Dia 01: Erechim – RS a Urubici – SC
Com a Formosa devidamente limpa e perfumada (fragrância WD-40) carregamos as bagagens, vestimos as indumentárias e partimos na primeira hora da manhã desta quinta-feira para mais uma moto expedição, desta vez a Expedição 2020: Belas Rotas.
Zeramos o hodômetro parcial e nos despedimos de Erechim – RS tendo como objetivo do dia chegar em Urubici – SC.
O trajeto mais curto, lógico e convencional entre Erechim e Urubici é pela rodovia BR-153 e na sequência pela BR-280, mas… estamos de férias, queremos matar a saudade de andar de moto e se temos a possibilidade de seguir por um trajeto mais longo e com mais curvas, que assim seja.
Acessamos então a RS-135 e seguimos sentido sul.
Rodamos poucos quilômetros até chegar no primeiro pare e siga da viagem. Já está virando tradição, todo início de expedição encaramos um pare e siga.
Como a temperatura estava amena e o céu encoberto por densas nuvens, os breves minutos que aguardamos pela liberação da pista não foram o suficiente para fritar os ovos as pernas.
De volta à rodagem logo chegamos no trevo de acesso a Coxilha, que também faz a ligação com a ERS-463, a qual passamos a percorrer.
O percurso entre Coxilha e Tapejara por esta rodovia conta com pouco mais de 30km, os quais são repletos de curvas fechadas, uma delícia para quem está de moto.
Vencidas as curvas cruzamos o centro de Tapejara e seguimos pela rodovia estadual.
Próximo de Ibiaçá fizemos a primeira pausa (de muitas) para eu regar as plantinhas às margens da rodovia e, claro, para hidratação.
Mais aliviado, voltei a pilotar e na sequência cruzamos o pórtico de acesso à cidade.
Passamos em frente ao Santuário Nossa Senhora Consoladora.
E voltamos à pista, rodeada por extensas plantações.
Depois acessamos a rodovia RS-126 que nos levou até Sananduva, a “Terra do melhor salame italiano” (ao menos é o que diz o apelido do município).
Ali entramos em outra rodovia estadual, a RS-343, pela qual contornamos Cacique Doble, São José do Ouro e Barracão.
Em Barracão deixamos as rodovias estaduais e adentramos na BR-470.
Percorremos cerca de 10km pela rodovia federal até chegarmos na ponte que fica sobre o exato lugar onde as águas do Rio Pelotas se encontram com as águas do Rio Uruguai, que nasce no Parque Estadual de Espigão Alto (muito próximo a este ponto da rodovia) e se torna um caudaloso rio, o qual percorre mais de 1750 quilômetros até desembocar no Mar del Plata, entre a Argentina e o Uruguai.
E neste cenário cruzamos a primeira divisa de estados brasileiros da expedição: Rio Grande do Sul – Santa Catarina.
Uma vez em solo catarinense a Formosa (e nossas colunas) sentiram pela primeira vez durante a Expedição 2020 a sensação de rodar por uma rodovia em péssimo estado de conservação.
Por sorte o trecho ruim (bem ruim) durou pouco (cerca de 15km) e logo a estrada voltou a apresentar boas condições, nos permitindo seguir com mais tranquilidade.
Cercados por muitas plantações, belas fazendas e grandes rebanhos de gado, contornamos Campos Novos.
Alguns quilômetros adiante deixamos a BR-470 e passamos a percorrer a BR-282.
Contornamos Vargem.
E adentramos na Serra Catarinense.
Depois foi a vez de passar por São José do Cerrito.
Uma curiosidade sobre este município é que pesquisadores localizaram recentemente diversas estruturas subterrâneas nesta região, as quais, segundo arqueólogos, constituem o maior conjunto de casas ou abrigos subterrâneos localizados até hoje no país.
Já foram localizadas mais de 200 estruturas (algumas medindo 7 metros de profundidade por 20 de diâmetro) datadas em cerca de 1000 anos, as quais guardam vestígios de populações que habitaram o planalto catarinense em tempos pré-colombianos.
Pois bem… na sequência passamos por Lages.
