A troca de quarto (e o vinho) ontem nos proporcionaram uma noite de sono profundo.
Acordamos neste domingo às 7h00 e depois de nos deliciar com aquele café da manhã esperto chamamos um Uber para explorar mais um pouquinho da capital baiana.
A primeira parada do dia para fotos foi às margens do Dique do Tororó.
A represa construída no século XVII em um vale natural tinha como principal função a proteção da cidade contra invasores, já no século XIX, livre de ameaças, o local começou a ser aterrado para a expansão da cidade e teve seu tamanho reduzido.
Atualmente o Dique do Tororó é uma área de lazer e esportes, conta com anfiteatro, centros comunitários, pedalinhos, restaurantes e em suas águas destacam-se doze esculturas de orixás, obras do artista plástico Tati Moreno.
Praticamente em frente ao dique fica o Complexo Esportivo Cultural Octávio Mangabeira, mais conhecido como Arena Fonte Nova. A Arena Fonte Nova foi inaugurada em 2013 e possui uma capacidade para 50.000 pessoas em três níveis de arquibancadas.
Contornamos o estádio nas primeiras horas da manhã e a movimentação nos arredores já era grande, afinal, hoje tem o maior clássico do futebol baiano: Bahia x Vitória, também conhecido como Ba-Vi.
Dali fomos até o Palácio Rio Branco, onde desembarcamos do carro e iniciamos uma caminhada pelo centro histórico da metrópole.
O imponente Palácio Rio Branco foi sede do Governo Geral durante os anos de 1549 e 1763, período no qual Salvador foi a capital do país.
A construção original de 1549 foi destruída após um bombardeio durante a República Velha, em 1912, e reerguida em 1919.
Segundo nossas pesquisas o local abriga o Memorial dos Governadores e deveria abrir no domingo das 9h00 às 13h00, porém, permaneceu fechado durante todo o dia.
Na esquina ao lado do Palácio Rio Branco existe uma antiga edificação.
E de frente para ela fica a Praça Thomé de Souza, cercada pelo Elevador Lacerda, prefeitura e câmara municipal.
Thomé de Souza, ou Tomé de Souza, figura que dá nome à praça e ostenta uma estátua no centro do espaço público foi o primeiro governador-geral do Brasil, exercendo o cargo durante os anos de 1549 e 1553.
O dito cujo chegou nas terras de Salvador de Todos os Santos, primeiro nome dado à capital baiana, em 1549 acompanhado por 1.000 homens que vieram do Velho Mundo em seis embarcações.
Um terço desse pessoal era composto por soldados, um terço por profissionais especializados na área de construção civil e os demais eram degredados que ganharam a liberdade em troca do trabalho pesado na construção da primeira capital brasileira.
Ah, também estavam presentes nas embarcações seis padres jesuítas liderados pelo Manoel da Nóbrega que, um ano depois da chegada, percebeu um grande problema: não tinha mulheres no local.
E quando comentamos que chegaram 1.000 homens junto a Tomé de Souza, é porque eram apenas homens, não tinha nenhuma mulher na tripulação.
Não sei o que é mais surpreendente: o fato de não terem trazido mulheres ou terem demorado um ano para “descobrirem” que não haviam mulheres no local.
Pois bem, o padre Manoel da Nóbrega, sensível aos apelos constantes dos homens que queriam esposar e constituir família, escreveu ao rei de Portugal uma carta onde apelou para que Portugal enviasse mulheres.
O rei atendeu o pedido e tempos depois finalmente as tão esperadas mulheres chegaram, trazidas da França.
Voltando à praça, dela temos uma vista privilegiada da maravilhosa Baía de Todos os Santos.
E podemos ver o curioso Forte São Marcelo, também conhecido como Forte do Mar, o qual foi construído no ano de 1624 com a missão de proteger o centro da cidade colonial de ataques marítimos estrangeiros.
No final do século XVIII o local mudou de função e passou a servir de prisão para estudantes relapsos e indisciplinados, além de importantes personagens históricos, como o líder da Revolta dos Alfaiates, Cipriano Barata, e o general farroupilha Bento Gonçalves.
