Argentina • Cachi • Expedição 2019: Salta – Jujuy – Tucumán • Salta
Bike Tour pela Cordilheira dos Andes na Argentina: Pedal da Cuesta del Obispo a Cachi pela Recta del Tin Tin
18 de Setembro, 2019Explore a Cordilheira dos Andes em um incrível bike tour pela Argentina. Pedale da Cuesta del Obispo, vença a Recta del Tin Tin - Parque Nacional Los Cardones e descubra os Valles Calchaquíes até chegar à Cachi.
Hoje foi um dia inesquecível, repleto de aventuras e paisagens deslumbrantes! Partimos do centro de Salta e subimos a famosa Cuesta del Obispo, alcançando mais de 3.450 metros de altitude na Piedra del Molino. Pedalamos cerca de 60 quilômetros pelo encantador Parque Nacional Los Cardones, em pleno Valle Calchaquíe, na Cordilheira dos Andes, em um dia frio, com céu azul e uma vista de tirar o fôlego. Também percorremos um trecho da mística Ruta 40 e vencemos os 18 intermináveis quilômetros da Recta del Tin Tin. Conhecemos a histórica e bem preservada cidade de Cachi, exploramos a charmosa Iglesia San José, famosa por suas obras de arte feitas com madeira de cactos, e nos impressionamos com o rico acervo do Museo Arqueológico de Cachi – Pío Pablo Díaz.
Acordamos cedo na quarta-feira em Salta, prontos para um dia que prometia ser épico. Após um café da manhã reforçado, nos preparamos para uma aventura totalmente diferente do habitual: um passeio de bicicleta nas alturas.
Nosso destino era a deslumbrante região dos Valles Calchaquíes, pedalando até a charmosa cidade de Cachi, no norte da Argentina.
Pontualmente às 7h, conforme combinado, embarcamos na caminhonete da empresa Salta Biking +Adventures, que nos buscou diretamente na porta da nossa hospedagem em Salta, capital provincial.
Partimos do centro da cidade pela Ruta Nacional 68, cruzando pequenas localidades que começavam a ganhar vida nas primeiras horas do dia.
Alguns quilômetros depois, deixamos a Ruta Nacional 68 e entramos na Ruta Provincial 33, seguindo em direção oeste.
Ao longo da Ruta Provincial 33, começamos a ganhar altitude, e a paisagem ao nosso redor passou por uma transformação impressionante.
O terreno plano deu lugar a montanhas imponentes. Passamos por uma densa floresta conhecida na Argentina como yunga, um ecossistema exuberante e repleto de vida.
Em poucos quilômetros, a vegetação deu lugar a uma cadeia de montanhas coloridas, criando um contraste fascinante.
Salta Biking +Adventures
A Salta Biking +Adventures é especialista em projetar, organizar e liderar passeios de bicicleta voltados para aventura, explorando os cenários mais incríveis e únicos do norte da Argentina.
Como chegar
Mapa e roteiro de como chegar na Salta Biking +Adventures partindo do centro de Porto Alegre – Rio Grande do Sul – Brasil:
Contatos da Salta Biking +Adventures
- Endereço: Urquiza, 1341 – Centro | Salta – Salta – Argentina
- Telefones: +54 0387 505-6771
- E-mail: info@saltabiking.com
Para obter informações mais detalhadas, visite o site oficial da Salta Biking +Adventures.
Horários de Funcionamento
- Todos os dias: 9h00 às 17h00
Valores de Ingresso
- Público em geral: Gratuito
*Valores variados conforme a atividade desejada.
Recomendamos verificar as tarifas antes da sua viagem, pois os valores podem ser alterados a qualquer momento.
Tempo Médio de Visitação
- 1 dia
Foi nesse cenário que fizemos nossa primeira parada, aproveitando para alongar as pernas, usar o banheiro e admirar a beleza da natureza ao nosso redor.
