Argentina • Expedição 2019: Salta – Jujuy – Tucumán • Salta
Aventura de Moto pela Ruta Nacional 16: Pampa del Infierno e o Pôr do Sol na Cordilheira dos Andes em Salta
15 de Setembro, 2019Aventure-se em uma viagem de moto pela Argentina, cruze as províncias de Chaco e Santiago del Estero, enfrente a desafiadora Pampa del Infierno e admire o pôr do sol na Cordilheira dos Andes, em Salta.
Acordamos cedo, prontos para um dia de grandes aventuras e altas temperaturas! Nossa viagem de moto pela extensa Ruta Nacional 16 nos levou a atravessar as províncias argentinas de Chaco e Santiago del Estero, enfrentando o desafiador trecho de Pampa del Infierno. No final do dia, chegamos à capital homônima de Salta, onde nos deparamos com uma multidão celebrando a Fiesta del Señor y la Virgen del Milagro. Encantados com o pôr do sol sobre a Cordilheira dos Andes, encerramos a jornada brindando com uma geladíssima cerveja local, a Salta Rubia.
No terceiro dia da Moto Expedição 2019: Salta – Jujuy – Tucumán, acordamos bem cedo. Aproveitamos um café da manhã tranquilo, organizamos as bagagens na Formosa e vestimos nossos trajes de viagem de moto. Com tudo pronto, nos despedimos da acolhedora cidade de Presidencia Roque Sáenz Peña, prontos para continuar a aventura.
A Formosa, aliás, passou a noite embalada pela animada cumbia argentina. A garagem do hotel, onde deixamos a moto, ficava nos fundos de uma boate que tocava o vibrante ritmo local. Enquanto arrumávamos as bagagens nas primeiras horas da manhã, ainda era possível sentir as paredes da garagem tremerem ao som da música.
Com a Formosa ainda em clima de ressaca, seguimos rumo oeste pela Ruta Nacional 16.
Sempre que viajamos em direção ao oeste, fazemos questão de partir o mais cedo possível. Isso porque, a partir do meio da tarde, o sol fica diretamente à nossa frente, comprometendo a visibilidade e tornando a viagem mais exaustiva.
Com o céu azul acima de nós e uma temperatura agradável, percorremos cerca de 80 km desde a partida até chegarmos a Pampa del Infierno.
Confesso que percorremos praticamente toda essa distância em busca da famosa placa com o nome do lugar, onde a maioria dos viajantes tira fotos, mas não a encontramos.
Pelo menos, conseguimos achar algo ainda mais valioso nesta região: um posto de combustível.
O primeiro abastecimento da Formosa no dia aconteceu justamente em Pampa del Infierno, cidade que recebeu esse nome devido à designação dada à região em 1887, quando tropas do governo argentino começaram a colonizar essa área do Chaco.
Ao encontrarem uma vasta extensão de pampa, extremamente seca e com temperaturas que chegavam perto dos 50°C, os militares não hesitaram em apelidar a região de Pampa del Infierno.
Com o tanque da Formosa cheio de nafta, seguimos viagem pelas intermináveis retas do norte argentino.
Quem já atravessou essa região sabe o quanto o trecho de cerca de 500 quilômetros da Ruta 16, que liga Resistencia a El Quebrachal, pode ser entediante. Isso porque todo o percurso é uma longa reta, sem nenhuma curva para quebrar a monotonia!
Essas retas, que se estendem por centenas de quilômetros, nos fizeram recordar, guardadas as devidas proporções, das longas estradas que enfrentamos no norte do Brasil no ano passado, durante a Moto Expedição 2018: Tapajós – Amazonas.
No meio dessa imensa reta argentina, que se estende até o horizonte, existem algumas linhas divisórias imaginárias, criadas pelo homem. Uma delas marca a fronteira entre as províncias do Chaco e Santiago del Estero.
Mais uma província argentina na conta da Formosa! Vale lembrar que Formosa é também o nome de uma província argentina que ainda não exploramos, mas, neste caso, estamos nos referindo à nossa querida Harley-Davidson.
¡Hasta pronto, Chaco! Seguimos nossa jornada rumo a novas aventuras, deixando para trás mais uma parte incrível da República Argentina.
