Brasil • Expedição 2020: Belas Rotas • Petrópolis • Rio de Janeiro
Dia 20: Petrópolis – RJ
17 de Novembro, 2020A forte chuva de ontem se estendeu até a madrugada, quando finalmente deu uma acalmada, e a terça-feira amanheceu sob uma fina garoa em Petrópolis – RJ.
Com isso desistimos de pendurar as encharcadas roupas de viagem na área externa do hotel e as deixamos estendidas em varais improvisados dentro do quarto, torcendo para que sequem até a manhã seguinte.
Como vamos passar o dia na cidade, aproveitamos para levar as demais roupas em uma lavanderia, afinal, já estava usando minha última cueca limpa.
Com as roupas devidamente entregues na lavanderia, e a garoa dando uma trégua, partimos explorar o centro histórico da Cidade Imperial.
Iniciamos nossa caminhada pela Praça da Liberdade.
A maior praça da cidade recebeu este nome em 1888, pois ali se reuniam os escravos livres para comprar a liberdade dos companheiros que ainda eram mantidos nas senzalas.
A arborizada praça conta com vários bancos para descanso e abriga um belo chafariz em seu centro.
Com a descoberta do ouro nas Minas Gerais no século XVII a Estrada Real foi aberta, aproveitando parte da antiga e conhecida trilha indígena Caminho de Peabiru, ligando o Porto de Paraty a Ouro Preto.
Devido aos constantes ataques de corsários e piratas às preciosas cargas no percurso marítimo entre Paraty e o Rio de Janeiro, Dom João V recomendou, em 1728, a substituição deste trecho final.
Tal recomendação deu origem ao novo traçado da Estrada Real, que seguia diretamente do Rio de Janeiro a Ouro Preto e passou a ser denominado Caminho Novo, enquanto o anterior ficou conhecido como Caminho Velho.
Até o século XVIII a região de Petrópolis era habitada unicamente por índios coroados sendo, inclusive, chamada de Sertão dos Índios Coroados pelos portugueses.
O Caminho Novo cruzava o Sertão dos Índios Coroados, que com a nova estrada deixou de ser um sertão e muito menos dos índios coroados.
Em 1822 o imperador Dom Pedro I, a caminho de Minas Gerais pelo Caminho Novo, hospedou-se na fazenda do Padre Correia e ficou tão encantado com a região que adquiriu uma fazenda vizinha, a Fazenda do Córrego Seco, onde pretendia construir um palácio.
Seu filho, Dom Pedro II, assinou em 1843 um decreto imperial pelo qual determinava o assentamento de uma povoação, a ser formada com a vinda de imigrantes alemães, e a construção do sonhado palácio de verão na fazenda.
Tal assentamento foi concebido pelo major Júlio Frederico Koeler, tornando Petrópolis uma das primeiras cidades projetadas do Brasil, composta por um núcleo urbano onde se encontravam o Palácio Imperial, prédios públicos, comércio e serviços.
A partir de então durante os verões a cidade tornava-se a capital do Império do Brasil, com a mudança de toda a corte e de grande número dos habitantes da cidade do Rio de Janeiro, que migravam para a área serrana não apenas pelo clima mais ameno, mas também para fugir dos surtos de febre amarela.
O nome da cidade surgiu da junção das palavras Petrus (em latim, Pedro) e Pólis (em grego, cidade), ficando Petrópolis, ou, Cidade de Pedro.
Atualmente Petrópolis conta com cerca de 310.000 habitantes, sendo a maior e mais populosa cidade da região serrana fluminense, e é tida como a cidade mais segura do estado do Rio de Janeiro (a sexta mais segura do Brasil segundo classificação do Ipea para cidades de médio e grande portes).
Bem próximo da Praça da Liberdade fica a Praça 14 Bis.
O local exibe uma réplica do invento mais famoso de Santos Dumont.