Nossa primeira parada foi em Chicoana, em um local chamado Parador El Maray. Esse ponto estratégico nos permitiu descansar por alguns minutos enquanto apreciávamos a vista deslumbrante da região.
Situado às margens da rodovia, o Parador El Maray oferece uma estrutura completa para viajantes, com restaurante, lanchonete, banheiros e até uma charmosa pequena igreja, que adiciona um toque especial ao local.
Após a breve pausa no Parador El Maray, retomamos nossa jornada pela Ruta Provincial 33, dando início à desafiadora e icônica subida da Cuesta del Obispo.
A Cuesta del Obispo é famosa não apenas pelas vistas espetaculares, mas também pelo trajeto sinuoso e íngreme que desafia os aventureiros.
A rodovia que corta essa região é revestida por rípio, um tipo de cascalho solto comum em algumas estradas argentinas, o que adiciona uma camada extra de dificuldade e emoção ao percurso. A cada curva, o cenário se tornava ainda mais impressionante.
A Cuesta del Obispo (Colina do Bispo) recebeu esse nome em homenagem ao bispo Julián de Cortázar, que, em 1622, fez a viagem de Salta a Cachi a pé. Naquela época, a jornada durava vários dias, uma verdadeira travessia desafiadora pelas montanhas, bem diferente da facilidade com que podemos percorrer a região hoje.
Subimos a uma altitude tão impressionante que passamos diretamente pelo meio das nuvens, que cobriam o dia com uma tonalidade cinza. Logo depois, as ultrapassamos, e o céu se abriu, revelando uma cor azul intensa e deslumbrante, criando um contraste fascinante com a paisagem ao redor.
Em seguida, fizemos uma parada rápida para nos hidratar e aproveitar o visual deslumbrante. A paisagem ao nosso redor, agora iluminada pelo céu azul, parecia ainda mais impressionante, e não podíamos deixar de admirar cada detalhe dessa experiência única.
A hidratação é essencial em terrenos de alta altitude, pois ajuda a prevenir o soroche, ou mal de altitude, que ocorre quando o corpo sente os efeitos da falta de oxigênio. Entre os sintomas mais comuns estão tontura, mal-estar e cansaço extremo, por isso, manter-se hidratado é crucial para uma experiência mais confortável e segura.
Além de se manter bem hidratado, é recomendado evitar o consumo de bebidas alcoólicas, que podem agravar os efeitos da altitude. Uma alimentação leve também é essencial, assim como o uso de folhas de coca, que são tradicionalmente mastigadas ou preparadas em chá para ajudar a aliviar os sintomas do mal de altitude, proporcionando um alívio natural ao organismo.
De volta ao veículo, continuamos nossa jornada, enfrentando as curvas fechadas da magnífica estrada Cuesta del Obispo, que serpenteia pelas montanhas, proporcionando uma vista ainda mais impressionante a cada virada.
Pouco depois, cruzamos uma placa que marcava o início do Parque Nacional Los Cardones. Esse parque argentino é famoso por sua vasta área coberta por cactos gigantes, especialmente o cardón, uma espécie emblemática da região, que se destaca pela sua imponência e forma única.
Finalmente, chegamos à Piedra del Molino, o ponto mais alto da Cuesta del Obispo. A altitude impressionante e a vista panorâmica do local nos deixaram, literalmente, sem fôlego.
Localizada a 3.457 metros acima do nível do mar, a Piedra del Molino marca o limite entre a Cuesta del Obispo e os Valles Calchaquíes. Esse ponto, com sua incrível altitude, oferece uma vista de 360 graus das montanhas ao redor e das paisagens deslumbrantes que se estendem até onde a vista alcança.
Em 1927, uma enorme pedra de moer (piedra del molino) estava sendo transportada por esse caminho quando, por algum motivo, ela rolou e caiu, se rompendo em duas partes.
