Brasil • Expedição 2021: Guartelá - Iguaçu • Paraná • Prudentópolis • Tibagi
Dia 04: Tibagi – PR a Prudentópolis – PR
4 de Abril, 2021Aproveitamos a calmaria da manhã de domingo para caminhar pelas ruas centrais de Tibagi – PR.
Logo passamos pela edificação de 1915 onde funcionou o Grupo Escolar Telêmaco Borba até os anos de 1977, e atualmente abriga a Biblioteca Pública Municipal.
A construção de linguagem eclética com elementos neoclássicos segue as características de um projeto padrão utilizado pelo estado do Paraná para a construção de escolas na época.
No mesmo terreno encontra-se a antiga caixa d’água que serviu para abastecer a cidade entre 1915 e 1974.
Nas proximidades fica o moderno Teatro Municipal Tia Inália, inaugurado em 1998 com capacidade para receber 180 pessoas.
Do teatro bastaram alguns passos até chegarmos na Ladeira do Paredão, de onde é possível acessar as águas do Rio Tibagi, no qual praticamos rafting ontem.
Na sequência passamos pela Casa da Cidade, prédio que já abrigou a prefeitura municipal e a câmara de vereadores, e atualmente é sede da Casa da Cultura Peter Allan.
Ao seu lado está o belo Palácio do Diamante, erguido na década de 1930.
A construção com arquitetura eclética foi projetada pelo alemão Max Staudacher para servir como convento dos padres redentoristas, hoje sedia a prefeitura municipal.
Seu vizinho é o Museu Histórico Desembargador Edmundo Mercer Júnior, inaugurado em 1987, que fica no prédio construído em 1949 para receber o fórum municipal.
De frente para as históricas construções está a Praça Edmundo Mercer, que conta com parque infantil, quadras esportivas e bancos para descanso.
Uma pequena viela, denominada Caminho do Guataçará, separa a praça do terreno onde fica a igreja matriz.
Ao lado do templo religioso destaca-se a recém-inaugurada Gruta Nossa Senhora de Lourdes.
A Igreja Matriz Nossa Senhora dos Remédios, um dos ícones de Tibagi, foi inaugurada em 1943 e fica em frente à arborizada Praça Leopoldo Mercer.
Tibagi conta atualmente com cerca de 20.000 habitantes, é o segundo maior município do Paraná em extensão territorial e seu nome tem origem tupi, significando “Muitas Cachoeiras”, sendo tiba (muita) e gy (cachoeira).
Vale lembrar que grande parte do atual estado paranaense pertenceu ao império espanhol (Tratado de Tordesilhas), quando era chamado de Guayrá (nome de um cacique local) e também La Piñería, devido a grande quantidade de pinheiro-do-paraná (Araucaria Angustifolia), também conhecido como Curi (donde provém Curitiba), na região.
Em meados de 1580 os franciscanos Alonso de San Buenaventura e Luis de Bolaños fizeram os primeiros esforços de evangelização dos povos nativos na região, mas os resultados não foram duradouros devido a carência de missionários.
Posteriormente foi a vez dos jesuítas investirem nas missões naquela região e no ano de 1610 foi fundada a primeira redução, na confluência dos rios Pirapó e Paranapanema, denominada como Nuestra Señora de Loreto.
Nos anos seguintes novas reduções foram se estabelecendo no atual território paranaense e a partir de 1617 toda a área pertencente ao Guayrá passou a fazer parte do Paraguai, quando recebeu o nome de Gobernación del Guayrá.
Na década de 1620 os jesuítas avançaram pelo Rio Tibagi e quatro missões foram instaladas em seu entorno: San Jose, San Francisco Xavier, San Miguel e Nuestra Señora de la Encarnación, que ficava nas proximidades do atual município de Tibagi.