Dali seguimos pelo lado norte da Avenida Koeler, a mais nobre via de Petrópolis, que tem em seu centro o Rio Quitandinha e ostenta ao longo de 300 metros diversos palacetes tombados pelo Iphan.
As primeiras históricas construções pelas quais passamos em frente datam de 1875 e 1893, possuem arquitetura neoclássica, colunas imponentes e paisagismo inspirado nos jardins franceses.
Ao seu lado uma edificação que serviu como pensão para trabalhadores na construção do Palácio Imperial.
Finalizado o serviço a hospedaria ficou como residência ao chefe da obra.
Na sequência o Palácio Sérgio Fadel, que atualmente abriga a prefeitura municipal.
O eclético palácio do ano de 1872 foi construído pelo Visconde Silva, o Barão do Catete.
Seus usos foram diversos, desde residência, escolas, até casa de veraneio presidencial de Campos Sales e Rodrigues Alves.
A próxima construção é a Casa do Barão de Teresópolis.
A edificação construída no final do século XIX pertenceu a Francisco Ferreira de Abreu, médico de Dom Pedro II, do qual recebeu o título de Barão de Teresópolis em 1874.
Ao seu lado a Mansão Kremer, construída em 1854 pelo colono alemão Henrique Kremer, fundador da Cervejaria Bohemia.
Inicialmente eram dois prédios distintos, que foram unificados posteriormente.
Sua vizinha, a Casa Lafayette Marquez, foi a última obra a ser erguida na Avenida Koeler, já em 1930.
E por fim a Casa da Princesa Isabel, imóvel adquirido pelo Conde d’Eu e sua esposa em 1876, onde residiram até o exílio da Família Imperial, em 1889.
O palacete ocupa o centro do terreno em moldes europeus e conta com um avantajado jardim frontal.
Na residência é observado uma platibanda super decorada, colunas coríntias e jônicas, simetria de um andar com o outro e guarda-corpo com balaústre clássico.
Na escadaria de sua varanda foi feita a foto que é considerada a última que reúne a Família Imperial em terras brasileiras, dias antes da Proclamação da República.
De frente para a Casa da Princesa Isabel fica a praça de mesmo nome.
E ao seu lado a imponente Catedral de São Pedro de Alcântara.
O templo religioso começou a ser construído em 1884, foi inaugurado em 1925 e concluído apenas em 1969.
Com estilo arquitetônico neogótico francês, a catedral impressiona pela quantidade de detalhes.
Cada porta de sua entrada principal pesa cerca de 2.400 quilos.
A igreja é dedicada a São Pedro de Alcântara, padroeiro da cidade e da monarquia brasileira.
Seu interior guarda o Mausoléu Imperial, onde estão os restos mortais de Dom Pedro II, dona Teresa Cristina, Princesa Isabel e Conde D’Eu.
Suas naves são delineadas por arcos tipicamente góticos.
O altar contém relíquias de São Magno, Santa Aurélia e Santa Tecla, trazidas de Roma pelo cardeal Dom Sebastião Leme.
Os vitrais retratam imagens de santos, de Cristo e da Sagrada Família.
A igreja possui um importante órgão de tubos, fabricado no Rio de Janeiro e instalado em 1937.
Da igreja matriz seguimos caminhada pela área central de Petrópolis.
Passamos pelo Educandário Koeler, erguido em 1903 para sediar a Escola Evangélica Alemã, fundada em 1876.
Que é vizinho da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil.
O mais antigo templo religioso da cidade foi inaugurado em 1863, sendo uma construção simples, pois seguia a lei do Império, que não permitia a ostentação de símbolos religiosos em templos não católicos.
Com a revogação da lei, passou por alterações em 1903, sendo mantido o templo original, com o acréscimo da torre e a colocação dos sinos e elementos neogóticos.
Praticamente em frente à igreja fica a casa onde morou Rui Barbosa de Oliveira.
