Brasil • Expedição 2015: Missões - Yucumã • Rio Grande do Sul • São Miguel das Missões
Dia 11: Santo Ângelo – RS a São Miguel das Missões – RS
22 de Setembro, 2015A chuva chegou acompanhada de raios e fortes ventos durante a madrugada e manhã na cidade de Santo Ângelo – RS, com isto, tomamos o café da manhã tranquilamente, carregamos as bagagens na Formosa, vestimos as capas de chuva e aguardamos o tempo melhorar.
Deixamos a cidade perto das 11h00, quando a chuva passou. Seguimos até Entre-Ijuís, retornamos à BR-285 e rodamos até São Miguel das Missões – RS.
O pórtico de São Miguel das Missões possui esculturas que representam São Miguel Arcanjo, índios guaranis, o padre jesuíta Cristóvão de Mendonza e Sepé Tiarajú.
A famosa frase dita por Sepé Tiarajú na Guerra Guaranítica está gravada em guarani no topo do portal: Co Yvy Oguereco Yara (Esta terra tem dono).
Ao lado do pórtico esta bela plantação dançava com a força do vento:
Após as fotos seguimos até o centro da cidade.
Rodamos direto até a pousada para descarregar as bagagens e tirar as capas de chuva, que estavam imundas, assim como a Formosa.
Dali partimos para o almoço e quando percebemos estávamos passando em frente ao sítio arqueológico de São Miguel Arcanjo. Não resistimos e paramos para fazer algumas fotos no local.
Fotos feitas, fomos forrar o estômago.
Após o almoço fomos conhecer o Manancial Missioneiro – Ponto de Memória Missioneira.
Manancial Missioneiro – Ponto de Memória Missioneira
Local: Rua Arnoldo Daher Boays, 514 | Centro | São Miguel das Missões – RS
Telefone: (55) 99917-4473
Ingresso: Gratuito
Tempo médio de visitação: 1 hora
O Ponto de Memória Missioneira reúne inúmeros objetos que fazem referência a história da região e seus habitantes, destacando-se neste cenário a presença de indígenas e imigrantes de origem europeia.
Ali fomos recepcionados pelo simpático Valter Braga, descendente de índios guaranis, que nos mostrou todo o local e nos deu uma verdadeira aula sobre a história das missões jesuíticas, seus costumes, crenças e tradições.
O Manancial Missioneiro possui em seu acervo um amplo leque de bens culturais, incluindo elementos arquitetônicos e construtivos.
Na foto abaixo está o Tatarandês, um sistema de comunicação utilizado nas missões e considerado milenar por ser utilizado pelos incas, maias e astecas. Era alimentado com gordura de animais, instalado em alinhamento com as fontes de onde eram acesos os archotes e levados até o saguão da igreja, nesta altitude era possível avistar as reduções e eram transmitidas mensagens de uma redução para outra.
Opy, local de purificação cavado no chão, feito fora das reduções:
Após a aula do sr. Valter Braga, fomos conhecer o sítio arqueológico de São Miguel Arcanjo.
Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo
Local: Rua São Nicolau | Centro | São Miguel das Missões – RS
Telefone: (55) 3381-1294
Funcionamento: Terça a domingo das 9h00 às 12h00 e das 13h30 às 18h00
Ingresso: R$ 14,00
Tempo médio de visitação: 3 horas
Existiram dois grandes ciclos de missões jesuítas em territórios, na época pertencentes à Espanha, e que atualmente fazem parte do Brasil, Argentina e Paraguai.
O primeiro ciclo teve início em território hoje pertencente ao Brasil no ano de 1626, com a fundação da redução de São Nicolau, contou com 18 missões e perdurou até o ano de 1637, quando os 18 Povos das Missões foram extintos devido aos constantes ataques dos bandeirantes, que aprisionavam e escravizavam os povos nativos.
Em 1682 inicia-se o segundo ciclo de reduções jesuítas na região, com a fundação de São Borja, ex-colônia da redução de Santo Tomé.
Durante o período de 1682 a 1750 foram fundadas 30 missões, das quais 7 ficavam no atual território brasileiro (7 Povos das Missões), 8 no Paraguai e 15 na Argentina.
Dos antigos sete povos guaranis que ficaram no atual estado do Rio Grande do Sul, São Miguel destaca-se por apresentar o maior número de estruturas e em melhor estado de conservação.
Em 1983 o sítio arqueológico de São Miguel das Missões foi declarado Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela UNESCO.
As ruínas nos permitem ter uma ideia da planta da redução, da dimensão e do grau de sofisticação que atingiu a obra realizada entre 1687 e 1756, quando os habitantes das missões foram dizimados durante a Guerra Guaranítica.
Estas ruínas atraem turistas de todas as partes do mundo e é impossível visitá-las sem se deixar tocar pela grandiosidade do espírito dos nativos.
Interior da igreja com alguns resquícios de seu piso original:
O local emana uma energia incrível.
Da antiga redução ainda são visíveis as fundações do colégio, das oficinas, do cemitério, do cotiguaçú, do tambo e das casas dos índios, além da igreja, que foi a primeira obra a ser construída, a qual era pintada de branco e tinha seus espaços interiores ornamentados com pinturas e esculturas de madeira policromada.
