lazer. Os visitantes podem usufruir de estacionamento, churrasqueiras, banheiros e mirantes, que permitem desfrutar das vistas panorâmicas e da tranquilidade da região.
Os mirantes são particularmente notáveis, proporcionando vistas deslumbrantes da Mata Atlântica, da Baía de Paranaguá e do vasto oceano. Estes pontos de observação são perfeitos para capturar fotografias memoráveis e apreciar a paisagem natural que faz da Estrada da Graciosa um destino tão especial.
Apesar do céu encoberto e da densa neblina que se formava em meio à serra, prejudicando nossa visão a partir do mirante, o pouco que conseguimos avistar foi suficiente para nos encantar. Podíamos apenas imaginar a beleza que se revelaria em um dia claro e ensolarado. Decididamente, essa visão nos deixou com o desejo de retornar para experienciar a plenitude do cenário em condições ideais.
Após explorarmos a primeira área de descanso, iniciamos a descida pela Serra da Graciosa.
À medida que avançávamos, as fechadas curvas começaram a se destacar na estreita rodovia asfaltada, adicionando um elemento de desafio e aventura à nossa jornada pela Estrada da Graciosa.
Conforme prosseguimos, observamos uma interessante transição no pavimento. Inicialmente, a descida é completamente asfaltada, mas gradualmente se integram trechos de paralelepípedos, criando uma mescla única que perdura até os últimos 8 quilômetros da serra. Nesta fase final, o pavimento torna-se exclusivamente composto por pedras escorregadias e irregulares, um desafio adicional que realça a rusticidade e o charme da Estrada da Graciosa.
Logo após a primeira parada, ao avançar por mais algumas curvas sinuosas, chegamos ao segundo ponto de descanso: o Recanto Rio Cascata.
Como o nome sugere, o Recanto Rio Cascata é adornado por uma bela cascata situada próxima à rodovia, criando um cenário pitoresco que encanta todos os visitantes.
Aliás, a Estrada da Graciosa é conhecida por atravessar um dos trechos mais preservados de Mata Atlântica do Brasil, oferecendo aos viajantes uma experiência única em contato direto com uma biodiversidade rica e paisagens naturais deslumbrantes. Esta característica torna o percurso não apenas uma rota histórica, mas também um importante santuário ecológico.
A região da Estrada da Graciosa é também lar de várias nascentes de riachos, e abriga dois parques estaduais significativos: o Parque Estadual da Graciosa e o Parque Estadual Roberto Ribas Lange, ambos essenciais para a conservação da biodiversidade e beleza natural do estado paranaense.
Em 1993, a UNESCO reconheceu a importância ecológica da Estrada da Graciosa ao designá-la como parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Esse título destaca não apenas a beleza natural da região, mas também sua significativa biodiversidade, reforçando a necessidade de preservação desse patrimônio ambiental.
Descendo os 1.050 metros de altitude da Serra do Mar, a Estrada da Graciosa se destaca com suas curvas sinuosas e um piso variado entre pedras e asfalto, transformando-a em um autêntico parque de diversões para motociclistas e ciclistas. A combinação da topografia desafiadora e a mistura de superfícies fazem deste percurso uma experiência única para os amantes de aventuras sobre duas rodas.
Tudo isso é emoldurado por um cenário espetacular, cercado pela exuberante Mata Atlântica, repleta de riachos cristalinos, cachoeiras deslumbrantes, hortênsias coloridas, além de picos e montanhas majestosas.
Não é por acaso que a Estrada da Graciosa é frequentemente citada como uma das mais belas estradas do Brasil. Sua combinação única de características naturais, história e engenharia a coloca no topo das listas de destinos imperdíveis para viajantes e entusiastas de passeios cênicos.
O Recanto Bela Vista oferece uma vista espetacular do imponente e lendário Pico do Marumbi.