Da Praça Thomé de Souza demos poucos passos e logo chegamos no Museu da Misericórdia.
Museu da Misericórdia
Local: Rua da Misericórdia, 6 | Praça da Sé | Salvador – BA
Telefone: (71) 2203-9835
Site: https://www.museudamisericordia.org.br/
Funcionamento: Terça a sexta das 8h30 às 17h30 | Sábado das 9h00 às 17h00 | Domingo e feriados das 12h00 às 17h00
Ingresso: R$ 10,00
Tempo médio de visitação: 1 hora
O Museu da Misericórdia está instalado no antigo prédio da Santa Casa de Misericórdia, um palacete do século XVII que abrigou o primeiro hospital da cidade.
A visita ao museu é guiada e quando chegamos todos os guias estavam ocupados, bastou aguardar alguns instantes para um guia ser liberado e nossa visita ter início.
O passeio começa pela Igreja da Misericórdia, considerada um marco da arte portuguesa e um dos mais belos monumentos religiosos de Salvador.
A construção do templo religioso data de 1654 no exato local onde Tomé de Souza havia ordenado construir a primeira igreja.
Sua construção se alongou com o passar dos anos e a partir de 1722 foram realizadas obras de complementação e embelezamento.
Dentre os elementos artísticos em seu interior destacam-se as imagens de São Cosme e Damião, que vieram da Igreja da Palma em 1735.
E fabulosos painéis de azulejos portugueses que retratam a Procissão do Senhor Morto, a Procissão do Fogaréu e a Procissão dos Ossos, além de figuras de convite ou de guarda, datados do século XVIII.
A igreja conta com vários estilos arquitetônicos: barroco, rococó e neoclássico, que podem ser encontrados nos bens patrimoniais móveis e integrados.
Além da igreja, o conjunto arquitetônico inclui dependências para assistência social, sacristia, claustro e o belo Salão Nobre.
O Museu da Misericórdia possui um rico acervo, composto por 3.874 peças, classificadas em diversas categorias, como alfaia, mobiliário, pinacoteca e imaginária.
Trata-se de um legado de 469 anos de história, com obras que contextualizam do século XVII até os dias atuais.
Um dos acessos ao pavimento superior é feito por uma loggia que conta com um rico trabalho de embrechado em quatro tipos de mármore que conferiu ao prédio do museu o tombamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1938.
A obra de arte foi executada pelo mestre Gabriel Ribeiro em 1706 e é o único embrechado do gênero em toda a América Latina.
Ainda na loggia encontramos uma tela que representa Santa Bárbara, assimilada a Oyá, ou Iansã (divindade iorubá que é dona dos raios).
A santa é tradicionalmente invocada para pedir proteção dos navegantes contra as tempestades, muitas vezes fatais em alto mar, por este motivo a tela está voltada para o oceano.
Já no piso superior nos deparamos com uma estátua de São Jorge solitário.
Algo bem diferente daquela figura tradicional onde ele aparece montado em um cavalo, combatendo o dragão.
O Museu da Misericórdia também desenvolve ações educativas junto à sociedade e é campo de diversas pesquisas acadêmicas, com promoção de visitas de estudantes universitários e alunos de escolas públicas e particulares.
Na sequência adentramos no suntuoso Salão Nobre.
Onde vimos a escrivaninha de Ruy Barbosa, que foi funcionário da Santa Casa da Bahia.
E também a cadeira feita exclusivamente para a visita de Dom Pedro II, em 1859.
Sem contar no teto, lindamente decorado com impecáveis pinturas religiosas.
Questionamos como eram feitas as pinturas no teto e a guia respondeu que na maioria dos casos (como neste Salão Nobre) as telas eram pintadas de forma tradicional (em cavaletes, no piso) e depois alocadas no teto.
Aliás, este salão possui uma estrutura a qual permite a remoção das telas para possíveis trabalhos de restauro, sem que haja a necessidade do artista trabalhar deitado no alto de um andaime.
Depois passamos pela parte superior da Igreja da Misericórdia.
E acessamos uma ala com mais itens de arte sacra.
Em 1734 Salvador foi acometida por uma grande peste e na ocasião as crianças contaminadas eram abandonadas nas ruas e vielas da cidade.