O primeiro ciclo missioneiro jesuíta chegou ao fim devido aos constantes ataques (massacres) provocados pelos bandeirantes paulistas, que na época eram liderados por Antônio Raposo Tavares e Manuel Preto, que contavam com uma guarnição de mais de três mil homens fortemente armados.
O avanço sistemático dos bandeirantes vindos do leste e a passividade das autoridades espanholas resultaram em um domínio português na área, obrigando os espanhóis do Guayrá a recuarem para a margem direita do Rio Paraná.
Finalmente em 1750, com a assinatura do Tratado de Madri, o território foi oficialmente reconhecido como de domínio português, algo que já ocorria de forma “irregular” a anos.
A partir de 1754 as terras de Tibagi ganharam fama com a descoberta de ouro e diamante (o que explica o nome do palácio que abriga a prefeitura) no leito do Rio Tibagi, tornando o lugar conhecido como “El Dorado Paranaense“, atraindo muitos aventureiros e resultando no povoamento que deu origem à cidade.
Após caminhar pelo centrinho da pacata cidade voltamos ao hotel, onde vestimos as roupas de viagem, carregamos a Formosa e nos despedimos do centro de Tibagi.
Mas antes de partir da cidade fizemos uma breve pausa no Parque Passo do Risseti, inaugurado em 2003.
O local conta com um amplo lago, parque infantil, trilha para caminhada e a Casa do Colono, uma casa construída no início do século XX que abriga um museu onde é revelado os costumes de imigrantes europeus e da atividade tropeira.
Por fim deixamos Tibagi e passamos a percorrer a Rodovia BR-153 sentido sul.
Cerca de 40 quilômetros depois chegamos na interseção com a Rodovia BR-376, a qual acessamos rumando o leste.
Em meio a um baixo fluxo de veículos pagamos a salgada tarifa de pedágio (R$ 6,00) e na sequência fizemos uma breve pausa para despertar com um café acompanhado por um pão de queijo recheado.
Nas proximidades de Ponta Grossa chegamos em um grande entroncamento, onde deixamos a BR-376 para adentrar na BR-373.
Rodovia de pista simples, cercada por uma bela paisagem e com uma tarifa de pedágio mais cara (R$ 6,70) que a estrada anterior, que era duplicada.
Pois bem, pela rodovia federal passamos nas cercanias da Reserva Biológica das Araucárias.
E no início da tarde cruzamos o município de Guamiranga, vizinho de nosso destino do dia.
Acompanhados por um belo céu azul chegamos em Prudentópolis, um pedacinho da Ucrânia no Brasil.
Uma vez na cidade buscamos um hotel, onde deixamos a Formosa repousando na sombra da garagem, trocamos de roupa e iniciamos nossa caminhada por sua área central.
O Paraná é a maior colônia de ucranianos fora da Ucrânia no mundo, e Prudentópolis é o município que mais recebeu estes imigrantes, sendo que cerca de 80% da população local tem descendência ucraniana.
Prudentópolis destaca-se na produção de mel, erva-mate, feijão preto (sendo o maior produtor do feijão preto do Brasil), soja, milho, fumo, arroz e cebola, além de ter se consolidado também com a fabricação de embutidos, como a kracóvia, produto criado na Casa de Carnes Alvorada.
O município abriga atualmente cerca de 50.000 habitantes e sua colonização teve início em 1896 com a chegada de 1.500 famílias ucranianas, totalizando 8.000 imigrantes.
Em 1906 veio a emancipação com o nome atual, uma homenagem ao ex-presidente da república, Prudente de Morais.
Durante nossa caminhada passamos pelo Colégio São José, antigo seminário inaugurado em 1935 pertencente à Ordem de São Basílio Magno.
E pelo Colégio Imaculada Virgem Maria, aberto em 1911 pelas Irmãs Servas de Maria Imaculada.
Próximo aos colégios ficam dois museus, a Casa da Memória e o Museu do Milênio, ambos fechados temporariamente devido à pandemia.