Esse incidente deu origem ao nome do local, Piedra del Molino, que até hoje preserva essa curiosa história, ligada à tradição e à paisagem da região.
No local, encontra-se também uma pequena capela construída inteiramente em pedra, a Capilla San Rafael.
Essa charmosa capela, com sua arquitetura simples e rústica, é um ponto de devoção e tranquilidade, oferecendo um contraste harmonioso com a grandiosidade da paisagem ao redor.
Para tornar o momento ainda mais especial, a enorme lua brilhava no horizonte, acrescentando uma beleza extra à paisagem deslumbrante. Sua presença, serena e imponente, iluminava suavemente o cenário, criando uma atmosfera mágica e inesquecível no coração das montanhas.
Em meio a esse cenário paradisíaco, as bicicletas foram cuidadosamente descarregadas da caminhonete e preparadas para dar início à nossa aventura sobre duas rodas.
Devidamente equipados, com o coração acelerado de ansiedade e empolgação, iniciamos nossa primeira pedalada em alta altitude, no coração da Cordilheira dos Andes.
A sensação de estar pedalando em meio a esse cenário majestoso, com as montanhas ao redor e o ar rarefeito, tornava a experiência ainda mais única e inesquecível.
Embalados por uma paisagem de tirar o fôlego (literalmente), seguimos pedalando e contemplando o visual, que parecia irradiar uma combinação de cores incomparável.
O céu, de um azul magnífico, contrastava perfeitamente com o cinza do asfalto, enquanto as enormes montanhas douradas ao nosso redor completavam o quadro, criando uma cena de beleza única e arrebatadora.
Não demorou muito para que, pela primeira vez em nossas vidas, avistássemos os primeiros guanacos. Esses animais, típicos da região, apareciam de forma majestosa, saltando pelas montanhas e completando o cenário selvagem e intocado que nos cercava.
A presença dos inúmeros guanacos, mamíferos ruminantes da família dos camelídeos e nativos da América do Sul, tornou nossa aventura ainda mais especial.
Foi fascinante poder observar esses animais selvagens em seu habitat natural, saltando graciosamente pelas montanhas, em harmonia com a paisagem ao nosso redor.
Tudo isso, acompanhado por um vento forte e gelado, que nos envolvia a cada pedalada, tornava a sensação térmica ainda mais intensa.
Apesar dos termômetros marcarem cerca de 5 °C, o frio parecia mais severo devido ao vento cortante, tornando a experiência de pedalar nas alturas ainda mais desafiadora e emocionante.
Em meio a esse clima perfeito para andar de bicicleta, avistamos os primeiros picos nevados da Cordilheira dos Andes.
A sensação de ver os picos nevados pela primeira vez é simplesmente indescritível. A imponência das montanhas cobertas de neve, em meio à vastidão do deserto andino, criava um cenário de pura maravilha, algo que nos deixava sem palavras e totalmente maravilhados com a natureza ao nosso redor.
A visão das montanhas cobertas de neve, contrastando com o cenário árido ao nosso redor, adicionava uma sensação de grandiosidade à jornada, fazendo-nos sentir ainda mais imersos na majestade desse ambiente único.
Vale ressaltar que toda essa área por onde estamos pedalando está localizada dentro do Parque Nacional Los Cardones.
O Parque Nacional Los Cardones, que cobre cerca de 65.000 hectares, foi criado em 1996 com o principal objetivo de proteger a espécie de cacto cardón, a mais emblemática da região.
Este imponente cacto, que pode atingir até 10 metros de altura, é um dos principais responsáveis pela característica paisagem árida e única dos Valles Calchaquíes, tornando o parque argentino um verdadeiro refúgio natural.
Após alguns minutos pedalando, chegamos a um mirante deslumbrante: o fabuloso Mirador Ojo del Cóndor (Olho de Condor).
De lá, a vista era simplesmente incrível, oferecendo uma panorâmica única das montanhas e vales ao redor, com o céu aberto e a sensação de estarmos no coração da Cordilheira dos Andes.