Enquanto nos embrenhávamos por esta paisagem encantadora, nos aproximávamos do final da serra. Fizemos uma pausa no Recanto Curva da Ferradura, um local perfeito para capturar uma fotografia memorável, encapsulando a essência de nossa jornada pela Estrada da Graciosa.
Além da beleza natural, alguns recantos ao longo da Estrada da Graciosa, como o Recanto Curva da Ferradura, oferecem lanchonetes e quiosques. Nestes pontos, os visitantes podem degustar bebidas, comidas e produtos típicos da região. Um destaque é a coxinha de aipim, uma iguaria local que cativa tanto moradores quanto turistas pela sua textura única e sabor autêntico.
Após essa breve pausa, retomamos nossa jornada pelos últimos quilômetros da Serra da Graciosa. O caminho continuou a nos brindar com ar puro, natureza exuberante e vistas de tirar o fôlego, consolidando a Estrada da Graciosa como uma das mais impressionantes rotas cênicas do Brasil.
Entre uma curva e outra, logo avistamos a histórica ponte de ferro sobre o Rio Mãe Catira. Este marco icônico sinaliza o fim da área montanhosa da Estrada da Graciosa.
As águas geladas do Rio Mãe Catira se encontram logo adiante com o Rio São João, formando o Rio Nhundiaquara.
Após a travessia da ponte de ferro, a rodovia PR-410 volta a ser asfaltada.
Poucos quilômetros adiante, encontramos um trevo onde a PR-410 continua à esquerda, em direção a Antonina. No entanto, optamos por seguir um novo caminho, tomando a PR-411 em direção ao centro de Morretes.
Morretes, com uma população atual de cerca de 16.000 habitantes, é uma cidade de grande valor histórico, conhecida por sua rica arquitetura colonial. O nome da cidade vem dos pequenos morros, ou “morretes”, que circundam a área central, adicionando um charme único ao cenário local.
Antes de chegarmos ao centro de Morretes, fizemos uma parada no distrito de Porto de Cima para visitar a Igreja de São Sebastião do Porto de Cima. Infelizmente, encontramos a igreja fechada, mas mesmo assim, a visita valeu a pena pela beleza arquitetônica e pela tranquilidade do local, que é um exemplo charmoso do patrimônio cultural da região.
Inaugurada em 1850, a pequena Igreja de São Sebastião do Porto de Cima é um exemplar notável da arquitetura colonial. Devido à sua importância histórica e cultural, foi tombada como Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná em 1963.
Porto de Cima experimentou seu apogeu devido aos engenhos de erva-mate que dominavam a economia local. Nas últimas décadas do século XVIII, o distrito ganhou significativa importância econômica, atuando como um vital entreposto comercial que facilitava a troca de mercadorias entre o litoral e o planalto. Esta função estratégica contribuiu para o desenvolvimento da região, tornando-a um ponto crucial nas rotas comerciais da época.
A localidade de Porto de Cima ainda preserva vestígios de seu passado histórico, evidenciados pelas ruínas de antigos engenhos de erva-mate, casarões centenários e calçadas de pedra.
Após nossa visita a Porto de Cima, percorremos aproximadamente 10 quilômetros até finalmente chegarmos ao centro de Morretes, PR.
Chegando ao centro de Morretes ao meio-dia, rapidamente encontramos um local para estacionar a Formosa e partimos em busca de um restaurante. Estávamos ansiosos para degustar o famoso prato típico da região, o barreado, conhecido por seu sabor único e método tradicional de cozimento que realça a cultura gastronômica paranaense.
O barreado é um prato cujo ingrediente principal é a carne bovina. Seu nome deriva da técnica utilizada no seu preparo, conhecida como “barrear”, que consiste em vedar a panela, geralmente de barro, com um pirão de cinza ou farinha de mandioca. Este método evita a fuga de vapor, permitindo que a carne cozinhe lentamente e mantenha sua suculência, o que faz deste prato uma verdadeira delícia culinária regional.