Conhecido como “O Águia de Haia”, Ruy Barbosa passava seus verões nesta casa, construída em estilo vitoriano no final do século XIX.
Na sua sweet home, como carinhosamente costumava chamá-la, cultivava rosas e escreveu muitas de suas obras, entre elas “Oração aos Moços”.
Rui Barbosa faleceu nesta moradia em 1923, tendo sido o seu cortejo fúnebre um dos maiores presenciados por Petrópolis até então.
Na sequência passamos pela Casa Valentim Scheid.
Que abrigou lojas no térreo e famílias no sobrado.
E depois pela Casa da Educação Visconde de Mauá.
Uma das figuras mais importantes do país durante o período imperial, Irineu Evangelista de Souza, conhecido como Visconde de Mauá, morou por grande parte de sua vida nesta casa em estilo neoclássico.
Em meio à densa floresta, a casa de 1854 tem em seu entorno um belo jardim, com espécies raras de palmeiras e árvores frutíferas.
Poucos metros da casa de Mauá está o Palácio de Cristal.
Sua estrutura pré-moldada em ferro fundido foi encomendada a uma fundição francesa pelo Conde D’Eu, sendo montada em Petrópolis pelo engenheiro Eduardo Bonjean.
Foi inaugurado em 1884 com a finalidade de abrigar as já tradicionais exposições de produtos hortícolas e pássaros da região, que aconteciam em instalações provisórias no local.
No palácio, em abril de 1888, foram libertados os últimos escravos de Petrópolis, em uma ampla festa com a presença da Princesa Isabel.
Atualmente o Palácio de Cristal está fechado, passando por reformas.
Na sequência passamos pela Casa da Família Sauwen.
A residência foi adquirida em 1892 por Philippe Sauwen, comerciante belga que exportava café no Rio de Janeiro.
Sua fachada chama a atenção pela varanda de estilo singular.
Depois vimos a mais antiga fábrica de cerveja do Brasil, a Cervejaria Bohemia, inaugurada em 1853.
Da cervejaria retornamos à Avenida Koeler, onde agora fomos explorar as construções do lado sul.
E logo de cara nos deparamos com a belíssima Villa Itararé.
O charmoso chalé romântico de 1904 foi projetado por Heitor da Silva Costa, o arquiteto responsável pelo Cristo Redentor.
O proprietário de tal construção era Antônio Roxo Rodrigues, o príncipe de Belford.
Na casa de estilo eclético destacam-se os vitrais, janelas góticas, molduras rendilhadas e a presença de colunas e torres.
Sua vizinha, a Vila Esperança, foi construída em 1875 e possui um traçado muito mais discreto, mas também harmonioso.
Ao seu lado o majestoso Palácio Rio Negro.
O complexo arquitetônico é formado por um palácio, um palacete, um chalé e diversas outras construções aos fundos.
Foi erguido em 1889 pelo rico produtor de café Manoel Gomes de Carvalho, o Barão do Rio Negro.
A construção eclética é um projeto do engenheiro Antonio Januzzi.
Possui escadaria e pisos em mármore e salões com piso forrado de parquet composto por madeiras nobres que formam desenhos de grãos de café.
Com a mudança de Barão do Rio Negro para Paris em 1894, o local foi colocado a venda.
O Palácio Rio Negro foi então comprado por Joaquim Maurício de Abreu ao governo do estado do Rio de Janeiro, para servir de sede e residência oficial do governante durante o período em que a cidade de Petrópolis tornou-se capital estadual, devido à Revolta da Armada.
Em 1903, com a volta da capital fluminense a Niterói, o palácio foi incorporado ao governo federal.
Desde então passou a ser residência oficial de verão dos presidentes da república.
Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca, Wenceslau Brás, Artur Bernardes, Washington Luiz, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e tantos outros se hospedaram no local.
Durante o governo de Hermes da Fonseca o palácio foi palco do casamento de Marechal Hermes com a petropolitana Nair de Teffé, considerada a primeira caricaturista mulher do mundo.