O nome “Ojo del Cóndor”, inspirado pela majestade do condor, refletia perfeitamente a grandiosidade do cenário.
E nos inspira a, assim como o imponente condor, aguçar nossos sentidos e explorar as principais características locais. Enquanto o vento gelado nos envolvia, sentimos a magnitude do momento, com as vistas deslumbrantes das montanhas e a vastidão do parque diante de nossos olhos.
A tradição local afirma que os cardones, com sua presença imponente e duradoura, são antigos habitantes que vigiam e protegem as terras da região. Esses cactos gigantes, que podem viver por séculos, são considerados guardiões da paisagem, adicionando um toque místico e cultural ao cenário deslumbrante que nos rodeia.
Após a pausa para contemplação e hidratação, retomamos nossa pedalada, revigorados e prontos para continuar a jornada. Com o vento novamente em nossos rostos e as montanhas ao redor, seguimos em direção ao próximo capítulo dessa aventura inesquecível.
Em pouco tempo, chegamos à lendária Recta del Tin Tin.
Essa reta icônica, que se estende por aproximadamente 18 quilômetros, é uma das características mais marcantes da região, oferecendo uma visão única da vastidão dos Valles Calchaquíes.
A famosa Recta del Tin Tin, situada a cerca de 3.000 metros de altitude, fazia parte de um antigo caminho Inca.
Esse trecho histórico, com sua imponência e tranquilidade, nos transporta para o passado, permitindo imaginar como os Incas percorriam essas terras, conectando diferentes pontos da região com sua avançada rede de estradas.
Pedalar pela Reta do Tin Tin foi uma experiência surreal, com a sensação de estar em um cenário de outro mundo.
A paisagem ao redor da Recta del Tin Tin é simplesmente fantástica. Enormes cactos, com seus troncos imponentes, se destacam na vegetação árida, enquanto as montanhas coloridas, em tons de dourado e vermelho, completam um cenário de beleza única. A combinação dessas formações naturais cria uma vista deslumbrante e inesquecível.
Após pedalarmos por um longo trecho até alcançar esse ponto, o cansaço começou a se fazer sentir. A interminável Recta del Tin Tin, com sua vastidão, parecia não ter fim, tornando cada quilômetro mais desafiador.
No entanto, a paisagem impressionante e a sensação de estar percorrendo um caminho histórico nos motivavam a seguir em frente, apesar da exaustão.
Optamos, então, por fazer uma nova pausa, aproveitando para nos hidratar e comer algo, visando repor as energias. Esse momento de descanso foi essencial para recuperar o fôlego e renovar a disposição, permitindo que continuássemos a jornada com mais energia e entusiasmo, prontos para enfrentar o restante da aventura.
Uma vez reestabelecidos, voltamos à estrada, com o corpo revigorado e a mente renovada.
Foi então que nos lembramos que o casal Rene e Leidi, do canal no YouTube Motociclismo em Foco, estava realizando a Expedição Humahuaca. Coincidentemente, a última postagem deles, antes de iniciarmos nossa viagem, havia sido justamente na Recta del Tin Tin. Eles até lançaram uma brincadeira, deixando um presente surpresa em um ponto específico da reta, o que nos deixou ainda mais animados e curiosos durante nosso percurso.
Seguindo as orientações que o casal havia postado em sua página no Facebook, FredLee, com seu inconfundível faro e instinto curioso de coelho, não demorou para localizar o regalo.
Encontramos uma caixinha que continha uma xícara da Expedição Humahuaca, uma mini caneca e um chaveiro da Oktoberfest de Blumenau – Santa Catarina, cidade onde o casal reside, além de uma simpática carta que tornava o momento ainda mais especial.
Parabéns Rene e Leidi pela bela viagem que vocês estão realizando, pelo desafio/brincadeira e obrigado pelos presentes!