Onde o fluxo de veículos aumentou, assim como o vento, que deixou a sensação térmica mais baixa.
Mais à frente foi a vez de contornar Bocaina do Sul.
Até que chegamos ao município de Bom Retiro.
Ali nos despedimos da BR-282 e passamos a rodar pela SC-110.
Dali foram poucos quilômetros, e muitas curvas, até chegarmos em Urubici.
Esta é a segunda passagem da Formosa pelo município catarinense.
A primeira se deu em 2017, clique aqui para relembrar.
Curiosamente o tempo em ambas as ocasiões estava fechado, frio, e antecedeu à chuva.
Uma vez no centro da cidade seguimos até o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio para pegar a autorização para visitar o Morro da Igreja, que fica dentro do Parque Nacional de São Joaquim.
Devidamente autorizados fomos em busca de um local para pernoitar.
Pousada localizada, Formosa descarregada e com chuva no horizonte, partimos para a rodovia SC-370 rumo a tão conhecida Serra do Corvo Branco.
O trajeto entre o centro de Urubici e o alto da Serra do Corvo Branco (onde o asfalto é envolto por dois enormes paredões rochosos) tem aproximadamente 30km, dos quais cerca de 6km são compostos por estrada de terra e pedras soltas.
E é claro que assim que chegamos no trecho de terra a chuva deu o ar da graça (o que explica a ausência de fotos deste agradável momento).
Debaixo de chuva, em meio a uma densa neblina e sendo jogados de um lado para o outro da estrada por um gelado vento seguimos lentamente, com toda cautela possível e, após algumas reboladas da Formosa, chegamos a um dos locais mais desejados pelos moto viajantes: a Serra do Corvo Branco.
A sensação de ter alcançado este local é indescritível.
A lendária estrada foi a primeira ligação entre o litoral e a serra catarinense.
Leva este nome devido a presença de uma ave de rara beleza, com plumagem branca e detalhes coloridos, o Urubu-Rei, espécie desconhecida pelos habitantes locais, que a apelidaram de corvo branco.
A impressionante garganta formada pela cadeia rochosa da Serra Geral fica em território pertencente ao município de Grão-Pará, distante cerca de 55kmde Urubici e que está a uma altitude de 110 metros acima do nível do mar.
Tendo em conta que Urubici está a 915 metros do nível do mar, dá para ter uma noção do quanto esta serra é íngreme.
Devido às condições climáticas, avançado horário (a noite já se aproximava) e falta de habilidade de quem vos escreve, decidimos não seguir pela rodovia que é asfaltada até algumas curvas adiante e depois volta a ser composta por terra e pedras.
Nos contentamos em contemplar a beleza do local (mesmo com a visibilidade bastante reduzida por conta da chuva e neblina) e adiar a aventura de percorrer o trajeto entre Urubici e Grão-Pará para uma próxima oportunidade.
Após uma série de fotos (e com a adrenalina mais baixa) nos demos conta que a chuva continuava a cair e que o vento estava muito frio, então lembramos de colocar as capas de chuva.
Molhados, com frio, mas com um baita sorriso no rosto encerramos o primeiro (e que dia!) dia da Expedição 2020: Belas Rotas.
Muito bacana Urubici, várias opções de passeios para contemplar a natureza, já fomos duas vezes (carro e moto), exploramos todos os pontos, inclusive o Morro do Campestre e óbvio, Morro da Igreja; essa Serra do Corvo Branco é demais. Por essas andanças até às serras, morros, cascatas, etc., lembro da “colheita” de ameixas e tomates, que delícia…..Parabéns pela rota, aproveitem cada km. Grande abraço !!!
Cidade linda mesmo, rodeada por maravilhas naturais! Essa é nossa segunda passagem por lá, mas ainda não conseguimos ver tudo o que a região tem a oferecer. O lado bom disso é que temos motivos para voltar :) Valeu, abraços…
Show de bola o primeiro dia. Ps: só fiquei com dó das plantinhas que vc regou… :p
Valeu! Hahaha é a natureza em sua forma mais bruta (ou não).