Atualmente o Palácio Rio Negro abriga dois museus, o museu da Força Expedicionária Brasileira – FEB em uma das construções aos fundos.
E um museu dedicado à memória da república em sua construção principal.
Devido à pandemia as visitas aos dois museus estavam suspensas.
Conhecida a área externa do Palácio Rio Negro (da calçada, pois não está permitida a entrada sequer aos jardins), voltamos a percorrer o centro histórico de Petrópolis.
Passamos pela Casa do Barão da Saúde, de 1890.
Pelo Casarão Gomensoro.
E por fim pela Casa Albert Landesberg.
Até que chegamos no fim da Avenida Koeler (ou em seu início) e seguimos caminhando pela Avenida Tiradentes.
Já na Rua da Imperatriz pudemos ver a casa que pertenceu a Eduardo Palassin Guinle.
E a Casa Diniz Street, construída na década de 1890.
Até ficarmos frente a frente com outra linda edificação, desta vez o Palácio Amarelo.
O prédio, originalmente de um andar, foi construído pelo camarista de Dom Pedro II, José Carlos Mayrink.
Foi vendido pela viúva deste ao Barão de Guaraciaba em 1891.
Em 1894 a municipalidade o adquiriu para ser sede da câmara municipal, função que segue cumprindo até os dias atuais.
Em frente ao palacete fica a ampla Praça da Águia, que tem em seu centro um belo chafariz.
Duas cúpulas sobre o terraço se destacam em sua fachada.
Assim como as diversas peças ornamentais.
Dali cruzamos a pequena ponte sobre o Rio Quitandinha e chegamos ao magnífico Palácio Imperial.
O palácio em estilo neoclássico onde Dom Pedro II passava as longas temporadas com sua família foi transformado no Museu Imperial por decreto do presidente Getúlio Vargas em 1940.
Possui significativo acervo de peças relativas ao período imperial brasileiro, destacando-se como peça principal a coroa do Imperador Pedro II.
Assim como o Palácio Rio Negro, o Museu Imperial também estava fechado devido à pandemia.
Nos contentamos em contornar toda a extensa quadra onde o local se encontra para admirar sua linda arquitetura.
É Petrópolis, precisaremos retornar assim que possível para visitar este museu, que está em nossa listinha de lugares a serem explorados.
Caminhamos então até a Praça Expedicionários.
A qual é uma homenagem aos petropolitanos enviados para segunda Guerra Mundial.
Ao seu lado fica o Theatro São Pedro, inaugurado em 1933, que está sendo reformado.
E nos arredores fica o Grande Hotel Petrópolis, construído em 1930.
Na época este era considerado o imóvel mais moderno da cidade, sendo o mais alto (4 andares) e o único com elevador.
Praticamente em sua frente fica o Obelisco de Petrópolis.
O monumento inaugurado em 1957 tem 20 metros de altura.
Neste ponto deixamos a Rua da Imperatriz e passamos a percorrer a Rua do Imperador.
Que nos levou até a Igreja Nossa Senhora do Rosário.
A atual igreja começou a ser construída em 1953 e foi inaugurada oficialmente apenas em 1978.
Ela tem um vão livre de 20 metros e a estrutura do telhado foi feita com vigas de concreto, ao invés da tradicional madeira.
Seus sinos vieram da Catedral São Pedro de Alcântara.
É o templo católico da cidade que comporta o maior número de fiéis sentados, com 600 lugares.
Em seu interior destaca-se a belíssima imagem no altar.
Bem ao lado da igreja fica o Mercado Imperial.
O prédio foi inaugurado em 1904 e desde sua abertura desempenhou diversas funções, mas se firmou na venda de alimentos.
Atualmente o local abriga lanchonetes, pastelarias e pontos de venda de frutas, carnes, verduras, legumes e peixes.