Com o presente cuidadosamente guardado na mochila, seguimos a pedalada, agora ainda mais motivados e com um sorriso no rosto. A descoberta trouxe uma sensação de alegria e conexão, tornando a aventura ainda mais memorável.
Após vencer a interminável Recta del Tin Tin, começamos a enfrentar uma sequência de curvas, que nos levaram a novos cenários e desafios.
O terreno agora se tornava mais sinuoso, exigindo mais concentração e esforço, mas a recompensa estava nas vistas deslumbrantes e na sensação de estar mais perto de nosso destino.
A cada curva vencida, uma nova paisagem se revelava diante de nossos olhos.
Desde os picos nevados que surgiam no horizonte, até as montanhas coloridas e os enormes cactos que pontuavam a estrada, cada vista parecia mais impressionante que a anterior, tornando cada pedalada uma experiência única e memorável.
Até que, finalmente, chegamos a um local repleto de carros estacionados e com bastante movimento.
Era um ponto de parada popular, onde turistas e viajantes se reuniam para admirar a paisagem e descansar antes de seguir viagem. A movimentação contrastava com a tranquilidade dos trechos anteriores, mas a energia no ar tornava o ambiente ainda mais vibrante.
No local, situado às margens da rodovia, havia banheiros e diversas barraquinhas que vendiam artesanato e itens típicos da região.
Ali, além das barraquinhas e banheiros, também é possível encontrar as ruínas de uma antiga construção de adobe.
Essa estrutura, que remonta ao passado histórico da região, adiciona um toque de mistério e cultura ao local, convidando os visitantes a refletirem sobre a história e as tradições que moldaram a paisagem ao longo dos séculos.
De lá, é possível apreciar uma vista deslumbrante do Nevado de Cachi, a montanha mais alta da região Calchaquí, com uma altitude impressionante de 6.380 metros acima do nível do mar.
A presença imponente do Nevado de Cachi, com seus picos cobertos de neve, acrescenta uma grandiosidade única à paisagem, tornando o local ainda mais encantador.
Antes de partir do parador, aproveitamos para tirar uma foto ao lado de um enorme cacto, que se tornou o cenário perfeito para registrar aquele momento.
A imensidão da planta, símbolo da região, refletia a vastidão e beleza natural ao nosso redor, tornando a foto ainda mais especial e representativa da nossa jornada.
Maravilhados com tanta beleza, voltamos à ruta, prontos para continuar nossa aventura.
Os quilômetros seguintes foram bem tranquilos, graças a um longo declive que facilitou a pedalada.
Aproveitamos para seguir com mais conforto, permitindo que o ritmo fluísse naturalmente enquanto continuávamos a explorar a região, sempre imersos nas paisagens de tirar o fôlego que nos acompanhavam.
Adiante, nos despedimos da Ruta Provincial 33 e começamos a pedalar pela lendária Ruta 40, uma das estradas mais icônicas da Argentina.
Com sua vasta extensão e rica história, a Ruta 40 é uma das estradas mais emblemáticas da Argentina. Ela atravessa o país de norte a sul, conectando a província de Santa Cruz à fronteira com a Bolívia.
Com mais de 5.200 km de extensão, a Ruta Nacional 40 é a rodovia mais longa do país e uma das mais importantes do mundo, sendo um verdadeiro símbolo da conexão entre diferentes regiões e culturas argentinas.
Por ela, cruzamos o pequeno povoado de Payogasta, uma charmosa localidade que, apesar de sua modesta dimensão, preserva a essência e as tradições do norte da Argentina.
E seguimos pela Ruta Nacional 40, imersos na vastidão da paisagem argentina.
A estrada, com suas curvas e trechos ondulados, nos conduzia cada vez mais profundo na região, oferecendo novas vistas e sensações a cada quilômetro, enquanto a imponente Cordilheira dos Andes nos acompanhava.