A mentalidade social da época também rejeitava crianças frutos de relacionamentos extraconjugais e de etnias diferentes.
Com a intenção de minimizar o sofrimento dessas crianças, a Santa Casa de Misericórdia da Bahia trouxe para Salvador uma prática muito comum em Portugal na época: a roda, aqui denominada Roda dos Expostos.
O dispositivo giratório era feito em madeira e colocado na parede externa do prédio, o que garantia o sigilo das pessoas que, por razões diversas, abandonavam as crianças.
A pessoa colocava a criança em uma das gavetas, girava da Roda dos Expostos, tocava a sineta, e picava a mula ia embora.
Segundo os registros diários feitos pelas irmãs de caridade da Santa Casa constata-se que eram deixadas em média 650 crianças por ano na roda.
A Roda dos Expostos fica hoje em uma sala que abriga um amplo acervo de itens relacionados à medicina.
Dentre eles um enorme armário de 1867 construído exclusivamente para armazenar frascos com substâncias farmacêuticas do Hospital da Caridade.
Alguns frascos ainda possuem conteúdo original.
A primeira transfusão de sangue praticada na Bahia ocorreu neste exato local em 1915.
Na época não existiam exames para analisar o tipo sanguíneo das pessoas, por este motivo a transfusão ocorria apenas em últimos casos e era uma verdadeira loteria, pois o paciente poderia ter sorte do sangue ser compatível com o seu, ou não.
A próxima sala do museu conta com uma coleção de quadros que retratam a Paixão de Cristo, obras do pintor barroco José Joaquim da Rocha.
Por fim chegamos a uma sala onde está o primeiro carro movido a gasolina da Bahia, e o mais antigo em exposição no Brasil.
Conhecido o Museu da Misericórdia avançamos pela Praça da Sé.
Na qual figura uma estátua em homenagem a Pedro Fernandes Sardinha, primeiro bispo do Brasil.
E outra que homenageia o Zumbi dos Palmares, ícone da resistência negra à escravidão.
Na sequência adentramos no Largo Terreiro de Jesus, onde começa o Pelourinho.
Apenas ao redor da Praça Terreiro de Jesus contamos 3 igrejas, iniciamos as fotos pela Catedral Basílica de Salvador.
A Catedral Basílica de Salvador teve sua pedra fundamental lançada em 1657, sendo inaugurada e consagrada em 1672.
Foi tombada pelo IPHAN como Patrimônio Cultural Nacional em 1938 e o tombamento inclui todo o seu acervo, um dos mais valiosos do Brasil, infelizmente durante nossa passagem pelo local ela estava fechada.
Nos contentamos em admirar sua fachada, que é de pedras de lioz importadas de Portugal. Nos nichos sobre as portas estão as imagens de três santos jesuítas: Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier e São Francisco de Borja.
Praticamente ao lado da Catedral de Salvador fica a Faculdade de Medicina da Bahia – FAMEB, escola de medicina mais antiga do Brasil, criada em 1808.
A próxima igreja que visitamos às margens da Praça Terreiro de Jesus foi a Igreja de São Pedro dos Clérigos.
A atual Igreja de São Pedro dos Clérigos começou a ser construída na segunda metade do século XVIII.
Sua fachada, em estilo rococó, foi edificada no século seguinte.
Uma grande pintura no teto representando Jesus e São Pedro na passagem narrada no livro de Mateus capítulo 16, versículo 18, se sobressai.
O altar-mor e as capelas laterais do templo religioso possuem estilo neoclássico.
A igreja seguinte é a Igreja da Venerável Ordem 3ª de São Domingos Gusmão.
Sua construção iniciou em 1731 e durante nossa passagem pelo local a igreja estava fechada para visitas.
A fachada da igreja é bastante elegante e possui estilo rococó.
Seguimos a caminhada e adentramos no Largo do Cruzeiro de São Francisco.
A cruz de mármore que fica no centro do largo, bem em frente à Igreja e Convento de São Francisco, foi erguida entre 1805 e 1808.
Com relação à Igreja e Convento de São Francisco, trata-se nada mais nada menos de uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo.