Cerca de 170 quilômetros da Ruta Nacional 16 cortam as terras da província de Santiago del Estero.
Nesse trajeto, passamos por Pampa de los Guanacos e, em seguida, por Los Pirpintos.
A partir de Los Pirpintos, começaram a surgir alguns buracos na, até então, excelente Ruta Nacional 16. Depois de desviar de alguns deles, decidimos parar sob uma sombra — algo raro na região — para nos refrescar.
Assim que paramos, uma pequena cachorrinha apareceu ao nosso lado. Por sorte, tínhamos alguns biscoitos nos alforjes, que ela devorou rapidamente, deixando claro que estava com muita fome.
A vontade era de levar a bucica conosco, mas, como não era possível, oferecemos um pouco de água para ela e seguimos nossa viagem.
Em seguida, avistamos alguns porcos nas margens da rodovia, até que chegamos a Monte Quemado. Lá, aproveitamos para abastecer a moto e nos hidratar, já que o calor estava cada vez mais intenso.
Que decisão acertada! Depois de Monte Quemado, enfrentamos cerca de 40 km de rodovia em péssimo estado de conservação, o que tornou a viagem ainda mais desafiadora.
Com a temperatura beirando os 40°C e um asfalto, ou o que restava dele, que nos forçava a rodar a menos de 40 km/h, muitas vezes pelo acostamento, chegamos à conclusão de que este trecho merecia ser chamado de Pampa del Infierno, e não o anterior.
Até hoje, já percorremos mais de 74.000 km com a Formosa, atravessando estradas do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Porém, este trecho de aproximadamente 40 quilômetros foi, provavelmente, um dos piores — se não o pior — pelo qual já passamos.
Após vencer o trecho difícil, retomamos o caminho pela província de Chaco e fizemos uma parada em Taco Pozo para nos alimentar, nos hidratar e descansar por alguns minutos.
No posto onde paramos, havia vários brasileiros com suas motos big trail, aproveitando a parada para descansar e reabastecer.
Este percurso é bastante tradicional entre os motociclistas, que o percorrem rumo ao norte da Argentina, ao deserto do Atacama no Chile, ou até mesmo para seguir viagem para Bolívia, Peru, Equador e outros países da América do Sul.
Após o breve descanso, voltamos à estrada e, poucos quilômetros depois de Taco Pozo, cruzamos outra linha imaginária. Isso nos fez deixar para trás mais uma vez a província do Chaco e acessar pela primeira vez a província de Salta!
Sob um calor intenso, não resistimos e aproveitamos a sombra de uma árvore à beira da rodovia nacional para uma nova pausa rápida, a fim de nos hidratar.
Ao lado da árvore, havia uma capelinha vermelha em homenagem ao Gauchito Gil, uma presença comum nas margens das rodovias argentinas.
Devidamente hidratados, seguimos adelante, prontos para encarar o próximo trecho da jornada.
Até que, finalmente, avistamos e adentramos uma tímida curva, quebrando um pouco a monotonia das retas intermináveis.
Aos poucos, as curvas começaram a voltar, compondo o cenário até os últimos quilômetros da Ruta Nacional 16, que avança até o entroncamento com a Ruta Nacional 9.
Além das curvas, enormes montanhas surgem no horizonte. A princípio, elas parecem nuvens, mas, conforme a distância diminui, a nitidez vai se aprimorando e a imponente cordilheira vai se revelando, transformando a paisagem, que até então era dominada pela vasta planície dos pampas.
Em meio a esse cenário, nos despedimos da Ruta Nacional 16 e começamos a rodar pela Ruta Nacional 9, que segue duplicada desde o entroncamento com a Ruta 16 até a capital Salta.
Passamos ao lado do local histórico onde a bandeira argentina nasceu no dia 13 de fevereiro de 1813, um marco importante na história do país.
Aos poucos, nos aproximamos do destino do dia: Salta, com suas paisagens deslumbrantes e rica história nos aguardando.
No fim do dia, chegamos à capital de todos os salteños, Salta, prontos para explorar suas belezas e cultura.