Neste momento, a temperatura já estava bem mais elevada, oferecendo um alívio após os trechos mais frios da jornada.
O calor começava a se intensificar, tornando a pedalada um pouco mais desafiadora, mas ao mesmo tempo, criando uma atmosfera única, típica da região de transição entre os Andes e os Valles Calchaquíes.
O aumento da temperatura, aliado ao retorno das sapecas ladeiras, tornou os últimos quilômetros da pedalada bastante cansativos.
Mas a determinação nos impulsionava a seguir em frente, com a promessa de mais uma conquista ao final da jornada.
Passamos por uma área repleta de esbeltos periquitos, que coloriam o céu com suas penas vibrantes.
Lentamente, avançávamos pela RN 40, saboreando e comemorando cada metro vencido.
Até que, próximo das 13 horas, exaustos mas maravilhados, cruzamos a ponte sobre as águas do Río Calchaquí e adentramos no centro de Cachi.
Após pedalar aproximadamente 62 quilômetros e descer mais de 1.000 metros de altitude, atingimos finalmente nosso objetivo.
A sensação de conquista era indescritível, especialmente ao perceber o quanto havíamos superado. Tudo compensado pela chegada a Cachi, uma cidade encantadora e repleta de história.
Cansados e com fome, seguimos a indicação de nosso guia e fomos direto a um restaurante para comemorar a chegada e experimentar o prato típico local: a parrilla de cabrito.
O saboroso prato, preparado com a carne macia e suculenta, foi a recompensa perfeita após um dia intenso de pedalada, proporcionando não apenas um prazer gastronômico, mas também uma verdadeira imersão na culinária regional.
Devidamente alimentados e descansados, partimos para caminhar pela área central de Cachi. O charme da cidade, com suas ruas tranquilas e arquitetura colonial, convidava a uma exploração mais detalhada.
Iniciamos nossa exploração pela praça principal, a Plaza 9 de Julio. Com seu ambiente acolhedor, cercada por árvores centenárias e edifícios coloniais, a praça era o coração pulsante de Cachi.
Enquanto caminhávamos pela praça, presenciamos uma senhora tocando tambor e entoando cânticos andinos. Sua música, carregada de tradição e emoção, ecoava pela praça, criando uma conexão única com a cultura local.
O som profundo e ritmado do tambor, combinado com as melodias andinas, trouxe uma sensação de estar imersos na rica história e nas tradições da região.
Localizada a cerca de 2.500 metros acima do nível do mar, a pequena e charmosa Cachi é conhecida por seu legado colonial, suas ruas de pedras e pelo povo acolhedor.
A cidade, cercada pela imponente Cordilheira dos Andes, preserva um charme único, com sua arquitetura que remonta ao período colonial e uma atmosfera tranquila que encanta todos que a visitam.
Em frente à praça central, encontra-se a Municipalidad de Cachi e a Iglesia San José, mais conhecida como Iglesia de Cachi.
A Igreja de Cachi, com sua arquitetura simples e imponente, é um dos marcos históricos da cidade.
Declarada Monumento Histórico Nacional em 1945, foi construída em meados do século XVIII, a mando dos antigos proprietários da fazenda Cachi, a qual originou a atual cidade.
Sua construção em adobe e madeira, características da época, reflete a tradição local e o legado colonial, tornando a Iglesia de San José de Cachi um símbolo de fé e história da região.
No interior da Iglesia de Cachi, destacam-se o revestimento do teto e o mobiliário, ambos feitos com madeira de cactos. Essa peculiaridade não apenas reflete a integração da igreja com o ambiente local, mas também destaca a engenhosidade e a utilização dos recursos naturais da região. A madeira de cactos, resistente e de aparência única, confere à igreja um charme rústico e autêntico, que encanta todos que a visitam.
Ao lado da Iglesia San José, fica o Museo Arqueológico de Cachi – Pío Pablo Díaz.