A fachada da igreja que contempla o conjunto arquitetônico tombado pelo IPHAN conta com duas torres simples e um frontão mais elaborado.
No qual destaca-se a imagem de São Francisco, o símbolo da ordem franciscana e o brasão de armas de Portugal.
Em seu interior a quantidade de ouro que reveste os ricos e ornamentados detalhes em duas paredes, colunas e teto impressionam.
Os adornos possuem símbolos do barroco brasileiro e são representados por folhas, aves, flores e anjinhos.
Este conjunto acompanhado pelo teto e púlpitos lindamente pintados com imagens sacras, diversas imagens policromadas, pias de pedra e vários jacarandás esculpidos deixam claro o motivo deste templo religioso ser considerado o principal representante do barroco da Bahia.
Como adentramos na igreja exatamente no momento da celebração da missa, nos restringimos a admirar sua beleza da porta de entrada.
E assim passamos vários minutos ouvindo a missa e observando cada detalhe desta verdadeira obra de arte.
Antes do fim da missa deixamos a igreja e fomos visitar sua vizinha, a Igreja da Ordem Terceira Secular de São Francisco.
Igreja da Ordem Terceira Secular de São Francisco
Local: Rua da Ordem Terceira | Pelourinho | Salvador – BA
Telefone: (71) 3321-6968
E-mail: ordemterceira@hotmail.com
Funcionamento: Quarta da domingo das 9h00 às 12h00 e das 13h00 às 16h00
Ingresso: R$ 5,00
Tempo médio de visitação: 1 hora
A atual Igreja da Ordem Terceira Secular de São Francisco teve sua pedra fundamental instalada em 1702.
Sua fachada em pedra arenito lavada e decorada em altos-relevos é o único exemplar no Brasil que remete ao barroco espanhol.
O projeto é de Gabriel Ribeiro, considerado um dos introdutores do barroco no país.
Além da igreja, o local abriga um amplo museu de arte sacra.
Dentre os preciosos itens de seu acervo uma escultura do Senhor Morto, de autoria de Francisco das Chagas Xavier, em que as gotas de sangue são representadas por rubis chama a atenção.
No centro do claustro encontramos um relógio solar de 1736.
Claustro, inclusive, que possui paredes revestidas pelo único conjunto de azulejaria português que representa a cidade de Lisboa antes do terremoto de 1755.
E no piso estão diversos jazigos.
Reza a lenda que Salvador tem 365 igrejas, uma para cada dia do ano, mas segundo os dados apontados pela arquidiocese da cidade esse número é ainda maior, oficialmente são 372 templos religiosos espalhados pela capital baiana.
Por falar em igreja, após passar por algumas salas finalmente acessamos o interior da Igreja da Ordem Terceira Secular de São Francisco.
A decoração do interior da igreja foi quase inteiramente modificada no século XIX, passando a ter predominância do estilo neoclássico.
No teto encontram-se belas pinturas criadas por Franco Velasco.
E no piso superior se sobrepõe um amplo órgão de tubos.
Na sequência conhecemos o Ossuário São Francisco.
Já no piso superior visitamos a Sala do Consistório da Ordem Terceira.
Vimos diversas vestimentas antigas de padres e bispos.
E por fim passamos pela parte superior da igreja.
Desta forma encerramos nossa visita ao local, voltando a caminhar pelo Largo do Cruzeiro de São Francisco.
Passamos pelo Terreiro de Jesus e seguimos em direção às ladeiras do Pelourinho, mas antes decidimos explorar o Museu Eugênio Teixeira Leal.
Museu Eugênio Teixeira Leal | Memorial do Banco Econômico
Local: Rua do Açouguinho, 1 | Pelourinho | Salvador – BA
Telefone: (71) 3321-8023
E-mail: museueugeniomuseografia@gmail.com
Site: https://www.museueugenioteixeiraleal.org/
Funcionamento: Segunda a sexta das 9h00 às 16h00
Ingresso: Gratuito
Tempo médio de visitação: 45 minutos
Inaugurado em 1984, o Museu Eugênio Teixeira Leal oferece visita guiada e conta com um acervo composto por mais de 6.000 peças divididas em 3 exposições, a primeira delas é a “História de um Banco”.