A deliciosa iguaria do barreado é tradicionalmente servida com acompanhamentos que realçam seu sabor, como arroz branco e banana-da-terra. Essa combinação equilibra os sabores intensos da carne com a doçura natural da banana, proporcionando uma experiência gastronômica completa e profundamente enraizada na culinária do Paraná.
Após uma refeição revigorante, começamos nossa caminhada pela área central de Morretes, PR.
Durante nossa caminhada, passamos pela Casa Rocha Pombo, um espaço dedicado à memória de um ilustre morretense. Rocha Pombo foi uma das figuras mais emblemáticas do Paraná, atuando como historiador, escritor, professor e político. A casa é uma homenagem significativa à sua contribuição para a cultura e a educação brasileira, e oferece aos visitantes uma oportunidade de se conectar com a história local profundamente enraizada na vida deste notável cidadão.
Continuamos nossa exploração até chegarmos às margens do Rio Nhundiaquara, um local sereno que proporciona vistas pitorescas da região. Lá, tivemos a oportunidade de avistar a Ponte Velha, um marco histórico de Morretes, inaugurada em 1912. Esta ponte não só é importante por sua arquitetura e antiguidade, mas também serve como um lembrete palpável das conexões históricas e culturais que moldaram a cidade.
Após admirar a Ponte Velha, bastaram apenas alguns passos até chegarmos à Igreja de São Benedito. Situada de forma proeminente na cidade, esta igreja é um ponto de referência religioso e histórico para os moradores e visitantes de Morretes, oferecendo um vislumbre da devoção e da arquitetura religiosa local.
A Igreja de São Benedito, tombada como Patrimônio Histórico, é uma expressão notável da arquitetura colonial. Construída em 1765, o templo exibe características que refletem a riqueza histórica e cultural da época.
Prosseguindo com nossa caminhada, passamos pela Câmara Municipal de Vereadores de Morretes.
Logo após a Câmara Municipal, chegamos à Prefeitura de Morretes.
A Prefeitura de Morretes está convenientemente localizada em frente à Praça Rocha Pombo, um espaço verde e agradável no coração da cidade.
Continuando nosso passeio, dirigimo-nos até a Igreja Nossa Senhora do Porto, mais um tesouro arquitetônico de Morretes, PR.
A Igreja Nossa Senhora do Porto, a igreja matriz de Morretes, teve sua construção iniciada em 1812 e foi concluída em 1850.
A torre da Igreja Nossa Senhora do Porto é notável por abrigar um sino histórico, originário de Portugal. Este sino, que ostenta o brasão do Império, foi fundido no ano de 1854, adicionando uma camada de significado histórico e cultural ao já imponente edifício. A presença deste sino não só enriquece a estética da igreja, mas também serve como uma conexão palpável com o passado colonial e imperial do Brasil.
Após visitar a igreja, continuamos nosso passeio pela antiga Rua do Comércio, hoje conhecida como Rua General Carneiro. Esta rua histórica foi um importante centro durante os lucrativos ciclos do ouro e da erva-mate, evidenciando seu papel crucial na economia local de Morretes ao longo dos séculos. Caminhar por esta rua é percorrer um caminho repleto de histórias de comércio vibrante e desenvolvimento econômico que moldaram a cidade.
Na Rua General Carneiro, encontramos a construção mais antiga de Morretes – PR. Este edifício histórico possui um passado diversificado: já foi um cassino vibrante, serviu como a primeira repartição geral dos telégrafos da cidade e, atualmente, opera como um hotel e restaurante.
Ao lado desta construção histórica está o Marco Zero de Morretes, um ponto de referência fundamental na cidade, fixado em 31 de dezembro de 1733.
Ao chegarmos na Praça dos Imigrantes, os primeiros pingos de chuva começaram a cair preguiçosamente, marcando um momento pitoresco em nosso passeio por Morretes, PR.