Museo Arqueológico de Cachi – Pío Pablo Díaz
O Museo Arqueológico de Cachi – Pío Pablo Díaz abriga uma valiosa coleção de artefatos arqueológicos que remontam à época dos povos indígenas que habitaram a região, como os diaguitas e os incas.
Como chegar
Mapa e roteiro de como chegar no Museo Arqueológico de Cachi – Pío Pablo Díaz partindo do centro de São Paulo – São Paulo – Brasil:
Contatos do Museo Arqueológico de Cachi – Pío Pablo Díaz
- Endereço: Juan Calchaquí – Centro | Cachi – Salta – Argentina
- Telefones: +54 0386 849-1080
- E-mail: museoarq.ppdiaz@yahoo.com.ar
Para obter informações mais detalhadas, visite o site oficial do Museo Arqueológico de Cachi – Pío Pablo Díaz.
Horários de Funcionamento
- Terça a domingo: 9h00 às 16h00
Valores de Ingresso
- Público em geral: $5.000
- Público em geral (argentinos): $3.000
*Todos os preços estão em pesos argentinos.
Recomendamos verificar as tarifas antes da sua viagem, pois os valores podem ser alterados a qualquer momento.
Tempo Médio de Visitação
- 45 minutos
O Museo Arqueológico de Cachi – Pío Pablo Díaz, criado em 1969, abriga um rico patrimônio arqueológico que retrata todas as etapas da história pré-hispânica do Valle Calchaquí.
Suas exposições incluem objetos, cerâmicas e artefatos que narram a evolução cultural e as tradições dos povos que habitaram a região. A visita ao museu proporciona uma verdadeira viagem no tempo, permitindo aos visitantes compreenderem a profundidade histórica e a importância arqueológica do vale.
Ali, inclusive, é possível aprender um pouco sobre as diferenças entre os guanacos, vicunhas, alpacas e lhamas. Esses animais, todos pertencentes à família dos camelídeos andinos, frequentemente geram confusão sobre suas características, mas cada um possui particularidades únicas.
Além de curiosidades sobre sua aparência e comportamento, a exposição também destaca a importância cultural e histórica desses animais para os povos andinos. E, claro, todos eles são incrivelmente fofos, conquistando facilmente a simpatia dos visitantes.
O nome do museu é uma homenagem a Don Pío Pablo Díaz, natural de Cachi, que foi o colecionador e doador responsável pela formação da base do acervo local.
Com um impressionante total de mais de 5.000 peças, o museu exibe cerca de 30% delas ao público, enquanto o restante está armazenado em condições adequadas para preservação. Esses itens permanecem disponíveis para estudos de historiadores e pesquisadores, destacando o compromisso do Museu Arqueológico de Cachi com a conservação e a disseminação do rico patrimônio arqueológico da região.
Após visitar o museu, seguimos para a área mais antiga de Cachi, que foi cuidadosamente restaurada para preservar seu estilo colonial.
Com suas casas de adobe, telhados de telha e ruas de pedra, essa parte da cidade transporta os visitantes a um passado remoto, onde a simplicidade e o charme arquitetônico destacam a rica herança cultural da região. Cada detalhe cuidadosamente mantido reforça a atmosfera histórica e encantadora do local.
Cachi abriga atualmente cerca de 2.500 moradores e está cercada por impressionantes montanhas que ultrapassam os 5.000 metros de altitude, muitas delas com picos permanentemente nevados.
Essa localização privilegiada, em meio à imponente Cordilheira dos Andes, proporciona paisagens de tirar o fôlego e uma sensação única de conexão com a grandiosidade da natureza.
Na sequência, retornamos aos arredores da praça principal e passamos pelo Salón Municipal.
O edifício, com sua arquitetura simples e típica da região, é um importante ponto de referência na cidade. Ele reflete a essência comunitária de Cachi, sendo utilizado para eventos locais, celebrações culturais e encontros que fortalecem o vínculo entre os moradores.