Esta exposição remonta a história de uma das instituições bancárias mais antigas da América Latina, o Banco Econômico.
Na sequência visitamos a seção “História do Dinheiro”.
Prensas utilizadas na fabricação de moedas, réplicas e peças autênticas compõem a coleção.
Após conhecer a história do dinheiro e algumas curiosidades a seu respeito subimos ao segundo piso do edifício, onde fica a “Sala de Medalhas e Condecorações”.
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Ali vimos diversas medalhas, condecorações, placas, troféus, distintivos e selos.
Com destaque para uma série de medalhas em homenagem aos orixás.
A principal missão do Museu Eugênio Teixeira Leal é contribuir para a preservação, difusão e apropriação do patrimônio cultural, aplicando ações museológicas e atuando como referencial para o exercício da cidadania.
Conhecido o Museu Eugênio Teixeira Leal retomamos a caminhada pelas ladeiras do Pelourinho.
O Pelourinho é considerado um Patrimônio Cultural da Humanidade, tombado pela Unesco em 1985.
O nome do bairro deriva do poste de madeira com argolas de ferro que foi instalado em praça pública no ano de 1549 com a finalidade de amarrar qualquer cidadão que cometesse algum tipo de crime, mais tarde ele virou um instrumento de tortura de escravizados e foi transferido para uma ladeira que veio a ser chamada de Ladeira do Pelourinho.
Uma das mais famosas referências do Pelourinho é a Casa de Jorge Amado, também conhecida como Casa do Rio Vermelho, onde funciona uma instituição museológica em homenagem ao escritor baiano Jorge Amado, autor de livros como Tieta do Agreste e Capitães da Areia.
O Pelourinho é um dos principais cartões postais de Salvador e atualmente reúne artesanato, arquitetura barroca, religião, culinária baiana, centros culturais e o legítimo batuque do Olodum (infelizmente não vimos o Olodum se apresentar).
A poucos passos da Casa de Jorge Amado fica a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
As torres da igreja que possui estilo rococó e terminações em bulbo são revestidas de azulejos com cenas da devoção ao Rosário de Lisboa, datados de 1790.
A atual igreja começou a ser construída em 1704 e foi finalizada apenas em 1780.
Toda terça-feira a igreja é palco de uma incrível demonstração do sincretismo baiano, que é a Terça da Bênção, quando acontece uma missa ritmada com os mesmos instrumentos encontrados num terreiro de candomblé.
Da igreja avançamos pelas vielas do Pelourinho.
Descemos ladeira, subimos ladeira e logo passamos em frente à Igreja do Santíssimo Sacramento do Passo, que estava fechada para reformas.
Poucos metros adiante localizamos outro templo religioso, desta vez a Igreja Nossa Senhora do Carmo.
A Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo é uma das mais antigas construções religiosas de Salvador, começou a ser erguida em 1644 e sua fachada é decorada com pedras de lioz trazidas de Portugal.
O local também conta com um museu de arte sacra e possibilita a visita a sua belíssima sacristia, catacumbas e a antiga senzala onde eram acolhidos os escravos pelos irmãos carmelitas.
Venerável Ordem Terceira Nossa Senhora do Carmo
Local: Rua Luís Viana | Santo Antônio Além do Carmo | Salvador – BA
Telefone: (71) 3326-9432
E-mail: o.t.csodaliciodesalvador@gmail.com
Funcionamento: Segunda a sexta das 9h00 às 18h00 | Sábado das 9h00 às 13h00 | Domingo das 9h00 às 15h00
Ingresso: R$ 5,00
Tempo médio de visitação: 45 minutos
O interior da igreja é rico em detalhes.
Seus altares laterais são ornados com imagens de Cristo em momentos de sua Paixão.
A pintura do teto da nave foi executada entre os anos de 1815 e 1817 pelo artista José Teófilo de Jesus.
Em uma das dependências do museu está exposta uma fonte de 1830.
A Ordem Terceira do Carmo instalou-se na Bahia em 1636.
