Nada como começar o ano fazendo aquilo que gosta, que em nosso caso é viajar de moto.
No meio da tarde do ensolarado primeiro dia de janeiro de 2022 colocamos os capacetes e subimos na Formosa para um breve passeio.
Partimos de Erechim – RS pela rodovia RS-135 e avançamos sentido sul.
Em meio a um moderado fluxo de veículos, em sua maioria carros de passeio, logo contornamos a cidade de Getúlio Vargas.
E alguns quilômetros adiante chegamos ao trevo de acesso a Sertão, cidade escolhida para ser conhecida hoje.
Logo em frente ao pórtico da cidade fizemos nossa primeira parada, para fotografar a pequena, mas charmosa, Capela Santo Antônio.
Com a construção da estrada de ferro ligando o Rio Grande do Sul ao Porto de Santos no início do século XX diversas famílias de imigrantes italianos deixaram para trás as saturadas colônias velhas (Bento Gonçalves, Caxias do Sul e Flores da Cunha) em busca de terras e, consequentemente, uma vida mais próspera nas colônias novas, também chamadas de colônias de cima da serra.
O território que atualmente abriga o município de Sertão fazia parte destas novas colônias e na época ostentava uma enorme e rica floresta de mata nativa composta majoritariamente por araucária, ou curi em tupi-guarani, de onde originou-se o nome do povoado, uma vez que sertão significa floresta no interior de um continente, afastado do litoral.
Com o passar dos anos, como é de se imaginar, praticamente toda a floresta existente na localidade foi devastada, abrindo espaço para uma ampla área de cultivo, em especial milho e trigo.
Uma pequena parcela da vegetação nativa regional foi preservada e desde os anos 2000 ela é protegida por lei através da criação do Parque Natural Municipal de Sertão, uma unidade de conservação natural constituída por dois fragmentos de mata nativa (um de 513 hectares e outro de 77 hectares) totalizando uma área de 590 hectares.
O parque representa a segunda maior área de vegetação nativa do Alto Uruguai e uma das áreas mais importantes do norte gaúcho para a conservação da natureza.
Após fotografar a Capela Santo Antônio avançamos até o centro de Sertão, onde paramos para conhecer outro templo religioso, desta vez a imponente Paróquia São José.
Nas proximidades da igreja matriz municipal fica a edificação da antiga Estação Ferroviária de Sertão, inaugurada em 1910.
A estação férrea que pertencia à Linha Marcelino Ramos – Santa Maria foi de suma importância para o escoamento da madeira extraída nos arredores.
Da antiga estação de trem rodamos até a Praça Ernani Emílio Herrmann.
No momento em que estacionávamos a Formosa ao lado da praça diversas pessoas, em sua maioria famílias com crianças, chegavam com suas cuias de chimarrão, garrafas térmicas e potes repletos de pipocas para curtir a ampla, limpa e arborizada praça central.
Fizemos uma breve caminhada pelo local e na sequência deixamos o centro de Sertão.
Com a temperatura elevadíssima resolvemos aproveitar a agradável área de sombra existente em frente à Capela Santo Antônio para uma breve pausa e descanso, e para nossa sorte a Sayo avistou uma palmeira repleta de butiá.
Com os bolsos cheios da pequenina e saborosa fruta, a Sayo fez valer a expressão sulista: “de cair os butiá do bolso”.
Além dos butiás devoramos umas roscas de polvilho que havíamos levado e, como é de costume, nos saboreamos com um gelado e revigorante tereré.
Devidamente alimentados e hidratados voltamos a rodar e avançamos mais alguns quilômetros pela rodovia estadual RS-135 sentido sul.
Em instantes chegamos no trevo de acesso ao Campus Sertão do IFRS – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, instalado no Distrito de Engenheiro Luiz Englert.
A estreita estrada que liga a RS-135 ao campus do instituto federal é rodeada por belas paisagens.
Criado em 1957 com a denominação de Escola Agrícola de Passo Fundo, o campus iniciou seu efetivo funcionamento no ano de 1963, em 1979 passou a denominar-se Escola Agrotécnica Federal de Sertão e por fim, em 2008, transformou-se no atual campus do IFRS.
Hoje o campus tem autonomia para ministrar curso de educação básica em nível de ensino médio e formação profissional com cursos de nível técnico a pós-graduação.
O pequeno Distrito de Engenheiro Luiz Englert cresceu ao redor da estação férrea de mesmo nome, aberta em 1934 em função da extração madeireira.
Demos uma volta rápida pelo distrito e paramos para fotografar a elegante construção da antiga Estação Experimental (agrícola) de Passo Fundo criada em 1937.
Nos dias atuais o local é ocupado pelo instituto federal.
Em meio ao silêncio quebrado vez ou outra pelo canto dos pássaros fizemos algumas fotos e passamos vários minutos apreciando toda a beleza ao seu redor.
Sertão abriga atualmente cerca de 6.000 habitantes, está localizado a 666 metros acima do nível do mar e teve sua emancipação concedida em 1963.
Com o fim do dia se aproximando nos despedimos do local e voltamos a rodar pela rodovia RS-135, desta vez no sentido norte.
E pouco antes do Sol se pôr chegamos de volta à “Capital da Amizade”, Erechim.
Trajeto percorrido no dia:
Oba! Já são 4 comentários nesta postagem!
Começando bem 2022 com lindas fotos e cenário natural maravilhoso. Se eu fosse vocês, voltaria para Sertão para fotografar a Paróquia São José de dentro para fora, pois os vitrais da construção deve ficar com um colorido daqueles. hehehe….
E.T.: gostei do “foguetinho” no novo layout.
Abraços !
Valeu Fernando. Verdade, deve dar um efeito incrível, infelizmente ambas igrejas estavam fechadas durante nossa passagem :/
Ficou bacana o foguetinho né hahaha tentamos deixar o blog mais animado e descontraído. Abraços…
Valeu por mais uma carona, por lugares diferentes e trazendo informações precisas e históricas regionais e seus costumes.. parabéns pelas belas fotos..
Obrigado por nos acompanhar e comentar ;) abraços…
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