Na sequência avistamos um dos ícones da cidade, a Igreja São Josafat.
Considerada uma das mais belas igrejas ucranianas do país, a Igreja São Josafat foi construída entre os anos de 1925 e 1928 em estilo bizantino.
Com 38 metros de comprimento, 28 de largura e 30 de altura, o templo religioso do Rito Católico Oriental Ucraniano destaca-se por suas quatro abóbadas representando os braços da cruz, e uma abóbada maior em seu centro, cobrindo a nave da igreja.
Em 1979 a igreja foi tombada pela secretaria de cultura estadual como patrimônio artístico e cultural do Paraná.
A área ao seu redor conta com um campanário de seis sinos, uma estátua de Cristo e uma gruta, com a imagem de Nossa Senhora de Lourdes.
Infelizmente no momento de nossa visita o local estava fechado, e segundo os moradores locais, devido à pandemia, a Igreja São Josafat está sendo aberta apenas para a celebração de missas.
Missa que pretendemos assistir, nem que de forma parcial, tendo em vista que aqui elas são celebradas em ucraniano.
Aliás, é muito comum ouvir os moradores de Prudentópolis se comunicarem em ucraniano, da mesma forma que diversas placas e indicações estão escritas nesta língua.
A poucos passos da igreja ucraniana fica o Santuário Nossa Senhora das Graças.
O templo religioso de estilo gótico foi erguido em meados de 1950.
No ano de 2019 foi instalada a imagem de Nossa Senhora das Graças sobre o teto da sala dos milagres, ao lado da igreja.
Dentre os diversos títulos que Prudentópolis recebe, um deles se dá por conta da quantidade de igrejas existentes em seu território, sendo assim considerada a “Capital da Oração”.
E bem próximo do santuário fica a Igreja São João Batista.
Embora os imigrantes vindos a Prudentópolis sejam majoritariamente ucranianos, o município também recebeu muitos poloneses, e a Paróquia São João Batista foi construída por eles no ano de 1900.
A igreja fica no centro da Praça Firmo Mendes de Queiroz, que abriga também uma pequena gruta.
A maior parte dos imigrantes que fizeram parte da população original de Prudentópolis vieram da região da Galícia, na Europa.
Devido às inúmeras disputas de poder no Velho Continente, o território já fez parte do Império Austro-Húngaro, da Polônia e da própria Ucrânia. Em homenagem a esta origem, Prudentópolis tem uma localidade chamada Nova Galícia.
Durante nossa caminhada pelo centro de Prudentópolis nos deparamos com um lindo Ford Maverick V8, o qual atraiu nossa atenção e nos fez admirar cada um de seus detalhes (que a Formosa não fique a par).
Com o fim do dia se aproximando passamos pela câmara e prefeitura municipal.
E vimos várias casas de madeira, que nos remetem à imigração europeia vinda ao Paraná e ao saudoso Ciclo da Madeira neste estado.
Depois passamos pelo fórum e percorremos a bonita Praça Coronel José Durski.
Na qual fica o Centro de Informações Turísticas.
Por fim passamos novamente em frente ao Santuário Nossa Senhora das Graças, onde nos despedimos do domingo sob a iluminada imagem da santa que pisa na cabeça de uma serpente.
Trajeto percorrido no dia:
Estamos ansiosos para ler tudo aquilo que tu tem para dizer!
É chegado o momento de abrir este coração e compartilhar tua opinião, crítica (exceto algo denegrindo a imagem da Formosa), elogio, filosofar a respeito da vida ou apenas nos sinalizar que chegou até aqui ;)
Mas atenção, os campos marcados com * são de preenchimento obrigatório, pois assim mantemos (ou tentamos manter) o blog bonitinho, livre de robôs indevidos.
Ah, e pode ficar tranquilo, seu endereço de e-mail será mantido sob sigilo total (sabemos guardar segredos, palavra de escoteiro) e não será publicado.