Seguindo as orientações das placas, acessamos a ampla capital provincial de Salta, com suas ruas vibrantes e arquitetura marcante.
Fundada em 1582, Salta é uma das cidades mais importantes do noroeste argentino. Sua localização estratégica facilita a comunicação com a Bolívia e o norte do Chile, tornando-a um ponto chave no comércio e na cultura da região.
Salta também é o centro de uma importante região agrícola, destacando-se na produção de grãos, milho, tabaco, cereais, cana-de-açúcar, entre outros. Esses produtos são exportados para a Europa via Buenos Aires, ou para os Estados Unidos e mercados do Pacífico através do porto chileno de Antofagasta.
Em meio a um trânsito bastante tranquilo, provavelmente por ser domingo — afinal, em dias úteis o movimento deve ser mais caótico na capital que abriga atualmente mais de 620.000 habitantes — acessamos a área central de Salta.
Curiosamente hoje, dia 15 de setembro, Salta celebra a Fiesta del Señor y la Virgen del Milagro, uma das festas religiosas mais importantes (senão a mais importante) de toda a Argentina.
Isso explica o fato de várias ruas centrais de Salta estarem com o trânsito de veículos bloqueado, devido às celebrações da Fiesta del Señor y la Virgen del Milagro.
Fiéis de todas as partes da Argentina e até de outros países tomam o centro de Salta durante os dias da Fiesta del Señor y la Virgen del Milagro, transformando a cidade em um grande palco de devoção e celebração.
Por sorte, havíamos reservado o local para pernoitar com antecedência, o que nos garantiu tranquilidade em meio à agitação do evento.
Com a Formosa devidamente estacionada na garagem do apartamento locado, aproveitamos para admirar, pela primeira vez, o sol se esconder atrás da imponente Cordilheira dos Andes, um espetáculo natural de tirar o fôlego.
Após o espetáculo da natureza, caminhamos pela área central de Salta e brindamos o dia com uma geladíssima cerveja local, a Cerveza Salta Rubia, perfeita para encerrar a jornada com sabor e frescor.
Depois, foi hora de descansar, pois sabíamos que o dia seguinte prometia ser de muita exploração e novas descobertas em Salta.
Acima o mapa com o trajeto percorrido no dia entre Presidencia Roque Sáenz Peña – Chaco e Salta – Salta – Argentina.
Oba! Já são 6 comentários nesta postagem!
Não conhecia essa cerveja, deve ser uma delícia… e os vinhos deles são realmente bons… aproveitem….
A cerveja Salta é muito boa mesmo, feita aqui na cidade. Experimentamos a Rubia, mas ainda precisamos provar a Negra, que segundo nos falaram combina perfeitamente com empanadas. Sobre os vinhos, degustamos dois Malbec de Cafayate, o Torrontés está na lista. Abraços.
Aventureiro casal, não deixem de degustar um refrescante vinho branco da região de Salta (uva Torrontés). Bom proveito e uma excelente viagem/expedição. Grande abraço !!!
Valeu pela dica Fernando!
Hoje em Salta (dia 04) degustamos um Malbec de Cafayate, estava delicioso!
Abraços.
Olá motociclistas do meu coração… hoje o dia foi bastante cansativo pelo relato mas com certeza valeu a pena. Sigam adiante para logo se deparar com maravilhas naturais que compensarão seus esforços. 😘😘😘
Olá! O dia foi cansativo mesmo, mas muito proveitoso, valeu cada instante.
As situações extremas que vivenciamos durante as viagens ficam marcadas para sempre ;)
Bjs.
Estamos ansiosos para ler tudo aquilo que tu tem para dizer! É chegado o momento de abrir este coração e compartilhar tua opinião, crítica (exceto algo desfavorável à imagem da Formosa), elogio, filosofar a respeito da vida ou apenas sinalizar que chegou até aqui ;)
Mas atenção, os campos marcados com * são de preenchimento obrigatório, pois assim mantemos (ou tentamos manter) o blog bonitinho, livre de robôs indevidos.
Ah, relaxe, seu endereço de e-mail será mantido sob sigilo total (sabemos guardar segredos, palavra de escoteiro) e não será publicado.