Antes de voltarmos a vestir nossas capas de chuva, aproveitamos a oportunidade para tirar as últimas fotos às margens do Rio Nhundiaquara.
Com a chuva se intensificando, vestimos nossas capas de chuva, subimos na Formosa, e nos despedimos de Morretes. Tomamos a rodovia PR-408, deixando para trás as memórias encantadoras de uma cidade rica em história e beleza natural.
Em poucos minutos, após deixar Morretes, chegamos à vizinha Antonina, PR.
À medida que entrávamos em Antonina – PR, fomos recebidos por uma série de construções pintadas em diversos tons de azul, criando um belo contraste com o céu carregado, que exibia uma paleta de quase cinquenta tons de cinza.
Continuamos nosso trajeto em direção ao centro de Antonina, com as ruas se tornando mais movimentadas e os pontos de interesse mais próximos uns dos outros.
Ao chegar ao centro da cidade, fizemos uma parada na histórica Estação Ferroviária de Antonina. Este ponto emblemático, que testemunhou o florescimento e a dinâmica do comércio local em tempos passados, oferece uma visão fascinante da herança cultural e da importância da ferrovia para a região.
A estação, construída em 1916, é uma das poucas estruturas que sobrevivem do período áureo de Antonina, quando a cidade abrigava o quarto porto mais importante do Brasil. Este marco histórico serve como um testemunho silencioso dos dias em que a cidade era um vibrante centro de comércio marítimo e ferroviário, desempenhando um papel crucial na economia nacional.
Logo ao lado da estação ferroviária, encontramos a Igreja Bom Jesus do Saivá, outro ponto de interesse significativo em Antonina – PR.
A Igreja Bom Jesus do Saivá, um histórico monumento religioso de Antonina, teve sua construção iniciada em 1789.
Sob a chuva contínua, continuamos nosso passeio pelas estreitas ruas centrais de Antonina. A água caía suavemente, criando um véu de gotas que adicionava um charme especial ao ambiente, destacando ainda mais a beleza arquitetônica e o colorido das fachadas da cidade.
Finalmente, chegamos nas proximidades do Trapiche Municipal de Antonina, onde estacionamos a Formosa, e retiramos as capas de chuva. Apesar da leve garoa persistente, iniciamos uma caminhada pelas imediações.
Continuamos nossa exploração até alcançar o Mercado Municipal de Antonina, um lugar vibrante e essencial para sentir o pulso da vida local.
Após visitar o mercado, seguimos até a Prefeitura Municipal de Antonina, situada em um imponente casarão datado do final do século XIX.
Caminhando pelas ruas do centro histórico de Antonina, um sítio reconhecido pelo IPHAN em 2012, nos deparamos com um cenário que parece ter parado no tempo. O conjunto arquitetônico inclui sobrados que exibem estilos que vão do colonial brasileiro ao eclético e art déco. O calçamento de pedras sob nossos pés e as ruínas espalhadas pelo local adicionam um charme único, enriquecendo ainda mais este patrimônio cultural. Esse passeio pelas ruas históricas oferece uma imersão profunda na rica tapeçaria cultural e arquitetônica da cidade.
Antonina, com uma população de cerca de 20.000 habitantes, é uma das localidades mais antigas do Paraná. A cidade recebeu seu nome em homenagem ao Príncipe da Beira, Dom António de Portugal, destacando-se na história brasileira não apenas por sua beleza natural e patrimônio cultural, mas também por sua relevância histórica.
Continuamos nosso passeio histórico por Antonina passando em frente à Igreja de São Benedito, um marco significativo na arquitetura religiosa da cidade.
Chegando ao Theatro Municipal de Antonina, encontramos um dos ícones culturais da cidade.
Inaugurado em 1906, o Theatro Municipal de Antonina é uma joia arquitetônica com seu design eclético repleto de adornos. A estrutura impressiona por sua rica decoração e detalhes artísticos, refletindo o esplendor da época em que foi construído.