A irmandade foi reconhecida por bula papal em 1695 com o nome de Venerável Ordem Terceira da Mãe Santíssima e Soberana Senhora do Monte do Carmo.
Outra obra de imenso valor artístico é a Imagem do Senhor Morto, venerada nas dependências da Ordem Terceira.
A imagem em questão foi esculpida em cedro no século XVIII pelo célebre artista baiano Francisco Manoel das Chagas, conhecido como “O Cabra”.
Nela as gotas de sangue são feitas com 2.000 rubis vindos da Índia, um recurso comum na época, e que tinha um simbolismo especial, pois ajudava a compreender o valor do sangue infinitamente precioso de Cristo.
Na parte inferior do templo ficava a senzala utilizada para acolher os escravos.
Ali também existia um túnel secreto que ligava a igreja a outras da cidade.
Inclusive à igreja vizinha, a Igreja Nossa Senhora do Carmo e Convento do Carmo – Ordem Primeira.
Infelizmente a igreja da Ordem Primeira, que começou a ser construída em 1636 e foi concluída em 1723, estava fechada.
Com relação ao convento, é simplesmente o maior da Ordem Carmelita no mundo, possuindo dois claustros e 80 celas.
Durante a Invasão Holandesa (1624 a 1625) o local abrigou o quartel general das forças de resistência e lá os holandeses assinaram sua rendição.
Em 1828 o Convento do Carmo tornou-se a sede do Conselho Geral da Província da Bahia, instituído após a Independência do Brasil.
Atualmente um hotel funciona nas dependências do antigo convento.
Deixamos as igrejas do Carmo e continuamos nossa caminhada pelas estreitas ruas de calçamento.
Passamos pelo Plano Inclinado Pilar, o qual foi construído em 1897 e permanece em funcionamento até os dias atuais servindo como uma ligação entre as cidades alta e baixa.
Avistamos um antigo pelourinho.
Fotografamos a Igreja da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora da Conceição do Boqueirão.
E nos maravilhamos com as edificações de época, algumas restauradas e bem conservadas, outras nem tanto.
Após uma pernada de praticamente 1000 metros sob forte calor chegamos no Largo de Santo Antônio.
Da Praça do Largo de Santo Antônio pudemos apreciar o Porto de Salvador e a Baía de Todos os Santos por outro ângulo.
E é claro que no Largo de Santo Antônio tem uma igreja, no caso a Paróquia de Santo Antônio Além do Carmo.
Que fica ao lado do Forte da Capoeira, que também estava fechado quando ali chegamos.
Após uma breve pausa para recuperar o fôlego retornamos pelo mesmo trajeto e de volta à Praça Sé fomos experimentar o famoso acarajé da Mary.
O prato típico da Bahia feito com feijão fradinho e azeite de dendê é uma verdadeira delícia e é tão importante na cultura e história local que as cozinheiras que fazem a especiaria tem até um dia especial dedicado à elas.
O Dia Nacional das Baianas de Acarajé é comemorado todo dia 25 de novembro.
Após forrar o estômago conhecemos o monumento em homenagem à baiana e o monumento da Cruz Caída, de autoria do artista Mário Cravo.
A escultura da cruz foi inaugurada em 1999 em comemoração aos 450 anos de fundação da cidade e homenageia a antiga Igreja da Sé, a primeira do Brasil, construída em 1553 e demolida em 1933 para permitir a passagem de bondes até o Terminal da Sé.
Dali descemos para a cidade baixa pelo Elevador Lacerda para visitar, novamente, o Mercado Modelo, mas este já estava fechado (fecha às 14h00 no domingo), então voltamos a subir pelo Elevador Lacerda e nos refrescamos com um gelato sabor coco queimado… delícia!
Depois de nos refrescar com o sorvete deixamos o Pelourinho e o Centro Histórico de Salvador a bordo de um Uber e seguimos sentido Barra.
Ali paramos para conhecer a pequena Igreja Santo Antônio da Barra.
No local fizemos algumas fotos em frente à igreja e não passamos do portão, afinal, todos esperavam a noiva chegar para iniciar a celebração do casamento.
Ontem presenciamos um batizado e hoje o início de um casamento.