Depois, exploramos algumas das inúmeras lojas de artesanato no centrinho de Cachi. Esses pequenos estabelecimentos oferecem uma grande variedade de peças únicas, desde tecidos coloridos e acessórios feitos à mão até cerâmicas e esculturas em madeira de cactos. Cada item reflete a rica tradição cultural da região, e visitar essas lojas é uma oportunidade de levar para casa um pouco do espírito autêntico dos Valles Calchaquíes.
No meio da tarde, iniciamos nosso retorno a Salta, seguindo o mesmo trajeto da ida. Desta vez, percorremos todo o caminho a bordo do veículo motorizado da empresa Salta Biking +Adventures. Durante o percurso, aproveitamos para relembrar os momentos incríveis do dia, admirar novamente as paisagens deslumbrantes e, claro, descansar após a aventura inesquecível sobre duas rodas.
Aqui vai uma observação importante para quem planeja explorar a região com veículo próprio: o trajeto entre Salta e Cachi tem aproximadamente 160 km. A parte plana do percurso está completamente asfaltada, mas do início da Cuesta del Obispo até próximo ao ponto mais alto, na Piedra del Molino, o calçamento é de rípio. Esse trecho de cerca de 16 km apresenta uma subida bastante íngreme, com muitas curvas fechadas, exigindo atenção redobrada e, preferencialmente, um veículo adequado para estradas de cascalho.
Durante o retorno, fizemos apenas uma pausa no Parador El Maray. Aproveitamos o momento para esticar as pernas, utilizar os banheiros e, claro, admirar mais uma vez a beleza ao redor.
No Parador El Maray, aproveitamos para experimentar outra iguaria típica local: os buñuelos con miel. Esses deliciosos bolinhos fritos, acompanhados de mel, são uma verdadeira delícia e uma sobremesa tradicional da região.
A combinação do sabor doce e a textura crocante fez com que esse pequeno descanso fosse ainda mais saboroso, encerrando com chave de ouro a nossa pausa antes de seguir viagem.
No final do dia, chegamos ao centro de Salta, encerrando nossa jornada com a sensação de missão cumprida. Agradecemos imensamente ao Alejandro e ao Cesar, nossos guias, por nos conduzirem com tanta segurança e profissionalismo durante o passeio de hoje. Eles nos proporcionaram momentos inesquecíveis, que certamente ficarão marcados para sempre em nossas memórias, tornando essa experiência ainda mais especial.
Acima o mapa com o trajeto percorrido entre a capital Salta e a cidade de Cachi – Salta – Argentina.
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👍🏻👍🏻👍🏻👏👏👏
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Hola!!! Mas bah que lugar trilegal motociclistas aventureiros! E que coragem descer da Formosa e encarar as bikes… super massa. Quanto aos locais não há palavras para descrever o quanto é impressionante e incrível para quem só acompanha de longe imagino para vocês, deve estar sendo maravilhoso realizar esse sonho. Vocês merecem lutaram muito.para chegar até aí. Que Deus abençoe e acompanhe durante todo trajeto. E que venham mais belezas e novidades. 😘❤
Valeu! Lugares encantadores mesmo, a Expedição 2019: Salta – Jujuy – Tucumán está sendo ótima!
Que lugar sensacional! Além dos interessantes locais visitados, dá pra ver que também estão tendo uma bela viagem gastronômica. Aproveitem, amigos! Abrazos desde la isla.
Esta região é mesmo linda Fábio! Com relação à culinária, sempre que possível tentamos experimentar os pratos típicos locais, para não somente conhecer os lugares, mas também sentir seus sabores ;) Abraços.
Estamos ansiosos para ler tudo aquilo que tu tem para dizer! É chegado o momento de abrir este coração e compartilhar tua opinião, crítica (exceto algo desfavorável à imagem da Formosa), elogio, filosofar a respeito da vida ou apenas sinalizar que chegou até aqui ;)
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