A igreja foi projetada pelo arquiteto italiano Gian Battista Primolli em estilo barroco, começou a ser construída em 1735 em pedra de arenito, e era coberta com telhas de barro.
Construída em um tempo em que o território era de domínio espanhol, seguindo uma planta de organização avançada para seu local e época, ali surgiu uma civilização florescente, economicamente próspera e prolífica em expressões culturais e artísticas, onde se mesclavam elementos europeus e indígenas, com a forte orientação europeia e cristã.
Mas, assim que atingiu seu apogeu, com a inauguração da sua igreja entre 1735 e 1750, iniciou sua decadência.
Em 1750 foi assinado o Tratado de Madrid, que permutou a Colônia de Sacramento (que na época pertencia à Portugal e atualmente é território uruguaio) pelos Sete Povos das Missões (na época pertencente à Espanha).
Com o tratado assinado os índios foram obrigados a abandonar suas casas e terras de todos os povos da margem esquerda do Rio Uruguai (atual Rio Grande do Sul).
Esta evacuação ocorreu de forma lenta até o ano de 1753, quando teve início a Guerra Guaranítica, onde tropas de Portugal e Espanha se uniram para expulsar (eliminar) os nativos que ainda estivessem nos 7 Povos das Missões.
O terror nas missões perdurou até 1756, quando, no dia 10 de fevereiro, uma força combinada com mais de 3000 soldados espanhóis e portugueses lutaram contra os guaranis na Batalha de Caiboaté (atual município de São Gabriel – RS).
O conflito resultou na morte de um elevado número de guaranis, incluindo seu grande líder: Sepé Tiaraju.
Os 7 Povos das Missões foram então tomados pelas tropas portuguesas, as reduções foram saqueadas, queimadas e abandonadas.
Detalhes da igreja:
A sensação de estar no local e imaginar o povoamento que ocorreu ali há 300 anos, seu desenvolvimento, suas batalhas e todo o derramamento de sangue, é indescritível.
Lugar fantástico!
A Cruz Missioneira, principal símbolo místico e religioso das missões, segue o modelo de uma cruz trazida de Caravaca, na Espanha, sendo que os dois braços na cruz representam a fé dupla dos índios guaranis.
Em frente a igreja de São Miguel fica o Museu das Missões.
O Museu das Missões contém o principal acervo de imagens esculpidas do período jesuítico-guarani em todo o planeta.
A estatuária missioneira, acervo do Museu das Missões, reflete a riqueza cultural da civilização que se desenvolveu na região, reconhecidos por Voltaire, Montesquieu e os principais pensadores do mundo como um verdadeiro triunfo da humanidade.
O museu foi inspirado nas habitações dos missioneiros, com avarandado coberto por telhas de barro.
Ao lado do museu alguns índios guaranis vendem artigos de seu cotidiano e lembrancinhas.
Logo na entrada do sítio arqueológico de São Miguel Arcanjo existe uma loja de artesanato, com diversos souveniers da região.
Após a caminhada pelo sítio arqueológico regressamos à pousada, onde a Formosa estava devidamente abrigada.
A noite fomos assistir ao espetáculo Som e Luz, criado em 1978, o qual é apresentado diariamente ao anoitecer.
Espetáculo Som e Luz | Sítio arqueológico de São Miguel Arcanjo
Local: Rua São Nicolau | Centro | São Miguel das Missões – RS
Telefone: (55) 3381-1294
Funcionamento: Todos os dias de novembro a fevereiro às 20h30 | Todos os dias nos demais meses do ano às 20h00
Ingresso: R$ 25,00
Tempo médio de visitação: 1 hora
As ruínas se tornam multicoloridas quando são recordados os tempos áureos e assumem tons dramáticos quando é narrado o final das ferozes batalhas que banharam de sangue a região. Quem vê e ouve não esquece jamais, simplesmente lindo!
Oba! Já são 2 comentários nesta postagem!
Fantástico este lugar né? Tivemos este privilégio em conhecer e assistir ao show…estivemos ai em julho de 2013 e saímos rumo a U.Vitoria com mais de 900 km debaixo de muita chuva e frio…e tbem de moto…rs
Vcs sabem porque a Cruz missioneira tem aquele formato? Não vou dizer, depois vcs descobrem e me dizem…rs
Gde abraço e parabéns pela belíssima viagem.
Sim Laco, o lugar é realmente lindo! Caramba, quanta coragem e juízo, ou falta dele né hahahaha. Sobre a Cruz Missioneira, o que nos informaram é que ela segue o modelo de uma cruz trazida de Caravaca, na Espanha, e os dois “braços” representam a fé dupla dos índios guaranis. A sua versão bate com esta? Obrigado por acompanhar o blog e viajar conosco. A viajem está sendo uma verdadeira aventura, simplesmente deliciosa. Abraços.
Estamos ansiosos para ler tudo aquilo que tu tem para dizer! É chegado o momento de abrir este coração e compartilhar tua opinião, crítica (exceto algo desfavorável à imagem da Formosa), elogio, filosofar a respeito da vida ou apenas sinalizar que chegou até aqui ;)
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