Argentina • Expedição 2019: Salta – Jujuy – Tucumán • Jujuy • Purmamarca • Susques
Dia 13: Cuesta de Lipán, Salinas Grandes e Susques – Jujuy – Argentina
25 de Setembro, 2019No exato momento em que partíamos de Tilcara peregrinos carregavam a imagem da Virgen del Valle pelas ruas centrais da cidade.
Observamos a pequena procissão passar e na sequência acessamos a Ruta Nacional 9 sentido sul.
Foram poucos quilômetros até chegar no trevo de interseção com a Ruta Nacional 52, a qual passamos a percorrer.
Assim que passamos por Purmamarca o céu passou a ficar encoberto por nuvens negras.
Com a temperatura amena e rodeados por coloridas montanhas seguimos pela Quebrada de Humahuaca sentido oeste.
Após rodar cerca de 20 quilômetros pela RN 52 chegamos na Cuesta de Lipán, onde paramos para nos hidratar e se preparar para enfrentar uma abrupta mudança de altitude e, muito provavelmente, de temperatura.
Após a breve pausa voltamos a rodar pelo espetacular trecho da rodovia nacional, onde as curvas extremamente fechadas parecem serpentear por entre as montanhas.
E em poucos instantes estávamos envoltos pelas nuvens negras que antes avistávamos no alto das montanhas.
Em meio às nuvens paramos em um mirante para apreciar a beleza do local e se aquecer com chá de coca.
A Ruta Nacional 52 segue de Purmamarca – Jujuy – Argentina até o conhecido Paso de Jama, onde inicia-se a Ruta 27 chilena, que corta o Deserto do Atacama.
Isso explica o alto movimento de viajantes, em especial motociclistas, circulando por esta rodovia.
Minutos depois demos sequência na viajem e rapidamente fomos ganhando altitude e consequentemente o frio foi aumentando.
Logo chegamos no monumento Monolito 4170 MSNM.
Vale lembrar que Purmamarca está a 2.320 metros do nível do mar e cerca de 40km depois atingimos a marcar de 4.170 metros de altura.
Quando saímos de Tilcara a temperatura estava na casa dos 9°C com sol entre nuvens e conforme ganhamos altitude o tempo fechou e a temperatura despencou, atingindo marcas negativas.
Nunca uma placa de animal na pista fez tanto sentido como esta da foto abaixo:
Após consumir todo o chá de coca que estávamos carregando e aquecer as mãos no motor da Formosa seguimos viagem, agora pelo Altiplano Andino.
Aos poucos as nuvens foram se dissipando e a temperatura aumentando.
O Altiplano Andino, também chamado de Puna na Argentina, é a área do planalto dos Andes, sendo a área mais extensa de planalto no planeta com exceção do Tibete.
A maior parte do Altiplano está presente na Bolívia, mas áreas do enorme platô abrangem o Peru, Chile e Argentina.
Aos poucos uma enorme área branca vai surgindo no horizonte, se mesclando ao solo de tonalidade marrom amarelado.
O que parece ser uma miragem a primeira vista, nada mais é do que as Salinas Grandes.
Localizado a 3.500 metros acima do nível do mar o enorme deserto de sal oferece uma paisagem única na Puna.
Este é o terceiro maior salar da América do Sul, ficando atrás apenas do Salar de Uyuni na Bolívia e do Salar de Arizaro em Salta, Argentina.
Um aglomerado de pequenas construções localizado às margens da rodovia abriga lanchonetes, lojas de artesanatos, banheiros e agentes de turismo que oferecem passeios guiados pelas salinas.
Algumas dessas construções são feitas inteiramente com blocos de sal.
Após fotografar o local decidimos pagar uma taxa de $ 300,00 e colocar a Formosa para rodar no sal.
Seguindo uma caminhonete, a qual transportava o guia, rodamos alguns quilômetros em meio ao enorme deserto de sal até chegar no primeiro ponto de parada.
Ali o guia nos contou um breve histórico da região, como ocorreu o surgimento do salar e as três maneiras de extração do sal no local
Uma das formas de extrair o sal no local é através das piletas de extracción, que são buracos geométricos feitos no piso repleto de sal com o auxílio de um maquinário específico.
Com o tempo a água (incrivelmente transparente) que preenche a pequena piscina evapora e ficam apenas os cristais de sal, prontos para serem retirados.
Na sequência voltamos a rodar por entre o sal até chegar no segundo e último ponto de parada.
As Salinas Grandes da Argentina ocupam uma área de aproximadamente 12.000 hectares e estão localizadas nas províncias de Salta e Jujuy.
No segundo ponto de observação somos convidados a caminhar pelo sal até chegar na borda de diversos lagos repletos de águas cristalinas.
Esses lagos, que possuem diversos tamanhos e formatos, surgem naturalmente em meio ao deserto salgado e são chamados de Ojos del Salar.
Devido a profundidade dos lagos, a transparência da água e o branco do sal ao redor, os olhos do salar refletem o céu como um espelho, formando uma paisagem fabulosa.
Diferente do que muita gente imagina, as Salinas Grandes não surgiram pelo fato desta área ter sido encoberta pelo mar em tempos remotos, mas sim pelo acumulo de sais minerais contidos nas montanhas da Cordilheira dos Andes, os quais escorrem com as águas das chuvas e acabam ficando presos neste platô formado entre a Cordilheira Oriental e Ocidental.