Na sequência passamos por outro antigo hotel, o Hotel Grão Pará.
E caminhamos até o prédio dos Correios e Telégrafos.
O prédio em estilo neoclássico com projeto de autoria dos arquitetos Cristiano Stockler das Neves e Otávio Rocha foi inaugurado 1922.
Seu vizinho é o Colégio Estadual Dom Pedro II.
Depois foi a vez de conhecer a fachada do Palácio Grão Pará, antiga casa dos semanários, alojamento dos prestadores de serviços ao paço imperial.
Foi projetado em 1859 por Theodoro Marx e em 1925 tornou-se moradia do Príncipe do Grão Pará, Dom Pedro de Alcântara, e seus descendentes.
Em sua frente fica a arborizada Praça Bosque do Imperador.
De uma praça fomos até outra praça.
Desta vez a florida Praça Dom Pedro II.
Que fica ao lado de uma construção em estilo enxaimel.
Dali iniciamos a caminhada pela estreita Rua Dezesseis de Março, que estava decorada com temas natalinos.
Passamos pelo tradicional jornal Tribuna de Petrópolis, fundado em 1902.
E logo chegamos no prédio do antigo fórum, Palácio da Justiça, da comarca de Petrópolis.
A construção, rica em detalhes, já abrigou a delegacia, o quartel do Corpo de Bombeiros, a coletoria estadual e o quartel de Polícia Militar.
Hoje sedia o campus do CEFET/RJ – Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca.
Dali foram alguns passos até a Casa Luiz da Rocha Miranda, filho do Barão de Bananal.
Que está ao lado da Casa de Cláudio de Souza.
O médico, escritor e dramaturgo Cláudio de Souza, membro da Academia Brasileira de Letras (a qual presidiu por duas vezes), foi fundador do PEN Clube do Brasil, em 1936.
Seguimos caminhada até passar pelo Relógio das Flores, localizado em frente ao prédio da Universidade Católica de Petrópolis – Campus BA.
Foi construído em 1972 por ocasião das comemorações pelos 150 anos da Independência do Brasil.
E finalmente chegamos na casa de Santos Dumont.
Museu Casa de Santos Dumont
Local: Rua do Encanto, 22 | Centro | Petrópolis – RJ
Telefone: (24) 2247-5222
Funcionamento: Terça a domingo das 9h00 às 17h00
Ingresso: R$ 8,00
Tempo médio de visitação: 1 hora
Projetada pelo próprio Santos Dumont, a casa construída em 1916 demorou apenas três meses para ficar pronta.
Atualmente o local abriga um museu com acervo de objetos, livros, cartas e mobiliário que pertenceram ao inventor.
Para acessar a casa, que fica em um terreno íngreme, é preciso subir uma escada, a qual só pode ser iniciada com o pé direito.
Não se trata de uma superstição, mas sim de praticidade, já que a ideia era economizar espaço, uma vez que a escada deveria ser íngreme e estreita.
Sem contar que com os degraus em forma de raquete evitaria bater a canela no degrau de cima.
A charmosa casa, totalmente planejada, recebeu o nome de A Encantada.
No primeiro pavimento ficava uma oficina de pequenos reparos e laboratório fotográfico.
Como Santos Dumont não tinha o hábito de cozinhar, a casa não conta com cozinha.
Para se alimentar ele ligava para o Hotel Palace, que ficava na atual Universidade Católica de Petrópolis, localizado em frente à sua residência, e solicitava a refeição. Segundo relatos, desta forma ele teria inventado o delivery.
Comentar a respeito da genialidade de Santos Dumont é desnecessário, de qualquer forma, por ser um visionário ele fez uma casa impensável em sua época, mas muito buscada nos dias atuais.
A Encantada era pequena, funcional e sem divisão de cômodos, contando com móveis fixos, algo que não existia no começo do século XX.