Ficamos alguns minutos em frente à igreja e quando percebemos que não seríamos convidados para a festa abandonamos a noiva na porta da igreja e caminhamos em direção à Praia do Porto da Barra.
E a praia estava lotada.
Mas nosso objetivo não era pisar nas areias da praia, mas sim o Forte de São Diogo, o qual fica na ponta direita da extensa faixa de areia.
A visita à área externa do forte é gratuita.
Já a parte interna, que inclui uma sala que abriga o Espaço Cultural Carybé das Artes, tem acesso pago.
Espaço Cultural Carybé das Artes | Forte São Diogo
Local: Forte de São Diogo | Porto da Barra | Salvador – BA
Telefone: (71) 3264-7262
E-mail: agendamentofortes@salvador.ba.gov.br
Funcionamento: Quarta a segunda das 11h00 às 19h00
Ingresso: R$ 20,00 (O ingresso vale para o acesso ao Espaço Cultural Carybé – Forte São Diogo e ao Espaço Cultural Pierre Verger – Forte Santa Maria).
Tempo médio de visitação: 45 minutos
O Espaço Cultural Carybé de Artes conta com um acervo virtual do artista plástico argentino naturalizado brasileiro Hector Julio Páride Bernabó, o Carybé, exposto através de projetores e totens interativos.
As obras não estão nas paredes, mas o universo virtual criado para a experiência faz uma imersão nas gravuras, desenhos, ilustrações, cerâmicas, esculturas e murais de uma maneira ultra interativa.
Conhecido o espaço cultural nos despedimos do Forte São Diogo e seguimos pela Orla da Barra.
Cruzamos toda a extensão da Praia do Porto da Barra.
E chegamos no Forte Santa Maria.
Assim como no Forte São Diogo, o acesso à parte externa do Forte Santa Maria é gratuito, apenas o acesso ao Espaço Cultural Pierre Verger é pago.
Espaço Pierre Verger da fotografia baiana | Forte de Santa Maria
Local: Forte de Santa Maria | Porto da Barra | Salvador – BA
Telefone: (71) 3264-7262
E-mail: agendamentofortes@salvador.ba.gov.br
Site: https://www.pierreverger.org/br/
Funcionamento: Quarta a segunda das 11h00 às 19h00
Ingresso: R$ 20,00 (O ingresso vale para o acesso ao Espaço Cultural Carybé – Forte São Diogo e ao Espaço Cultural Pierre Verger – Forte Santa Maria).
Tempo médio de visitação: 1 hora
O museu é todo interativo e conta com um acervo digital com mais de quatro mil fotografias de profissionais baianos, com destaque, claro, ao trabalho do fotógrafo e etnógrafo franco-brasileiro Pierre Verger.
Ficamos impressionados com a alta tecnologia aplicada nos dois espaços culturais, os quais além de obras de arte, possuem exposições virtuais que podem ser visitadas utilizando óculos de realidade virtual.
Com o fim do dia se aproximando deixamos o Espaço Cultural Pierre Verger e fomos explorar o exterior do Forte Santa Maria.
Chegamos no momento exato em que o Sol se preparava para se pôr.
Encontramos um local perfeito e ali assistimos ao espetáculo da natureza.
Sob aplausos a enorme bola de foto desapareceu lentamente no horizonte.
Embalados com o ritmo das ondas quebrando na Praia do Porto da Barra e com uma vista maravilhosa da Baía de Todos os Santos nos despedimos de domingo.
Caminhamos pela Orla de Salvador acompanhando as inúmeras cores que pintavam os céus da capital baiana.
Até chegar no hotel, onde vamos descansar, pois amanhã tem mais Salvador!
Estamos ansiosos para ler tudo aquilo que tu tem para dizer! É chegado o momento de abrir este coração e compartilhar tua opinião, crítica (exceto algo desfavorável à imagem da Formosa), elogio, filosofar a respeito da vida ou apenas sinalizar que chegou até aqui ;)
Mas atenção, os campos marcados com * são de preenchimento obrigatório, pois assim mantemos (ou tentamos manter) o blog bonitinho, livre de robôs indevidos.
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