O Theatro Municipal de Antonina foi cenário de um memorável evento em 24 de abril de 1933, quando o navio Almirante Jaceguay fez uma parada técnica na cidade durante sua viagem para a Argentina. Este dia se tornou histórico para a cidade, pois atraiu os principais artistas da era de ouro do rádio brasileiro. Procópio Ferreira, Sílvio Caldas, Luís Barbosa, Aracy de Almeida, Carmen Miranda e o maestro Ary Barroso desembarcaram e transformaram a cidade em um grande palco, proporcionando um espetáculo inesquecível para os moradores locais e visitantes. Este evento destacou Antonina no mapa cultural do Brasil, mostrando sua capacidade de atrair e hospedar grandes nomes da cultura nacional.
Após a visita ao Theatro Municipal, continuamos nosso passeio até a Câmara Municipal de Antonina.
Caminhando por Antonina, exploramos charmosas vielas floridas que adicionavam um toque pitoresco e colorido ao cenário histórico da cidade.
Finalmente, nossa caminhada nos levou até a Praça Coronel Macedo, um ponto central e significativo de Antonina.
Que fica praticamente ao lado do Santuário de Nossa Senhora do Pilar, é uma joia arquitetônica da cidade.
A Igreja de Nossa Senhora do Pilar, datada de 1714, foi tombada como Patrimônio Histórico do Paraná em 1999. Este importante monumento é um dos exemplos mais antigos e preservados da arquitetura religiosa na região.
A igreja matriz, erguida sobre uma bela colina com vista para a baía, oferece uma perspectiva encantadora do entorno natural e urbano.
Em 2012, a igreja foi elevada à condição de Santuário pela Diocese de Paranaguá, um gesto que reconhece os inúmeros milagres e graças relatados pelos fiéis da região.
Do Santuário, foi um pulinho até o Belvedere do Valente, um ponto estratégico que oferece uma vista deslumbrante. Deste local, é possível apreciar uma ampla perspectiva de Antonina, da Baía de Paranaguá e do exuberante cenário natural que cerca a região, um verdadeiro deleite para os olhos e uma oportunidade imperdível para belas fotografias.
Com a chuva intensificando, apressamos o passo de volta ao local onde a Formosa estava estacionada, já encharcada pela chuva. Ela nos aguardava, pronta para rodar novamente pelas curvas sinuosas da Estrada da Graciosa, encerrando assim nossa jornada pelo centro histórico de Antonina – PR.
Enfrentamos uma forte chuva no caminho de volta para Quatro Barras, desafiando as condições adversas da Estrada da Graciosa. As pedras, excepcionalmente escorregadias, fizeram a Formosa rebolar várias vezes ao longo do caminho. Mesmo com o tempo desafiador, fizemos uma pausa para nos hidratarmos no Recanto Bela Vista, registrando um breve momento de respiro antes de continuarmos nossa jornada sob o temporal.
Abaixo o mapa com o trajeto percorrido no dia pela Estrada da Graciosa, partindo de Quatro Barras – PR, rodando até Morretes e Antonina:
Oba! Já são 2 comentários nesta postagem!
Passeio “Gracioso” esse hein !!! A beleza dessa estrada/serra é magnífica. Minha primeira vez nesse lugar foi na década de 80, confesso que era mais linda e perigosa, devido ao pavimento poliédrico em toda extensão, mas é óbvio que vale cada km rodado. Da próxima vez em Morretes, deguste o gelato de gengibre.
Maravilha de publicação e grande abraço.
Caramba Fernando, fico imaginando encarar a Serra da Graciosa toda pavimentada em paralelepípedo e com os veículos da década de 1980, isso sim é que era aventura!
Puxa vida, desconhecia o gelato de gengibre de Morretes, mas já anotamos para a nossa próxima passagem pelo local, esperamos que com sol, experimentá-lo.
Valeu, abração!
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