No mezanino ficava o banheiro e uma grande bancada, onde ao anoitecer dona Eulália, a governanta, estendia um colchão de algodão e o dormitório estava preparado.
No banheiro havia um chuveiro com aquecimento a álcool, invenção do proprietário.
Na parte de cima da casa Dumont construiu um pequeno observatório, já que adorava contemplar o céu estrelado.
O segundo livro do aviador, a obra “O que eu vi, o que nós veremos”, foi escrito nesta casa em 1918.
Assim que saímos para o terraço ouvimos alguns ruídos conhecidos.
Buscamos nos arredores e não demoramos a localizar o causador de tal algazarra, um colorido e lindo tucano que se destacava entre os vários tons de verde das árvores ao seu redor.
Tucano fotografado adentramos na construção aos fundos da casa de Santos Dumont, a qual servia de moradia para sua governanta.
Atualmente o local abriga a exposição Destacamento e Controle do Espaço Aéreo do Pico do Couto.
Além de contar com outras peças curiosas relacionadas à Santos Dumont.
Alberto Santos Dumont iniciou sua vida de inventor quando decidiu comprar um triciclo movido à petróleo.
Pendurou o triciclo num galho horizontal de uma grande árvore a alguns centímetros do solo e percebeu que, ao contrário do que se dava em terra, o motor de seu triciclo, suspenso, vibrava agradavelmente, parecia parado.
Desta forma surgiu a ideia de construir seu balão número 1, com motor de explosão ao lado de um balão cheio de hidrogênio.
Neste espaço também existe uma maquete tátil da Encantada.
E uma miniatura de seu invento mais famoso, o 14 Bis.
Além de um conjunto de mesa, cadeiras e escada.
Santos Dumont possuía na sala de jantar de sua casa em Paris um conjunto de mesa e cadeiras cujas pernas mediam cerca de 2 metros de altura, na qual o criado precisava usar uma escada para servi-lo.
“Em Paris, não há outra. Mas saberá você que todos os móveis da minha casa são iguais. Adoro as alturas. Necessito sentir-me no ar, é uma fobia. Não valho nada, nem posso fazer nada quando estou no chão”, disse ele certa vez.
Conhecida a casa do brasileiro nascido no dia 20 de julho de 1873 no interior mineiro, iniciamos a caminhada morro acima.
Enquanto encarávamos as íngremes ladeiras um pequeno e ágil caxinguelê cruzou nossa frente, fui muito bacana, pois foi a primeira vez que vimos um esquilo.
Após alguns minutos de caminhada chegamos ao alto do morro, onde fica o Trono de Fátima.
O monumento religioso, projetado por Heitor da Silva Costa, possui 14 metros de altura e foi inaugurado no ano de 1947.
A cúpula protetora da escultura apoia-se em sete colunas, representando os dons do Espírito Santo.
A imagem de Nossa Senhora de Fátima, que pesa quatro toneladas e mede 3,5 metros, e a do anjo Gabriel sobre a cúpula, de 1 metro de altura, foram esculpidas em mármore branco pelo italiano Enrico Arrighini.
O local, que proporciona uma bela vista do centro histórico de Petrópolis, também estava fechado por conta da pandemia.
Com o fim do dia se aproximando retornamos ao hotel acompanhados pela chuva, que não se cansa em nos seguir e se fazer presente em praticamente todos os dias da Expedição 2020: Belas – Rotas.
Oba! Já são 2 comentários nesta postagem!
A cidade é um verdadeiro museu a céu aberto, e a Catedral é simplesmente Maravilhosa…belíssimas fotos…
Bem isso! Uma linda cidade, repleta de histórias. Valeu, abraços…
Estamos ansiosos para ler tudo aquilo que tu tem para dizer! É chegado o momento de abrir este coração e compartilhar tua opinião, crítica (exceto algo desfavorável à imagem da Formosa), elogio, filosofar a respeito da vida ou apenas sinalizar que chegou até aqui ;)
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