Após as explicações do guia um curto espaço de tempo é cedido aos visitantes para fotografar o local, antes de regressar ao mesmo ponto onde o passeio teve início.
Após rodar cerca de 8 quilômetros pelo circuito em meio ao sal voltamos ao asfalto.
Asfalto que se realça em meio ao branco do salar que domina o horizonte.
Logo passamos por outro ponto de parada e apreciação do salar, mas como já visitamos o local anterior, seguimos adelante.
Aos poucos o branco do sal volta a se mesclar com o marrom amarelado da terra arenosa e assim nos despedimos das Salinas Grandes.
O trajeto entre Purmamarca e Susques intercala intermináveis retas com trechos bastante sinuosos.
Aliando isso às paisagens e aos animais ao redor da rodovia o resultado é encantador.
E a viagem pelo Altiplano Andino se torna muito agradável e prazerosa.
Sem dúvidas este roteiro é um dos mais bonitos que percorremos até hoje.
Rodamos aproximadamente 80km desde o grande salar até que chegamos na pequena Susques.
Logo na entrada da cidade, às margens da rodovia, fica o centro de informações turísticas.
Ali encontramos um alemão, trocamos algumas palavras em inglês, espanhol, português, quechua e outros dialetos que inventamos na hora e conseguimos entender que ele está percorrendo a Argentina e o Chile em uma Honda CB 500X.
Na sequência fomos conhecer o centro da cidade.
Conhecida como Pórtico de los Andes, Susques está a 3.896 metros do nível do mar e é a localidade mais elevada da Argentina que pode ser acessada por vias asfaltadas.
Aliás, todo o trajeto de Purmamarca até Susques é asfaltado, com exceção de curtos trechos na Cuesta de Lipán que são de rípio (provavelmente devido a desmoronamentos).
Em Susques fomos conhecer uma verdadeira jóia da arquitetura: a Iglesia Nuestra Señora de Belén.
A pequena igreja foi construída em 1598 e é o templo religioso mais antigo de Jujuy, sendo que algumas fontes indicam que ela é a igreja mais antiga de todo o norte argentino.
Inspirada na Escola Cusquenha, a charmosa igreja foi construída em adobe e sua cobertura é feita de palha.
A igreja foi declarada Monumento Histórico Nacional em 1943.
Após explorar o centrinho de Susques voltamos a percorrer a Ruta Nacional 52.
Cerca de 5km depois chegamos no Pastos Chicos.
Ali abastecemos a Formosa.
Aliás, este é o primeiro posto de combustíveis pelo qual passamos desde Tilcara até aqui (cerca de 160km rodados).
Aproveitamos também para nos deliciar com empanadas acompanhadas por um saboroso chá de coca com mel no restaurante anexo ao posto.
Após a refeição avistamos um grande grupo de lhamas.
E então iniciamos nosso retorno a San Francisco de Tilcara.
Curiosamente o maior número de carretas com as quais cruzamos neste trecho tinham placas do Paraguai.
Acessando a incrível Quebrada de Mal Paso.
Depois da quebrada passamos a percorrer as enormes retas nos arredores das Salinas Grandes.
E um vento extremamente forte começou a balançar a moto.
Paramos então para se hidratar naquele segundo local das Salinas Grandes, pelo qual passamos direto durante a ida.
E ali vimos lindas peças de artesanato confeccionadas a partir do sal extraído do local.
Devidamente hidratamos partimos em direção a Cuesta de Lipán sob um forte vento que formava verdadeiras nuvens de areia.
E balançava a Formosa de um lado para o outro.
O vento estava tão forte que quando ele estava no sentido contrário ao qual estávamos seguindo era necessário reduzir para a quinta marcha e, mesmo acelerando o máximo possível, a moto não passava dos 90km/h, algo surreal.
Assim que chegamos no alto da Cuesta de Lipán o vento sessou e as nuvens voltaram a compor o cenário, acompanhadas pelo frio, claro.
Decidimos parar rapidamente em outro mirante na Cuesta del Lipán para admirar mais uma vez o cenário encantador.
E então seguimos a descida.
Ao se aproximar de Purmamarca as nuvens negras ficaram para trás.
A Cuesta de Lipán é uma barreira natural que impede o avanço das nuvens em direção ao Altiplano Andino, o mesmo ocorre na Cordilheira Ocidental dos Andes, o que faz com que o índice pluviométrico da Puna seja extremamente baixo.
No fim da tarde passamor por Purmamarca e logo chegamos em Tilcara, onde fomos direto ao hotel descansar.
Trajeto percorrido no dia:
Oba! Já são 4 comentários nesta postagem!
Olá. Parabéns pelo relato desse trecho da viagem. Você poderia informar o nome do hotel que ficaram em Tilcara?
Olá Cris, tudo bem?
Obrigado :) claro, nos hospedamos na Hospedaje Karallantay (whats: +54 9388 518 0777) e tivemos uma estadia maravilhosa, um ambiente familiar e de excelente receptividade.
Aproveitem a viagem, esta região é sensacional!
Olá, tudo bem? Muito legal essa parte das salinas, conhecer e ver de perto bem como os costumes é muito legal…
Olá, tudo ótimo! Sim, muito bacana rodar pelo salar, algo muito diferente para nós. Abraços.
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